O Preço da Fama escrita por Holanda


Capítulo 13
Capítulo 13


Notas iniciais do capítulo

para deixar claro, toda vez que Yang diz "mãe" ela se refere a Raven, se Yang diz "mamãe" ela está falando da Summer.



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— Obrigada. — Weiss agradeceu quando a atendente lhe deixou uma grande xícara de café, a mulher já era uma velha conhecida, pois Weiss costumava frequentar aquele Coffee-Shop com regularidade. 

Depois que ficou as sós na mesa, ela puxou seus smartphone e viu que Yang já estava cinco minutos atrasada com o horário combinado, para se distrair, Weiss abriu o canal de notícias para verificar os principais acontecimentos naquele dia, a princípio, nada de novo, uma matéria sobre a crise de refugiados, uma notícia sobre a polícia desmontando uma quadrilha de traficantes, uma sobre a queda da bolsa e como o recente escândalo envolvendo os associados da SDC afetou o mercado, um representante do tribunal de justiça afirmando que os responsáveis iam pagar e logo abaixo algo que logo ganhou a atenção da ômega popstar. 

“Nova CEO da Schnee Company finalmente faz pronunciamento a respeito do escândalo da Falsa Caridade” 

Weiss abriu o artigo para lê-lo, depois de uma rápida introdução, havia um vídeo com uma coletiva de imprensa com sua irmã. 

O vídeo começou e Weiss viu Winter sentada em uma mesa longa com vários engravatados ao seu lado, um microfone na sua frente e um batalhão de repórteres ao redor. 

— Foi uma terrível decepção a descoberta que alguns dos nossos colaboradores estavam usando de má fé para fraudar um evento que foi criado para fins tão nobre e acabou o subvertendo com sua corrupção completamente repreensível. — Winter disse totalmente séria. 

Algum repórter fez alguma pergunta que foi cortada no vídeo. 

— Sobre essa questão, a SDC tem um compromisso com justiça e ajudará em tudo que estiver a nosso alcance para que todos os envolvidos paguem por suas atividades fraudulentas. 

Houve outra pergunta off e Weiss viu o semblante de sua irmã se contrair como se ela estivesse repreendendo uma criança pequena. 

— Estamos cientes das recentes declarações do senhor Winchester e posso lhes assegurar que a cúpula da SDC não tem nenhuma pretensão de ajudar em sua defesa, como eu disse, a SDC tem compromisso com a justiça e se o senhor Winchester fez algo fora da lei, o mínimo que pode-se fazer a deixar a cargo os órgãos competentes as decisões. 

Houve mais um corte na entrevista, mas logo sua irmã estava falando novamente:

— Sobre o futuro, em reunião com a cúpula ficou decidido que os eventos de caridade estarão suspensos até que tudo seja investigado e a integridade dos projetos sejam asseguradas. E mais, a SDC estará doando a quantia desviada do evento deste ano cobrindo o dinheiro que foi desviado e assim, não permitir que aqueles mais necessitados sejam prejudicados. 

Uma salva de palmas foi ouvida e o vídeo encerrou. Weiss rolou a página mais para baixo e viu outro vídeo com o seguinte título: Jacques Schnee comenta caso em entrevista. 

Weiss poderia revirar os olhos, seu pai só estava falando sobre justiça e fazendo um claro marketing de si mesmo. Patético! Ela cada vez mais se enjoava com as falas dele e tudo aquilo só serviu para aborrecê-la ainda mais. Ela olhou para o relógio de novo, 17 minutos de atraso, por quê Yang estava demorando tanto? 

Quase que imediatamente um barulho alto bem característico chamou sua atenção, Weiss virou seu rosto na direção da janela e viu a inconfundível moto de Yang estacionando na rua bem de frente a cafeteria. A ômega observou cada movimento, viu quando a alfa desligou o veículo e ainda montada tirou o capacete da cabeça, seu cabelo loiro muito volumoso saltou para fora e ela o ajeitou rapidamente com fios mais desgrenhados. Weiss acabou abrindo um leve sorriso pensando que não importava o que Yang fizesse, o cabelo dela sempre parecia bem impressionante, selvagem e brilhante ao mesmo tempo. 

