En El Medio escrita por Marylin C


Capítulo 7
VII. the best kind of friends




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PARTE 7. the best kind of friends

 

anos antes

Cariño! — o agente ruivo ouviu com o telefone na orelha, andando pela rua em direção ao hotel em que estava hospedado na cidade de Gijón. A CNI tinha requisitado sua assistência em um difícil caso de um serial killer. — Chegou bem?

— Cheguei faz tempo! Já até resolvi o que tinha que fazer hoje. Tentei te ligar, mas você não atendeu. — ele comentou, com uma pontada de irritação na voz.

É, me desculpe. Eu deixei o celular na sala e vim pro escritório, não ouvi tocar. — Rafael respondeu. — Onde você está?

— Voltando pro hotel. Acho que vou tomar um banho bem longo e pedir uma pizza. — Hector bocejou, cansado, ao virar a esquina. — Sinto muito por não estar junto com você em Barcelona no dia do nosso aniversário de namoro. — fez uma careta, passando pelos jardins da entrada do hotel, mas estacou no lugar ao ouvir a resposta risonha do namorado:

E que tal estarmos juntos em Gijón?

— Co… Como assim?

Entra no hotel.

Hector franziu a testa, sem entender, e entrou no saguão. A primeira coisa que viu um Rafael sorridente encostado ao balcão de atendimento, uma mala ao seu lado e o celular próximo à orelha.

— Rafa! — exclamou, desligando o telefone e se apressando para beijar o rapaz mais alto.

— Desculpe, eu menti. Não atendi o telefone porque estava no avião. — ele pediu, tendo largado o aparelho celular no balcão e envolvido Hector em um abraço. O agente ruivo semicerrou os olhos tentando parecer bravo, mas um sorriso de prazer que insistia em aparecer estragou sua tentativa.

— Tudo bem. Me pague uma torta de morango que ficamos quites. — disse por fim, acariciando-lhe o rosto. Rafael riu.

— Acho justo. — então analisou o rosto do namorado, franzindo a testa — Você parece cansado. Quer ir pro quarto?

— Deveríamos sair, não? É nosso aniversário. — Hector falou, sorrindo. — E você fez esse caminho todo só pra estar aqui, seria um desperdício irmos dormir sem nem comer algo.

— Relaxe, eu vou ficar por uns dias. Vou te deixar resolver suas coisas e então fazemos um pouquinho de turismo por aqui, que tal?

— Hm, tudo bem. Mas eu realmente quero sair hoje. Vamos? — o ruivo pediu, fazendo sua expressão de ‘cachorro que caiu da mudança’ e arrancando uma risada de Rafael.

— Vamos então, se você insiste. Vou só deixar essa mala no meu quarto e…

O mais baixo se virou subitamente para recepcionista, que observava os dois com um sorriso de quem estava achando muito fofo.

— Ele vai ficar no meu quarto, certo? Pode cancelar a reserva dele.

— Muito bem, senhor. — ela anuiu, fazendo um esforço para manter-se séria enquanto digitava no computador. Rafael nem tentou argumentar, apenas sorriu e acompanhou o namorado até o elevador enquanto puxava sua mala. Pôs uma mão no bolso interno do sobretudo que usava, apenas para ter certeza de que o item que guardara ainda estava ali, e puxou Hector para seu abraço mais uma vez.

— Feliz aniversário, Cariño. — sussurrou, fazendo o ruivo arrepiar-se completamente e abrir um sorrisinho constrangido com o que tinha acabado de pensar.

— Não me faça arrancar suas roupas no elevador, Rafa. — disse-lhe no mesmo tom rouco, ao que Rafael ergueu uma sobrancelha.

— É? E onde você pode arrancar minhas roupas?

Naquele momento, os dois chegaram ao andar correto, e Hector puxou-o com urgência corredor adentro até achar o quarto correto.

— Bem aqui. — replicou, prensando o namorado na parede depois ter trancado a porta. A mala jazia esquecida num canto, e Rafael abriu um sorriso de lado antes de beijá-lo.

— O que está esperando, então? — praticamente ronronou ao desfazer o nó da gravata do ruivo, que riu. Aquela seria uma noite interessante.

Foi somente na manhã seguinte, quando Hector teve que caminhar pelo quarto coletando suas roupas, que ambos lembraram que tinham abandonado os planos de sair no dia de seu terceiro aniversário de namoro. Combinaram de almoçar juntos, o agente da CNI deixando o namorado seminu voltando a dormir enquanto voltava ao trabalho. Estava mais cansado do que quando chegou, e tinha dor em lugares que nunca se atreveria a comentar em voz alta, mas não deixou de concentrar-se no caso em suas mãos por horas a fio junto com seus colegas até Marquez aparecer e liberá-lo para o almoço. Deixou escapar um bocejo, ao que seu chefe ergueu uma sobrancelha com um sorriso divertido:

— Teve uma boa noite, Martinez?

Hector enrubesceu, mas sorriu de volta ao responder:

— Tive sim, senhor.

