O Reino de Lotaria escrita por Anderson Ricardo Paublo


Capítulo 9
Capítulo 7 - O Profetizado e o Arqueiro Celestial




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Na vastidão de Lotaria, um herói de tempos imemoriais caminha com a graça de um guerreiro forjado pelas estrelas. Julius, o Arqueiro Celestial, é a personificação de um poder que transcende o entendimento comum. Seus olhos, de um azul profundo como o céu ao entardecer, carregam a sabedoria das eras e a serenidade dos que conhecem seu próprio destino. Alto e de postura imponente, sua figura esguia é marcada por músculos definidos, resultado de anos de batalhas e treinamento rigoroso. Seus cabelos loiros, quase prateados, caem sobre os ombros em ondas, refletindo o brilho lunar, e sua pele, embora macia ao toque, é tão resistente quanto as lendas sugerem.

Desde o dia em que resgatou Gabriel, o profetizado, Julius se tornou mais do que um guardião; ele se fez mentor, professor e, em muitos aspectos, um pai. Quinze anos se passaram desde aquele destino entrelaçado, e durante esse tempo, Julius dedicou-se à formação de Gabriel, não apenas como um guerreiro, mas como o futuro rei que Lotaria tanto necessita.

Escondidos na vastidão da Ilha do Deserto, mudando-se de vilarejo em vilarejo para manter a segurança e o anonimato, Julius ensinou Gabriel a ler, a se comportar diante dos desafios da etiqueta da corte, e, o mais importante, iniciou-o nas artes marciais e na magia. Sob a tutela de Julius, Gabriel deveria se tornar um líder sábio e poderoso.

Entretanto, Gabriel cresceu sendo o tipo de criança que encontrava humor nas situações mais sérias. Seu espírito indomável e sua natureza brincalhona frequentemente transformavam os rigorosos treinamentos em momentos de risada, provocando a frustração de Julius.

Em uma manhã típica, sob o sol escaldante que banhava a areia dourada da Ilha do Deserto, Julius tentava, mais uma vez, ensinar Gabriel sobre a concentração necessária para conjurar magia.

"Gabriel, você precisa focar. A magia é uma extensão do seu ser, não uma simples brincadeira," repreendia Julius, a paciência sendo posta à prova.

Gabriel, com um sorriso maroto, concentrava-se por um momento apenas para, em seguida, provocar uma pequena explosão de areia, cobrindo Julius de grãos dourados. "Ah, veja só, eu consegui!" exclamava, gargalhando diante do olhar desaprovação de Julius.

Julius, limpando a areia de seus cabelos prateados, suspirava profundamente. "Seu destino é muito maior do que essas travessuras, Gabriel. Lotaria precisa de um rei, não de um bobo da corte."

Gabriel, percebendo a seriedade nas palavras de Julius, baixava a cabeça, um vislumbre de compreensão surgindo em seus olhos verdes. "Eu sei, Julius. Eu só... às vezes é difícil levar tudo tão a sério."

Julius colocava a mão sobre o ombro de Gabriel, um gesto de reassurance. "Sei que é difícil, Gabriel. Mas lembre-se, dentro de você reside a esperança de todo um reino. Suas ações, mesmo as mais simples, carregam o peso de futuras gerações."

Gabriel, agora com 15 anos, cresceu sob a tutela vigilante de Julius, o Arqueiro Celestial, em um mundo que oscila entre o perigo e a promessa de redenção. Aos 15 anos, Gabriel carrega uma aura que mistura a inocência juvenil com o peso de uma profecia destinada a mudar o curso de Lotaria. Seu físico, embora ainda em desenvolvimento, revela a resiliência de um guerreiro em formação; franzino, sim, mas cada músculo esboçando a promessa de força que ainda virá.

Os cabelos de Gabriel, uma sombra dos tons escuros de Julius, caem despretensiosamente sobre sua testa, um reflexo da natureza livre e indomável do jovem. Seus olhos, no entanto, são um espelho das tempestades de Lotaria — profundos, variando entre um azul claro e um cinza tempestuoso, capazes de refletir tanto a alegria descomplicada de sua idade quanto o peso de um destino ainda incerto. A semelhança com Julius não é apenas física, mas também espiritual; em Gabriel, há ecos da coragem e do compromisso inabalável de seu protetor, mesmo que ainda estejam em formação. Gabriel, com o coração jovem e a mente cheia de sonhos, muitas vezes vê o mundo através de uma lente de humor e irreverência. Sua abordagem dos treinamentos tende a ser mais lúdica do que séria, um traço que frequentemente deixa Julius em um estado de frustração branda, embora oculta por uma fachada de rigor. A despeito disso, o vínculo entre eles é inquebrável, forjado não apenas pela profecia, mas por um respeito e um carinho mútuos que transcende as palavras.