Yang saltou para fora da moto e se virou, ela viu Weiss e imediatamente abriu um sorriso largo e espontâneo, a ômega se pegou sorrindo de volta e subitamente esquecendo do seu aborrecimento anterior. A alfa acenou e Weiss acenou de volta pela janela, ela viu Yang correr para dentro do estabelecimento e rapidamente chegar até a sua mesa. 

— Oi! Desculpa, acho que tô atrasada, desculpa mesmo. — Ela disse. 

— Tudo bem, se senta. — Weiss disse e em algum lugar de sua cabeça ela pensou que era muito estranho seu mal humor ter desaparecido tão facilmente. 

— Ah, obrigada. — Yang tirou sua jaqueta de couro e colocou nas costas da cadeira e colocou seu capacete no chão entre suas pernas se sentando logo em seguida. — Então, você queria falar comigo? 

Weiss piscou, por uma fração de segundos ela esqueceu o porquê chamou Yang ali. O procedimento correto seria ela ir direto aos negócios, mas havia algo de diferente, algo a incomodando. 

— Você parece nervosa, não, ansiosa deve ser a palavra mais correta, tem algo de errado, Yang? — A ômega perguntou e viu a loira fazer uma cara de surpresa. 

— Eu não sei, tem algo errado? — perguntou com cautela e aquilo só deixou Weiss mais confusa. 

— Comigo não há nada de errado, e com você? 

Yang ficou em silêncio por um tempo, Weiss percebeu o que estava diferente, a alfa sempre pareceu um tanto cautelosa quando perto de Weiss, mas naquele momento Yang estava além da cautela, era receio e preocupação. 

Yang respirou fundo e lhe deu um olhar sério. 

— Neptune não te contou nada? — Ela finalmente perguntou a olhando nos olhos. 

— Então é isso, bem, ele me falou algumas coisas. 

Um lampejo de pavor passou pelos olhos violetas da alfa. 

— O que ele te disse? — Weiss viu o lábio inferior dela tremendo discretamente. 

Weiss tomou cuidado com suas próximas palavras. 

— Ele disse que vocês brigaram e romperam, ele me falou que você o decepcionou e que você não era a pessoa que parecia ser. 

Yang ficou em silêncio a olhando com uma expressão inelegível, por fim, disse:

— Você acredita nisso? 

Weiss tirou um tempo para refletir a questão. 

— Eu ainda não sei, eu conheço o Neptune e não tenho inclinação a acreditar totalmente nas coisas que ele diz, porém, não é algo para descartar completamente. — Weiss falou observando com cuidado a reação da alfa. — Até agora você não me deu motivos para desconfiar de você, será que estou enganada? 

— Eu… acho que sim, eu não estava sendo 100% honesta com Neptune com os meus sentimentos. 

— O que você quer dizer? — Weiss lhe lançou uma expressão desconfiada. 

— Eu não gostava dele desta forma, acho que nem paixão era. 

A expressão de Weiss se suavizou. 

— Entendo, isso é algo que pode acontecer. 

— E como ele está? — Yang perguntou. 

— Ah, então você não soube? Isso era esperado. Neptune foi para a cidade natal dele, parece que o pai dele voltou a ser internado. 

— Internado? O que ele tem? 

— Ele nunca te contou? O pai dele luta contra o câncer de próstata a anos. 

Yang ficou claramente surpresa, Weiss não esperava que ela não soubesse daquilo, por que será que Neptune nunca contou aquilo para ela? 

— Ele tem dois irmãos, mas eles são complicados, então meio que fica tudo nas costas dele e da mãe. — explicou Weiss. 

— Nossa, estou me sentindo mal agora. — Yang deu um sorriso amarelo. — Talvez ele esteja certo mesmo e eu seja uma baita cuzona. 

— Oh, Yang, não se martirize, você não sabia e ele não te contou, você não tinha como saber e mesmo assim, tecnicamente falando, você não tem obrigação nenhuma com isso. 

— Hum… Acho que você tem razão… 

— Bem, problema esclarecido e desabafos feitos, vamos ao que interessa, o motivo que eu te chamei aqui foi para lhe dar isso! — Weiss sorriu e puxou um envelope da bolsa o deslizando pela mesa até estar na frente de Yang. 