E então deixou a sala, praticamente correndo de volta ao hotel para encontrar Rafael preguiçosamente deitado na cama, lendo um livro. O agente ruivo infantilmente jogou-se sobre ele antes que o mais alto percebesse sua presença, rindo do susto que ele tomou.

— Oh, alguém está de bom humor. — o rapaz de cabelos castanhos largou o livro, sorrindo. — Tomei a liberdade de sair mais cedo e comprar coisas pra fazermos um piquenique.

— Boa ideia. Tem um parque aqui perto que eu quis ver desde que cheguei. Vamos?

— Se você sair de cima de mim, nós podemos ir. — Rafael revirou os olhos com uma risada, ao que Hector assentiu e se levantou. Alinhou o terno e deixou o namorado ajeitar-lhe a gravata, abstendo-se de comentar que na noite anterior aquele tinha sido o primeiro item a ir para o chão com uma curta risada. O Oficial de Justiça ergueu ambas as sobrancelhas, parecendo saber no que ele estava pensando, e pegou uma sacola ao lado da cama antes de sair atrás do ruivo. Verificou o bolso da bermuda que vestia antes de deixar Hector trancar o quarto, e os dois desceram de elevador animadamente debatendo o livro que Rafael estava lendo. O casal formava um estranho e belo contraste, o rapaz mais baixo de cabelos ruivos e terno azul, e o maior de cabelos e barba castanhos vestindo tênis e camisa estampada.

— Mas e então? O palhaço matou as crianças todas? — o agente indagou, ao que Rafael deu de ombros.

— Eu ainda não li tudo, então não sei. Mas é bem assustador, e esse livro é muito ruim de ser carregado por aí.

— Você deveria arrumar um Kindle. Aquele livro é uma arma de tão grosso! — ambos riram.

— Talvez depois. Estava querendo trocar as cortinas lá de casa e…

— De novo? — Hector riu. — Acho muito fofo você gostar tanto assim de decoração e design.

— Fofo o suficiente pra me deixar repaginar seu apartamento? — o mais alto indagou, esperançoso.

— Er, não. — ele deu língua e depois riu, fazendo Rafael bufar.

— Você é muito chato.

— E você me ama do mesmo jeito.

— É, é a minha sina. — o rapaz de cabelos castanhos afirmou, com um sorriso divertido. Amava mesmo aquele homem de sorriso luminoso, sempre amaria.

Os dois chegaram ao parque que Hector queria ver, uma brisa amena soprando em seus rostos e o barulho de carros ficando mais distante à medida que se aproximavam no centro do local. Árvores altas faziam uma bela sombra sobre caminhos de pedra por entre a grama e os canteiros de flores, e um lago fundo de águas calmas completava a paisagem. Crianças jogavam bola e idosos faziam alongamentos, e Hector e Rafael encontraram um canto mais afastado para seu piquenique. Tinham avistado um arco natural de flores violetas que se apoiava nos galhos de uma árvore torta, e aquele espaço pareceu perfeito para sentar e passar o tempo.

— Onde você arrumou essa toalha? — Hector indagou, ao ver Rafael tirar uma toalha de mesa xadrez da sacola e forrar o chão gramado debaixo da árvore.

— Eu trouxe. Fazer um piquenique estava nos meus planos. — Rafael explicou, começando a tirar vários potes e embalagens de dentro da sacola. O agente ruivo se sentou para ajudar, não sem antes abrir um sorriso de lado e perguntar:

— O que mais está nos seus planos?

— Você saberá quando for a hora. — o Oficial de Justiça piscou para ele, beijando-lhe a ponta do nariz antes de estender-lhe um sanduíche. Os dois comeram e se dedicaram a tirar fotos estúpidas um do outro, Hector tendo tirado a gravata e a largado ao seu lado no chão forrado.

— Sabe de uma coisa? — ele comentou, guardando o celular depois de satisfatoriamente salvar uma foto de Rafael com o rosto manchado de mostarda. — Acho que esse deve ser nosso melhor aniversário.

— É? Por quê? — o outro perguntou, ao que Hector encostou em seu ombro para olhar para o céu levemente nublado.

— Lembra? No nosso primeiro aniversário, caiu uma chuva daquelas e não fizemos aquele passeio de barco romântico.

— Ei, mas aquele restaurante italiano que jantamos depois de ter tomado chuva foi excelente! — Rafael protestou com uma risada.

— É, mas depois você ficou dias ardendo de febre. Quase uma semana de noites mal dormidas! — Hector reclamou, em uma expressão de raiva fingida que fez o mais alto rir mais.

— Eu fico péssimo doente, não fico?

— Fica sim. Um porre. — Hector revirou os olhos — Mas não era esse meu ponto. E lembra no nosso segundo aniversário, quando fomos naquela casa de praia com uns amigos e tudo deu errado?

— Ugh, não gosto nem de lembrar. — Rafael fez uma careta — O pessoal só brigava, você se cortou nas pedras dos corais, o carro quebrou… Eu fiz uma nota mental de nunca mais comemorar nossos aniversários viajando com outras pessoas depois dessa viagem.

