As Lendas dos Retalhadores de Áries escrita por Haru


Capítulo 22
— O Departamento Orioniano de Investigação Criminal




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— O Departamento Orioniano de Investigação Criminal

Haru não dormiu nada bem na madrugada daquele dia. Quando conseguia adormecer, ele tinha pesadelos dos quais imediatamente esquecia, se sentava assustado na cama e evitava fazer barulhos para não acordar sua irmã, que desde que seus pais estavam vivos ficava no quarto do outro lado do corredor. Aliás, há semanas não sabia o que era uma boa noite de sono. Hoje, no entanto, mal pregou os olhos, se descobrisse que dormiu por duas horas, acharia muito. Às quatro da manhã, desistiu e desceu para a sala de estar, onde ficou vendo televisão até o sol nascer, Kin, saindo em missão, o viu no sofá, não desconfiou de nada, disse que voltaria antes de anoitecer e se despediu. 

 Às nove da manhã, Yue, mandada por Arashi, bateu em sua porta e o chamou para ir com eles ao DOIC — Departamento Orioniano de Investigação Criminal. O retalhador de elite não falou nada para ela, mas fez isso porque estava preocupado com Haru. Via algo de diferente nele. Soube que tanto ele quanto Yue passariam o dia em casa atoa, então pensou que ambos achariam divertido conhecer o melhor departamento de detetives criminais do Reino de Órion e fez o convite. Obviamente nenhum dos dois recusou. 

 Arashi era o chefe do DOIC 370, portanto não precisava da permissão de ninguém para levá-los lá. Querendo entusiasmá-los, os recebeu vestindo seu grande casaco azul escuro com as siglas do departamento escritas em amarelo na parte de trás e, o caminho todo, respondeu às perguntas deles usando os termos técnicos da profissão. A dupla descobriu que o escritório não era nada do que eles esperavam. Visando sempre poupar verba pública, tudo o que eles pediram a Hayate foi um espaço pequeno com quatro cadeiras e uma mesa, as estantes de ferro cada um trouxe por iniciativa própria. 

A sala era suficientemente grande para a equipe, que se compunha de apenas quatro pessoas. O responsável por polir o piso fez um trabalho tão bom que ele, marrom, feito de porcelanato, cintilava e interagia com os raios de sol que atravessavam as quatro janelas quadriculadas, instaladas seis metros ao lado da mesa amarela de centro. As paredes, não menos limpas e nem menos cheirosas, foram pintadas de cinza escuro e, na que ficava de costas para a cadeira do chefe do departamento, havia um quadro tão branco quanto o teto.

A primeira coisa que fez ao chegar foi abrir a porta de vidro para seus dois convidados, deixá-los entrar primeiro e apresentá-los ao resto da equipe.

— Bom dia, pessoal. — Os cumprimentou. — Quero que vocês conheçam Haru e Yue. Haru e Yue, esses são Sayuri...

— Olá! — Uma jovem simpática de pele escura, cabelos negros enrolados, olhos verdes gentis e corpo esbelto de sobretudo azul marinho sorriu para os dois.

— Aquele ali é o Shoichi. — Continuou e apontou-lhes um rapaz alto, magro, branco, de cabelos pretos desgrenhados, camisa abotoada branca de mangas curtas, calças e sapatos. 

— Como vão? — Shoichi, sem perder a seriedade, os saudou e acenou. 

— E, por último, Erika Mitsuki. — Finalizou as apresentações. 

— É ótimo conhecê-los! — Alta, magra, confiante, Erika era a orgulhosa dona de uma lisa, longa, loira, brilhante e sedosa cabeleira e de um angélico rosto oval que a fez ganhadora, por dois anos consecutivos, do título de mulher mais bonita do mundo. Ela não era apenas detetive e retalhadora, mas trabalhava também como modelo fotográfica e, por seu charme e carisma, se tornou a mais jovem apresentadora de um programa que comenta fofocas sobre celebridades. 

— Erika M-M-Mitsuki...? — Yue até gaguejou ao se dar conta de quem estava conhecendo. Quando reparou em si mesma então, desejou ter escolhido roupas melhores do que a camiseta verde clara, a saia jeans azul e os chinelos de dedo brancos com os quais saiu de casa naquela manhã. — Ai, eu sou tão sua fã! Será que eu tô sonhando?! Por favor, me diz que não!

