Em seu lugar escrita por Aislyn


Capítulo 17
Abdução - parte II


Notas iniciais do capítulo

Meu bebê Katsu sendo sincero pra tentar trazer Mikaru de volta ao que ele era... se vai conseguir são outros 500...

Boa leitura! >3



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Katsuya ouviu o aviso de mensagem chegando no celular, pegando-o para ler e tomando o cuidado de não perder o ponto de ônibus que deveria descer. Como combinado, Takeo estava atualizando-o do progresso que teve, pois a partir daquele momento, qualquer novidade deveria ser compartilhada, por menor que fosse.

 

Izumi havia se negado a tocar piano e aquilo não tinha nada de pequeno. Pelo pouco que conhecia do amigo, ele amava tocar. Já o ouviu fazer uma apresentação e ele sabia o que estava fazendo e fazia bem. Se negar a tocar era algo preocupante. Contudo, deixaria para pensar naquilo mais tarde, porque agora era sua vez de tentar um avanço.

 

Usou a chave que ganhou de Mikaru para abrir o portão, entrando na casa silenciosamente. O curioso é que Mikaru sempre ouvia o portão sendo destrancado, exceto se estivesse nos fundos da casa, mas como ele costumava trabalhar na sala, era de se esperar que ouvisse e se preparasse para recebê-lo.

 

E o fato de estar surpreendendo-o com sua chegada com frequência, por mais bobo que fosse, também parecia ser algo a se contar para o guitarrista, mas queria algo mais significativo.

 

Retirou os sapatos na entrada, caminhando pelo corredor e parando ao chegar no batente da sala. Ele estava lá, como esperado, sentando no sofá e encarando o celular fixamente, beliscando o lábio enquanto parecia compenetrado pensando em algo.

 

— Oi… – Katsuya cumprimentou enquanto se aproximava, notando que o outro havia sido pego desprevenido. Receber um sorriso como cumprimento era estranho. Mikaru não sorria com tanta facilidade, por isso se esforçava para fazê-lo se divertir; para vê-lo sorrir somente para si. Era egoísta, mas gostava de pensar que só ele conseguia isso, um sorriso pequeno e sincero.

 

— Oi! Achei que ia tirar alguns dias pra estudar. – outro sorriso, dessa vez maior e o celular foi deixado de lado. Pelo visto não era tão importante, ou Mikaru teria pedido para esperar.

 

— É o que estou fazendo. Hoje vim em busca de conhecimento profissional. Tenho matéria de administração rural esse semestre e estou com dificuldade para fazer um trabalho. Se importa de ajudar? Se não estiver ocupado com seu serviço, claro. Eu posso esperar um pouco mais.

 

— Não, sem problemas. Eu já adiantei o que precisava fazer. Você pode deixar comigo e te entrego depois, tudo bem?

 

— Claro! – Katsuya abriu a mochila, vasculhando atrás do trabalho e entregando algumas folhas para o namorado, onde anotações já haviam sido feitas – Eu vou repassar a limpo, então pode escrever nele mesmo. Essas partes que marquei em vermelho que ficaram confusas. As questões que circulei eu já consegui fazer.

 

— Uhum… entendi. – Hayato olhou as folhas, lendo as questões por cima, sem ter muita noção do que se tratava. Já escutou Mikaru usando alguns dos termos contidos ali, outros sabia o que significava na prática, mas não sabia como repassar para um trabalho acadêmico – Precisa pra quando?

 

— Acha que consegue me entregar no fim de semana? É pra próxima quarta, então eu faria a versão final no domingo.

 

— Ok, acho que consigo.

 

Katsuya observou enquanto Mikaru repassava as folhas, virando de um lado para o outro, lendo baixinho as perguntas. Queria tanto pegar o celular e mandar uma mensagem para Takeo naquele instante. Aquele não era Mikaru! Tinha certeza! Aquele era o mesmo trabalho que ele o ajudou a fazer no semestre passado e havia levado no máximo duas horas para resolver tudo. Sem falar que, se fosse mesmo Mikaru ali, ele iria lembrar que já havia feito e perguntaria porque estava levando um trabalho repetido.

 

Agora queria testar a outra parte da sua ideia.

 

— Mikaru… se não for te incomodar muito, podemos falar sobre outro assunto?

 

— Claro. O que seria?

 

— Sobre nós dois… Notei que você está tentando ser mais flexível no nosso namoro, me chamando pra sair mais, foi conhecer meus amigos, conversamos bastante… mas não está se forçando demais a isso?

 

Hayato encarou o rapaz em silêncio, mas em sua cabeça um alvoroço começava. O que Mikaru diria? O que ele faria naquela situação? O problema é que, para começar, Mikaru não mudaria tanto em tão pouco tempo. Tanto ele quanto Takeo o aconselharam diversas vezes a mudar um pouco seu comportamento com relação ao namorado, mas Mikaru se negava a ser mais gentil, flexível ou carinhoso. Ele não conseguia lidar com aquilo ou se imaginar fazendo certas coisas. Seria muita ingenuidade sua achar que Katsuya não notaria a diferença.

