Em seu lugar escrita por Aislyn


Capítulo 15
Planos mirabolantes


Notas iniciais do capítulo

Capítulo em dose dupla hoje!!! E esse está enorme!

Pra quem ler e pensar sobre a situação do Takeo e Katsu não notarem as coisas com os namorados, levem em conta que um é aquariano, cheio das ideias viajadas e o outro é pisciano, vive no mundo da lua (louca dos signos, oi). Então junta os dois e a conversa está se passando em outra dimensão, literalmente, eu acho…



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Mikaru evitou Takeo durante o restante do dia anterior, ainda incomodado por estar mentindo para o amigo, e fingiu dormir até tarde naquela manhã para dar-lhe tempo de sair para a aula e não ter que voltar no assunto. Infelizmente, a aula não era tão cedo quanto desejou, vendo-se obrigado a levantar, pois não aguentava mais rolar de um lado a outro do colchão.

 

— Bom dia… – Mikaru murmurou o cumprimento quando o encontrou vindo em sua direção pelo corredor, recebendo a resposta de forma animada, junto com um cafuné.

 

Uma pessoa de fora podia dizer que as coisas estavam bem, mas Mikaru estava ressabiado. Conhecia o amigo e sabia que ele era bom em esconder o que realmente pensava. Só esperava que o erro não fosse irreparável.

 

Mesmo estando incomodado, Takeo havia dito que não ia pressionar. Queria saber o motivo da mentira e o que realmente estava acontecendo, mas faria aquilo de outra forma, apesar de ainda não saber qual.

 

Gritou uma despedida para o namorado enquanto calçava os coturnos, dizendo que ficaria fora a maior parte do dia, quase tropeçando em Katsuya quando saiu à porta.

 

— Ah, bom dia. Vocês estão de saída? – o rapaz afastou um passo, sempre incerto em como lidar com Takeo.

 

— Eu estou indo trabalhar. Veio falar com o Hayato?

 

— Sim… se importa?

 

Não é que Takeo se importava, mas não gostava daquela dependência que o rapaz tinha do seu namorado, mas não podia fazer muito quanto àquilo, eram amigos também, afinal de contas.

 

— Vai lá, ele deve estar tomando café. – Takeo lhe deu passagem, contornando-o para sair, mas deu meia-volta e o segurou pelo braço antes que entrasse – Espera… talvez você possa me ajudar. Achou o Hayato estranho ultimamente?

 

— Ele também?

 

— Também? Está falando do Mikaru? – Takeo começou a pensar na situação de outra forma, mas ainda faltava alguma coisa. Recebeu um aceno de confirmação de Katsuya e decidiu que ele o ajudaria a bolar um plano – O que vai fazer depois que sair daqui?

 

— Vou passar na faculdade e estudar um pouco, pegar alguns livros…

 

— Tem um tempo livre depois disso? Preciso trocar umas ideias com você. – Takeo recebeu outro aceno, já imaginando o que podia fazer – Eu te ligo assim que sair da aula e vamos almoçar juntos. Te pego na entrada do Parque Ueno, tudo bem?

 

— Ah… claro. Tudo bem.

 

— Beleza. Não conte ao Hayato sobre o que combinamos, ok?! E tente observá-lo enquanto conversam, veja se consegue notar algum detalhe diferente. Isso vai ser importante!

 

Katsuya ficou encarando-o enquanto ele acenava e corria para chegar ao elevador, pensando o que poderia sair daquele encontro. Nunca ficaram sozinhos por mais do que alguns minutos e agora teriam um almoço todo pela frente. Não sabia bem o porquê, mas estava com receio.

 

Era melhor não pensar naquilo. Por outro lado, nem sabia que Takeo tinha seu telefone ou que conhecia o local onde estudava. Possivelmente informações passadas por Mikaru, mas era estranho se imaginar conversando com o outro homem.

 

Realmente não queria pensar naquilo no momento.

 

— Izumi-san? – Katsuya adentrou o apartamento, caminhando para a cozinha, onde Takeo informou que o encontraria tomando café – Oi! Encontrei com Takeo-san de saída e ele disse que eu podia entrar.

 

— Acordou cedo pra alguém que está de folga. – Mikaru pegou uma xícara no armário, servindo chá para o rapaz. Nem acreditava que precisaria fingir ser Hayato tão cedo. Pensou que teria um momento de descanso depois que Shiroyama saísse, mas estava enganado.

 

— Eu pensei em passar na faculdade e como era caminho, vim conversar um pouco. Ou tem algum compromisso?

 

— Não, tudo bem. Eu ia ficar em casa mesmo. Você queria tratar de algo importante comigo?

 

— Bom… mais ou menos… Takeo-san já mudou alguma vez, alguma atitude pra melhor, mas que você não gostou?

 

— Uma mudança boa mas que achei ruim? Isso é possível? – Mikaru não tinha a menor ideia de onde o namorado queria chegar e nem porque estava usando Takeo como exemplo. Os dois nem eram amigos!

