O Preço da Fama escrita por Holanda


Capítulo 11
Capítulo 11




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/765720/chapter/11

 

 

Havia se passado exatamente um mês e duas semanas desde que aconteceu a festa beneficente da SDC e nesse tempo, Blake trabalhou noite dia em sua grande matéria especial, às marcas escuras ao redor de seus olhos não lhe deixava mentir. Mas ela estava orgulhosa da primeira versão dos fatos e provas que reuniu enquanto abraçava a grande pasta verde e a depositava na mesa de Cinder.

— O que seria isso? — A empresária levantou uma única sobrancelha bem-feita com sua habitual expressão tediosa.

— Eu estive trabalhando nisso a mais de um mês, desde que aconteceu a festa da SDC.

— Eu perguntei o que é, não quanto tempo de vida tem. — respondeu Cinder puxando a pasta para abri-la.

— Através de uma fonte, eu reuni provas de que os empresários a frente do leilão beneficente estão desviando o dinheiro que seria para a caridade.

— Hum… — Foi a única coisa que saiu da boca da outra mulher beta, Blake tomou como um sinal que era para ela continuar.

— Eles mesmo doam as peças que serão leiloadas, e depois, só repassam um valor irrisório de 25% do arrecadado.

— Eles quem? — Cinder perguntou de repente levantando os olhos do documento, mas rapidamente se corrigiu. — Não! O que eu quero saber é… você tem alguma prova que envolva Jacques Schnee? 

— Bem, ele é citado em algumas mensagens, mas….

— Sim ou não? — interrompeu ríspida Cinder.

— Não.

Cinder fechou a pasta e soltou um suspiro:

— Você entende que está mexendo com gente bem poderosa? — Blake assentiu séria para a pergunta dela. — Mas existe gente poderosa, e existe gente que não se deve mexer para o seu próprio bem.

Blake piscou tentando imaginar o que aquilo significava, mas Cinder continuou:

— Você irá tirar todas as partes que possam envolver o Senhor Schnee, o resto, pode publicar.

— Espere! O que? — Blake se surpreendeu. — Dessa forma vai parecer que ele foi uma vítima? 

Cinder deu de ombros.

— Você tem duas semanas para ajeitar tudo.

— Mas… — Blake ainda tentou, mas Cinder a cortou mais uma vez.

— Escute, essa matéria é seu passaporte para tudo que você desejou, você será vista como uma jornalista respeitável e eu te darei sua ida para a Grimório, que é tudo que você sempre sonhou, mas tudo isso só vai acontecer se você seguir minhas ordens.

— E se eu não fizer desta forma?

— Eu estou falando isso para o seu próprio bem, e para o nosso também, não toque em Jacques Schnee. — A voz de Cinder ficou mais suave. — Eu gosto de você, Blake, quero seu sucesso, faça o que eu estou lhe dizendo.

Blake pegou a pasta de volta em seus braços e colocou sua melhor expressão estoica no rosto.

— Eu farei.

 

~Duas Semanas Depois~

 

Qrow soltou um suspiro e colocou a garrafa de cerveja no chão, sua mão direita foi diretamente para seu cabelo bagunçando os fios meio grisalhos.

— Eeh, foguete, isso é complicado. — Ele disse quase como um resmungo.

— Tô sabendo. — Yang soou cansada. — O que acha que eu devo fazer?

— O que você quer fazer?

— O que eu quero fazer? — Yang piscou pensando por alguns segundos na pergunta. — Queria fazer com que meu relacionamento com o Neptune desse certo.

— Isso quer dizer que não está dando certo?

— Não é bem assim. Eu gosto de está com ele! A gente se curte! O problema é quando a Weiss está por perto! Eu… eu me sinto confusa. — Yang deixou seus olhos vagarem para baixo e fixou no chão de madeira do deck externo da casa do seu tio. — Ultimamente nós estávamos nos falando, por mensagem e pessoalmente… não é como se fosse todo dia, mas sei lá, sinto como se estivesse alimentando uma esperança impossível. 

— Mas se ela está falando com você é porque tem algum interesse. 