Erika puxou mais para cima o cinto negro que usava para fechar seu sobretudo vinho, levantou-se da cadeira com uma classe nunca vista e apertou a mão de Yue. 

— Adorei seu cabelo! E não, não é um sonho. — Fechou seus adoráveis olhos azuis claros e respondeu Yue. — O Arashi é que é um sonho!

 Vermelho, o alvo da investida dela suspirou cansado, abaixou a cabeça e reclamou:

— Já te pedi pra parar de dizer esse tipo de coisa. 

— A Erika Mitsuki adorou meu cabelo... — Yue achava que ia desmaiar. 

Alheio às conversas deles, Haru andou a sala toda examinando tudo. Ele definitivamente não estava normal. Arashi demorou mais do que gostaria de admitir para notar sua ausência e rapidamente estranhou seu comportamento. De primeira, contudo, se calou, ficou analisando-o de onde estava. Nunca viu semelhante olhar no rosto do ruivo. Resolveu chamá-lo:

— Haru? Haru...?

Na segunda, o garoto olhou para trás e se recompôs. 

— Desculpa. — Disse. Guardou as mãos nos bolsos da calça comprida cinza, ajeitou a postura sob a camiseta negra de mangas curtas com capuz e perguntou: — E aí, o que tem pra fazer hoje? 

— Uma senhora ligou pra cá um pouco antes de vocês chegarem. — Shoichi avisou seu chefe. — A filha dela desapareceu. Sayuri e eu estávamos indo pra lá. 

— Podem deixar isso com a gente. — Disse Arashi. 

— Aqui está o endereço dela. — Sayuri deu uma folhinha de caderno dobrada em sua mão. 

— Ótimo. — Guardou a folha dentro do bolso da jaqueta. — Eu ligo passando as informações do caso pra vocês. Chamem a polícia e avisem onde estaremos. 

Os três expressaram concordância com a cabeça. 

— Tchau, Erika! — Yue, a última a sair pela porta, não podia ir sem falar antes com ela. 

— Tchau, Yuezinha! Tchau Haru! — Erika gritou de volta, fez um coraçãozinho com as mãos e, a sua maneira, disse tchau para o chefe: — Te amo, Arashi! 

Mesmo já no meio da rua, Yue não conseguia parar de sorrir.

— A Kin sabe que você trabalha com Erika Mitsuki...? — Ela indagou Arashi, enquanto andavam. 

— Sabe. — Alegou ele. 

— Ela sabe que a Erika Mitsuki dá em cima de você? — Mesmo sabendo a resposta para isso, fez o questionamento. 

Tímido, o retalhador foi sincero com ela:

— Não. 

— Ótimo. — Foi forçada a concordar que não era uma boa ideia contar. — A Kin mataria a Erika Mitsuki se soubesse e a Erika Mitsuki não pode morrer!

 Por ser o chefe de um departamento de investigação, Arashi possuía, sob seu comando, todos os policiais retalhadores da zona leste do Reino de Órion, autoridade que Hayate em pessoa lhe confiou. Ele adorava aquele trabalho, não só por causa do poder, mas porque desde pequeno sonhava em se tornar um detetive e solucionar crimes, portanto aos quinze anos se candidatou, passou em todas as provas com louvor e ganhou seu próprio departamento. Só continuava na equipe dos retalhadores de elite por causa de Kin, porque amava estar o tempo todo na companhia dela, e porque queria ser útil no que seu reino precisasse.

Pela tarde, a cor do céu sobre o Reino de Órion variou entre o cinza claro e um retraído azul. As nuvens despejavam sobre a nação uma chuva pálida, inconsistente, uma que ia e voltava a cada duas horas e que por causa disso, no total, não foi capaz de molhar nem dez metros do chão dela. Os ventos mal mexiam uma folha de papel, muito embora fossem persistentes e frios. Na região leste, sobretudo, havia pouca gente na rua. A notícia do desaparecimento da menina se espalhou rápido como fogo, e para facilitar o trabalho da polícia, as pessoas evitavam sair. Todos torciam para que a criança fosse encontrada com vida. 