— O que… Oh! Isso é o que eu estou pensando? — A alfa sorriu recuperando seu entusiasmo, a ômega assentiu com a cabeça. — Uou! Olha para isso! — Yang alegrou-se ao abrir e ver os dois passes para o show. — A Ruby vai pirar quando ver isso aqui. 

— Só ela? — Weiss provocou. 

Yang se sentiu um pouco sem jeito e sorriu de volta. 

— Eu também. 

— Eu já percebi que você gosta da minha música. 

Yang se surpreendeu com a segura constatação da ômega. 

— Sim, é verdade. Você… não se incomoda? 

Weiss riu:

— Não, já tinha percebido isso, você cantou minha música quando nos conhecemos e depois soube citar outra música minha com facilidade quando estávamos conversando na casa do Sage, então foi algo fácil de adivinhar. — Weiss explicou. 

— Ficou feliz que você não se incomode. 

— Por que me incomodaria? 

— Porque eu sou um alfa. Naquele dia você disse… 

— Eu sei o que eu disse, entenda, eu achei que você estava debochando, cantando como uma forma de tirar sarro, eu já vi pessoas fazerem isso antes, mas vejo que você é verdadeira e na verdade, sempre foi bastante respeitosa. 

Yang sorriu se sentindo mais aquecida. 

— Muito obrigada, quando eu era mais jovem, ficava com vergonha das pessoas descobrissem que eu escutava música pop romântica, eu estava sendo uma idiota, me importava demais com essas idiotices de coisa de alfa e coisa de ômega, uma droga de sexualidade frágil, sabe? Mas agora, não ligo para o que as pessoas pensam e nem o que falarão se souberem que eu gosto de escutar Weiss Schnee! 

A ômega riu daquilo. 

— Você espera um parabéns? 

— Não, mas… que tal um autógrafo? — Yang deslizou um guardanapo pela mesa até está perto das mãos de Weiss. 

— Isso é sério? — Ela levantou uma sobrancelha olhando para o papel. 

— Eu tava querendo um desses a tempos. — Yang sorriu dando de ombros. 

Weiss até que achou divertido e pegou uma caneta na bolsa e autografou o guardanapo fazendo uma dedicação. 

— Para minha amiga alfa cujo o cabelo brilha mais que o sol, com carinho de Weiss Schnee. — Yang leu rindo depois que pegou de volta o guardanapo. — Sua letra é muito fofa! E quer dizer que você gosta do meu cabelo? — A alfa passou os dedos pelo seu cabelo para ressaltar o  que dizia. 

— Tenho de admitir que é bem chamativo e impressionante. — admitiu a ômega. 

— Isso tudo para não falar que meu cabelo é incrivelmente bonito? — Yang se gabou. 

— Como você se acha. — Weiss achou divertido. 

— Não se preocupe, seu cabelo também é fantástico. 

— Ah obrigada. — Weiss se envaideceu. 

— Bem, então, o que você vai fazer agora? — Yang perguntou claramente ansiosa para não deixar o silêncio se estabelecer. 

— Acho que para casa, quer dizer, com Neptune fora eu fiquei com mais trabalho. 

— Você parece meio esgotada.

— Essa semana foi dura. 

— Bem, talvez possamos ir em algum lugar tranquilo, só para você relaxar. — propôs a alfa e Weiss sentiu o nervosismo dela voltando. 

— Hum… Não é uma ideia ruim, ouvi dizer que está tendo uma exposição de fotografia aqui no centro cultural, estava querendo ir, mas… Ainda não tive a oportunidade. Mas acho que esse não é o seu tipo de passeio, não é? 

— Eu não me importo, quer dizer realmente não é uma coisa que eu normalmente faria, eu ia no museu quando tinha passeio escolar, isso faz séculos. — Yang riu sem jeito. — Mas sei lá, vai que eu gosto. 

— Se você não gosta, você vai dizer que está entediada? 

— Vou! Mas você vai tá lá para me distrair. — Yang sorriu. — Ai quem sabe depois eu te leve para um passeio que eu gosto e que não faz a sua cara e quem sabe você goste. 

— Você é uma boa negociadora, ou sou eu que estou relevando demais, provavelmente é a segunda opção porque eu quero muito ir nessa exposição. 