— De amizade! — corrigiu Yang.

— Yang, não seja besta, nenhum ômega procura um alfa para fazer amizade!

— Não, tio! A Weiss milita contra alfas!

Qrow riu alto:

— Uma ômegazista que fica te procurando? Você deve está realmente fazendo alguma coisa certa ou você teria a famosa rola de ouro?

— Qualé, você não tá levando a sério! — Yang riu também.

— Mas eu tô falando sério! — ressaltou Qrow. — Eu não acredito nessa história de “desconstrução” o pessoal quer é remar contra a natureza! Alfas e ômegas foram feitos um para o outro.

— Falou o cara alfa que casou com uma beta!

— Eu disse no cenário ideal, mas a vida é doida e às vezes te surpreende.

— Tá,  mas nada disso significa nada.

— Você não pode simplesmente se afastar dessa ômega? — Qrow voltou a pegar sua garrafa de cerveja que ele havia deixado no chão.

— Não dá, ela é muito amiga de Neptune e ele trabalha para ela, literalmente! Sem falar que… — A voz de Yang minguou até está na altura de um sussurro. — Eu não queria me afastar dela, quer dizer, passei uma vida sem ela, mas agora que sei como é conversar com ela, eu sentiria muita falta.

— Deus misericordioso, você é um desastre, tá apaixonada mesmo! 

— Aaaah! Socorro! — Yang enterrou seu rosto entre as mãos. — Se ao menos ela fosse uma idiota, mas não, eu a conheci e ela é incrível

— Larga logo esse beta ai e fica com ela. — Qrow disse como se fosse a solução mais simples e óbvia.

— Ela não gosta de mim dessa forma! Qual parte você não entendeu? — exclamou impaciente.

— Então faça ela gostar de você dessa forma! — Ele retrucou igualmente impaciente. — Eu não estou te reconhecendo, Yang! Você não é assim! A Yang que eu conheço não foge da luta, se você gosta dessa ômega, lute por ela! A conquiste! Você nunca hesitou em flertar com ninguém!

— Com ela é diferente.

— Por que?

— Porque… porque ela… ela parece não inalcançável.

— Tão inalcançável que você está trocando mensagens? Inventa outra desculpa foguete.

— Tá… talvez eu só tenha medo que dê errado. Sabe, que ela se afaste para sempre e aí eu vou ter de viver com a sensação que eu falhei e pior do que isso, saber como é está perto dela e não ter mais nem isso. 

— Às vezes o amor é um jogo de risco. — Ele se levantou deixando suas costas estalarem enquanto se espreguiçava. — Já disse meu conselho, agora é com você decidir o que fazer.

— Valeu, tio. — Ela respondeu enquanto ele voltava para dentro de casa.

Yang se deixou deslizar na cadeira até uma posição que não era nada favorável para a coluna, mas ela não ligou, ela jogou as pernas apoiando os pés em cima da grade que fazia função de parapeito da laje e levantou sua cabeça bem alto para a noite escura que só era cortada pela lua cheia brilhante no céu.

— Eu até poderia chamar a cena de romântica se você não tivesse usando crocs com meias do bob esponja.

A alfa loira virou a cabeça rápido para trás ao ouvir a voz, rapidamente ela reconheceu Blake se aproximando e tomando o lugar onde antes estava sendo ocupado a pouco por seu tio na cadeira ao seu lado.

— Eu estou em casa e não quero ser julgada pelas minhas roupas feias. — brincou sorrindo para amiga beta. — O que faz aqui? Tá um pouco tarde para a jantar, a Ruby tinha preparado lasanha de frango para a gente.

— Ela me contou. — Blake estremeceu um pouco quando uma brisa especialmente fria atingiu seu rosto, era outono afinal, isso significava que as noites seriam frias e as manhãs chuvosas. Úmido e frio, tudo que Blake detestava. 

— Se não veio para a jantar então só pode ter vindo ver esse meu rostinho lindo. — Yang se gabou.

— Você está se achando muito para alguém que está parecendo um médico novato que perdeu a noção da realidade.

