A Família Olimpiano e suas nações - Parte 3 escrita por Anne Claksa


Capítulo 33
A ira e a dor de Hera.


Notas iniciais do capítulo

Olá!
O que apolo fez é descoberto.
Boa leitura!!!



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1971 era um ano importante. Haviam se passado anos e Hera não voltou a ver Delayoh, sempre que tentava, era impedida. Hera estava com saudades da filha, podia entrar em seu quarto, ver o seu retrato, mas não era o mesmo. Queria sentir o cheiro, dar um abraço, fazer um carinho, beijar o seu rosto, mas não podia, e isso a deixava mais angustiada. Entretanto, não se deixou abater e cumpriu a promessa que fez: cuidou da Alemanha, da Ocidental pelo menos.

Em sua casa em Berlim, Hera trabalhava em seu escritório, quando de repente, teve uma ideia.

— Ares! Venha aqui, por favor. — Pediu Hera.

Ares apareceu de imediato no escritório e perguntou:

— O que deseja, mãe?

— Você sabe que dia é hoje? — Perguntou Hera.

— Sei. — Respondeu Ares, com um triste suspiro. — 18 de janeiro de 1971, o aniversário de 100 anos de meine schwester.

— Por esse motivo, quero que vá ao hospital e veja a Delayoh.

— Será que vai dar certo? Pois, toda vez que vou lá, sou impedido de vê-la e sempre falam que ela não pode receber visitas.

— Também me falam isso. — Hera dá um suspiro e se levanta da poltrona preta de couro. — Mas eles esquecem que eu sou mãe, sinto saudades da minha filha. Quero vê-la, abraça-la, poder fazer um carinho, a chamar de Meine tochter, com ela nos meus braços.

Ares percebeu que a mãe começou a se emocionar e foi abraça-la. Deu todo o carinho, beijou sua cabeça e afagou os cabelos negros dela.

— Ô, mamãe. Não fique assim. — Disse Ares. — Já lhe disse isso uma vez e torno a repetir: Não chore, pois, tira seu lindo sorriso.

— Só quero ver a minha filha, apenas isso. Sou mãe, tenho esse direito. Eu a vi aquela vez e depois nunca mais. De 1945 até hoje, não tenho notícias dela. Não sei se ela está bem, se está precisando de algo. Eu quero ver a Delayoh para acalmar o meu coração. — Disse Hera com lágrimas nos olhos, enquanto era abraçada por Ares.

— Eu vou fazer o que está me pedindo, mãe. Também sinto saudades da minha irmãzinha.

— Obrigada, Ares. Não sabe como me deixa feliz em ouvir isso.

...

Ares estava decidido que de qualquer forma iria ver a irmã, as enfermeiras tentavam o impedir, Apolo até apareceu para tentar conter Ares.

— Sinto muito, mas já te falei e já falei com a Hera. A Delayoh não pode receber visitas. — Apolo foi firme.

— E porque não? — Perguntou Ares. — Delayoh está presa desde 1945, estamos em 1971, se passaram anos e já é tempo de ela receber visitas.

— Ares, são ordens, eu apenas as cumpro, não tenho poder de contrariar.

— Eu entendo, Apolo. Mas se não quer me deixar vê-la, pelo menos deixe a minha mãe. Ela está angustiada, sofrendo. Ficar longe da filha, está sendo doloroso para ela.

— Desculpe, não posso deixar.

— Tudo bem, Apolo, eu entendo. Só me resta... não te obedecer e ver a minha irmã do mesmo jeito.

 Ares enganou Apolo e saiu correndo para dentro do hospital. Avançou pelos corredores brancos e cinzas e quando chegou ao quarto teve um choque, Delayoh desacordada com um tubo de respiração. Ele se desesperou, a sacudiu, chamou seu nome, até que Apolo disse que Delayoh estava em inércia, para piorar estava desde 1955. Ele até contou que fez uma porção para forçar uma inércia em Delayoh, e que seria temporária, mas com a construção do muro de Berlim, essa inércia pode ser permanente. Ares chorou e se revoltou, tanto que deu um soco em Apolo por ter feito o que fez, derrubando o irmão no chão. Ares olhou para Delayoh e pensou “Como vou contar para a minha mãe”.

