O Reino de Lotaria escrita por Anderson Ricardo Paublo


Capítulo 20
Capitulo 18 - O selo de 10 amarras




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À medida que o amanhecer tingia o céu de Lotaria com matizes de laranja e púrpura, o grupo se reunia no cais, onde o Grande Barco que os trouxera das Ilhas das Sombras estava ancorado. Esse navio, uma imponente embarcação esculpida a partir do mais resistente carvalho sombrio, ostentava velas tão vastas quanto as nuvens no horizonte, tingidas de um negro profundo que parecia absorver a luz ao redor, um reflexo de sua origem nas sombras.

O casco do barco, adornado com intricados símbolos mágicos prateados, brilhava sutilmente à luz do amanhecer, um contraste com a escuridão que normalmente o envolvia. Esses símbolos não eram apenas decorativos; eram feitiços antigos de proteção e velocidade, tecidos na madeira por magos das sombras, garantindo que a embarcação pudesse navegar pelas águas mais traiçoeiras sem medo de ser engolida pelas ondas ou por monstros marinhos.

O convés do barco era espaçoso, permitindo a fácil movimentação dos passageiros e da tripulação durante a viagem. No centro, um grande mastro se erguia, sustentando as velas que capturavam o vento, impulsionando o barco com uma velocidade surpreendente. Perto da proa, um espaço havia sido designado para meditação e treinamento, permitindo que Julius, Gabriel, Anderson, e os demais, praticassem suas habilidades e mantivessem a forma física e mental durante a longa viagem.

Na popa, a cabine do capitão era uma obra de arte por si só, com entalhes representando a história de Lotaria e as batalhas das sombras, cada detalhe narrando uma parte da luta eterna entre luz e escuridão. Essa cabine servia não apenas como o quarto do capitão, mas também como uma sala de reuniões para o grupo, um lugar onde podiam traçar planos e discutir estratégias em privacidade.

Abaixo do convés principal, as acomodações da tripulação e os alojamentos para os passageiros eram simples, mas confortáveis, com beliches alinhados ao longo das paredes de madeira e pequenas janelas que permitiam a entrada de luz natural e ar fresco. A cozinha e o refeitório, embora compactos, eram bem equipados, capazes de fornecer refeições quentes e nutritivas para todos a bordo.

À medida que a tripulação finalizava os preparativos para a partida, ajustando as velas e verificando os estoques, o grupo se reunia no convés, observando a costa da Ilha do Deserto se afastar lentamente. Eles estavam partindo para um destino incerto, enfrentando perigos desconhecidos, mas a força e a resiliência daquele grande barco, nascido das sombras, ofereciam um raro conforto: a promessa de que poderiam enfrentar qualquer tempestade juntos.

Julius, cuja presença impunha um respeito natural, coordenava os esforços, garantindo que nada fosse esquecido. "Lembrem-se", ele começou, dirigindo-se não só a Gabriel e Lolis, mas a todos, "a Ilha dos Ventos não é apenas um refúgio. É uma fortaleza, protegida não só por muros e armas, mas pela determinação férrea de seu povo. Thorin o Cruel, o anão que governa a cidade de Tera pode ser um aliado valioso, ou um formidável inimigo. Devemos estar preparados para ambos."

 

Gabriel, sempre ansioso por provar seu valor, checava e rechecava sua bolsa de suprimentos, assegurando-se de que tinha tudo o que precisava. Ao seu lado, Kissa, a mais nova adição ao grupo, observava silenciosamente, seus olhos felinos varrendo o horizonte. Apesar de sua natureza reservada, a curiosidade e o interesse brilhavam em seu olhar, perguntando-se que tipo de lugar seria a Ilha dos Ventos e que desafios a esperavam lá.

 

Lolis, cuja sabedoria e poder eram tão essenciais quanto sua capacidade de cura, reunia ervas e poções mágicas. Seus preparativos eram meticulosos, cada item escolhido por sua utilidade e potencial de salvar vidas. "A magia é uma ferramenta preciosa", ela murmurou, mais para si mesma do que para os outros. "Mas é a coragem e a união que nos sustentarão nos momentos mais difíceis."