Yang riu alto:

— Nos seriados em hospitais eles sempre são bonitões! 

— Yang? — Blake falou com uma voz bem séria o que fez o riso da alfa desaparecer. — Eu ouvi sua conversa com o Qrow.

— Ouviu? Você não pode contar isso para ninguém! E eu estou falando sério!

— Relaxa, meus dias de fazer fofoca de gente famosa acabaram.

— O que? Como assim?

— Amanhã sairá uma matéria muito importante e então, a Cat estará morta.

— Morta? Eu não estou entendendo do que você está falando. 

— Você logo saberá. — Blake desviou do assunto. — Agora essa sua história com a Weiss tá mais complicada do que eu imaginei. — Ela comentou quase divertida. — Quer dizer que agora vocês tão se falando?

— Bem, sim, eu acho. — Yang coçou a parte de trás da cabeça. — Sabe aquele dia que saiu o vídeo com o Mercury? Bem, a Weiss me mandou uma mensagem toda preocupada! Foi fofo, para falar a verdade. Desde então, ela meio que sempre tá falando comigo. — Ela ficou em silêncio por alguns segundos. — O tio Qrow disse…

— Eu ouvi o que ele disse. — Blake a interrompeu. — E não acho que ele esteja certo. Não acho que isso signifique que Weiss esteja interessada em você.

A expressão desapontada da loira foi dolorosamente clara em seu rosto, depois ela sorriu tristemente:

— Sim, claro, não esperava outra coisa, você que é a pessoa realista da história. A pessoa que vai dizer que relacionamentos na vida real não funcionam como nos filmes.

— Não precisa fazer essa cara de cachorro que perdeu o osso. — repreendeu Blake. — Tem uma coisa que eu concordo com ele. — Yang se virou para ficar atenta a ela. — Por que você não tenta conquistá-la?

— Se você ouviu a conversa toda sabe minha resposta.

— Você não tá vendo as coisas direito, você já conseguiu transforma aversão em amizade, por que não pode tentar algo a mais? — indagou a beta. — Eu sei que está com medo, e é compreensível devido a situação, mas eu não estou dizendo para você ir com tudo e dizer um “eu te amo, case comigo e vamos ter meia dúzia de filhos”.

— Isso seria a minha cara. — Yang riu.

— Não, por favor, só não. — Blake levantou as mãos em rendição. — O que eu digo é que seja sutil, faça as coisas com calma, sinta o terreno e veja se pode dar certo ou não. Sei lá, como o Qrow disse, essa história de simplesmente desistir não é a sua cara.

— Mas enquanto a Neptune? 

— Termine com ele.

— Mas…

— Yang, você não pode tentar conquistar a Weiss e namorar com ele ao mesmo tempo, você sabe o que isso significaria, não é? 

A alfa engoliu a seco.

— Significa que você estaria o traindo. — Blake respondeu a própria pergunta. — Se é que já não é isso agora.

— O que? Tá doida? Eu não faria isso? Nem mesmo pela Weiss! — Yang se indignou com a insinuação.

— Isso é uma questão de perspectiva.

— Como assim?

— Imagina se fosse o contrário? Como você se sentiria se Neptune estivesse namorando com você, mas constantemente pensasse em outra pessoa? Você não ia se sentir traída?

— Eu… — A única resposta possível era “sim”, mas Yang não tinha forças para vocalizá-la.

— E se essa outra pessoa fosse sua amiga? 

Yang sentiu sua garganta apertando.

— Quando estávamos namorando… — A beta continuou. —  Eu sentia como se estivesse te dividindo com ela. Era estranho. — Yang observou quando Blake pareceu ficar realmente nostálgica. — De algum modo era como se ela estivesse sempre entre nós.

— Vai colocar a culpa nisso por nosso relacionamento não ter dado certo, é? — A voz de Yang ficou dura de repente.

— Não, eu sei que a maior parte foi culpa minha. Mas a sensação era como se você estivesse comigo só porque não podia está com ela.

— Blake, nunca foi sobre isso, eu gostava mesmo de você, de verdade. — Yang afirmou séria. — Se eu não te amasse de verdade, não teria sofrido feito o diabo quando nos separamos!