Enquanto o sol se punha no horizonte, pintando o céu de laranja e vermelho, Julius e Gabriel continuavam seu treinamento, cada momento partilhado fortalecendo os laços entre o mentor e o aprendiz, entre o Arqueiro Celestial e o futuro rei profetizado de Lotaria. Era uma jornada de crescimento, desafios e, acima de tudo, de um vínculo inquebrável formado pelas circunstâncias do destino.

 

Numa tarde onde o sol começava a ceder lugar às primeiras sombras do crepúsculo, e o deserto ao redor se tingia de tons dourados e vermelhos, Gabriel e Julius, refugiados numa modesta cabana na Ilha do Deserto, encontravam-se absortos em mais uma de suas rotineiras sessões de treinamento. De repente, o ar vibrava com uma energia inesperada, e Damaliel, o mago cuja aura de mistério rivalizava com as próprias lendas de Lotaria, materializou-se diante deles. A presença súbita do mago fez Gabriel interromper seu movimento, a espada parando no ar, enquanto Julius se voltava, sempre vigilante, para o novo visitante.

"Damaliel!" exclamou Julius, sua voz um misto de surpresa e cautela. "O que traz você do reino das sombras até nós?"

O mago, cujos olhos pareciam guardar segredos tão antigos quanto o próprio tempo, fixou seu olhar em Gabriel antes de responder. "O momento pelo qual esperávamos chegou," começou ele, sua voz reverberando com uma solenidade que imediatamente capturou a atenção de ambos. "As estrelas alinharam-se, e o destino de Lotaria balança à beira de uma lâmina. Gabriel, chegou a hora de você abraçar seu papel na tapeçaria do destino, e primeiramente vc precisa unir-se a seu irmão que está prestes a desembarcar aqui nesta ilha."

Gabriel, ainda segurando sua espada, abaixou-a lentamente, o peso da revelação de Damaliel instalando-se sobre seus ombros com uma gravidade que ele nunca havia sentido. "Unir-me... ao meu irmão?" sua voz hesitou, revelando a tempestade de emoções que se formava dentro dele. "Você quer dizer que Anderson está... está vivo?"

Damaliel, estendendo a mão, materializou um mapa antigo, marcado com um 'X' que parecia pulsar com uma luz própria. "Este mapa revelará a localização de seu encontro com o destino, e com seu irmão. Juntos, vocês serão a chave para a libertação de Lotaria da tirania que a consome."

Gabriel estendeu a mão, seus dedos tocando o pergaminho com hesitação antes de segurá-lo firmemente. As mãos que antes tremiam não eram de medo, mas sim de uma antecipação carregada de determinação. "Eu... Eu não sei se estou pronto," confessou ele, olhando para Julius em busca de orientação.

Julius, aproximando-se, colocou a mão sobre o ombro de Gabriel, um gesto de apoio e confiança. "Gabriel, você treinou para este momento toda sua vida, mesmo que não o soubesse. Sua jornada até agora foi apenas o prelúdio de uma saga maior. Você é mais forte, mais sábio e mais capaz do que imagina."

O arqueiro celestial e o profetizado trocaram olhares, um momento de compreensão mútua se formando entre eles. "Então, vamos começar essa revolução," disse Gabriel, sua voz ganhando força. "Por Lotaria, por meu irmão, e por todos aqueles que sofrem sob o jugo da opressão."

Damaliel, satisfeito, começou a desvanecer-se como a neblina ao amanhecer. "Preparem-se," foram suas últimas palavras, deixando atrás de si um silêncio que falava de tempestades a serem enfrentadas e de vitórias a serem conquistadas.

Naquele momento, à beira do crepúsculo, Gabriel, sob a tutela de Julius, o Arqueiro Celestial, encontrou-se não apenas à margem da maturidade, mas também no limiar de uma jornada que definiria seu espírito, seu coração e sua vontade de erguer-se como o rei que Lotaria desesperadamente precisava.

 

 


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