— Eu não poderia concordar mais. — o ruivo sorriu — Mas essa viagem está dando certo, ao menos.

— Assim espero. — o rapaz de cabelos castanhos suspirou ao sorrir de volta. — Eu não consigo não ficar encantado pelo seu sorriso a cada dois minutos desde que nos conhecemos, sabia disso?

— A culpa é sua. — Hector acusou, com um sorriso constrangido enquanto sua face avermelhava. — Você me faz rir, eu definitivamente não era essa bolhinha risonha e constrangida antes de te conhecer.

— Claro que era. Só que eu me empenho muito pra te fazer sorrir, aí parece que você sorri mais que o normal agora. Porque você me ama. — Rafael disse, em um tom de esclarecimento que fez Hector revirar os olhos com um sorriso divertido nos lábios.

— Amo sim. — encarou os profundos olhos castanhos do namorado, calmo. — Amo demais.

O rapaz de cabelos castanhos abaixou a cabeça para beijá-lo ternamente, erguendo uma mão para acariciar o rosto dele. Os dois permaneceram quietos alguns segundos, demoradamente trocando olhares cheios de significados. Então Rafael perguntou, quase que espontaneamente:

— Casa comigo, cariño?

Hector ergueu as duas sobrancelhas, com espanto.

— Hã?

O mais alto abriu um sorriso lento antes de tirar do bolso uma caixinha de veludo, abrindo-a antes de oferecê-la ao namorado. Nela, reluziam duas finas alianças de ouro, mas Hector não conseguia ler as inscrições gravadas no interior tamanho era o seu choque.

— Casa comigo, Hector? — Rafael repetiu, sorrindo. A expressão embasbacada do rapaz ao seu lado o fez hesitar.

— Eu… — o rapaz ruivo começou a dizer, olhando para todos os lugares menos para o namorado enquanto pensava no que falar. — Eu preciso te contar uma coisa.

— O quê…? — Rafael franziu a testa.

— É importante. — Hector disse com firmeza, mas foi só voltar a olhar para o rapaz mais alto, que parecia prestes a ter um ataque de pânico, que começou a tremer. Estava mais do que na hora de contar, mas… — Eu sei que agora você deve estar pensando mil e uma possibilidades do que diabos eu vou te dizer que precisa ser dito antes que eu responda essa pergunta, mas… Por favor, para. — segurou o rosto dele com as duas mãos, uma de cada lado, para que ele olhasse direto em seus olhos.

Cariño, você está me assustando. O quê…?

— Eu sou filho de uma entidade. — Hector soltou de uma vez. — É isso. Precisava te falar, te explicar tudo. Eu nunca ia me perdoar se te arrastasse sem saber de nada pro meio de tudo isso.

— Você não me explicou nada, sabe? O que é ‘tudo isso’? Entidade? Que diabos…

— Tá, vou explicar. — Hector respirou fundo, tentando acalmar-se. Deixou as mãos caírem ao seu lado, já que tinha conseguido prender a atenção de Rafael. — Esse mundo em que vivemos não é o único que existe. Existe um outro, que é conectado a este por portais controlados por uma entidade.

Se qualquer outra pessoa tivesse pronunciado aquelas palavras para ele, o Oficial de Justiça provavelmente a internaria em um hospício ou, no mínimo, diria que aquela era uma brincadeira de muito pouca criatividade. Mas quem falava era Hector, que levava séculos para entender uma piada e nunca, nunca mesmo, mentiria ou brincaria com os sentimentos de alguém. Se ele precisava contar aquilo antes de responder uma das perguntas mais importantes que alguém lhe faria na vida, era porque era sério. E porque ao menos ele acreditava que era verdade.

— Essa entidade se chama Táne, e em alguns lugares desse mundo onde ela foi vista, chamam de Caipora. Ela foi o motivo do meu pai ter conseguido o que queria.

— Como assim?

— Meu pai é o Vento, a entidade criadora do outro mundo. — Hector explicou, gesticulando nervosamente — Vamos chamar esse mundo de Mundo de Lá, certo? Enfim, o Vento cuidava das coisas todas do Mundo de Lá, mas não tinha controle sobre a magia dos portais, que corria solta por aí. Às vezes ele até caía num desses portais, e foi numa dessas que ele conheceu minha mãe.

— Katarin? — Rafael perguntou, ao que o ruivo assentiu.

— Isso. Os dois se apaixonaram, mas meu pai tinha que voltar pro Mundo de Lá e cuidar de tudo até que conseguisse controlar os portais, ou que surgisse alguém que conseguisse, porque senão os seres daquele mundo e os do nosso iam acabar caindo nos portais e enlouquecendo no processo.

— Então surgiu a tal da Táne?

