O Preço da Fama escrita por Holanda


Capítulo 12
Capítulo 12




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Era a cara de Summer colocar ela para trabalhar assim que voltou para casa, a primeira coisa a ser feita era arrumar o quarto de visitas ao lado da suíte para transformar no quarto do bebê, claro que toda a parte pesada ficou para Yang e Raven que tiveram que tirar os móveis e a poeira do lugar que praticamente nunca foi usado. As duas agora estavam dando uma mão de tinta nas paredes tornando o ambiente mais “infantil” com uma cor verde bem clara.

Yang olhou de relance para sua mãe, ela achou que seu cheiro ficaria diferente agora que a ômega acasalada com ela estava grávida, ela ouviu que alfas ficam com os feromônios agressivos naquela situação, mas aparentemente nada havia mudado, na verdade, o cheiro de Raven lhe parecia mais ameno e calmamente que antes. Yang se perguntou se ela só estava sentindo assim porque ela era filhote de Raven? Faria sentido, já que teoricamente ela deve ter ficado com um cheiro semelhante quando estava lhe esperando, então poderia está ativando algum mecanismo no seu cérebro que lhe fazia gostar do aroma de sua mãe.

— Tá me olhando assim por que? — A alfa mais velha perguntou ao notar a filha lhe observando, as duas estavam passando um rolo de tinta na parede do quarto agora vazio.

— Nada não, tava pensando que aquela cômoda ali poderia ser aproveitada, se dermos uma mão de tinta fica boa para pôr as roupinhas do bebê.

— Você mente pessimamente. — respondeu Raven com uma voz impassível.

— Não foi uma mentira! 

— Foi mentira para a pergunta que eu te fiz.

Yang não ficou brava como normalmente ficaria, ela apenas descansou o rolo de tinta no chão forrado com jornal e olhou melhor para Raven:

— Tava pensando que seu cheiro parece melhor, pelo menos, eu sinto melhor.

Raven a olhou com cuidado não parando sua atividade de pintar:

— É por causa da gravidez, o cheiro fica mais agradável e reconfortante para os filhos.

— Foi o que eu imaginei… — Yang mordeu o próprio lábio, ela não sabia se era efeito dessa mudança no odor ou o que, mas ela estava com vontade de pedir um conselho para sua mãe.

— O que tá te incomodando tanto? — perguntou Raven como se adivinhasse.

— Como sabe que tem algo me incomodando? Tá tão na cara assim?

— Sim, mas eu te conheço também e você está com aquela cara que está doida para falar algo.

Yang ainda hesitou um pouco, mas enfim seguiu.

— Eu tava saindo com essa cara beta,  era legal e tudo, aí a gente ficou meio sério, mas depois que isso aconteceu, ele começou a ficar cada vez mais ciumento e… sei lá, eu gritei com ele e pedi um tempo… tô meio que arrependida da forma como eu o tratei, tava pensando em ligar e pedir desculpas.

— Você quer pedir desculpas pelo quê exatamente? — Yang ainda abriu a boca para responder, mas sua mãe continuou. — O cara te desrespeita e você quer pedir desculpas? Onde está seu orgulho, Yang?

A alfa loira piscou meio aturdida para sua mãe, Raven deixou de lado o seu rolo de tinta para se virar diretamente para ela.

— Como sabe que eu não agi errado? Quer dizer, como pode ter certeza que não foi meu o erro ou que eu que fui otária com ele? — Yang perguntou.

— Por que você não faria isso. — Raven respondeu de forma tão simples e segura que foi como se ela estivesse dizendo uma verdade óbvia como “a água é molhada”.

— Bem, mas eu acho que não o respeitei completamente. — Raven apertou suavemente os olhos como um pequeno indício de curiosidade, se Yang não a conhecesse tão bem, o sinal sutil nem teria sido notado. — Eu estava ficando com ele, mas gosto é de outra pessoa. — Ela explicou.

— Nesse caso, foi bom o que aconteceu.

— Sim, eu queria terminar, mas não dessa forma, quer dizer, não queria machucá-lo.

— Que meigo. — O tom de Raven foi claramente irônico. — Não existem términos indolores, você pode até tentar amenizar a dor, mas não pode evitá-la, eu prefiro que as coisas sejam rápidas e diretas.

— Eeeeh, tô achando que eu agi como você. — Yang soltou um pequeno riso de si mesma, dizem que sangue é muito denso, ela era a prova quando se comportava igual a Raven sem ao menos perceber.

