O Reino de Lotaria escrita por Anderson Ricardo Paublo


Capítulo 10
Capitulo 8 - O Acordo




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Nimariel, a Elfa Negra, era uma figura de rara beleza e poder. Sua pele era da cor da meia-noite sem lua, um contraste marcante com seus longos cabelos prateados que flutuavam com uma vida própria, refletindo faíscas de luz mesmo na mais profunda escuridão. Seus olhos eram de um violeta profundo, capazes de perfurar a alma, revelando segredos e intenções ocultas. Alta e esbelta, cada movimento seu era carregado de uma graça letal, um lembrete de que ela era tanto guardiã quanto guerreira das sombras.

Quando a grande explosão sacudiu as Ilhas das Sombras, seu coração não se agitou com medo, mas com a antecipação de algo há muito aguardado. "Começou", murmurou, seus lábios curvando-se num sorriso enigmático, enquanto ela avançava ligeira pela escuridão em direção ao epicentro do caos.

Ao chegar, o cenário que a aguardava era desolador, mas não surpreendente. No meio da devastação, um adolescente desfalecido marcava o olho da tempestade silenciosa que se formara. Nimariel aproximou-se, seus passos suaves sobre o solo queimado, até que a sombra que a acompanhava envolveu o garoto, fazendo-o desaparecer em um abraço escuro e seguro.

De volta ao seu refúgio, um lugar escondido entre as dobras do mundo onde a luz raramente se atrevia a entrar, Nimariel convocou o jovem de volta à realidade. Ela cuidou de seus ferimentos com uma mistura de ervas e magia das sombras, seu toque tão suave quanto a noite. Enquanto o fazia, não pôde deixar de notar a intensidade da magia que emanava dele — uma força bruta e indomável, diferente de tudo que ela já testemunhara.

O garoto despertou com um sobressalto, seus olhos se abrindo para o mundo desconhecido que o cercava. Nimariel, com uma voz que carregava a tranquilidade das sombras, tentou acalmá-lo. "Não tema, você está seguro aqui," disse ela, uma promessa velada em suas palavras.

"Eu sou Nimariel," ela se apresentou, esperando pacientemente que o jovem diante dela encontrasse sua voz.

Depois de um momento de confusão e desorientação, ele respondeu, "Nós somos Anderson". Esse pronome plural deixava Nimariel perplexa, suas sobrancelhas franzindo-se em confusão cada vez que ele falava. Apesar de suas habilidades mágicas e seu profundo conhecimento sobre as artes obscuras, ela não conseguia discernir a razão por trás dessa peculiaridade. "Por que você fala assim? Quem mais está com você, Anderson?" ela indagava, a curiosidade tingindo sua voz suave.

Anderson, por sua vez, lutava para expressar a dualidade de sua existência, uma realidade que ele mesmo mal compreendia. "Nós... nós somos mais do que apenas um," ele tentava explicar, a confusão evidente em seus olhos tempestuosos.

Nos dias que se seguiram, Nimariel dedicou-se à recuperação de Anderson, notando sua determinação silenciosa em superar as limitações físicas impostas por suas cicatrizes e sua condição anterior. Ele nunca reclamava das dores ou do passado, aceitando cada desafio com uma força interior que impressionava a elfa negra.

Nos dias e anos seguintes, Nimariel observou a transformação de Anderson. De franzino e enfraquecido a forte e ágil, cada dia era uma batalha, cada passo uma conquista. Ainda assim, ela nunca pressionou por respostas sobre o "nós" enigmático, escolhendo respeitar os mistérios que Anderson carregava.

"Nós precisamos encontrar meu irmão," declarou Anderson um dia, seu tom refletindo a urgência de uma missão longamente adiada. "Nós fizemos uma promessa ao nosso pai... E a nós mesmo."

Nimariel, envolta em sombras, emergiu no coração de uma prisão antiga, um lugar cuja memória se perdia nas névoas do tempo. Nas profundezas dessa masmorra, ela encontrou Merlin, um Elfo Negro cuja reputação de poder e conhecimento era conhecida até mesmo nas terras sombrias das Ilhas das Sombras. Merlin, apesar de enjaulado, mantinha uma presença imponente, seus olhos escuros brilhando com uma luz inquietante.

Ele entregou a Nimariel um recipiente pequeno, um artefato cujo brilho parecia conter o próprio firmamento. "Leve Anderson até Vlad," disse ele, sua voz ressoando com uma autoridade que desafiava sua condição de prisioneiro. "Este é o caminho para a liberdade dele das sombras que o cercam."