...

Abalado, Ares voltou para casa. Tentava encontrar as palavras certas para contar a mãe que Delayoh havia entrado em inércia mais uma vez. Foi recebido por Frigga e em seguida Hera apareceu, esperançosa por notícias.

— Então, Ares. Conseguiu ver a Delayoh? — Perguntou Hera.

Ares desabou, colocou as mãos no rosto, se sentou no sofá bonina e tornou a chorar descontroladamente. 

— O que houve, Ares? Está me deixando assustada. Frigga, pegue um copo de água para ele. — Ordenou Hera, se sentando ao lado do filho no sofá.

Assim que Frigga saiu, Ares começou a falar, tirando as mãos do rosto.

— Ainda estou encontrando as palavras para te dar essa notícia, mãe.

— Palavras certas? Ares, me diga, viu a Delayoh ou não?

— Sim.

— Ares, quer me assustar? Se conseguiu vê-la, então, é um bom sinal, não é? E como ela está? — Hera perguntou, enquanto alisava os fios loiros do filho.

— Mãe...a Delayoh...céus como é difícil falar isso para a senhora.

— Falar o que, Ares? Estou começando a ficar assustada.

Ares ia dizer quando Frigga chegou com o copo de água.

— Tome, Ares. Lhe fará bem. — Disse Frigga.

Ele pegou o copo, tomou a água, agradeceu, respirou fundo e falou:

— A Delayoh... entrou em inércia mais uma vez.

Hera sentiu um forte baque e precisou ser amparada por Frigga. Se lembrou da primeira inércia de Delayoh e pensava “não, de novo não”.

— O Apolo me falou que havia uma punição extra para ser cumprida, então, ele fez uma porção para provocar a inércia. — Ares falava entre soluços. — Mas com o muro, essa inércia se transformou em algo que pode ser permanente. Podemos ter perdido a Delayoh para sempre.

— Eu quero ver a minha filha, não pode ser verdade, dessa vez eles tem que me deixar vê-la nem que eu passe por cima de todo mundo, eu vou ver a Delayoh. — Disse Hera saindo.

...

Hera entrou com um rompante no hospital de Apolo. Uma mistura de sentimentos tomou conta dela, queria chorar, gritar, bater em quem foi responsável por colocar sua filha em inércia. Ela se aproximou do balcão e despejou tudo o que estava sentindo.

— Não adianta me enrolarem, hoje eu vou ver a minha filha. E se alguém tentar me impedir, eu esqueço dos bons modos e passo por cima de qualquer um que estiver no meu caminho. — Esbravejou Hera.

Quando Apolo apareceu, uma ira tomou conta de Hera, que deu um fortíssimo tapa nele, o derrubando mais uma vez no chão.

— A culpa é sua, fruto de uma traição. — Esbravejou Hera. — O Ares me contou o que fez, eu posso ter perdido a minha filha para sempre.

— Eu expliquei para o Ares, eu tinha que cumprir uma ordem, mas o muro mudou completamente os planos. — Disse Apolo, se levantando.

— NÃO INTERESSA! Nada do que me dizer, qualquer explicação que der, vai amenizar a sua culpa. Eu vou ver meine tochter nesse momento. É o mínimo que pode fazer por mim, depois do que fez.

Hera foi acompanhada por um dos enfermeiros. Ao caminhar até o quarto, o coração de Hera ficava mais apertado. Quando o enfermeiro abriu a porta e ela viu a filha vestida com uma túnica preta, decorada em ouro, entubada e desacordada, desabou no chão em prantos, perdeu sua filha pela segunda vez, estava revivendo uma dor que não queria reviver. Se aproximou da filha, a chamou, deitou do lado dela e chorou.

