Em seu lugar escrita por Aislyn


Capítulo 19
Alien


Notas iniciais do capítulo

Eu sou tão criativa com título de capítulo... sintam a ironia... Mas tem relação com o capítulo, ok? Não é uma palavra aleatória XD

Boa leitura!!!



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Mikaru teve que prometer, pelo menos três vezes, que não sairia de casa, não faria nenhum esforço e ligaria se sentisse qualquer desconforto. Shiroyama se negou a ir trabalhar antes que fizesse aquilo.

 

Apesar de ser errado, gostava de vê-lo preocupado consigo, saber que se importava. Ganhou café da manhã na cama e, depois de dizer que não queria ficar no quarto, foi levado no colo até a sala, onde o guitarrista deixou o telefone e o controle da TV próximos de seu alcance.

 

Pouco antes de sair, Takeo comentou que Katsuya avisou por telefone que ‘Mikaru’ também não estava se sentindo bem e, como ele era um dos proprietários, iria passar no café para ver o andamento da reforma, então não devia se preocupar. Contudo, aquela foi a oportunidade perfeita para um pequeno sermão, onde Shiroyama mostrou que sabia ser responsável quando era necessário, lembrando-o de se cuidar e comer direito, fazendo uma nota mental em alto e bom tom sobre também ir brigar com o amigo, pois os dois doentes por trabalhar demais não era nada bom.

 

* * *

 

Durante todo o tempo em que esteve no lugar de Mikaru, Hayato cogitou presenciar todos os tipos de atitude que Katsuya tinha em relação ao namorado, desde o lado fofo e gentil até o mais ousado. Naquela manhã porém, ele havia provado que podia ser extremamente protetor.

 

Hayato gostava de ficar deitado até tarde e também quando Takeo levava café na cama e o mimava, mas talvez por não ser o seu namorado ali, havia se sentido um pouco sufocado. O rapaz insistiu inúmeras vezes em preparar seu café da manhã, mesmo que não fosse muito bom na cozinha e, depois de ter esse fato apontado na cara, se ofereceu para ir até o mercado para comprar algo, qualquer coisa que Hayato quisesse, mesmo que tivesse que atravessar a cidade para isso.

 

E não importava quantas vezes dissesse que não estava com fome, pois Katsuya não parecia ouvir nenhuma delas, se negando a sair do seu lado e ir para a faculdade até ter certeza que ele havia comido e se sentia bem. Só depois de concordar que ele fizesse uma salada de frutas, que resultou em um corte no dedo, é que Hayato pode finalmente respirar aliviado, indo preparar ele mesmo um bom café.

 

Quando finalmente saiu da cozinha com uma caneca fumegante, pensando em qual o melhor lugar para se sentar no jardim, o interfone tocou três vezes seguidas, frustrando seus planos. Revirou os olhos indo atender, imaginando que Katsuya havia notado que esqueceu o trabalho no sofá. Aquele jeito distraído podia ser fofo, mas Hayato queria tanto um tempo só pra ele…

 

— Pois não?

 

— Adivinha quem veio te visitar?

 

Hayato ficou em alerta no mesmo instante, esquecendo até do café que levava aos lábios, olhando fixamente na direção da entrada.

 

— Takeo? – sentiu o coração disparar ao pronunciar o nome do namorado, não demorando nem mais um instante para abrir o portão, convidando-o para entrar.

 

Katsuya podia ser distraído, mas Takeo era esperto o suficiente para notar qualquer deslize, mas naquele instante, não estava nem um pouco preocupado em ser descoberto. Queria tanto ver o namorado e tê-lo por perto! E, levando em conta que sabia das investidas de Mikaru para cima do seu guitarrista, ia se aproveitar daquilo para abusar um pouquinho dele.

 

— Hei, como você está? – Takeo se aproximou ao entrar na casa, dispensando-lhe um cafuné e puxando para um abraço – Katsuya ligou dizendo que você passou mal. Fiquei preocupado.

 

— Eu já estou melhor, ele cuidou bem de mim. – Hayato correspondeu ao abraço, afundando o rosto na camiseta do namorado e aspirando-lhe o perfume. Agora sim podia dizer que estava novo em folha.