 

~**~

 

As galerias se estendiam como um labirinto de paredes escuras e luzes frias no teto, molduras se espalhavam com o mais diverso mundo de fotografias. Era uma exposição cuja o tema era “Refugiados, os órfãos da guerra”. 

Weiss estava já a alguns minutos olhando para uma fotografia em especial que lhe tocou particularmente. Era possível ver um grupo de ômegas, todos desnutridos e maltratados, seguravam crianças das mais diversas idades, atrás um galpão sujo e insalubre. Na descrição estava escrito: Ômegas recorrem à prostituição para alimentar seus filhotes em meio aos escombros do pós-guerra. 

— Weiss? Você tá bem? — A voz de Yang soou preocupada atrás dela. 

Ela não respondeu, ela não conseguia, de repente ela teve a súbita percepção que seus olhos estavam ardendo e sem que pudesse fazer nada, sua visão se encheu de água. 

— Eu estou bem. — Weiss mordeu seu próprio lábio e virou o rosto, ela gritou um palavrão em sua mente completamente furiosa comigo mesmo por se deixar exposta e vulnerável na frente de outras pessoas. 

— Você está… — Yang se aproximou vendo o estado dela, a alfa ficou atrás de Weiss meio que usando seu corpo para esconder a ômega. 

Weiss percebeu isso e silenciosamente agradeceu por Yang perceber que ela não queria que as pessoas a vissem daquela forma, ela sentiu a mão quente da alfa em suas costas e se deixou ser conduzida para um canto mais reservado. 

— Tudo bem, pode colocar para fora. — A loira disse. 

— Eu não sei o que houve, o olhar daqueles ômegas na foto… — Weiss ainda estava muito emocionada.

— Não faz mal se afetar, é arte, arte é feita para isso, as vezes, desperta coisas ocultas no inconsciente. — tranquilizou Yang. 

Weiss riu no meio das lágrimas que já estavam secando. 

— Como você pode saber disso? 

— Ora, minha mamãe é artista, ela pinta quadros. 

— Sério? — Weiss ficou um tanto desconfiada. 

— Sim, ela também vive se emocionando de repente. — Yang puxou de seu bolso um lenço de cor roxa e ofereceu a ômega. — Tá limpo, eu juro. 

Weiss ainda hesitou antes de pegar o lenço e usá-lo para enxugar o molhado de seu rosto. 

— Obrigada, Yang. — Weiss estava realmente muito agradecida, ela viu a alfa a fitando com um brilho no olhar que ela não soube descrever exatamente o que era. 

— Não foi nada. 

Weiss já ia devolver o lenço quando ouviu alguém chamar seu nome. 

— Hey, é você mesmo, Weiss? 

As duas viraram e ambas viram com surpresa o casal que se aproximava delas. Uma mulher beta bem vestida que tinha o cabelo curto com um corte moderno de cor castanho, ao lado dela, uma ômega com um rosto conhecido. 

— Coco? O que faz aqui? — Weiss cumprimentou. 

— Passeando com essa beleza aqui. — Coco respondeu passando o braço pela ômega ao seu lado. 

— Velvet? — Yang exclamou surpresa. 

— Olá, Yang, como você está? — Velvet deu um sorriso meio forçado, provavelmente não estava esperando ver alguém conhecido. 

— Espere só um minuto, vocês se conhecem? — Coco se virou para sua acompanhante. 

— Se nós nos conhecemos? Fizemos o ensino médio juntas! — Yang riu da situação. — Cara, eu não acredito, você tá saindo com alguém? 

— Hey! Isso não é tão surpreendente! — Velvet ralhou. 

— Não fique brava comigo, nós sabemos que você era a mascote da turma. 

Velvet ia dizer alguma coisa, mas Coco a interrompeu. 

— Isso é bem interessante, vou querer saber várias coisas. 

— Não! Não se atreva, Yang! — A ômega ameaçou. 

— Blake sabe disso? 

— Agora vai saber, né? 

— Não pela minha boca, posso garantir. — Yang prometeu e Velvet lhe deu um sorriso agradecido. 

— Bem, isso foi uma surpresa, realmente. — Weiss falou, ela ainda queira devolver o lenço de Yang, mas não na frente de ninguém, então ela o colocou dentro de sua bolsa. 