Zeus, que foi chamado por Apolo, também apareceu e se deparou com Hera, chorando sobre Delayoh desacordada. Ele ficou muito triste ao saber que sua Lilica havia entrado em inércia e deu uma bronca em Apolo por ter provocado essa inércia.

Hera se levantou, olhou para a filha, deu um beijo nela e disse que iria cuidar da Alemanha por ela. Ao sair do quarto, Hera se deparou com Zeus, ela nem quis olhar e falar com ele, só queria ir para a Alemanha e dar a triste notícia para os alemães, Zeus tentou falar com Hera, mas ela mordeu os lábios, se virou e deu um fortíssimo tapa na cara de Zeus, tão forte que o derrubou no chão.

— Está satisfeito agora? Está feliz com o que conseguiu? — Disse Hera, com raiva.

— Satisfeito com o que? — Perguntou Zeus.

— Isso começou quando não quis ajuda-la, ela só pediu para você conversar com a Francine. Mas você a ouviu? NÃO! Quis bancar o justo com a sua filhinha querida e o resultado está aí. Olha lá Zeus, a Delayoh entrou em inércia de novo e se ela não acordou de imediato como da outra vez, ela pode não acordar e posso ter perdido a minha filha para sempre. Se tivesse a ajudado, as guerras não teriam acontecido e Delayoh estaria ao meu lado. — A voz de Hera estava embargada, porém, ela conseguiu conter o choro. — Eu nem sei como vou dar essa notícia para os alemães, eles já sofrem com o país dividido. Como vou dar mais essa notícia para eles?

— Hera eu sei que está chateada, com raiva, sofrendo, eu também estou, mas o fato de Delayoh estar em inércia, não apaga o que ela fez, o sofrimento causado por pura vingança, ela matou milhões de inocentes. — Disse Zeus, se levantando.

— Como ousa falar assim da minha filha? Já sei, está tentando tirar a sua culpa, dizer que não tem participação nisso.

— Não Hera, até porque eu não tenho culpa de nada.

Hera cerrou os punhos e disse:

— Tudo bem Zeus, você não quer admitir que errou, não vou mais insistir, mas me faça um favor e eu espero que cumpra, some da minha vida, eu não quero te ver nunca mais, você já me fez sofrer quando éramos casados, fez a minha filha sofrer e agora posso ter que conviver com a ausência dela para sempre. Então, por favor, sai da minha vida, não me procure mais.

Hera saiu e Zeus tentava assimilar as palavras dela, ele sabia que não tinha culpa de nada, mas a tristeza que estava sentindo, o fazia se sentir culpado. Se tivesse aceitado o pedido de Delayoh, se tivesse dado mais apoio para ela, se..., se..., não adiantava imaginar o que teria acontecido. O que foi feito está feito, Zeus não pediu para Delayoh invadir países, se envolver em guerras, matar inocentes. Agora, o que resta para ele é a tristeza e o sentimento de que poderia ter feito mais por aquela, a quem considera como filha.

...

Hera tentava encontrar forças para dar a notícia aos alemães, fazia um esforço para não chorar mais não tinha jeito, as lágrimas vinham com força. Quando se acalmou pediu que todo o país, todas as emissoras de televisão do mundo se reunissem, pois, tinha um comunicado a fazer. Entre jornalistas e cidadãos, todos esperavam por Hera e curiosos para saber o que sua deusa tinha para falar. Quando ela apareceu, começou a falar:

— Venho aqui para comunicar que, a partir de hoje, eu tomarei conta da Alemanha, sei que Estados Unidos e União Soviética tem sua parte aqui e eu prometo que trabalharei junto com Stanley e Sarah para o bem das duas nações, mas a Alemanha como um todo será de minha responsabilidade. — Hera parou, seus olhos estavam marejados, respirou e continuou. — Estou fazendo isso porque, acabei de saber e não sei como dizer isso a vocês, mas... a Delayoh... Meine tochter... deusa de vocês, entrou em inércia e não se sabe se ela vai voltar.