 

Anderson, afastado do grupo, afinava seus sentidos, praticando movimentos precisos com suas espadas. Aerolyn e Gafian sempre juntos, já estavam à espera da partida. 

 

À medida que o sol começava a se elevar, banhando o convés com uma luz dourada, o grupo reunia-se para um último briefing antes da partida. "Estamos prestes a embarcar não apenas para um novo destino, mas para um novo capítulo em nossa luta", Julius declarou, olhando para cada um deles. "Que a coragem nos guie e a esperança nos sustente. Para a Ilha dos Ventos, e além."

 

Com a embarcação abastecida e pronta, o grupo partiu, deixando para trás a segurança relativa da Ilha do Deserto. À medida que o barco se afastava da costa, cada membro do grupo estava perdido em seus próprios pensamentos, mas unidos por um propósito comum. E enquanto o horizonte engolia sua silhueta, o mar parecia sussurrar promessas de desafios, aventuras e, acima de tudo, a possibilidade de mudança.

 

No convés, a tripulação se movia com um propósito, antecipando o próximo estágio de sua jornada. Julius, Gabriel e Lolis encontraram um canto isolado do barco, longe dos ouvidos curiosos e dos olhares inquisidores. A atmosfera era carregada de tensão, um presságio das palavras graves que Julius estava prestes a pronunciar.

"Existe um encantamento antigo, uma magia poderosa capaz de aprisionar espíritos puros dentro de armas," começou Julius, sua voz carregada de relutância e gravidade. "Foi usado nos tempos mais sombrios de nossa história, quando a linha entre o sacrifício necessário e a ambição desmedida era frequentemente borrada."

Gabriel, com a juventude refletida em seus olhos, absorvia cada palavra, enquanto Lolis, cuja experiência com os mistérios arcanos lhe concedia uma compreensão mais profunda das implicações, permanecia inquietantemente silenciosa.

"Acredito que podemos tentar usar este encantamento em Anderson," continuou Julius, pesando cada palavra. "Lolis, com sua conexão com os elementos e seu espírito puro, poderia, teoricamente, ser selada dentro dele, amplificando seus poderes e possivelmente dando a Anderson um controle mais estável sobre suas habilidades."

Antes que Lolis ou Gabriel pudessem responder, Anderson, que até então permanecera um observador silencioso, aproximou-se. Sua presença era inegável, e sua voz, quando ele falou, carregava uma força tranquila.

"Sempre que sussurram sobre mim, eu escuto," disse ele, seus olhos encontrando os de cada um dos presentes. "Meus sentidos são mais aguçados do que vocês imaginam. E, por favor, não falem de mim pelas costas."

Após Anderson afirmar firmemente sua posição, o ar ao redor pareceu gelar, mesmo sob o sol escaldante. "Minha vida, minha existência, não é uma ferramenta a ser usada sem consideração," suas palavras ecoaram no convés, fazendo com que a tripulação próxima cessasse seus afazeres momentaneamente para observar a cena. Todos ficaram intimidados naquele momento, uma tensão palpável envolvendo o grupo.

"E para mim, Julius, você é um traidor, não confio mais em você," Anderson continuou, sua voz carregada de uma mistura de decepção e determinação. Julius, pego de surpresa pela acusação, encarou Anderson, buscando por palavras, mas foi interrompido antes que pudesse falar.

"Porém, se é vontade do Gabriel e da Lolis, estou disposto a encarar um encantamento, mas não será este encantamento que você quer," Anderson declarou, oferecendo uma alternativa inesperada. Sua proposta era um desafio direto à autoridade de Julius, mas também um testemunho de sua lealdade para com Gabriel e Lolis.

Anderson respirou fundo, o olhar firme e penetrante sob a brisa marítima que varria o convés. "Durante minha transcendência, não apenas me tornei um com as sombras, mas assimilei todo o conhecimento que Lolis possuiu. Tudo que ela testemunhou, aprendeu ou esqueceu enquanto ela era da forma de fada ou da espada demoníaca Julma, agora reside comigo. Conhecimentos de encantamentos, técnicas de combate, magias antigas, e até mesmo os segredos dos seus antigos mestres."