A rua em que a garotinha morava estava cheia de policiais. Bem asfaltada, limpa, larga, as residências dela seguiam um mesmo padrão de cores e de arquitetura, algo com certeza estabelecido por comum acordo entre os moradores; apenas cores quentes, mas nunca nada algo muito chamativo, o mais perto disso era a cor de abóbora das telhas. As paredes exteriores das casas eram todas bege, brancas ou levemente amarelas, as calçadas, sempre brancas. Não haviam muros. 

Arashi, Yue e Haru ainda ouviam os pais da pequena. A mãe, uma mulher muito mais jovem do que os três imaginavam, tinha medo e desespero nos olhos castanhos numa escala que o guerreiro glacial nunca viu antes nos de alguém. Seus cabelos, curtos, da mesma cor que seus olhos, estavam extremamente bagunçados. Ao tentar descrevê-la, a primeira palavra que veio à mente de Arashi não foi exatamente "preocupada", mas perturbada — uma distinção sutil, mas que faz toda diferença numa investigação criminal. O marido dela, homem alto, forte, pardo, estava muito mais tranquilo e fazia de tudo para acalmá-la, ainda que ele próprio exalasse nervosismo.

Logo que a mãe da criança deu por terminado seu relato, Yue pegou sua mão e a assegurou: 

— Nós vamos encontrá-la. 

A mulher agradeceu com o olhar e, abraçada pelo marido, voltou para dentro de casa. Arashi meteu as mãos nos bolsos da jaqueta e ensinou algo a seus dois acompanhantes:

— O erro foi meu por não ter avisado vocês dois disso antes, mas numa busca por uma pessoa desaparecida o detetive nunca diz para a família que vai encontrá-la. Dizemos que vamos fazer o que pudermos. 

— Foi mal. — Yue tomou parte da culpa pela bola fora. — O que fazemos agora? 

Arashi fez um silêncio reflexivo e olhou ao redor. 

— Haru. — Chamou-o. O garoto o encarou. — Consegue usar aquela sua habilidade de ver o seu alvo independentemente de onde ele estiver? 

— Vou precisar de muita concentração e tô um pouquinho aéreo hoje, mas posso tentar. Vão ter que me dar uma foto dela. — Disse. — No entanto, só vou conseguir ver a menina, para dar a localização eu teria que conhecer o lugar.  

— É o suficiente. Pelo menos vamos saber se ela está viva. — Para Arashi já estava de bom tamanho. — Yue, vá com ele pedir uma foto da menina aos pais dela. Eu vou esperar aqui, o quinto membro do DOIC está chegando.

A dupla o obedeceu. Assim que eles entraram na casa dos pais da menina, um camburão transportando o quinto membro do departamento investigativo parou a poucos metros de Arashi. Quatro policiais parrudos saíram de dentro dele. O retalhador de elite virou-se para o automóvel, assoviou, deu alguns passos na direção dele e um cão enorme da raça Pastor Alemão desceu correndo de lá. Estava agitado, empolgado, mas Arashi gesticulou com a mão e ele instantaneamente sentou, se aquietou. Como recompensa, o animal ganhou um carinho na cabeça. 

Arashi queria que ele cheirasse o pé de chinelo rosa que supostamente pertencia à menina e que ficou caído no meio da rua. O primeiro passo era comparar com as roupas dela e ter certeza de que o calçado era seu. Se agachou, deu uma camisa da menina para o bicho examinar e, depois de fazê-lo, viu-o correr até o chinelo perdido. Na mosca. Levantou-se devagar. O cão, com o faro concentrado na tarefa, foi adiante, e a seu dono não restou outra opção além de segui-lo. Os dois acabaram no estacionamento comunitário dos moradores da rua onde a criança desaparecida residia. 

 O cachorro foi direto a uma caminhonete grande e preta e não saiu mais de lá. Arashi andou pacientemente até ele, agachou-se ao seu lado e afagou sua orelha direita para acalmá-lo, o animal, em seguida, se tranquilizou e se sentou. O guerreiro glacial ligou para o departamento.

— Oi, Sayuri, passa o telefone pra Erika, por favor. — Pediu, ao ter sua ligação atendida.