 

— Hm… não estou vendo ele aqui cuidando de você. Isso foi irresponsável. – Takeo se afastou após lançar um olhar analítico mais de perto, puxando-o pela mão até a sala – Eu trouxe bolo pra você. Imagino que não comeu nada decente, já que nenhum de vocês cozinha.

 

— Ele estava cuidando. Só saiu depois que eu garanti que estava bem. Não posso segurá-lo aqui, ele precisa estudar.

 

— Faltar um dia não vai fazê-lo repetir o ano. – colocou a mochila aos seus pés, pegando uma caixinha com o emblema da loja de doces – Aqui, pra você. Eu passei na cafeteria também, pra ver o andamento da obra. Disseram que mais dois dias e está tudo pronto. Como revisaram toda a planta do prédio, acabaram encontrando outras coisas que era melhor ajeitar antes que virassem problemas maiores no futuro.

 

— Eles foram rápidos… vamos poder ficar tranquilos com relação à segurança de lá.

 

— Bom, é o seu pessoal trabalhando. Eu não esperava menos.

 

— Verdade, eles são competentes. Mas eu não quero falar de trabalho agora. – Hayato pegou o bolo, se apoiando contra Takeo enquanto abria o pacote para comer – Está com uma cara boa.

 

— Eu vou pegar uma colher pra você.

 

— Não precisa. – Hayato segurou-o pelo braço antes que se afastasse, decidido a aproveitar a companhia do namorado o máximo que lhe fosse permitido – Eu posso pegar com a mão, não se preocupe.

 

Mas Takeo ficou preocupado. Primeiro por Mikaru não querer falar sobre trabalho e depois por não se importar em se sujar com comida, já que nem pizza ele pegava com a mão, o que era uma blasfêmia!

 

Com certeza o amigo, assim como o namorado, haviam sido abduzidos.

 

* * *

 

Como prometido, Takeo voltou na hora do almoço e aproveitou o momento para mimar Mikaru um pouco mais. Deixou que escolhesse o que queria comer e pediu que não se aproximasse da cozinha, pois não queria vê-lo trabalhando em nada.

 

A comida foi servida na sala e em momento algum Shiroyama desviou os olhos de cima dele, sempre lembrando-o de comer bem; como se tivesse modo de comer mal com ele cozinhando. Não se cansaria daquela parte nunca! Podia não gostar de nada na vida de Izumi, mas ter o amigo cuidando de si quase fazia todo o resto valer a pena.

 

Recebeu mais um monte de recomendações antes que o guitarrista voltasse para o trabalho no período da tarde e só então pode descansar, se jogando no sofá e ligando a televisão em um programa qualquer.

 

Ou era o que planejava fazer no restante do dia.

 

A campainha tocou poucas horas depois que Takeo saiu, quando começava a cochilar, fazendo Mikaru desejar que ela estragasse para acabar com aquele som estridente. Possivelmente era alguém conhecido, já que não ligaram da recepção do apartamento para avisar, mas mesmo que tivessem dito que estava em casa, ele não tinha a menor vontade de atender.

 

Ouviu o toque mais duas vezes antes de enfim se levantar do sofá, caminhando calmamente até a entrada, para então encontrar a supervisora da cafeteria do outro lado da porta.

 

— Miura? Ah… entra…

 

— Izumi-san, você está tão abatido! – a moça se aproximou alguns passos, pegando-o pela mão com cuidado – Encontrei Shiroyama-san perto do café e ele me disse que você estava doente. Espero que não se importe por ter vindo visitar sem avisar antes.

 

— Não… tudo bem…

 

Tudo bem? Tudo péssimo! Não tinha a menor ideia de como era a relação daqueles dois fora do ambiente de trabalho. Já os viu conversando por lá, mas não sabia que se encontravam fora. Contudo, se Takeo permitiu que ela fosse até ali, então eles costumavam manter aquele tipo de contato? Ou só depois da notícia é que a supervisora decidiu ir por conta própria? Teria que perguntar ao amigo para evitar futuras visitas indesejadas.