 

Os olhos de Lolis se arregalaram com a revelação, uma mistura de surpresa e admiração. Gabriel, ao seu lado, absorvia cada palavra, consciente do significado profundo daquelas revelações.

"Entre esses conhecimentos, descobri um encantamento particular, conhecido como Selo de 10 Amarras," Anderson continuou. "Esse encantamento é capaz de fracionar meu poder mágico em dez partes distintas, limitando meu acesso ao poder máximo."

Julius, ainda digerindo as palavras de desconfiança de Anderson, agora o observava com um novo olhar, um misto de respeito e cautela.

"Esse encantamento," Anderson olhou diretamente para Lolis, "me tornaria incapaz de liberar todo o meu poder, a menos que um guardião permitisse. E Lolis assumiria esse papel, ficando ligada a mim até o fim da minha vida."

Lolis, cuja experiência com a magia a tornava mais do que qualificada, ponderou a responsabilidade. "Esse é um fardo pesado, Anderson. Mas se você confia em mim para ser sua guardiã, aceitarei."

Gabriel interveio, a seriedade rara em seu rosto jovem. "E quanto a você, Julius? Pode aceitar isso? Anderson está nos oferecendo uma chance de unidade e segurança, mas requer confiança mútua."

Julius, confrontado com a perspectiva de perder o controle que acreditava ser necessário para a segurança do grupo, finalmente acenou com a cabeça. "Sim, eu aceito. Anderson, sua oferta é mais do que generosa, e demonstra uma força e um compromisso que eu... eu talvez tenha subestimado."

Anderson acenou levemente, reconhecendo o gesto de Julius. "Então, é decidido. Vamos preparar o encantamento."

Enquanto o grupo se reunia para discutir os detalhes do Selo de 10 Amarras, o barco continuava a cortar as ondas, levando-os mais perto da Ilha dos Ventos

Com tudo preparado, o convés do barco tornou-se o cenário para um ritual antigo e solene. O céu estava pintado com as últimas luzes do crepúsculo, conferindo uma atmosfera mística ao momento. Ao redor de Anderson, o grupo formou um círculo, observando com respeito e uma ponta de ansiedade o procedimento que se desenrolava.

O ritual, embora marcado pela gravidade do momento, era um espetáculo de beleza sombria. Lolis, com mãos firmes e um olhar concentrado, iniciou o encantamento. Cortes precisos foram feitos na pele de Anderson, cada um seguindo um padrão específico que formava o desenho intrincado do selo. Apesar do procedimento aparentemente doloroso, Anderson permaneceu impassível, os olhos fixos no horizonte distante, sem dar sinais de dor.

Aerilyn observava, compreendendo o porquê da ausência de reação de Anderson. Ela sabia de sua incapacidade de sentir dor, um fato que lhe conferia uma aura ainda mais misteriosa e enigmática. Essa característica única de Anderson, embora fosse uma bênção em combate, naquele momento, lançava uma sombra de solitude sobre sua figura.

Ao fim do encantamento, quando os últimos símbolos foram traçados, o ar em volta pareceu vibrar com uma energia adormecida, à espera de ser despertada. Anderson, então, quebrou o silêncio com sua voz calma, explicando a natureza do selo que agora carregava. "Se as 10 amarras estiverem ativas, meu poder mágico é zero, serei incapaz de conjurar qualquer coisa," disse ele, ressaltando a seriedade de sua nova realidade.

Lolis, entendendo a importância do momento, aproximou-se com reverência. Sua mão, emanando uma luz suave, tocou os desenhos entrelaçados sobre as cicatrizes no peito de Anderson. Com um sussurro de palavras antigas, ela liberou a primeira das dez amarras. "Um décimo de seu poder liberado, não fará mal a ninguém," pronunciou ela, sua voz carregada de uma esperança cautelosa.