— É. Meu pai conseguiu cuidar dela e ensiná-la a controlar os portais e seus outros poderes, e aí se mandou do Mundo de Lá e veio pra cá atrás da minha mãe. Ele arrumou um emprego, os dois se casaram e, bom, o resto da história você sabe. — Hector passou a mão pelos cabelos com nervosismo, olhando atentamente para o namorado. Ele ponderava sobre o que dizer a seguir, refletindo sobre aquela história maluca que parecia saída de um livro de fantasia.

— E por que isso é tão importante? — perguntou por fim, franzindo a testa. O agente ruivo abriu um sorriso incrédulo, gesticulando muito ao responder:

— Porque você quer me pedir em casamento, ora! Eu cresci indo e vindo do Mundo de Lá, tenho alguns poderes esquisitos que provavelmente foram a causa de todos os nossos contratempos com o clima durante esses anos, meu pai volta e meia faz coisas flutuarem dentro de casa e, quando eu e Rosa estávamos na escola, fazia tempestades absurdas se formarem só pra manter a gente em casa para um dia de descanso e jogos! — ele falou tudo isso muito rápido e teve que recuperar o fôlego antes de continuar — Seria uma irresponsabilidade sem tamanho da minha parte se eu simplesmente te colocasse dentro dessa maluquice sem nem te avisar ou te dar a chance de escolher não se envolver. Fazia meses que queria te contar, mas nunca achei que…

Rafael interrompeu o discurso do namorado com um beijo profundo, tendo largado a caixinha de veludo na grama para acariciar a bochecha de Hector e embrenhar seus dedos pelos cabelos perfeitamente alinhados dele. Ouviu o rapaz suspirar de prazer em meio ao beijo, e sorriu-lhe ao abrir os olhos e encostar seu nariz ao dele:

— Eu realmente achei que você fosse me contar que tinha um câncer terminal ou que tinha AIDS, sinceramente. — revirou os olhos. — Eu acredito em você, cariño. E conheço sua família há anos. Você acha que, se eu realmente fosse deixar você sozinho por causa de uma pequena maluquice da sua família, eu já não teria ido embora? Porque, vamos combinar, mesmo sem essa história toda de magia, sua família não é nada normal.

— Eu sei. — Hector riu, começando a acalmar-se. — Mas é que…

— Agora você vai me deixar falar. — o Oficial de Justiça afirmou, roubando um selinho do namorado e então continuou. — Hector, você é o homem da minha vida. Mesmo que te crescesse um par de chifres azuis e sua pele fosse roxa, eu ainda ia te achar lindo e querer passar o resto da minha vida com você.

— Olha, ter pele roxa não é nem um pouco atraente. — o agente ruivo comentou, mas tinha um sorriso quase maior que o próprio rosto estampado.

— Imagino que não seja. Mas ainda assim, o que eu falei é verdade. Eu quero você, cariño, com os seus roncos no meio da noite e seu senso de moda maluco e aquele apartamento horrível. Você. — Rafael disse. — E eu vou achar o máximo descobrir todas as suas bizarrices herdadas do seu Mundo de Lá, prometo. Só quero você acordando do meu lado toda manhã pelo resto da minha vida, é pedir demais?

— Hm… — Hector sorriu. — Pode fazer aquela pergunta de novo, então?

— Posso. — o mais alto respondeu, olhando para baixo somente para voltar a pegar a caixinha de veludo. Dessa vez, o ruivo pôde ler as inscrições ‘sweet creature’ e ‘you bring me home’, uma em cada uma das alianças. Seus olhos se encheram de lágrimas. — Casa comigo, cariño?

— Claro que sim. — foi a resposta, e Rafael também chorava abertamente ao beijá-lo. Colocou o anel com a inscrição ‘sweet creature’ no dedo anelar da mão direita do agora noivo, e ele fez o mesmo com o que sobrou. Os dois limparam as lágrimas um do outro, rindo.  — Sweet Creature é claramente a nossa música, não é? — Hector comentou, a mão estendida enquanto admirava a aliança em seu dedo.

— É sim. E também foi a primeira música que cantarolamos juntos, naquele primeiro encontro.

— Como você lembra disso? — Hector perguntou, surpreso. Rafael riu.

— Eu lembro de tudo. — replicou com uma piscadela antes de abrir uma vasilha de plástico cheia de morangos. Estendeu-a a Hector, que riu.

— Esse é por você ter mentido sobre não ter atendido o telefone?

— É, e pelas mentiras que tive que contar nas últimas semanas. Precisei roubar seu anel de formatura pra saber o tamanho do seu dedo, e falar que estava no trabalho quando na verdade estava na joalheria com sua irmã. — explicou, ao que o agente ruivo ergueu uma sobrancelha.

— Minha irmã sabe?

— Claro que sim. Ela ia me matar se eu não tivesse levado ela pra escolher as alianças. Provavelmente deve ter preparado toda uma festa pra quando voltarmos à Barcelona.

— Oh, céus. — Hector gemeu, pegando um morango da vasilha. — Eu me recuso a deixá-la escolher qualquer coisa pro nosso casamento.