— Eu sei, eu acredito. Mas você nunca conseguiu tirar ela completamente dos seus pensamentos. — Yang não podia negar aquilo.

— E eu estou fazendo o mesmo com o Neptune. Ficando com ele, e pensando na Weiss. — A alfa disse mais para si mesma do que qualquer outra coisa. — Não é justo com ele… Acho que eu só estava tentando me enganar, para prolongar as coisas, mas você tem razão, todos têm.

— O que vai fazer?

— Para de ser covarde e fazer o que é preciso.

— Muito bem. — Blake relaxou na cadeira e olhou para cima. — A lua tá bem bonita hoje.

— Sim. — Yang seguiu seu olhar. — Sabe o que me lembra?

— A Weiss?

— Si- Não! Qualé? Eu ia dizer Patch! Agora pronto, toda vez que eu olhar para a lua vou lembrar da Weiss! Obrigada, Blake!

— De nada? — A beta deu de ombros sorrindo.

— Aaaaaah! — Yang gemeu, mas acabou rindo e Blake a acompanhou.

 

~**~

 

Neptune observou metodicamente o amigo Scarlet cortando algumas fatias de torta, estavam todos na casa dele e de Sage para o chá de bebê, a casa estava cheia, como de costume, mas não havia música alta ou bagunça, só os convidados conversando em voz baixa. Ele estava na cozinha, que ficava toda aberta para a sala onde Sage podia ser visto sentado no sofá falando com alguns convidados, atrás dele uma parede com portas de vidro estava aberta dando para a área externa com a piscina e o deck. 

— Scarlet? 

O ômega ruivo olhou para ele esperando que Neptune falasse. 

— Olha para trás, e me diz o que você tá vendo. 

Scarlet se virou lentamente olhando para a abertura que dava até o deck. 

— Vejo… Weiss e Yang lá fora. 

— E o que mais? 

— O que você quer dizer? — O ômega pareceu confuso. — Gostaria que você fosse mais direto em sua pergunta. 

Neptune soltou um bufo aborrecido. 

— Você não vê nada de errado nelas

— Como assim errado? Elas parecem está se dando bem. 

— Exatamente. 

— Agora que não tô entendendo mesmo, o que tem de errado nisso? 

— Elas estão muito próximas! A Weiss tá até comentando nas fotos que Yang posta! Eu… 

— Você está com ciúmes. — Scarlet completou. 

— Estou! — respondeu irritado consigo mesmo. — Eu não sei o que fazer. Eu não queria perder ela, mas também não sei conviver com isso. Seria muito ruim se eu dissesse para ela se afastar da Weiss? Eu estou sendo um otário? 

— Olha, vou mandar real, Nep. — Scarlet se virou para encará-lo bem sério. — Um conselho de um ômega que é rodado nessa vida, se você tá achando que tem um ômega querendo roubar seu alfa, então marque seu território. 

— Marcar meu território? Como assim? 

— Ômegas podem ser bem engenhosos quando o assunto é conquista. Laçar um alfa sem ele ao menos perceber. 

— Você acha que a Weiss tá fazendo isso? Não posso acreditar! Ela está me apunhalado pelas costas!

— Hey! Calma! Não tô dizendo isso, mas veja que existe um jeito de saber se um ômega tá tentando seduzir um alfa. 

— Como? — Neptune perguntou mais ansioso do que gostaria. 

— Um ômega que estivesse tentando chamar a atenção de um alfa vai tentar deixar seu cheiro bem marcante, vai tentar tocar os pulsos do alfa, vai arranjar maneiras de mostrar seu pescoço. Se um ômega fizer essas coisas, com certeza está procurando acasalamento. — explicou Scarlet. — Pense se Weiss age assim perto de Yang.

— Não lembro de vê-la fazendo nada disso.

— Então talvez seja paranoia da sua cabeça.

— Talvez… Scarlet? E quando um alfa está interessando?

— Ah você deve conhecer bem, um alfa não costuma ser sutil, eles querem ficar perto do ômega, passar os braços por ele, estufar o peito, deixar seu cheiro em tudo.