— "Oi, lindo!" — Definitivamente era Erika. Arashi suspirou com pesar. Aquela garota ainda o meteria em problemas.

— Use por favor o seu poder sobre os números nove, quatro, três, oito. — Disse. — São da placa de uma caminhonete à qual o Pastor Alemão me trouxe. 

— "É pra já. Mas, antes, não acha que é melhor dar um nome pro pobre do cãozinho?

— Você que sabe. — Deixou a escolha do nome nas mãos dela. 

— "Ah, obrigada! Não vou te decepcionar!" — Agradeceu, logo depois encerrou a chamada. 

Erika era brincalhona e passava a impressão de não levar nada a sério, mas fazia seu trabalho muito bem. Por causa de sua habilidade de reconstituir cenários e acontecimentos mediante horário, número de telefone ou placas de carro, em suma, através de qualquer tipo de numeração presente na ocasião do evento, ela era de uma importância ímpar em qualquer investigação ou busca. Suas habilidades e sua vontade de ajudar constituíam, sem sombra de dúvidas, um ganho incalculável para o Reino de Órion.

Satisfeito, o retalhador de elite retornou para a rua na qual encontrou o cão. Fez, até então, tudo o que estava ao seu alcance. Só o que restava a ele agora era esperar notícias da Erika, torcer para Haru ter conseguido ver a menina e pedir aos céus que ela estivesse bem. Há muito tempo um caso solucionado por seu departamento não tinha um final feliz. Quem o olhava não diria, a prática o tornou excelente em manter as emoções sob controle, mas histórias como aquela mexiam com ele, o abatiam profundamente, foram incontáveis as vezes em que se escondeu para chorar

 Yue e Haru correram até ele quando o viram. Tinham novidades.

— Eu consegui ver a garota. — Contou Haru.

— Muito bem. — Pôs a mão no ombro dele e o felicitou. — Como ela está?

— Está viva. — Afirmou, para a felicidade dele. — Eu a vi cercada de gente, mas definitivamente não conheço o lugar... Parecia uma cabana numa floresta. 

Em agradecimento por ter tido suas preces atendidas, Arashi colocou as mãos nos quadris, cerrou as vistas com força, abaixou a cabeça e respirou fundo. Será que vamos ter um bom final dessa vez?, se questionou, mapeando o ambiente com uma rápida olhada. Sem saber, estava, com sua postura naquele dia, mudando amplamente o modo como Yue e Haru o viam. Mudando para a melhor. 

Sorriu para os dois. Sentia-se mais conectado a eles, mais íntimo dos dois.

— Fizeram um ótimo trabalho. — Disse-lhes. — Podem se sentar. Agora é com o departamento. — O comunicador em seu bolso tocou. Arashi o retirou de lá, pôs na orelha e atendeu: — Sim? 

— "Duas coisas." — Era Erika. — "O cãozinho vai se chamar "King" e eu sei oque aconteceu com a criança.

Arashi cobriu a outra orelha, olhou para cima e pediu que ela prosseguisse:

— Tô ouvindo. 

— "Ela foi levada por duas pessoas e estava inconsciente quando aconteceu. Eles a deixaram na parte de trás da caminhonete que você e o King acharam, dirigiram com ela para uma floresta que fica a alguns quilômetros daí e a enterraram viva." — Erika contou tudo o que sabia. — "Eu só consegui ver até aí.

— Obrigado, Erika. — Agradeceu e desligou o comunicador. Enterrada viva. Quem faria isso? Por quê? Como Haru a viu viva e cercada de gente? Tais perguntas espocaram em sua mente. Acreditava que as pessoas que Haru viu em volta dela a desenterraram e socorreram. As respostas das outras duas indagações, contudo, permaneciam na escuridão. Precisava saber quem eram os donos da caminhonete. Teve uma ideia. Passeou até o meio-fio, onde Yue e Haru estavam sentados conversando distraídos, e falou com Haru: — Você viu algum machucado na cabeça da garota? A testa dela estava vermelha, ela estava sangrando? 