A notícia foi como uma bomba, todos na Alemanha estavam chocados com a notícia, alguns alemães não acreditavam no que acabaram de ouvir, outros choravam.

Na China, Khayna chorava em frente à televisão.

Bù, wǒ de mèimei. — Disse Khayna, aos prantos. Ela havia brigado com sua mãe, por causa de Delayoh, e agora, percebe que pode ter perdido sua irmã para sempre.

— O que foi Khayna? — Perguntou Bhrama.

— Perdi a minha irmã. — Khayna soluçava. — A Delayoh entrou em inércia.

Bhrama consolou a noiva, com um abraço.

— Tenho que avisar meu pai, ele também é pai de Delayoh. — Disse Khayna, saindo do abraço dele e secando as lágrimas.

A deusa chinesa mandou uma mensagem austral para Ixião. Ciano foi quem atendeu, ele agora tem 12 anos.

— Ciano, oi, é Khayna, tudo bem? — Disse Khayna, escondendo a tristeza.

— Tudo bem. — Respondeu Ciano.

— O papai está aí?

— Está.

— Você pode o chamar, preciso falar com ele. É importante.

Ciano concordou e chamou Ixião. Quando ele apareceu, notou que havia algo errado com a filha.

— Oi, Khayna. Está tudo bem? — Perguntou Ixião.

— Pai, aconteceu algo horrível. — Disse Khayna, sem conseguir conter o choro.

— O que houve?

— A Delayoh entrou em inércia.

— Não pode ser, a Delayoh entrou em inércia de novo?

—E pode ser pior, ela pode não voltar.

— Sua mãe, como está?

— Eu ainda não falei com ela, mas pelas imagens que vi, está arrasada. Imagina como foi difícil para ela falar isso para os alemães. Estou pensando em ir para a Alemanha hoje, ficar com ela.

— Também vou e levo o Ciano. Minha nossa, minha menininha. — Ixião sentiu um enorme aperto no peito quando encerrou a mensagem austral. Delayoh podia não ser sua filha de sangue, mas a tratava como se fosse legítima dele.

...

Nos Estados Unidos, Stanley não queria acreditar no que acabou de ouvir, então, correu até o hospital de Apolo e exigiu ver a deusa alemã. Seu pedido foi atendido, quando viu Delayoh desacordada, chorou por seu amor, foi até ela, segurou sua mão e disse:

— Delayoh, meu amor, volta, não vai embora, por favor, não saberei viver sem você, eu te amo, por favor, volta. Não quero que o nosso último momento juntos tenha sido em uma briga. Apesar de você me pedir várias vezes, eu nunca vou te esquecer e deixar de te amar.

...

Na Alemanha, Khayna, Ixião e Ciano, chegaram à casa de Hera, ela estava sendo consolada por Frizioh. Khayna correu para abraçar a mãe, Ixião e Frizioh se abraçaram. Ciano chegou perto da mãe e perguntou:

—  Por que está triste, mãe?

— Meu menino. — Hera alisou os cabelos negros do filho. — Estou triste porque a sua irmã Delayoh entrou em inércia e não sei se vou vê-la de novo.

— Quem é Delayoh?

 Khayna pegou um retrato de Delayoh e mostrou para Ciano, ele a achou muito parecida com a mãe. Ixião foi abraçar Hera, ela desabou no ombro dele.

— Fique calma, nossa Delayoh vai voltar, tenho certeza disso. — Ixião abraçou Hera.

Khayna, Frizioh e Ciano abraçaram Hera. Eles sofriam. Os alemães sofriam. Todos sofriam. Naquela situação, pelo sofrimento e choro deles, Delayoh nunca mais iria voltar. Seria castigo pelo o que fez? Ninguém sabe. Mas naquele momento, não era de apontar e ninguém teria coragem de perguntar. O único sentimento que imperava ali era a tristeza.


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Notas finais do capítulo

- Bù, wǒ de mèimei: Não, a minha irmã em chinês
— meine schwester: minha irmã em alemão



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