— Só tô dizendo que quem deveria pedir desculpas era ele, já que você não fez nada de errado.

Yang não respondeu isso, ela olhou para o chão pensando nas palavras de sua mãe, será mesmo que ela estava sendo “legal” demais?

— Nunca esqueça do seu orgulho, Yang. — continuou Raven. — Você é um alfa, você é um protetor, você não abaixa sua cabeça. Se esse beta não sabe confiar em você, ele fere seu orgulho com essa desconfiança. 

— Hey! — Ruby apareceu enfiando a cabeça para dentro do quarto, ela parecia super animada. — A Velvet chegou! 

— A sua amiga fotografa? — Raven perguntou.

— Sim. — respondeu Ruby.

Raven foi até a porta ainda segurando o rolo de tinta, entrou-o para Ruby e depois empurrou gentilmente a ômega para dentro do quarto:

— Ajude Yang a terminar o quarto.

— O que? Mas assim eu não vou poder dar pitaco! — Ruby reclamou.

— Exatamente, você entendeu com perfeição. — Raven deu um pequeno tapinha carinhoso no ombro dela e saiu.

— Aaaah, isso não é justo, eu tinha ótimas ideias. — A ômega foi resmungando até onde Yang estava e se colocou a passar o rolo de tinta na parede.

— Relaxa, maninha, quando for o meu casamento, eu deixo você dá quantos pitacos você quiser. — Yang piscou para a irmã.

— Sério? — A pequena ômega se animou.

— Nop! — Yang riu quando a carinha de decepção que ela fez foi engraçada.

— Vocês duas combinaram isso! — Ruby se irritou e tentou acertar a irmã com o rolo de tinta.

— Hey! Oh! Cuidado com o meu cabelo! — A alfa se afastou rindo quando Ruby a acertou nas costas com o rolo de tinta. — Ah! Você me sujou? Cara, vou fazer você se arrepender! — brincou.

— Pode vir! Eu já estou com minha arma pronta! — Ruby colocou o rolo como se fosse uma espada. — Minha vingança será suja!

 

~**~

 

— O que foi isso? — Velvet perguntou ao ouvir um barulho alto vindo do andar de cima da casa, parecia algo caindo no chão seguido de um grito agudo de “ai”.

Raven revirou os olhos:

— Ignore isso.

— Nossos filhotes são muito brincalhões. — Summer disse rindo.

— Esses filhotes, não são mais tão filhotes. — disse Raven.

Velvet riu imaginando o que Ruby e Yang estavam fazendo:

— Antes de mais nada queria parabenizar pelo bebê e pelo casamento.

— Ah, obrigada, você é muito gentil. — agradeceu a ômega mais velha.

— Então, me contem o que estão pensando para as fotos do casamento?

— Ah, eu gostaria de fazer na natureza, algum lugar bonito, com bastante árvores… — Summer disse alegre.

— Tem de ser simples, nada extravagante. — Raven completou. — Nada que seja muito moderno.

— Mas também não pode ser tipo, mega tradicional, entende? — Summer se meteu. — E tem de ser romântico!

— Mas… — Raven tentou, mas a esposa a interrompeu novamente.

— Shiiiiu! Tem de ser romântico e pronto!

— Eu acho que entendi. — disse Velvet sorrindo para a dinâmica de relacionamento das duas. — Na hora que fiquei sabendo do casamento de vocês eu tive uma ideia, vai ser em dezembro, é inverno e eu pensei em algo meio temático.

— Hum… temático parece interessante. — Summer cantarolou.

— Temático com o que, exatamente? — Raven perguntou séria.

— Com o inverno! Podemos tirar as fotos em um lugar com neve bem bonito. — explicou Velvet. — A 45 minutos da cidade fica a montanha Glenn, lá é um ponto muito procurado para esportes de inverno, a floresta de pinheiros é linda e tem uma vista magnífica do vale abaixo. Acho que seria um local perfeito para fazer o book de casamento.

— Oh! Eu amei a ideia! — Summer comemorou.

— Eu não sei, não gosto de neve. — Raven resmungou.

— É só por um dia! E vai ficar tão lindo… vamos, Rae! Vamos! — A ômega vez sua melhor carinha de cachorro sabendo que a esposa alfa não iria lhe dizer um “não”.

— Ah, tá. — Raven suspirou derrotada muito facilmente.