— Sim, uma surpresa mesmo. — Coco ressoou olhando de cima a baixo para Yang. — Eu sempre soube que você tinha bom gosto, baby, mas não esperava te ver com um alfa novamente. 

— Novamente? — Yang perguntou confusa. 

— Coco! — Weiss repreendeu.

— Me desculpe, não é para falar desse assunto. — A beta fashionista de desculpou. — Não queremos incomodar, a Velvet aqui é fotógrafa e quer ver todas as fotos expostas, então vamos indo. 

Coco pegou a mão de Velvet e se virou, as duas saíram juntas. 

— Você viu como elas estavam se olhando? — Velvet disse toda empolgada quando já estavam fora de vista. — São tão fofas, vai rolar. 

— Velvet, o que eu disse sobre ficar shippando as pessoas? — Coco repreendeu a ômega. 

— Mas, eu não resisto. 

— Você não tem jeito. — Coco sorriu para ela. 

 

~**~

 

— Yang, me desculpe, eu estou com uma dor de cabeça terrível, eu agradeço por ter me feito companhia, mas agora tenho de ir para casa, realmente. — Weiss foi dizendo quando saiam no local, o carro dela já estava lá, com o motorista esperando pela ômega. 

— Ah, sem problemas. — Yang disse vendo ela entrar no carro. — E obrigada pelos passes. 

— Não foi nada, até depois. — Weiss fechou a porta mais rápido do que ela esperava. 

Ela realmente estava precisando de algum espaço, fica perto de Yang estava a deixando confusa e aquele encontro com Coco mexeu mais com ela do que gostaria de admitir. Sua ex tinha obviamente superado seu término e agora parece bem com outra pessoa, uma ômega como Weiss era, mas uma ômega que não era difícil e complicada como Weiss. 

Estava tudo indo tão bem, e o que foi aquilo? Ah, Weiss sabia, era aquele monstrinho do ciúme. Não que ela ainda tivesse sentimentos por Coco, claro que o que ela sentiu foi muito forte e a lembrança sempre existirá, mas era vergonhoso de admitir que vê-la com outra ômega que provavelmente vai fazê-la feliz de uma forma que Weiss nunca foi ou será capaz a fazia se sentir tão horrível. 

Weiss notou vagamente o carro se movendo pelas ruas, ela estava silenciosa e resignada no banco de trás. 

Desde que terminou com Coco Weiss não chegou a se envolver afetivamente com ninguém, ela obviamente não ficou sozinha todo esse tempo, mas não passou de encontros passageiros, fossem pela carência afetiva ou sexual. 

Agora ela estava se sentindo dolorosamente sozinha, era como se não importava o tempo que passasse ou o que ela fizesse para ser independente, Weiss sempre se sentia sozinha. 

Seus olhos vagaram para baixo e algo colorido capturou sua atenção, sua mão foi na direção e Weiss puxo entre seus dedos o lenço roxo que Yang havia lhe dado na exposição. O tecido era macio e agradável em seu tato, e tinha… tinha aquele cheiro. Sem pensar no que estava fazendo Weiss trouxe o lenço na direção do seu rosto e sem sua autorização, seus olhos fecharam e de repente só existia aquele aroma complexo feito de uma peculiar mistura de lavanda e couro, provavelmente vinda das roupas que a alfa costumava usar. Ela também conseguia sentir um suave toque cítrico no perfume. 

Sabe quando você está com as mãos frias e chega perto do fogo e de repente é como se a vida voltasse para seus membros? Foi exatamente essa a sensação que Weiss teve, como se aquele cheiro fosse uma fogueira que afastou o frio de dentro dela por alguns segundos. Era reconfortante de um jeito inexplicável. 

— Eeeh… Senhorita Weiss? 

Weiss afastou tão rápido o tecido de perto dela que era como se ele tivesse lhe dado um choque, ela virou a cabeça com olhos arregalados e com a respiração presa. 

— Sim, Klein? 

— Hum… nós já chegamos. — O ômega baixinho e careca disse do banco do motorista. 

Ela olhou pela janela para constatar que estava no estacionamento do prédio onde morava. 

— Ah! — Foi a única coisa que ela conseguiu articular, Weiss apertou o lenço em uma mão e agarrou a bolsa com a outra, ela pulou para fora rapidamente. — Tô muito cansada, Klein, vou direto para a cama, até amanhã, tchau! — Ela disse atropelando as palavras enquanto saia quase correndo. 