— Acho justo. Podemos alegar que ela já escolheu as alianças e, desse modo, encerrou sua participação. — Rafael concordou, entrelaçando seus dedos com os do noivo.

— Ótimo.

***

Hector abriu os olhos, confuso, ao ouvir a porta de seu quarto-prisão no Reino das Fadas abrir-se. Duas fadas de aparência séria entraram, portando armaduras leves e lanças de bronze. Seus cabelos trançados de jeito parecido e posturas aprumadas fizeram o homem ruivo lutar contra a indisposição para sentar-se, a fome e a saudade tendo maltratado seu corpo.

— Filho do Vento, a Rainha solicita sua presença na sala do trono. —  a primeira fada, de cabelos e asas azuladas, disse. Os Filhos de Eloa usavam a Língua Comum para falar-lhe, apesar do forte tom floreado que vinha do idioma das fadas.

— Para quê? —  ele perguntou. Tentou soar autoritário, mas sua voz saiu pouco mais que um sussurro rouco.

— Não perguntamos os motivos de nossa Rainha, Filho do Vento. —  ela replicou asperamente — E nem você deveria.

— Melina, não seja tão hostil. — a outra fada, de asas e cabelos negros como a noite, reclamou com um olhar cortante à colega. Aproximou-se de Hector e largou a lança a um canto, estendendo-lhe uma mão listrada. As listras pretas sobre a pele quase albina de tão branca o lembraram uma zebra. Uma jiit, na residência da Rainha?  — Venha conosco, Hector. Sua presença é imprescindível.

O homem ruivo aquiesceu, aceitando a mão e tentando não apoiar-se muito na fada esguia para se levantar. Percebeu que ela era muito mais forte do que aparentava ser, já que foi praticamente arrastado quarto afora, um de seus braços apoiado nos ombros dela e a mão dela em sua cintura, guiando-o por corredores intrincados como sulcos do tronco de uma árvore. A fada de nome Melina ia atrás deles com uma expressão de desagrado, mas a jiit não parecia dar atenção àquilo.

— Meu nome é Sierra. — ela sussurrou-lhe, quando achou que Melina não podia ouvir.  — Estive aqui por algumas semanas para uma inspeção em um de meus projetos e soube do que aconteceu com você. Não posso fazer muita coisa, mas ainda assim quero ajudá-lo.

Hector pouco entendeu daquele pequeno discurso, mas assentiu levemente em concordância. Sierra abriu um pequeno sorriso e usou a mão colocada na cintura do homem para inserir-lhe um pouco de energia sem que a outra fada notasse. O Filho do Vento sentiu seus pensamentos desanuviarem-se de um jeito semelhante às vezes que a Rainha o visitava, mas ainda tinha o corpo fraco. Continuou apoiando-se na jiit até os três chegarem a um largo salão, onde vinhas e galhos formavam um padrão intrincado para compor chão, paredes e tetos. Uma fileira de guardas de armaduras douradas se colocavam atentos ao longo da parede circular, e um trono no centro da sala parecia ter brotado do próprio chão como uma árvore especialmente moldada para aquela função. Uma luz amena, como que de final de tarde, embrenhava-se por entre as aberturas que a estrutura da sala permitia, dando uma sensação de esplendor que faria calar até mesmo o mais agitado dos corações.

Os pés descalços de Hector incomodaram-se com o aspecto áspero dos galhos que formavam o chão, mas sua atenção foi totalmente atraída para a figura de pé diante do trono vazio, em roupas de viagem típicas daquele mundo e um sobretudo azul escuro de botões prateados digno de um príncipe. Desequilibrou-se e Sierra não pôde impedi-lo de cair de joelhos no chão irregular.

— Ra… Rafa… — murmurou, com lágrimas nos olhos. Sierra abaixou-se para verificar se ele estava bem, mas pareceu que aquele sussurro foi o suficiente para chamar a atenção do viajante. Ele abriu um sorriso lacrimoso e não conseguiu impedir-se de cruzar o salão e envolver Hector com seu abraço, os soluços sofridos de seu marido cortando-lhe o coração. — Rafa, eu…

— Sh, não se esforce tanto. — Rafael pediu, acariciando-lhe costas e cabelos enquanto ele chorava em seu peito. — Você está magro demais, cariño. Não consegue se levantar, certo?

— Eu… Me desculpe por… — Hector ergueu a cabeça, os olhos azuis tempestuosos finalmente conseguindo sustentar o olhar castanho novamente.  — Por não ter voltado.

— A culpa não foi sua, cariño. — Rafael afirmou, enxugando-lhe as lágrimas com o polegar. — Me desculpe por toda aquela gritaria, e por não ter chegado aqui pra te salvar antes.

— Me… Salvar?

