Em seu lugar escrita por Aislyn
Notas iniciais do capítulo
Quase 3 meses depois... '-'
Minhas notas no capítulo passado foram ignoradas, ou os fantasmas não aprenderam a psicografar -q
Aí tem que continuar pelos poucos que ainda acompanham (ou não...).
Boa leitura!
Depois de toda a correria na cafeteria, além dos momentos de tensão em casa com a investida de Katsuya, Hayato decidiu tirar o restante da tarde e o dia seguinte para descansar, só saindo para ir à cafeteria acompanhar o começo da reforma. Fazia muito tempo que não deitava para dormir sem hora de levantar, mas por esses tempos não estava conseguindo aproveitar o sono. A cama de Mikaru era confortável, mas não era a sua. Não tinha o namorado do lado para dormir abraçado e os travesseiros extras nunca poderiam ocupar aquela vaga.
Com as forças renovadas e a cabeça fresca e no lugar, Hayato começou a se incomodar com o silêncio. Katsuya não havia ligado ou mandado mensagem, coisa que fazia todos os dias, às vezes até mais de uma vez ao dia, e Mikaru também não havia entrado em contato. Não devia ter acontecido nada sério, caso contrário teria sido avisado, por outro lado, sabia que ninguém gostava de incomodar Mikaru a não ser que fosse realmente necessário.
Pegou o celular do empresário e discou para o próprio número, se acomodando no sofá enquanto esperava ser atendido, bem lá no fundo torcendo para Takeo atender novamente a ligação.
— O que você quer?
— Se fosse o Katsuya ele teria percebido que não sou eu. Isso é jeito de atender o telefone, Mikaru?
— Ele te liga essa hora da manhã e do meu celular? Além do mais esse é o horário que ele está trabalhando.
— Que azedo… Ele não me liga, mesmo porque eu também estaria na cafeteria. Mas poderia ser outra pessoa ligando.
— Eu sei olhar o nome no visor.— Mikaru apontou o óbvio de má vontade – Aparece um ‘Loiro Aguado’ na tela. Sem falar que você não recebe muitas ligações, então só estou ignorando todas.
— Desculpe por isso. Eu devia ter trocado o nome, mas sempre me esqueço. E você também não recebesse muitas ligações… Imaginei que o pessoal da sua empresa não te desse sossego.
— O celular corporativo está desligado, caso contrário você já estaria louco. Eu sempre desligo quando saio de lá, e como trocamos durante a noite, você não o ligou novamente.
— Ah… bom saber. E como andam as coisas por aí?
— Tranquilas, na medida do possível. Shiro parece chateado comigo. Ele tentou me pressionar pra tirar respostas. Achou estranho a situação que nos viu no café. Tive que mentir pra ele.
— Mas não brigaram, não é? Acha que dá pra concertar?
— Sim, acredito que sim. Talvez você consiga mais facilmente quando voltar. Ele não gostou de saber que nós dois fizemos uma aposta. E aproveitando, se ele perguntar, confirme essa história, não precisa dar detalhes. Só fizemos.
— Entendi. E já que estamos falando dos namorados, Katsuya não é fácil, hein!
— Em que sentido?
— Quando eu cheguei em casa, ele me abordou todo preocupado pra saber como eu estava, comprou o almoço pra gente e quando a situação acalmou, ele me abraçou por trás, insinuando que estávamos sozinhos.
— Ele o que? E aquela história de cada um em um canto do sofá?! Eu te avisei pra não baixar a guarda! Achei que estivesse mantendo a distância!
— Eu estava! Estou! Por isso disse que ele não é fácil! Achei que ele fosse mais comportado, mas veio com sussurros pra cima de mim e…
— Izumi, fique longe dele!
Hayato arregalou os olhos mas depois tentou conter o riso, pois não esperava aquele tipo de reação de Mikaru. Pelo menos tinha comprovado que ele gostava mesmo de Katsuya.
— Eu estou tentando. Vou me esforçar mais de agora em diante! E vo-
— Droga, Shiro chegou.— e desligou sem se despedir.
* * *
Mikaru jogou o celular de lado, pegando a revista que antes estava no colo, começando a ler uma notícia qualquer. Por pouco não continuou a conversa, correndo o risco de deixar Takeo ouvir o que falavam. Não escutou quando ele abriu a porta, mas por sorte estava atento e conseguiu ver a sombra de uma movimentação na entrada.
— Cheguei! Como foi a manhã? – Takeo se jogou no sofá ao lado do namorado, pegando-lhe a mão e encarando-o com um sorriso. Talvez a história de abdução não fosse tão absurda assim. Conseguiu ouvi-lo brigando quando adentrou o apartamento e, pior, gritando o próprio nome no processo. Alguma coisa estava mesmo errada.