Klein levantou uma sobrancelha vendo Weiss praticamente fugir, ele também a viu cheirando algo, ele passou os dedos pelo seu bigode pensativo:

— Essa menina tá estranha, tem coisa aí… E eu vou descobrir o que é. 

 

~**~

 

— Humm. — Weiss cantarolou vendo a mesa cheia de comida fresca e saudável. — Que café da manhã maravilhoso, Klein, o que você está aprontando? 

— Eu? Aprontando? — O ômega pareceu ofendido. — Não posso fazer alguns mimos despretensiosos para meu pequeno anjo da neve? — disse inocente. 

— Poderia, mas acho que não é o caso. — Ela sorriu começando beber um copo de café fresco. 

— E o que eu, um mero serviçal, hei de querer de minha madame?

— Não me chame assim! Eu me sinto velha! — Weiss o repreendeu.

— Desculpe. — Klein foi até a cozinha preparar algo que Weiss não podia ver. 

A ômega ainda em suas vestes de dormir, se espreguiçou na cadeira se colocando a comer algo, ela puxou seu celular e abriu seu instagram a fim de passar um pouco de seu tempo. Como se fosse uma obra de Deus, a primeira foto que lhe saudou foi de Yang, ela estava usando um moletom de poliéster amarelo, o cabelo amarrado com fones de ouvido caindo pelo seu peito, ela tirou a selfie de cima para baixo. Um sorriso largo enfeitando seu rosto, apesar de claramente ter acordado a pouco tempo e pouco fez para se embelezar, mas a alfa loira já tinha uma beleza natural, talvez fosse culpa daquele sorriso que dominava toda a imagem. 

— Posso saber o que meu floco de neve viu para esta sorrindo assim? — Klein apareceu atrás dela e olhou por cima de seu ombro, antes que Weiss pudesse ter alguma reação, o outro ômega viu a foto de Yang. — Essa é aquela alfa? 

— Klein! Pare de ser bisbilhoteiro! — Weiss puxou o aparelho escondendo a tela. 

— Oh! Ela estava com você ontem quando fui buscá-la na exposição! — Klein exclamou já excitado. — Agora tudo faz sentido! Vocês estavam em um encontro! 

— O que? Não! — Weiss se levantou da cadeira ainda segurando fortemente o telefone entre as mãos e escondendo a tela das vistas do seu funcionário. — Quer dizer, sim, mas era um encontro de amigo! A-mi-go! 

— Entendi. — Klein sorriu brincalhão, seu bigode balançando de um lado para o outro enquanto suas sobrancelhas levantavam e abaixavam rapidamente. — “Amigos” entendi. 

— Klein! Tô falando sério! Para! 

Antes que o ômega mais velho pudesse dizer qualquer coisa a campainha tocou e Weiss muito ansiosa para pôr um fim naquele assunto correu para abrir a porta. 

— Deixa comigo. — Ela ainda disse antes de abrir e dá de cara com um rosto conhecido. — Willis! Meu Deus, que surpresa! — Ela festejou ao ver o homem ômega a sua frente. 

— Eu sei que você me ama! — Willis entrou sem cerimônia. — Mas por mais que eu esteja morreeendo de saudade, eu vi por negócios. 

— Ah Deus, o que você trouxe para mim? — Weiss não conseguia conter sua animação, Willis era diretor do cinema, nos últimos anos todos os filmes que ela atuou foram deles, ela adorava como suas histórias eram incríveis e suas ideias completamente compatíveis com as dela. Os filmes de Willis sempre tinham um Q de crítica social que Weiss amava, além das histórias densas e significativas. 

— Você vai cair para trás com o que eu tenho aqui. — Ele ergueu uma resma de papéis que Weiss logo identificou como um roteiro. 

— Ai! Deixa eu ver! — Ela tentou pegar, mas Willis se afastou. 

— Você tem certeza que tá preparada? 

— Willis, deixa eu ver! — Ela bateu o pé. 

— Só não vai cair para trás! — Ele virou o papel e os olhos de Weiss arregalaram enquanto sua boca fazia um sonoro Oh. 