— Mas Yang não age assim nem comigo! — disse Neptune. — Eu achei que ela era diferente…

— Meio complicado, mas se você tá tão desconfiado, alguma coisa deve ter. — O ômega olhou para os lados. — Não querendo ser a falsiane da história, mas… você já pensou em olhar o celular dela? 

Neptune demorou alguns segundos para responder:

— Já, mas não tive coragem.

— Você é um santo, eu no seu lugar já teria dado um piti! 

— Toda vez que eu tento falar sobre isso, a gente acaba brigando e a Yang diz que não tem nada a ver e que eu estou sendo possessivo. — A frase de Neptune acabou com um resmungo. — Foi isso que ela disse ontem.

— Ai, sei não, amigo, tô achando que tem coelho nesse mato, se eu fosse você abria o olho. Conselho de amigo! 

— Obrigado, você ajudou bastante. — O beta sorriu agradecido.

 

~**~

 

— Essa semana foi simplesmente terrível. — Weiss dizia, ela rodou o copo de café entre suas mãos parecendo menor do que ela era ao se encolher no sofá branco. — Desde que saiu esse novo escândalo envolvendo a SDC eu não paro de receber ligações de jornalistas. 

— Você só tá ignorando isso? — Yang perguntou, ela estava sentada do outro lado de frente para a ômega, Weiss parecia frágil e triste, a alfa só queria abraçá-la e confortá-la, mas reprimiu seus sentimentos.

— É a única forma, nesses casos, falar qualquer coisa só pode piorar a situação. 

— É foda, mas pelo que eu entendi, seu pai não tá envolvido no esquema. 

— Eu não acredito nenhum pouco nisso. — Weiss respondeu soturna. 

— Se você diz, eu acredito em você. — Yang sorriu e a ômega sorriu de volta. 

— Obrigada por me escutar, você é uma boa ouvinte. 

— Eu tento. — Yang se sentiu um pouco tímida com aquilo. — Eu… eu gosto de escutar você, quer dizer… eu gosto de conversar com você. — A alfa só conseguiu abaixar a cabeça e olhar para dentro de seu próprio copo de café.

— Oh, que doce de sua parte, eu também estou achando bem agradável conversar com você. — Yang sorriu para aquelas palavras. — Sabe, eu sempre aprecio bastante quando um alfa se aproxima sem segundas intenções.

— Segundas intenções? — Ela sentiu sua garganta trancar e Yang segurou a respiração inconscientemente.

— Sim, eles são super legal com você e de repente, começam a dá em cima e você descobre que na verdade, a pessoa nunca esteve interessado em sua amizade, só queria te comer.

— Então era isso que você quis dizer… — Yang soltou a respiração. — Eu entendo, quer dizer, muita gente acha que eu não sou do tipo namorável sabe, que sou do tipo só por uma noite, não que eu ache que tem algo de errado nisso, tanto que a pessoa seja sincera e deixe claro suas intenções, eu não me importo. — A loira disse e ela viu Weiss assentir.

— Sabe, tenho de confessar que eu pensei isso também, quer dizer, olhando para você e Neptune, não achei que vocês teriam um relacionamento sério. Não leve essas palavras como ofensa, por favor. — Ela completou apressada a última parte e a alfa riu.

— Tudo bem, sabe, eu acho que nós dois somos meio carentes, entente?

— O Neptune eu sei que é carente, mas você? — A ômega perguntou curiosa.

— Sei lá, eu sou muito família sabe? Eu sempre tivesse esse sonho de ter a minha! Filhos, uma casinha no subúrbio, nas férias nós sairíamos para ir acampar nas montanhas, como eu fazia com o meu pai… — O olhar de Yang ficou sonhador.

— Isso parece doce, mas você sabe que filhos não são só alegria, né? Na verdade, é bem difícil e nem todo mundo aguenta a barra.

— Tô ligada. Fraldas, reuniões escolares chatas, idas ao médico de madrugada, birras e gastos descomunais! Tô sabendo, só não destrói meus sonhos, rainha do gelo.