Retornando a Anderson, ela revelou o plano. "Merlin conhece um caminho," explicou ela, observando o jovem à sua frente. "Mas leva-nos direto aos braços de Vlad, ele pode te tirar daqui."

Ao chegarem ao imponente castelo ao norte, a presença de Vlad e Aatrox era inegavelmente opressora. Vlad, com sua elegância afetada e voz suave, contrastava com a brutalidade óbvia de Aatrox. Anderson reconheceu as duas criaturas como agressores de quando chegou à ilha, mas ele não esboçou nenhum sentimento, ou sequer alguma expressão.

"Ah, a criança das sombras e sua guardiã," Vlad os saudou, sua voz serpenteando pelo ar frio. "Interessante... Merlin estava certo, você tem algo que preciso."

Anderson, com uma calma forjada nas sombras das Ilhas, encontrou o olhar de Vlad. "Fale, então. O que quer de Nós para nos tirar daqui?"

Vlad sorriu, revelando uma adaga celestial de um brilho etéreo. "A aura de um anjo. Sua pureza é a chave para transcender as barreiras destas ilhas malditas."

A risada gutural de Aatrox cortou o silêncio, mas Anderson não recuou. "E como espera que Nós consigamos tal coisa?" sua voz era firme, desafiando a dupla diante dele.

"Os anjos caídos, enterrados sob estas terras, aguardam," Vlad explicou, aproximando-se de Anderson com a adaga em mãos. "Derrote um, e com esta lâmina, capture sua essência."

Nimariel, até então em silêncio, entregou o recipiente a Anderson. "Este contém o poder de conter a aura que você busca," disse ela, sua expressão inescrutável.

"Você e seu... amigo," Vlad gesticulou para Aatrox, "nos acompanharão. Garanto que será... esclarecedor."

Anderson, sua testa franzida em dúvida, encarou Vlad com intensidade. "Como exatamente se retira uma aura de um anjo?" A pergunta ecoou no ar carregado do castelo, um silêncio tenso pendurando-se sobre eles enquanto aguardavam a resposta de Vlad.

Vlad, com um sorriso que escondia mais do que revelava, pegou a adaga celestial, cuja lâmina brilhava com uma luz etérea. "Quando esta adaga," ele começou, girando-a delicadamente entre os dedos, "for fincada no coração de um anjo, ela absorverá a essência pura da sua aura. A chave é o coração, Anderson. Uma vez carregada, a aura pode ser transferida para este recipiente." Vlad apontou para o pequeno frasco que Nimariel havia entregado a Anderson anteriormente.

Anderson, embora relutante em aceitar a brutalidade do ato necessário, reconheceu a importância da missão. "Nós faremos," ele concordou, a determinação endurecendo suas feições. "Pelo meu irmão."

esse instante, um estrondo rompeu a conversa, fazendo os presentes virarem-se em direção à fonte do barulho. O som vinha da praia, onde uma embarcação destroçada acabara de encalhar nas areias sombrias da Ilha das Sombras.

"O que foi isso?" Anderson murmurou, a adaga ainda em mãos.

Vlad e Nimariel trocaram olhares rápidos, um entendimento mútuo passando entre eles. "Parece que temos companhia," Vlad disse, a leveza em sua voz não escondendo a cautela subjacente.

Aatrox já se movia em direção à saída, sua figura imponente ansiosa pela possibilidade de confronto. "Vamos ver quem ousa desembarcar em nossas costas," declarou, a antecipação tingindo suas palavras.

Anderson seguiu, com Nimariel a seu lado. A adaga celestial em sua mão não era apenas uma arma, mas um símbolo do peso de sua jornada. Enquanto se aproximavam da praia, a incerteza sobre o que encontrariam mesclava-se à determinação de enfrentar o que quer que fosse, juntos.

A cena na praia era de caos. A embarcação, claramente não projetada para navegar nas águas traiçoeiras que cercavam a Ilha das Sombras, jazia partida em dois, suas velas rasgadas balançando ao vento como fantasmas derrotados. Entre os destroços, figuras se moviam, lutando para sair dos escombros.

"Quem são eles?" Anderson perguntou, a curiosidade tingindo sua voz.

Nimariel, com seus olhos adaptados à escuridão, esquadrinhou a cena. "Não sei," ela respondeu. "Mas seja lá quem forem, eles não esperavam terminar aqui."

 

 

 

 

 


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