— Esplêndido, e o vestido? Você já pensou a respeito? Porque as fotos geralmente são feitas com as roupas que usarão na cerimônia. — Velvet indagou.

— Ah sim, eu já estou trabalhando nisso. — Summer se orgulhar em dizer. — Eu mesma vou costurar nossas roupas, vai ficar ótimo.

— Eu sei que é uma artista talentosa, então eu sei que vai ficar lindo. — Velvet comentou.

— Aiaiaia, ajuda aqui, tá pesado! — A voz de Ruby foi ouvida na escada, Raven correu para ajuda ela que estava carregando uma caixa de coisas que foram tiradas do quarto.

— Ruby? Você tá bem? Não caiu da escada ou algo assim, né? — Yang perguntou, ela estava logo atrás carregando uma caixa duas vezes maior do que a da irmã, a loira colocou no chão para poder ver melhor e encontrou sua mãe pegando a caixa de Ruby em suas mãos.

— O que diabos vocês duas estavam fazendo lá em cima? — A alfa mais velha perguntou olhando a bagunça de tinta sobre as roupas das duas filhas.

— Eeeeh, você sabe… — Yang começou.

— Pintando? — Ruby completou e as duas se entreolharam e começaram a rir.

 

~**~

 

Yang franziu o cenho para o papel a sua frente. Ela estava em seu escritório na academia, as pancadas de socos e chutes ecoando no andar de baixo era o ruído de fundo constante e quanto ela mexia em documentos. 

— Não é possível, um milhão duzentos e dezoito mil? Como foi que isso aconteceu? — Yang resmungou para si mesma. — Não tem como recuperar isso, vamos fechar o ano no vermelho. — Ela jogou o papel na mesa e se apoiou em seus cotovelos.

Vários minutos se passaram sem ela se mexer daquela posição, pensando em qualquer coisa que pudesse ajudar na receita. Seria muito tarde para marcar uma luta? Provavelmente, logo a liga ia encerrar o ano. Yang poderia tirar do seu próprio bolso, ela tinha uma conta bancária com uma reserva e tinha… Ah, sim, ainda tinha aquilo. 

Yang acabou olhando para a gaveta de baixo da mesa, a pasta que sua mãe lhe deu há alguns meses ainda estava ali, intocada. Ela levou a mão na direção do puxador da gaveta, mas parou e recolheu rapidamente quando a porta do escritório abriu de repente. A alfa olhou para cima e viu Neptune parado ali, Arslan estava atrás dele. 

— Foi mal, Yang, tentei pará-lo, mas ele me ignorou. 

— Tá tudo bem, Arslan, deixa que eu cuido disso. — Yang dispensou ela e fez sinal para o beta entrar, ele fechou a porta atrás de si. 

— Eu só precisava conversar com você. — Ele disse quase tímido. 

— Eu também precisava conversar com você. — Yang disse muito séria, ela viu os olhos do beta se arregalaram por um instante e seus lábios tremerem, um claro sinal de medo. 

— Eu… — Ele começou, mas pareceu mudar de direção no meio do caminho. — Não sabia que você usava óculos, é sexy. — Ele sorriu. 

Yang viu claramente a estratégia de enrolação dele, ela tirou o óculo de armação amarela que ela só usava para ler e largou na mesa. 

— Escuta, Neptune, a gente precisa falar sério, de cabeça fria, ok? Sobre… a gente. Não dá para ficar como tá, não dá para ser como era. 

— Vamos fazer diferente, vamos concertar as coisas! 

— Não. Não sei se quero, o que eu sinto por você, não parece certo, e não quero te enganar. 

— Você não está me enganado! Eu confio em você!

— Mentira! —Yang se irritou e deu um soco na mesa fazendo a madeira tremer. — Porque na primeira oportunidade que aparece você age como se eu estivesse sendo infiel! 

— Yang, por favor, me perdoa! — Ele se aproximou e deu a volta na mesa. — Eu sei que eu estava sendo um namorado horrível, por favor, eu gosto muito de você, não me deixe. — Ele caiu de joelhos se apoiando em seu colo. 

— Neptune? O que você tá fazendo? — Yang se mexeu desconfortável na cadeira. 

— Eu faço qualquer coisa para você não me deixar. — Ele sussurrou. 

— O'Que? O que isso quer dizer? Uou, o que você tá fazendo? — Yang tentou afastá-lo quando Neptune tentou puxar sua calça. 

— Ah, vamos, eu sei que você adora quando eu faço isso, deixa eu te lembrar como eu sou bom. 