O efeito foi imediato, uma onda sutil de energia emanou de Anderson, como uma brisa leve que se espalha ao amanhecer. Seu olhar, por um momento, brilhou com uma intensidade nova, um reflexo da liberdade recém-conquistada, ainda que limitada.

A atmosfera de camaradagem e alívio que preenchia o ar após o sucesso do ritual foi brevemente ofuscada pela expressão sombria de Julius. Ele se movia com uma discrição quase imperceptível, um testemunho de sua experiência e cautela adquiridas ao longo de anos. Com um olhar que transitava entre a preocupação e a determinação, ele rabiscou algumas palavras em um pedaço de papel, um gesto discreto, mas carregado de significado.

Gabriel, imerso na conversa com Lolis e Anderson, não percebeu de imediato a aproximação de Julius. Foi apenas quando sentiu um leve toque em seu ombro e viu o papel estendido diante de si que sua atenção se desviou. O conteúdo escrito, revelado sob a luz tênue das lanternas do barco, era uma mensagem simples, mas provocativa: "O problema não é a magia, a carnificina ele cometeu apenas com as espadas."

Por um momento, Gabriel encarou Julius, buscando nos olhos do arqueiro celestial algum indício de explicação ou justificativa para aquelas palavras tão abruptas. Julius, por sua vez, sustentava o olhar do jovem, sua expressão séria transmitindo a urgência e a profundidade de sua preocupação.

A mensagem de Julius era um lembrete sombrio de que, apesar da limitação do poder mágico de Anderson pelo selo, a verdadeira extensão de suas capacidades, especialmente no combate corpo a corpo, permanecia intacta. Suas habilidades com as espadas, forjadas em incontáveis batalhas nas sombras, eram uma força a ser reconhecida, uma arma que, em mãos erradas ou usada sem controle, poderia ser tão devastadora quanto qualquer magia.

Gabriel ponderou sobre as palavras, sentindo o peso da responsabilidade que carregavam. Ele sabia que Julius não expressaria tal preocupação sem motivo. O desafio agora era equilibrar a necessidade de confiar em Anderson, reconhecendo sua vontade de lutar ao lado do grupo, com a prudência de monitorar e, se necessário, guiar seu uso da força física em combate.

Julius, com uma seriedade incomum, capturou a atenção de todos ao redor ao chamar Anderson para perto. A brisa marinha trazia consigo o sussurro das ondas, mas no convés do grande barco, era a voz de Julius que preenchia o ar. "Você sabe como foi adotado?" A pergunta, embora simples, carregava um peso que fez Anderson hesitar, sua resposta um mero sussurro: "Não."

Percebendo a importância do momento, Julius convidou todos a se acomodarem. Com os olhos fixos no horizonte, onde o céu se encontrava com o mar, ele começou a desvelar uma história há muito guardada, uma memória que havia se tornado uma cicatriz em sua alma.

"Era uma época de tumulto e guerra," Julius iniciou, sua voz firme, apesar da emoção subjacente. "Eu e Reinald fomos enviados em uma missão ao norte da Ilha do Norte, para a cidade de Abaru. Era um lugar pacífico, conhecido principalmente pelos seus pastores de ovelhas."

Ele fez uma pausa, coletando as memórias que pareciam tão vívidas quanto o dia em que ocorreram. "Mas a paz de Abaru foi estilhaçada quando o reino de Nivium, do continente ao Norte de Lotaria, lançou um ataque surpresa. O rei Darius havia nos ordenado que protegêssemos a cidade. No entanto, ao chegarmos, fomos recebidos não por uma batalha a ser lutada, mas pelas consequências de uma tragédia já consumada."

Julius descreveu como eles encontraram Abaru - não mais uma cidade vibrante, mas um espetáculo de desolação e morte. "Os invasores de Nivium haviam saído, deixando para trás apenas as ruínas fumegantes e o silêncio dos mortos. Em meio a esse silêncio, um som - o choro desconsolado de uma criança."