— Sinto que podemos acabar com esse pequeno entretenimento, não é mesmo? — uma conhecida voz friamente divertida interrompeu-os, fazendo Hector retesar-se nos braços de Rafael. O homem de cabelos castanhos sentiu a tensão do marido e olhou ao redor, onde os guardas e a fada de cabelos azuis imediatamente se aprumaram. Verificou que a jiit com pele de zebra também estava tensa, apesar de não ter se movido do lado de Hector. Trocou um olhar de entendimento com ela, confiando nos olhos negros mesmo sem nem saber seu nome, e fez o homem ruivo apoiar-se nela antes de se erguer e encarar a Rainha das Fadas com uma expressão séria. Escolheu não enxugar a lágrima solitária que lhe escapara, deixando-a marcar sua bochecha.

— Boa tarde, Majestade. — Rafael cumprimentou, tentando soar imparcial. Hector podia ver os músculos das costas do marido tensos, mas conseguia discernir seu tom contido como aquele usado profissionalmente. Ele realmente tinha um propósito com aquela aparição e não era, não podia ser, fruto de sua mente exausta. Tinha sentido o abraço dele, escutado as batidas de seu coração. Ele estava mesmo ali, e o homem ruivo não conseguia decidir-se se aquilo era bom ou não.

— Boa tarde, humano. — a fada ergueu uma de suas fartas sobrancelhas ruivas, abrindo um pequeno sorriso sarcástico em resposta. Sua estatura mais alta que todos os Filhos de Eloa que já encontrara desde que chegou naquele lugar fez Rafael refletir que ela com certeza fazia aquilo de propósito para impressionar, uma vez que era conhecimento geral que fadas podiam aumentar ou encolher de tamanho ao seu bel-prazer. Se lembrava do verde ser a cor das vestes oficiais da Corte, e o leve vestido esverdeado trabalhado em ouro que moldava-lhe o corpo de um jeito quase obsceno se configurava como uma versão própria para voos de um vestido de baile. — Vejo que finalmente está na presença do homem cujo nome geme em seus pesadelos, Filho do Vento. — ela se dirigiu a Hector, o que fez Rafael cerrar um punho mas manter a compostura.

— Com licença, Majestade. Requisitei uma audiência, e considero de extrema importância que a senhora ouça o que tenho a dizer. — falou, respirando fundo para acalmar-se. A Rainha sorriu.

— É claro. O que o traz aqui, humano?

— Em nome de Maren, rainha de Ikla, do Alto Conselho dos Magos, — hesitou por um milésimo de segundo antes de acrescentar — e de mim mesmo, venho solicitar que liberte Hector, o Filho do Vento, de seu cativeiro.

— Oh, mas ele não está cativo, está? — ela indicou Hector com uma mão morena, dando de ombros. — Sempre pôde ir e vir pelo castelo, foi sua própria escolha confinar-se naquele quarto.

— Ele não está neste Reino por livre e espontânea vontade, Majestade. E isto é uma violação do Acordo Insular de Fronteiras e Comércio, assinado por sua predecessora e pelos antepassados dos representantes de cada Raça após a Batalha da Colina de Sangue e as guerras que a sucedeu. — Rafael respondeu, sério. Uma expressão de surpresa cruzou o olhar amendoado da Rainha por um momento, para ela então sorrir e replicar:

— Ah, então deseja um debate? Muito bem. Saiba que o Filho do Vento não é membro de nenhuma das Cinco Raças e não é filiado a nenhum reino, o que torna o Acordo inválido para o caso dele.

— Mas sua lei e sua filosofia contemplam a noção de humano como os povos que chegaram até aqui e tomaram suas terras vindos de outros mundos, não? — o homem coçou a barba castanha, escolhendo suas palavras cuidadosamente. — Então como pode afirmar que Hector não é humano, quando sua mãe faz parte da raça humana?

— Como pode provar que sua mãe era humana? — a Rainha rebateu, e o viajante prontamente tirou rolos de pergaminho de dentro de uma mochila que só então Hector notou que ele trazia. Um agitar de mãos da fada fez uma mesa de madeira retorcida brotar do chão de modo similar ao trono, e ambos se afastaram para examinar os documentos. Sierra tinha uma expressão impressionada no olhar negro, e o ruivo abriu um pequeno sorriso nervoso.

— Ele veio convencer a Rainha a deixá-lo ir embora? — ela sussurrou, impactada.

— Sim... Típico do... Rafael. — Hector comentou, fracamente — É... O amor da minha vida, sabe?

— Sei sim. — ela sorriu — Sei exatamente como se sente.

Ele não prestou atenção no jeito que ela apoiava uma mão no próprio ventre, voltando a atenção para o debate cada vez mais tenso entre o dono de seu coração e a Rainha das Fadas. Ao que pareceu, a Rainha tinha reconhecido-o como parcialmente humano, mas os dois argumentavam sobre a validade das leis das Cinco Raças para a metade dele que vinha do Vento. Pôde perceber que a fada começava a inquietar-se, arrumando os longos cabelos ruivos constantemente e a frustração começando a transparecer em seu rosto anguloso. Rafael tentava continuar calmo enquanto utilizava-se de referência atrás de referência para provar seu ponto, a imagem de seu menino do jeito que o tinha deixado em Ikla tomando um pouco dos seus pensamentos. Felipe tinha se irritado, e muito, quando ele estava de saída para o Reino das Fadas. Foi a primeira vez que teve que lidar com uma birra de seu filho, durante os quase dois anos em que o amava.