Yang piscou sem acreditar muito no que tava vendo e ouvindo, mas logo recobrou os sentidos e empurrou ele com mais força o que o fez cair sentado no chão e a alfa se levantou ficando de pé. 

— Você tá maluco? Eu disse que queria ter uma conversa séria e você vem com essa achando que eu vou esquecer tudo se você chupar meu pau? 

Ele parecia completamente inerte no chão, mas Yang perdeu a cabeça de novo e agora não tinha como voltar atrás, ela deixou a raiva subir o sangue para sua cabeça e seu cheiro ficou carregado de agressividade. 

— Eu definitivamente cansei de você! Você não me respeita! Toda vez que você duvida de mim, você está ferindo meu orgulho! Você não sabe como eu me sinto! — Yang gritou. — Eu odeio dizer isso, mas a minha mãe estava certa! Eu não sei porque eu estava sendo tão legal com você, ultimamente você só consegue acabar com a minha paciência! Definitivamente a gente não dá certo! Acabou de vez! 

Neptune se levantou e pareceu que ia dizer algo, mas mudou de ideia e se calou. 

— Tá certo, se as coisas são assim. — Ele enfim disse e caminhou até a saída, ele abriu a porta, mas parou e se virou para a alfa. — Só me responde uma única coisa. 

Yang o olhou com cautela, a raiva ainda zumbindo em seus ouvidos. Ela odiava se sentir daquela forma, ela queria ser uma pessoa mais paciente e tranquila, mas obviamente ela estava falhando. 

Ela assentiu e deixou ele fazer sua pergunta:

— Você é apaixonada pela Weiss, não é? 

Yang arregalou os olhos e de repente toda sua raiva foi substituída por medo. Ela simplesmente não conseguiu sustentar o olhar. 

— Não precisa dizer nada, seu rosto já diz tudo. — Neptune falou. 

— Me desculpe… 

As palavras de Yang se perderam no ar, o rapaz beta simplesmente saiu a deixando só. Agora de cabeça mais fria, Yang se sentiu culpada por ter gritado, mas tentou se lembrar do conselho de sua mãe e se convenceu que no final, ela fez o certo. Parecia que não havia outra saída. Mas como seria de agora em diante? Neptune contaria o que aconteceu para Weiss? Weiss iria odiá-la? Era algo bem provável de acontecer. 

Yang se virou e olhando para a estante que mantinha na parede de seu escritório, ela viu uma foto que ela gostava muito, estava com seus 17 anos junto de seu pai em um barquinho em Patch, eles havia saído para pescar, uma atividade que faziam juntos com frequência. Cada um deles segurava um peixe de boca aberta e eles estavam brincando com a pesca, ambos sorrindo largamente. Yang realmente amava aquela foto. 

— Acho que fiz uma cagada de novo, pai… — Ela suspirou. — Deve ser por isso que eu não dou certo com ninguém. 

Yang fechou a mão em um punho e apertou até seus dedos doerem. 

— Não! Eu não vou desistir! — Ela correu porta afora e desceu as escadas em um pulo, ignorou os olhares do pessoal intrigados pelo que acontecia, Yang viu o carro de Neptune estacionado do outro lado da rua. 

— PARAR! — Ela se jogou na frente do carro antes que ele arrancasse. 

— Eu quase que passo por cima de você! — Neptune exclamou depois que freou e abaixou o vidro da janela do motorista. — Eu estou com raiva de você, mas não a ponto de querer te matar! 

— Neptune, pelo amor de Deus, vamos conversar, eu posso explicar essa situação! — A alfa implorou correndo para a porta do motorista para ficar de frente para o beta. 

— Não, Yang! Você não precisa explicar nada! Eu já entendi tudo! — Ele ralhou amargo. 

— Não! Você não entendeu nada! Não me deixou explicar! 

— Não entendi, Yang? Então deixe-me ver… você se aproximou de mim porque assim ia chegar até a Weiss e agora que ela está toda amiguinha sua, você não precisa mais de mim! — Ele a olhou de um jeito que fez Yang se sentir a pior pessoa do mundo. 

— Não… não foi… 

— Quer saber de uma coisa? — Ele interrompeu. — Agora eu sei que tipo de pessoa você é, e… — A voz dele ficou embargada. — Quem não quer mais sou eu. Isso é um adeus! — Neptune fechou a janela e Yang se afastou um passo deixando o carro sair. 