— Hey!

— Desculpe. — Yang riu, quando sua risada morreu ela voltou a ter uma expressão abatida no rosto. — Eu fico me pressionando muito também.

— O que você quer dizer com isso?

— Eu já estou perto de completar 30 anos e você sabe, culturalmente falando, geralmente os filhos só saem de casa quando se casam, claro que atualmente muuuuitas pessoas saem bem antes, mas… não é a mesma coisa, eu não conseguiria ficar longe da minha família.

— Nessa questão, somos bem opostas, pois tudo que mais quero é distância da minha família.

— E uma família sua, você não pensa em ter? — Yang perguntou com cautela.

As delicadas sobrancelhas de Weiss se franziram:

— Relacionamentos já são suficientemente complicados… A única pessoa que eu achei que poderia da certo de verdade, acabou que foi outro beco sem saída.

Yang pensou rapidamente nos relacionamentos da Weiss, pelo menos, aqueles que ela ficou sabendo através da mídia.

— Você está se referindo aquela estilista famosa… me desculpe! Eu não queria me meter, quer dizer, eu nem perguntei se você está bem em falar disso, me desculpe.

— Tudo bem, Yang. — Weiss riu suavemente. — Sim, eu estava falando da Coco, acho que não há problema eu te dizer que eu gostava muito dela, tentei de tudo para que nos dessemos certo. — O tom de voz dela foi de lamento. — Ela foi meu último relacionamento sério, eu tentei esconder isso pôr o máximo de tempo que pôde, porque é sempre a mesma coisa, eu começo a sair com alguém aí a imprensa se mete, especialmente aquela maldita Cat que fez um inferno no meu relacionamento com a Coco! — Weiss se irritou e Yang quase soltou um riso sem graça ao ouvir aquilo. 

— O relacionamento se desgasta e… — A ômega continuou. — Enfim, eu achei que poderíamos fazer funcionar, mas…

— Mas? — Yang tentou incentivá-la a continuar, a verdade é que nunca se soube o porque Weiss e Coco terminaram.

— Ela achava que eu trabalhava demais, na época, eu ficava muito brava achando que ela estava de algum modo tentando podar meu crescimento profissional e acabavamos brigando. — Weiss umedeceu os lábios vendo que Yang estava muito concentrada em cada palavra que ela dizia. — Ela estava certa em dizer que eu não a colocava como prioridade, é sempre o meu trabalho em primeiro lugar e não é assim que um relacionamento deveria funcionar, não é mesmo? — A ômega viu Yang concordar. — Acho que percebi isso tarde demais, tentei de todos os modos salvar nosso relacionamento que eu mesma havia quebrado, mas… acho que sentimentos são complicados demais para serem remendados. — Ela esfregou os dedos na borda do copo de café agora praticamente vazio. 

— Isso é um trecho de uma de suas músicas. — Weiss levantou a cabeça para ela e Yang continuou. — Sentimentos são complicados demais para serem remendados depois que são quebrados. — recitou a alfa.

— Sim. — Weiss acabou sorrindo. — Eu fiz essa música pensando nela… Depois que nós terminamos... Eu realmente gostava dela, mas desperdicei minha chance.

— Você disse “eu te amo”, digo, para ela? Quer dizer, na música você menciona isso. — Se justificou Yang.

Weiss levantou a cabeça surpreendida com tal pergunta.

— Você não precisa responder, se não quiser.

— Sim! — A ômega interrompeu ela. — E você? Já disse “eu te amo” para alguém?

— Vamos dizer que minha história com minha ex mais “importante” foi muito parecida com sua história. — Yang sorriu e fez aspas com os dedos. — Eu também meio que estraguei tudo mesmo gostando muito dela e não deu para consertar as coisas, mas, pelo menos ela é uma boa amiga agora. — Ela completou pensando vagamente em Blake.

— Entendo. — Ficou claro para Weiss que Yang não estava aberta a entrar em mais detalhes, já que a alfa loira falava muito facilmente até mesmo quando não deveria. — Acho que serviu para nos duas crescemos emocionalmente com essas experiências.