 

— Você está trabalhando muito esses dias. E depois com esse problema na cozinha, imagino que ficou abalado. – a moça o acompanhou para dentro do apartamento, se acomodando no sofá indicado – Eu fiquei pensando depois que tenho parte da culpa no que aconteceu… eu devia ter comentado durante a reunião.

 

Mikaru viu ali a chance de entender o motivo que levava todos os funcionários a repeli-lo tão fortemente. Nunca havia tratado ninguém mal para merecer aquilo. Uma simples demissão era o suficiente para causar tanto ódio?

 

— Por que não comentou? E aproveitando a oportunidade, parece que Mikaru também não estava passando muito bem esses dias. Takeo te contou? Você foi ou ainda vai visitá-lo como está fazendo por mim?

 

— Izumi-san… não dá. – Noriko se remexeu incomodada, escolhendo as palavras para expor melhor o que sentia perto do outro chefe – Eu sei que Kasunari-san está se esforçando para tentar se aproximar de nós, todo mundo notou na verdade, e ele realmente está sendo mais amigável, mas… não sei explicar direito. Ele tem a presença um pouco intimidante…

 

— Mesmo que ele não tenha altura ou físico para intimidar ninguém?

 

— Sim! – a moça riu um pouco mais a vontade, mas ainda desconfortável com o tema – Todos sabem que ele é dono de uma empresa de renome, imaginamos que ele trabalhou muito pra chegar onde está, mas isso também faz parecer algo de um mundo diferente do nosso. Eu não sei lidar com ele, não sei puxar assunto, não sei se ele gosta das mesmas coisas que pessoas comuns.

 

Ah, sim… ali estava aquela famosa conversa que levava a um único apelido que Izumi lhe deu um dia: alien. Era o que o consideravam. Algo de outro mundo, estranho e inalcançável.

 

— Sabe, Miura, até onde eu descobri, ele come e dorme igual qualquer outra pessoa. E, se não me engano, acho que já o vi saindo do banheiro também.

 

— Que maldade! Eu sei que ele faz as mesmas coisas que a gente. Não é que não gostamos ou desejamos o mal pra ele, só não conseguimos aproximar. Parece que tratando assim fica mais fácil, mantendo ele do outro lado do vidro.

 

— Como um animal em exposição? – agora ficava a dúvida. Mikaru podia dar uma brecha pra ela e todos os outros funcionários se aproximarem ou podia manter distância e evitar qualquer contato indesejado. A ideia de Izumi era aproximá-lo, mas era o que ele mesmo queria? Seria viável ou perderia autoridade? Talvez recebesse apoio em troca…

 

— Não! Seria algo como um… um nível acima. Isso! É como se ele estivesse olhando do alto.

 

— Você falou que não sabe se aproximar, mas já tentou ao menos cumprimentá-lo? Não precisa inventar assunto se não se sentir à vontade, mas ao menos um ‘bom dia’ não iria doer.

 

— E se ele não responder?

 

— Ele não parece mais amigável? Por que não tentar ser também? Cumprimente uma vez. Se ele responder, você pode repetir outras vezes, pode começar a se despedir ou tirar alguma dúvida do trabalho. Se ele ignorar, pelo menos não vai se arrepender por não ter tentado.

 

— Acha mesmo que eu devo fazer isso?

 

— Só se você quiser…

 

Mikaru jogou sua melhor carta na mesa e agora precisava esperar para saber se o resultado seria favorável. Izumi iria zombar e parabenizar, dizendo que agora estava avançando, mas ele também não tinha certeza se aquilo era o melhor a fazer e, assim como havia sugerido, não queria se arrepender por não ter tentado.

 

Katsuya ficaria orgulhoso dele, disso tinha certeza e era uma parte que o agradava saber.


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Notas finais do capítulo

Final do mês esse capítulo ia completar um ano... sim, tá pronto desde ano passado XDD *leva pedrada*

Não esqueçam de dizer o que acharam! Pode brigar com a autora por demorar, pode elogiar o personagem que mais gosta, pode shippar os casais trocados, a vontade!

Até a próxima!



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