— Dee Dee Johnson! Ah meu Deus, Willis, eu não acredito! Isso é real? Isso quer dizer que… — Weiss não terminou sua pergunta, estava atordoada demais. 

— Sim! Sim! E sim! Eu consegui que o estúdio aceitasse fazer um filme da Dee Dee Johnson e… Eu quero que você interprete a Dee Dee. 

Weiss se emocionou profundamente. 

— Willis, a Dee Dee é uma lenda da música! Essa mulher é um ícone! Eu… 

— Eu sei, eu sei, por isso quero que você dê vida a ela. E acho que se Dee Dee fosse viva hoje, ela aprovaria você. 

Ela sentiu seus olhos marejarem, Dee Dee era muito importante para a música e a história de luta de classe dos ômegas por direitos. Ela foi uma ômega cantora, assim como Weiss era, passou por um relacionamento terrível, sofreu e lutou durante uma época onde a vida dos ômegas era muito mais difícil. Era uma enorme honra para Weiss interpretar alguém que ela admirava tanto e considerava um tipo de heroína. 

— Muito obrigada, Willis. — Foi a única coisa que ela conseguiu dizer. 

— Vamos começar a gravar em janeiro, vou terminar de organizar as coisas, fica com o esboço do roteiro. 

Weiss sorriu e agarrou o papel sobre seu peito. 

— Isso é muito importante para mim, Willis, vou me dedicar 100% a isso! Sem distrações! — Ela disse completamente determinada. 

— Eu sei, estou contando com isso. Vou ir ver a Ava Grisaceo agora, depois eu te ligo para saber o que achou do que leu. — Ele apontou para o roteiro e logo saiu, ele sempre era apressado. 

Weiss olhou para o papel em expectativa, ela já fez filmes importantes antes, com mensagens fortes, mas aquilo era pessoal, era mais importante do que tudo que ela fez antes. Ela realmente daria tudo de si para ser uma Dee Dee digna no cinema. 

De repente um toque familiar chamou sua atenção, era uma mensagem que Weiss havia acabado de receber. Quando olhou no celular:

 

Yang: Bom dia! Espero que esteja melhor de sua dor de cabeça, caso não, eu tenho uma coisa que vai ajudar a melhorar seu dia. 

Visto às 09:32

 

Havia uma foto anexada, Weiss ainda hesitou em clicar para ver, ela implorou silenciosamente para que não fosse uma foto do pênis dela, Weiss ficaria muito decepcionada se Yang se mostrasse esse tipo de alfa. Ela abriu a foto e depois de alguns segundos de silêncio, começou a rir alto.

— O que está havendo? — Klein apareceu ao ouvir o som tão incomum. — Do que está rindo? 

Weiss acabou levantando a tela do celular e mostrando a Klein, era uma foto de Yang segurando um cachorrinho vestido com uma capa de chuva para cães, a alfa estava com uma folha de bordo alaranjada pelo outono no rosto e o cachorro mordendo uma pinha, havia uma senhorinha idosa fazendo um V com os dedos e ela usava uma capa de chuva combinado com a do cachorrinho. 

— Que… Pitoresco. — Foi o que Klein disse, ele olhou com curiosidade Weiss rindo a ponto de cobrir sua boca com a mão. 

Ele sorriu, Klein não conhecia aquela alfa chamada Yang, mas se ela era capaz de fazer Weiss sorrir tanto, então ela já tinha sua simpatia. 

 

 

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Notas finais do capítulo

Deixe sua opinião sobre o capitulo! ♥

A Winter mal assumiu a empresa e já tá com um abacaxi gigante para descascar! kkkkkkkkk
Como esperado, Jascques se aproveitando para se promover!
Yang fica tão fofa nervosa, eu adoro, mas tenho que dizer que é complicado escrever pelo ponto de vista da Weiss, é muito mais fácil escrever pelo ponto de vista da Yang.
Depois de tantos casais diferentes, eu fui no clássico e popular e juntei a Coco com a Velvet, a posto que gostaram disso e quem diria que a Velvet é uma shipper freezerburn heheheheh
O final deu para ter um vislumbre no futuro, espero que estejam todos ansiosos como eu estou.

PS: Sim, a senhorinha da foto com o cachorro é a mesma do capitulo 10 quando Yang passou correndo no parque cantando feito uma doida! kkkkkkkkkkkkk



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