“Eu vou também, Fael! Não vou deixar você ir embora sozinho que nem o papai fez! Vocês vão me deixar sozinho de novo?!”

— O Vento não faz parte das Cinco Raças, aposentado ou não. — a fada cruzou os braços, tirando-o dos seus devaneios e dando-lhe uma ideia.

— Mas a senhora admite que parte dele é humana, correto? — Rafael indagou, ao que ela assentiu. — Então torna-se necessário que eu traga à luz esta cláusula aqui, do mesmo Acordo que comentei no início de nossa discussão.

Ele apontou para um dos pergaminhos, lendo um parágrafo em voz alta:

“A voluntariedade para pesquisas científicas dos Filhos de Eloa é anulada caso o indivíduo comprovadamente possua dependentes, exemplos: filhos (biológicos ou adotivos), parentes indispostos ou idosos. Não é permitido tirar alguém de sua própria família.”

— E o que isto tem a ver com nossa situação? — a Rainha perguntou, um tom de tensão em sua voz.

— Hector tem família. — o homem ergueu a mão esquerda, onde a própria aliança reluzia em seu dedo anelar. Provavelmente não seria uma boa ideia dar mais informações a respeito de sua família para aquela fada, mas Rafael não sabia mais o que fazer. Só queria levar seu marido para longe dali. — Temos um filho, Felipe. A senhora desobedece o Acordo nesse sentido, sendo Hector parte entidade ou não. Não se pertence a uma família ‘pela metade’, não concorda?

— Como provar que o que o senhor me diz é verdade?

Rafael hesitou. Não tinha pensado nisso.

— Por que não perguntamos à Árvore, Majestade? — foi a jiit de pele listrada quem sugeriu, erguendo-se do chão e deixando Hector encostar em suas pernas. A Rainha ergueu as sobrancelhas, surpresa com aquela interrupção. O homem de barba castanha esquadrinhou seus conhecimentos sobre os Filhos de Eloa e seus procedimentos legais, mas não encontrou nada sobre uma árvore. A jiit continuou, em tom de explicação — Poucos sabem disso, mas a árvore em que a Rainha reside tem certas propriedades mágicas. O anuviamento dos pensamentos de seus prisioneiros é uma delas. — lançou um olhar para o homem apoiado em suas pernas — Poderíamos perguntar a ela sobre os laços que envolvem o Filho do Vento, uma vez que ela sabe o que reside em seus pensamentos e devaneios.

— É uma ideia interessante. — o brilho de curiosidade no olhar da Rainha era inconfundível, e isso lembrou a Rafael que as fadas não eram necessariamente más. A busca pelo conhecimento, aliada a concepções criadas pelo preconceito, as tornava impiedosas. — Está de acordo, humano?

— Isso trará algum dano a Hector? — perguntou à jiit, que fez que não com a cabeça. — Então estou de acordo.

A Rainha então sussurrou algumas palavras em uma língua que ele desconhecia, observando enquanto a sala de plantas se movia.  Uma reentrância côncava foi formada aos pés da fada, que uniu as mãos para formar uma espécie de bola translúcida. Então soltou-a, e a bola se desfez em água, concentrada pela reentrância e formando uma pequena poça. Rafael, a Rainha e a jiit se aproximaram da água, que começava a mudar e refletir imagens. O sorriso do homem de cabelos castanhos estava em muitas dessas cenas, de encontros e saídas e brigas entre o casal, até que a Árvore escolheu uma imagem específica para transmitir. Era da perspectiva de Hector, que olhava para o marido adormecido na cama. Em determinado momento, Rafael acordava e beijava-lhe a testa. Os dois conversavam brevemente, no ritmo lânguido de quem acaba de acordar e se sente perfeitamente contente com a situação ao seu redor, e então a Árvore finalmente transmitiu um som:

“Sabe o que eu acho, Rafa?” Hector perguntou.

“O quê, Cariño?”

“Que uma família não está completa sem uma ou duas crianças.”

“O que você quer dizer com isso?”

“Sinto que está na hora de aumentarmos um pouco nossa família, o que você acha?”

Tanto o Rafael da imagem quanto o real abriram um sorriso quase maior que o rosto, e a imagem prosseguia com os dois decidindo que a melhor forma de construir a família deles seria adotando uma criança. Então a Árvore terminou a cena, pulando várias imagens de papéis e noites mal dormidas pensando em formulários e procedimentos, até o sorriso de um garotinho ao ser colocado sobre os ombros de Hector aparecer sobre a água. Os dois andavam por um parque, Rafael sorrindo ao lado deles. A Árvore voltou a transmitir som, a voz infantil do garotinho loiro preenchendo os ouvidos de todos os presentes:

“Papai, a gente pode ir no lago?”