A loira concordou.

— Yang? — As duas viram para ver Neptune parado ali perto. — Vamos?

— Ah, claro, vamos sim. — A alfa ficou de pé deixando o copo de café em cima da mesa. — Ah, sim, já estava esquecendo, Weiss? — A ômega voltou sua atenção para a loira. — Eu não sei se estou sendo meio abusada em pedir isso, mas é que é meio importante. — Ela coçou a própria nuca parecendo um pouco envergonhada.

— Diga. — Weiss pediu para ela prosseguir.

— E que… bem, você lembra daquela parada lá que você vai fazer como o Flynt? — Yang perguntou bem baixinho e Weiss assentiu. — Então, vai ser no dia 2 de novembro e no dia 31 deste mês vai ser o aniversário da minha irmã, Ruby, só dois dias antes e eu comprei os ingressos para a final de presente para ela, não se preocupe, ela não sabe que vai ter seu show, vai ser uma surpresa! Ela vai amar, eu tenho certeza! Ai eu pensei…

— Pode parar! — Weiss ordenou levantando uma mão e Yang congelou no lugar, certamente ela ofendeu a ômega com aquilo e já estava pronta para pedir desculpas e sair, mas Weiss continuou. — Eu vou providenciar passes para o camarim e quero que você leve sua irmã lá.

— Oh meu Deus, isso seria incrível! Muito obrigada, Weiss! Não tenho como agradecer! Minha irmã significa muito para mim e tudo que eu puder fazer para vê-la feliz eu farei.

— Imagina, eu vou adorar conhecê-la, tenho certeza.

— Agora podemos ir? — Neptune disse impaciente.

— Claro, eu não vou esquecer isso, tô te devendo uma! — Yang disse enquanto saia com Neptune e viu Weiss sorrindo.

 

~**~

 

Neptune viu Yang montar em sua motocicleta amarela.

— Eu pensei que íamos para casa. — Ele disse.

— Ah, você entendeu sua casa? Eu quis dizer minha casa! — Yang respondeu. — Finalmente posso sair da casa do meu tio, não que seja ruim lá, só que casa é casa, né? O ciclo de acasalamento já acabou e mamãe me ligou dizendo que o médico confirmou a gravidez dela, eu tenho de estar lá, você entende, não é? Vai ter o casamento, o bebê e ainda o aniversário de Ruby… 

O rapaz beta se mexeu desconfortável.

— Entendo… Ei! Espere, você não vai se despedir? Nem um beijo?

Yang parou no meio do caminho quando estava preste a colocar seu capacete, ela deixou o capacete descansando sobre o tanque da moto e olhou em volta um pouco nervosa, ela havia estacionado na frente da casa do Sage, bem na grama, a rua só havia casarões modernos e caros, para seu alívio não havia ninguém por perto.

— Então tá.

Neptune empurrou seus ombros quando a alfa tentou se aproximar.

— Como assim “então tá”? — Ele indagou irritado. — Por que você olhou para os lados?

— Eu…

— Estava procurando a Weiss? Está com vergonha de mim? Ou o que?

— O que é isso cara, você sabe que as pessoas olham feio para um alfa e um cara beta se beijando na rua, qual o seu problema?

— Qual o meu problema? Essa última semana parece que você tá me evitando!

— Não…. Não tô não. — Assim que as palavras saíram de sua boca, Yang soube que sua mentira era fraca, ela havia dito para Blake que ia resolver o problema, mas até agora não teve coragem.

— Tá sim! E que história é essa que vai ser aniversário de sua irmã e você não me contou nada?

— Eu… eu devo ter esquecido de dizer! — Yang se defendeu.

— Eu não acredito.

— Acredita no que você quiser, então. — Ela colocou seu capacete, mas deixou a viseira aberta. — Já estou cansada desses seus ataques repentinos de ciúmes, acho melhor a gente dá um tempo.

— O que?

— Você ouviu o que eu disse. — A alfa girou o acelerador fazendo o motor rugir alto e manobrou a moto para a rua saindo em disparada logo em seguida.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Preço da Fama" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.