— Foi tranquila. Nada de mais. – Mikaru tentou sorrir de volta, mas estava se forçando tanto ultimamente, que sentia as bochechas doendo. Não aguentava mais aquela rotina – E você? Como foi o trabalho?
— Foi bom. Ah, aproveitando o momento! Pode me ajudar com um arranjo?
— Arranjo? Acredito que sim.
— Ótimo! Vem comigo! – Takeo levantou num pulo, puxando o namorado junto no processo, arrastando-o até a sala de música que haviam improvisado em casa – Uma amiga da escola vai tocar numa apresentação, mas está achando um trecho meio confuso e errando muito. Ela sabe que você também toca piano e me perguntou se não podia ajudar. O que acha?
— Ah… agora? – oh, merda! Era daquele tipo de arranjo que ele estava falando?! Não aprendeu a tocar nem flauta quando estava no fundamental e era o instrumento básico que pediam nas aulas de música! Não por falta de interesse, mas por já ter problemas respiratórios. Estava bem encrencado.
— Ia fazer alguma outra coisa? – Takeo encarou-o pedinte e cheio de expectativa, mas Mikaru sabia que não podia ceder. Na verdade não podia tocar!
— Não, mas é que está desafinado. Não toquei por esses dias, a cafeteria estava tomando tempo… talvez precise praticar um pouco antes…
— Você está sendo modesto! Mas afiná-lo seria bom. Então mais tarde? Depois do jantar?
— Ah, sim! Claro! Acho que está pronto até lá. – se dependesse dele, até mais tarde teria uma desculpa melhor – Não tem mais aulas hoje?
— Só mais uma, mas ainda tenho tempo e como é perto, resolvi vir revisar um material. – Takeo pegou o celular, conferindo as horas e digitando algo rapidamente, devolvendo o aparelho ao bolso – A aluna já confirmou por mensagem.
Mikaru sorriu sem graça, apenas acenando e concordando para os comentários. Fingiu estar mexendo no piano por um instante, como se fosse mesmo começar a afiná-lo, torcendo para que Takeo não demorasse a sair e, quando aconteceu, voltou apressado para a sala para ligar para Izumi.
— Oi, Takeo já saiu? Quanto ao Katsu, eu-
— Ele quer que eu toque piano!
— Droga…— aquela simples afirmação explicava muita coisa. Mikaru estava muito ferrado e ele também.
— O que eu faço? Pensei em arrebentar algumas cordas e-
— Não! — Hayato gritou desesperado, lamentando o estado em que encontraria seu instrumento – Faça qualquer outra coisa, mas fique longe do meu piano!
— Que outra coisa? Shiro quer que eu toque hoje à noite! Disse que é pra ajudar uma colega de trabalho ou algo assim.
— Isso! Use isso de desculpa, reclame com ele, finja que está com ciúmes dessa colega!
— Mas eu não estou! Só quero tirar meu pescoço da forca! Se fosse para discutir por algo assim eu deveria ter feito quando ele deu a notícia.
— Droga… verdade… — Hayato beliscou o lábio, andando de um lado para o outro – Vejamos… diga que isso o incomodou a tarde toda e só agora achou melhor falar a respeito, para não atrapalhar o serviço dele. O que acha?
— E se ele não cair na conversa e não brigar? Ele pode confirmar que a moça é casada ou sei lá, e não dar corda pra discussão. Se eu estragar o pia-
— Não!
— Eu te compro um novo depois!
— Eu disse não! Se tem um pingo de consideração pelo seu relacionamento com o Katsuya e pela amizade com o Takeo, você não vai por as mãos no meu piano!
Mikaru não sabia até onde podia levar aquela ameaça à sério, mas prezava muito a amizade com Takeo e também gostava do namorado, mais do que se permitia assumir.
— Eu vou contar a verdade pro Shiro…
— Junai!
— O que?
— Junai, o meu gato. Você disse que ele te estranhou da outra vez que se aproximou. Brinque com ele de novo quando Takeo estiver por perto. Mas não o machuque, entendeu?
— Ele vai acabar comigo!
— Você só precisa ganhar uns arranhões nas mãos.
— Tem noção do quanto isso dói?
— É isso ou aprender a tocar. Quer que eu vá te dar uma aula?
— Por que não contar a verdade? Shiro está desconfiado de algo…
— Pensei que tivesse vergonha de estar no meu lugar. Vamos tentar não contar, por enquanto. Assim não precisa se expor.
— … ok, obrigado. – Mikaru agradeceu a contragosto, mas realmente não queria que o vissem daquela forma.
Estar no lugar de alguém que não gostava, onde poderiam zombar e rir de si era deprimente e vergonhoso. Queria evitar, se fosse possível e estava conseguindo até agora, então por que não tentar mais um pouco? Seria doloroso, poderia se machucar a sério e deixar o gato bastante irritado consigo, mas era isso ou tocar. Contar a verdade não era uma opção.
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Continua...