Ela ainda ficou ali parada sem ação por algum tempo até que uma buzina a fez olhar para o lado e ver um carro querendo passar e Yang estava no meio. A alfa saiu do caminho foi quando percebeu que algumas pessoas estavam na calçada a olhando e teve a súbita percepção que toda a cena aconteceu no meio da rua e eles estavam falando meio alto. Provavelmente agora todos estavam sabendo do “barraco” e isso a irritou mais ainda. 

— O que é? O que vocês tão olhando? Circulando! Não sou palhaça pra vocês tarem me olhando! — Ela gritou agitando os braços com sua típica voz de comando de alfa fazendo as pessoas rapidamente se encolherem e caminharem na outra direção. 

 

~**~

 

Neptune foi naquela mesma noite a sua boate preferida na intenção de se esbanjar e esquecer a alfa loira que partiu seu coração, ele pensou que ia beber, dançar, beijar pessoas e não ia embora até arranjar um alfa bem gostoso para fodê-lo até não se lembrar mais de Yang. Mas seus planos foram para o ralo, o único item de sua lista que ele acabou fazendo foi beber e somente isso. 

O beta sentou-se no balcão do bar e tomou tantos drinks de mojito que até o bartender perdeu a conta. Ele já estava bêbado o bastante para esquecer até seu próprio nome, mas sua mente era sádica e o fazia continuar lembrando-se de uma certa alfa lutadora. 

— E aí, garotão? Noite ruim? — Uma voz feminina soou a seu lado, Neptune virou a cabeça devagar para evitar que sua visão escurecesse. — Afogando as mágoas com álcool? Não parece ser a melhor opção. 

Ele estreitou os olhos e no alto de sua cabeça embriagada Neptune percebeu que era uma garota beta de pele escura e um longo cabelo castanho. 

— Isso não é da sua conta. — Ele disse com a voz arrastada. — Se tá dando em cima de mim… Vou logo avisando que você não faz meu tipo. 

— E você também não está aberto para uma amizade? 

Ele espremeu os olhos para ela. 

— Neste momento, não estou em condições de fechar é nada. 

— Quer um ombro amigo para desabafar? 

— Está me oferecendo seus ombros? — Ele conseguiu até puxar um sorriso para isso. 

— Tô sem nada melhor para fazer, esse lugar tá caído hoje. 

— Acho que a única coisa caída por aqui sou eu. 

— O que aconteceu? — Ela perguntou pegando sua própria bebida entregue pelo bartender. 

— Basicamente? Minha namorada me largou dizendo que eu era muito ciumento e… Eu acabei descobrindo que na verdade ela nunca gostou de mim de verdade e só estava me usando para chegar na Weiss. 

— Espere! O que? Weiss? 

— Ah, porra! Eu não deveria ter dito isso… — Ele colocou a mão na própria testa. 

— Hey, não precisa se preocupar, eu não vou contar para ninguém. — Ela o tranquilizou. — Sem falar, eu entendo o que é gosta de alguém que não gosta de você de volta e pior ainda, que gosta de outra pessoa. 

— Mesmo? — Neptune lhe deu um olhar curioso. 

— Mesmo. — Ela levantou o copo para ele. — Um brinde para o azar no amor. 

Ele sorriu e tintinlou seu copo no dela. 

— Meu nome é Neptune. 

— O meu é Ilia. 

— Então, Ilia, vamos comemorar o quanto nós somos fundidos nessa vida. 

 

~**~

 

— Eu gosto desse. — Ruby disse. — Gosto que é grande e já vem com brinquedinhos fofinhos. 

— Segurança em primeiro lugar, eu acho que vi alguns maiores do outro lado. — Raven falou. 

— Que tal você e Yang irem olhar os berços do outro lado. — Summer disse. — Eu e Ruby vamos olhar as roupinhas deste lado. 

E assim a família se separou em duplas, as duas alfas para esquerda e as duas ômegas foram na direção da direita. 

Elas haviam ido em uma grande loja que vendia todo tipo de artigo para bebês e crianças pequenas fazer as compras. 

— Você não parece está animada com a chegada do bebê. — comentou Yang vendo a mãe verificar o berço mais simples, porém, de grades mais altas. 

— Por que diz isso? 

— É a impressão que tenho, eu queria saber se você só está tendo esse filho para agradar a mamãe. — Aquilo era algo que Yang queria perguntar a um tempo. 