— Não. — Jurou Haru. — Ela estava suja, as roupas dela estavam cheias de terra, mas eu não vi machucado nenhum nela. — Completou, complementando as informações passadas por Erika e confirmando, numa tacada só, a teoria de Arashi de que ela havia sido desenterrada e salva. 

— Sem machucados ou marcas de contusão... — Arashi estava ordenando as informações e processando-as em voz baixa para chegar a uma conclusão. Tinha certeza de que em poucos segundos faria uma descoberta. A ausência de marcas e de ferimentos na cabeça lhe dizia que ela não foi nocauteada com uma pancada, enterrá-la, para ele, significava que a pessoa achava que ela estava morta e que queria esconder seu cadáver. A princípio, portanto, não queria lhe fazer mal. Acabou de formar uma teoria sobre o que houve. Foi até a dupla de policiais que fumavam perto da árvore na beira da calçada da casa dos pais da garota e pediu: — Vão lá dentro e tragam os pais dela aqui fora, por favor. 

Eles eram seus principais suspeitos. Seu palpite era o de que o casal deu para a filha algum remédio em doses contraindicadas, pensou que a matou e, no desespero, quis esconder o corpo dela. Os policiais os levaram até Arashi, ele, na hora que viu a mãe, lembrou da primeira palavra que lhe vinha a mente em seu esforço para descrevê-la. Perturbada. Pensar que assassinou a própria filha é, com certeza, um bom motivo para parecer perturbada. 

Cruzou os braços e franziu as sobrancelhas ao ficar frente a frente com os dois. 

— O que realmente aconteceu? Se houve algum acidente, essa é a melhor hora para confessar. — Foi direto com eles. A parte mais genial de sua fala foi que nela não os acusou em parte alguma e ao mesmo tempo, para intimidá-los e poupar-se o dispêndio inútil de tempo, deixou subentendido que sabia o que eles fizeram, os fez sentir que manter segredo não adiantaria de nada. 

Xeque-mate

Encurralada, mentalmente desorientada, a mulher, aos prantos, vomitou compulsivamente toda a verdade. Arashi estava coberto de razão. Pela frieza do pai, diria que quem deu a ideia de ocultar o corpo da menina foi ele, que ele manipulou a esposa. Para diminuir sua pena, o homem revelou o exato paradeiro da garota. Ambos foram presos. Enquanto um camburão os conduzia algemados para a delegacia, um outro foi buscar a pobre da criança. Arashi lutou para conter a felicidade que se alastrava por seu coração e o sorriso que crescia em seus lábios, mas sofreu uma derrota vergonhosa.  

Yue e Haru ficaram confusos. Trocaram olhares, levantaram-se do meio-fio e correram até ele. 

— Então os pais dela fizeram tudo isso? — Foi o que Yue deduziu de vê-los serem levados pela polícia. 

— Sim... é muito provável que tudo tenha começado como um acidente, que eles não queriam ferir a menina. — Conjecturava Arashi. — Mas se apavoraram e tentaram esconder o corpo quando pensaram que a mataram, ao invés de arcar com as consequências e procurar as autoridades ou um hospital. Vão responder por tentativa de homicídio culposo. 

— E o que vai acontecer com a garota? — Haru quis saber. 

— Vai pra uma agência de adoção. Só tem quatro anos, ainda tem a chance de crescer num lar feliz. — Arashi manifestou suas esperanças sobre o futuro daquela criança. — E quanto a vocês? Querem ir comigo ao departamento dar pessoalmente as boas notícias aos outros? 

— Claro! — Responderam-lhe ambos, em uníssono. 

O retalhador de elite gostou da empolgação deles, principalmente da de Haru. O ruivo, agora, parecia bem melhor de aspecto do que quando o encontraram pela manhã. Tal era precisamente o seu propósito quando lhes pediu que o acompanhassem.

Segurou Haru nos braços quando ele era apenas um bebê, era natural que se sentisse responsável por ele, que o amasse como a um irmão mais novo e que quisesse cuidar dele, mas seu zelo também se justificava pela enormidade do potencial que enxergava nele. Tinha uma certeza inabalável de que aquele garoto, um dia, superaria Yume, Azin, Santsuki e até mesmo Kaira, garantir que ele permanecesse na estrada do bem era o mesmo que garantir o futuro de todo o universo. 

Fim.


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