"Reinald e eu vasculhamos as ruínas, movidos pelo som até encontrarmos sua origem," continuou Julius. "Em uma das casas destruídas, vimos uma cena que nenhum de nós jamais esqueceria. Uma criança, coberta de sangue, chorava ao lado de sua mãe morta, a violência do ataque exposta em detalhes brutais ao redor deles."

A memória era difícil, e Julius teve que fazer um esforço para continuar. "Anderson era essa criança. Seu choro era o de um ser que havia perdido tudo - sua família, seu lar. Reinald, movido por uma compaixão profunda, tomou-o nos braços, prometendo cuidar dele."

O grupo ouvia em silêncio, cada um absorvendo o peso das palavras de Julius, a história de Anderson tecendo uma nova camada de entendimento entre eles. Anderson, em particular, enfrentava a revelação de suas origens com uma mistura de choque e introspecção, as peças de seu passado se encaixando em um mosaico de perdas e sobrevivência.

"Reinald criou você como seu próprio filho, Anderson. Ele te salvou daquela cidade morta, te deu uma nova vida. Mas nunca esqueceu o custo daquela batalha, nem as vidas que não pôde salvar. Sua adoção não foi apenas um ato de bondade; foi um compromisso de proteger e ensinar, de fazer de você não apenas um sobrevivente, mas um guerreiro por aqueles que não tiveram a mesma chance."

"Entendi onde você quer chegar com essa história, Julius." Anderson respondeu, sua voz carregando uma mistura de compreensão e algo mais sinistro. "Eu nasci num banho de sangue, e você acha que por isso eu fiz aquilo em Citera."

"Não foi isso que quis dizer. Só quis compartilhar que eu estava lá no dia que seu pai te adotou," se defendeu Julius, tentando aliviar a tensão crescente.

Foi quando Aerelyn interveio, percebendo que a conversa estava prestes a descarrilar para território perigoso. "Pessoal, não é hora de acusações," disse ela, buscando manter a paz. No entanto, Anderson, talvez sentindo o peso das palavras não ditas ou talvez frustrado com a interpretação de suas origens, virou as costas e se afastou, dirigindo-se ao seu quarto.

O incidente deixou um silêncio desconfortável entre os presentes, cada um processando o que havia sido dito — e o que havia ficado implícito. O dia seguiu, marcado por um clima de reflexão e, para alguns, de preocupação.

Mais tarde, numa tentativa de esclarecer sua posição ou talvez de confrontar Julius diretamente, Anderson o procurou. Sob a cobertura da noite, com as estrelas brilhando indiferentemente acima deles, Anderson sussurrou em seu ouvido: "Você tem razão," seguido de uma risada que poderia ser interpretada como malévola. "Eu adoro fazer chover sangue, descontar tudo o que fizeram comigo."

"Está tentando me intimidar?" Julius respondeu, a serenidade em sua voz desmentida apenas pelo aperto em seu peito.

"Está intimidado?" Anderson rebateu com um tom desafiador. "Em saber que você é responsável por eu viver anos sendo torturado?" Sua risada, um eco perturbador na noite tranquila, era de alguém que conheceu a dor em sua forma mais crua.

Após deixar Julius com essas palavras cortantes, Anderson se afastou, deixando um rastro de dúvidas e temores em seu caminho. Julius, agora sozinho, ficou contemplando o mar noturno, sua mente tumultuada com o que havia sido revelado e insinuado. O peso daquela conversa, daquelas acusações veladas, pesava sobre ele, um lembrete sombrio de que as águas em que navegavam eram mais profundas e perigosas do que pareciam.

O desafio de manter a unidade do grupo, de enfrentar não apenas os inimigos externos mas também as batalhas internas, tornou-se ainda mais premente. Julius sabia que as próximas decisões, as próximas palavras, poderiam definir o curso de sua missão, para o bem ou para o mal. Enquanto a noite avançava, ele ponderava sobre como reconstruir a confiança quebrada, como guiar Anderson — e a si mesmo — para longe do abismo de ódio e vingança que ameaçava engoli-los.

 

 

 

 

 


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