— Isso não é verdade. — Raven passou a pistola de compra pela etiqueta. — Vamos levar esse mesmo, parece ser o modelo mais seguro. — Ela foi na direção de uma prateleira pegando uma babá eletrônica e passou a pistola na etiqueta. — É verdade que se Summer não tivesse insistindo nessa história de filho eu não teria desejado tal coisa, mas depois que pensei no assunto… Passou a ser um desejo meu também. 

— Você não demonstra isso, quer dizer, eu sei que esse é seu jeito, mas mesmo assim. 

— Eu estaria mais animada se não estivesse tão preocupada. — Raven disse se virando para encarar uma Yang que estava claramente a questionando o porquê daquilo. — Summer está obviamente muito animada e sei que ela já ama essa criança mesmo ela sendo um mero embrião, mas a verdade é que muita coisa pode da errada, nem sempre gravidez são bem-sucedidas e eu só não quero sofrer tanto se algo não sair como o ideal… Tenho de ser forte por ela também. 

— Então é isso? Você está com medo que algo de ruim aconteça?

Yang sabia que as chances de problemas em gravidez em ômegas mais velhos tinham um certo aumento, mas sua mãe sempre foi tão saudável que aquilo nem passou por sua cabeça. Era mais uma daquelas coisas que evidenciava as diferenças entre ela e a sua mãe, Raven era racional e sempre pensava em todas as possibilidades antes de tomar uma decisão e sempre optava pelo seguro, já Yang? Bem, ela poderia se descrever quase como o oposto disso. 

— Não se preocupe tanto, vai dá tudo certo, você deveria curtir mais esse momento. — aconselhou Yang. — Algumas pessoas gostaria de estar no seu lugar. 

— Você, por exemplo. — Yang a olhou surpreendida. — Não faça essa cara, você é muito fácil de ler, ainda mais para mim. 

— É verdade, eu tenho inveja do que você tem, porque é tudo o que eu queria, um casamento feliz… Filhos! — Yang falou sentindo que precisava colocar aquilo para fora. — E eu fico tão brava em ver que parece que você nem liga para nada disso, eu… 

— Eu me importo. — Raven disse a interrompendo. — Me importo mais do que jamais você poderia imaginar. — Ela fez uma pausa que Yang não ousou quebrar. — Me importo com Summer, com Ruby, com você… E até com esse bebê que ainda nem nasceu. É verdade que eu sou péssima em demonstrar, ao contrário de você, não sei gerenciar bem emoções e sentimentos, é difícil demais para mim, mas é por isso que eu tenho a Summer. Ela me ajuda onde eu falho… e vice-versa. 

— Eu… eu acho que entendo melhor agora. 

— Eu não te vi crescer, Yang, era jovem e imatura demais naquela época, esse filho, é minha oportunidade de fazer as coisas do jeito certo. 

— Hey, eu te entendo, não dá para mudar o passado, mas apoio você se esforçar para fazer diferente com seu novo filho. Só… só tenta aproveitar esse momento, assim, você vai ter lembranças boas e não só um monte de preocupações e estresse para lembrar. 

Raven lhe deu um olhar agradecido, era tudo que Yang receberia da alfa mais velha. De repente seu celular tocou, Yang puxou o aparelho do bolso e seus olhos arregalaram quando viu o nome na tela: Weiss. 

— Eu tenho de atender isso, com licença. 

Yang se afastou virando em uma estante cheia de almofadas com desenhos de ursinhos e levou o celular ao ouvido. 

— Alô? — Ela disse hesitante na linha, por alguns dias ela não teve nenhuma notícia de Neptune ou Weiss, uma estranha calmaria que estava aos poucos a enlouquecendo. 

— Yang? Tô te ligando para saber se você pode me encontrar na sexta. — Weiss disse do outro lado da linha. 

— Na sexta? — A alfa notou que ela parecia apressada. 

— Sim, pode ser às 4 no Coffee Brew Stey? 

Yang ficou um pouco atordoada, Weiss estava agindo normal? 

— Bem, claro, vou estar lá. 

— Excelente, combinado então.

Ela ouviu o toque inconfundível indicando que a ligação havia sido encerrada. Yang tirou o celular da orelha e ficou olhando para a tela, seu papel de parede onde estava uma foto sua abraçando Ruby lhe encarando de volta. 

— Algum problema? — A voz de Raven a tirou de seu transe. 

— Eu… — Yang a olhou. — Acho que é cedo para dizer se tem um problema ou não. 


***

 


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