 

— Você não está gostando? Izumi sempre reclama que tenho que ser mais carinhoso com você. Achei que fosse gostar de um pouco mais de atenção. – ou pelo menos era aquilo que Hayato esperava: ver o garoto feliz por ter um namorado atencioso.

 

— Pra falar a verdade, não estou. – Katsuya confessou sem rodeios. Talvez aquilo magoasse o namorado, mas sinceridade fazia bem para uma relação. Não devia mentir – Normalmente eu falo com Izumi pra buscar conselhos sobre como agir em algumas situações… bom, talvez eu esteja errado, mas não lembro de falar que queria que você mudasse. Eu ficaria feliz só de saber que você gosta de mim e te ouvir dizer isso algumas vezes. Não precisa provar com algo tão grande como sair para um passeio que odeia. Eu sei que você prefere ficar quieto em casa e eu também gosto disso.

 

Hayato novamente ficou sem reação e um pouco envergonhado. Parece que as coisas davam certo entre os dois, do jeito deles. Podia parecer distorcido de fora, com Mikaru sendo evasivo e o garoto submisso, mas descobriu que não era assim que funcionava. Katsuya estava mostrando que não aceitava tudo sem revidar. Aceitava se estivesse de acordo, caso contrário, como naquele momento, estava expondo que não gostava.

 

Passou tanto tempo tentando ajudar aqueles dois, querendo que eles mudassem o modo de agir para parecem um casal, mas agora estava feliz, porque eles eram, do jeito único deles. Os dois tiveram sorte de encontrar alguém que se adaptasse a eles, que os completasse.

 

Queria tanto ter um gravador para registrar aquele momento! Mikaru precisava ouvir aquilo!

 

— Você pode achar isso estranho, mas eu gosto de como você era antes. Não o nosso começo, porque você ficava me evitando e achando que eu ia desistir, mas quando a gente passou a se entender melhor. Quando você vai lá pra casa ou eu venho pra cá, mesmo que a gente tenha trabalho a fazer, mesmo que seja só pra ficar por perto ou pra você brigar porque faço barulho enquanto estudo… – Katsuya comentou com um sorriso bobo, saudoso com as recordações – E agora você está mais tranquilo, sorri mais, foi comigo em programas que antes negava, mas ao mesmo tempo tenho a impressão que está distante.

 

— Ou de que não sou eu mesmo? – Hayato sorriu de canto, recebendo um aceno afirmativo. Mikaru comentou que Takeo estava desconfiado, mas Katsuya não era bobo. Ele também havia notado que algo estava diferente. Pelo visto, quando o assunto era o namorado, ele prestava atenção.

 

— Bom… sim. Parece que não é você. É seu corpo, mas não é sua cabeça, seu jeito de ser. Eu queria que as coisas voltassem a ser como eram antes. Não quero que se force a mudar, a não ser que isso seja algo que você quer, mas não pra me agradar. Eu comecei a namorar com você sendo assim porque eu gosto de você assim.

 

Se Katsuya soubesse o quanto ele gostaria de voltar a ser ele mesmo… a vontade chegava a ser desesperadora.

 

Havia aprendido muito sendo Mikaru durante aqueles dias, como os outros o viam no serviço, tudo que ele aguentava e ouvia pelas costas, como Takeo agia com ele, brincando mas nunca dando margem a segundas intenções, como Katsuya se sentia em relação ao namoro deles… Hayato sabia que estava errado em muitos aspectos, mas não teria visto isso de outra forma que não fosse se colocando na pele dele.

 

Levou a mão à cabeça, sentindo uma pontada de dor que o fez perder a consciência por um instante, como se tudo sumisse a sua volta. Conseguiu se ver em sua casa, caminhando para fora da sala e Takeo parecia seguir à sua frente. Estendeu a mão para tocá-lo, mas novamente a imagem começou a se desfazer e o guitarrista se afastou, sem notar seu chamado.

 

— Mikaru! Mikaru!

 

Hayato piscou lentamente, a imagem entrando em foco, com olhos preocupados fixos em sua direção.

 

— Acordou… Está me ouvindo?

 

— Sim… – sentou-se com dificuldade, notando que escorregou para o chão, mas Katsuya havia amparado sua queda.

 

— O que está sentindo? Ficou trabalhando até tarde? Está se alimentando bem?

 

— Foi… uma dor de cabeça… só isso…

 

— Mikaru, nunca é ‘só isso’! Você sabe que precisa se cuidar!

 

Mikaru? Ele não era… Olhou para baixo, notando que Katsuya segurava sua mão na dele. Era a sua, pois sentia o toque, mas a aparência… Dedos longos e finos, que podiam pertencer a um pianista, mas ele não tinha a pele tão pálida e nem dedos tão longos e delicados daquela forma.

 

— Mikaru, está passando mal?

 

Hayato ergueu novamente o olhar, notando que Katsuya falava com ele, só então a lembrança da troca voltando à mente. O que havia sido aquilo? Havia voltando ao normal por um instante, não é?


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Notas finais do capítulo

Continua...



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