“Acho que sim, Lipe. Temos algum tempo antes do sol se por,” Hector respondeu, olhando para Rafael à procura de concordância.

“Acho uma boa ideia. Ainda tem pão aqui, podemos dar aos patos,” o homem de cabelos castanhos comentou, e Felipe bateu uma palma animada. A imagem então se desfez, voltando a ser apenas água em uma reentrância no chão retorcido. Rafael então olhou para a Rainha, que tinha uma expressão contrariada no rosto moreno.

— Vão embora de uma vez. — disse, revirando os olhos. O humano hesitou por apenas meio segundo antes de se levantar e correr até Hector, ajudando-o a se levantar. A jiit se dirigiu a eles, também pensando em ajudar, mas foi impedida pela mão de sua Rainha, que a segurou pelo braço.

— Não ache que eu não sei o que carrega em seu ventre, Sierra. Sugiro que mantenha seus experimentos em dia. — ela afirmou, o tom gentil quase disfarçando a ameaça naquelas palavras. Sierra assentiu nervosamente e desvencilhou-se da mão da Rainha, se aproximando do casal para ajudar a levar Hector para fora do salão. — E ah, humano?

Rafael virou-se para olhá-la, que tinha sentado em seu trono retorcido e os olhava com um misto de desgosto e malícia no olhar.

— Senhora? — perguntou, erguendo uma sobrancelha.

— Comunique à sua rainha que sua mágica roubada não pode protegê-la para sempre.

O homem de barba castanha conteve um revirar de olhos, pensando no quão ridícula aquela ideia de que humanos tinham roubado a mágica era. Prestou pouca atenção no recado, mais concentrado em ajudar Hector, e talvez isso tenha sido a causa de diversos problemas posteriores.

Os três desceram as escadarias retorcidas que levavam para o solo muito rápido, e só quando alcançaram o chão foi que Rafael tornou a falar:

— Você é a dona do coração de Helia, não é? A jiit que ele sempre menciona.

— Sou. — Sierra abriu um sorriso triste. — Mande-lhe minhas lembranças quando chegar a Ikla, sim?

— Por que não vem conosco? — ele indagou, e ela hesitou. Os três pararam para Rafael pegar Hector em seus braços, vendo que aquilo seria mais efetivo para os três andarem pela floresta. — Por que ela falou aquilo antes de você vir nos ajudar?

— Para lembrar-me de que, pelo meu sangue, minha lealdade pertence a ela. — Sierra explicou, suspirando. — Mas meu contrato com a realeza desse Reino é de muito antes desta Rainha, e meu amor por Helia nasceu de uma época em que essas ideias etnocêntricas de minha Raça praticamente não existiam. Não posso deixar o Reino, e nem parar de amar o homem da minha vida, então estou constantemente em risco. E, agora… — ela tocou o próprio ventre e não terminou a frase, perdida em pensamentos. Rafael achou melhor não insistir, e os dois andaram em silêncio pelo que pareceram horas até atingirem a praia. Hector tinha se aninhado no colo do marido e adormecido tranquilamente pela primeira vez em semanas. Sendo mais baixo e estando muito mais magro do que o normal, Rafael tinha que fazer pouco esforço para carregá-lo.

— Ela nos deixou ir embora com muita facilidade, você não acha? — comentou, e Sierra deu de ombros.

— Também penso assim. Imagino que já planejava deixá-lo ir, mas sua chegava acelerou um pouco as coisas por você tê-la apontado como responsável por quebrar um acordo secular. — refletiu, torcendo os cabelos negros em uma trança volumosa enquanto andava. — Filhos de Eloa não se importam em quebrar regras, desde que elas não sejam esfregadas em suas faces. A Rainha perderia o controle se viesse a público que ela tinha quebrado um Acordo, mesmo que seus súbitos concordem com a medida.

— Quanto mais eu estudo seu povo, mais me parece que nunca o entenderei completamente. — Rafael comentou, e a jiit abriu um sorriso.

— Que graça teria em saber tudo sobre nós? — ela perguntou, e o humano soltou uma pequena risada. Os dois andaram mais um pouco pela costa, até que a jiit ergueu uma mão para fazê-lo parar. Ela assobiou, e poucos momentos depois um pequeno barco surgiu sabe-se lá de onde. Ele parou na parte rasa da água, e Sierra ajudou Rafael a colocar um Hector ainda adormecido dentro do barquinho. — Fico muito contente por você ter a possibilidade de vir aqui resgatar o homem que ama, Rafael. — ela disse, uma lágrima teimosa escapando pelos olhos negros da fada.

— Obrigado pelo ajuda, Sierra. Espero que um dia a distância que a separa da verdadeira felicidade seja extinta. — ele replicou e ela sorriu.

— Tenha uma boa viagem de volta.


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Notas finais do capítulo

Só avisando que esse era pra ser o último capítulo, mas eu dividi ele em dois pra ficar mais tranquilo de ler. E até acho que faz mais sentido. Enfim.
Muito obrigada a quem leu até aqui ♥



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