 

— Eu também achei estranho quando pensei, mas anda fazendo sentido.

 

— Do que exatamente está falando?

 

— Mikaru. – disse o nome como se ele explicasse tudo, mas apenas causou um arrepio no homem à sua frente – Ele está… estranho, mas não de um jeito ruim, conversando e sorrindo mais, me chama pra sair e aceita os passeios que eu recomendo… Ele parece tão tranquilo ultimamente, como se fosse necessário um grande esforço para tirá-lo do sério. Também está empenhado em se aproximar do pessoal no café. Achei que Mikaru nem se importasse com eles.

 

— Realmente, isso parece uma grande mudança. – Mikaru bebericou o chá, tentando disfarçar seu interesse naquela conversa – Não está feliz por ele estar sendo mais gentil com você? Não queria que ele fosse um namorado carinhoso?

 

— Sim, claro! São boas mudanças, mas…

 

— Mas?

 

— Sinto falta de como ele era antes. – Katsuya confessou com relutância, mas aliviado por colocar pra fora – O olhar sério e responsável, as reclamações porque eu fazia barulho enquanto ele tentava trabalhar, nossos momentos tranquilos em casa. Não estou reclamando de sair nem nada, mas eu sei que ele é mais quieto e prefere um programa caseiro e eu gosto disso também. Até o jeito pessimista dele eu sinto falta… me traz pra realidade e me faz parar de imaginar coisas distantes, me incentiva a correr atrás do que eu quero e do que pode ser melhor pra mim.

 

— Hm… interessante. Todo mundo que conheço que é próximo dele sempre sugere que ele mude e seja mais maleável, e aqui está você, preferindo o cara sem educação e sem coração.

 

— Mikaru não é assim! Ele pode ser um pouco mal humorado, mas sempre foi educado e demonstra o que sente do jeito dele.

 

— E você disse isso pra ele? Que sente falta de como ele era antes? Isso pode deixá-lo feliz, saber que alguém o aceita, mesmo com tantos defeitos visíveis.

 

— Só quem não o conhece é que talvez possa sugerir isso. Eu acho que as qualidades estão bem à vista, pra quem quiser ver. Ele é um homem inteligente, trabalhador, sincero. Talvez falar o que pensa seja considerado um defeito, mas eu prefiro isso à mentira.

 

— Entendi. Talvez você ache isso difícil, mas fale pra ele o que sente e pensa a respeito. Fale sempre que achar que a confiança dele está abalada ou se ele disser que não é bom pra você. Mostre que os outros estão errados. Tenho certeza que ele vai ficar feliz. – porque ele estava. E muito! Saber que Katsuya gostava de si, exatamente como era, com defeitos e qualidades, nos dias bons e ruins, era bem mais do que podia pedir ou imaginar. Aquele garoto era incrível!

 

* * *

 

Quando o telefone tocou instantes atrás, Katsuya pensou seriamente em não atender. O que teriam para conversar? Falar sobre os namorados seria estranho. Ele costumava fazer isso com Izumi, mas com Takeo?! Nunca se imaginou tendo esse tipo de conversa, contudo, acabou por atender. A contragosto, confirmou o encontro em frente ao parque, guardando os livros na mochila e caminhando para a saída da universidade.

 

Takeo havia comentado mais cedo à respeito do comportamento de Hayato e não negava que alguma coisa estava diferente. Não que o observasse ou o conhecesse bem o suficiente para apontar aquilo com toda certeza, mas conhecia Mikaru e ele estava mudado.

 

Além do mais, se ajudasse Takeo sobre o assunto que conversariam no almoço, talvez aquela distância entre os dois sumisse e eles começassem a se entender melhor.

 

Reconheceu-o quando estacionou a moto poucos metros à frente, caminhando na direção dele com um pouco mais de confiança.

 

— Notou alguma coisa estranha mais cedo? – Takeo estendeu a mão para cumprimentá-lo, acenando com a cabeça para o outro lado da rua – Vem, tem um restaurante bem legal ali na frente.

 

— Ah… não sei ao certo. Izumi-san mudou as roupas, cabelo, mas não sei se é só isso. Pode me explicar melhor por que está te incomodando?

 

— Hayato veio com uma história ontem sobre aposta com Mikaru. Ele te falou algo a respeito?

 

— Aposta? Não, não me falou nada… Ontem ele chegou cansado, mas muito tranquilo depois da correria no café. Achei que ele ia ficar estressado e ameaçar mandar todo mundo embora por não terem avisado antes.

 

— Hmm… e Mikaru calmo é algo fora do normal. – Takeo abriu a porta do restaurante, deixando que o rapaz fosse à frente e escolhesse a mesa – Hayato anda bem arredio. Ele é tranquilo na maior parte do tempo, mas também é animado, conversamos bastante e fazemos praticamente tudo juntos, só que ele anda quieto, mais sério. Sem falar que está fugindo dos meus toques e isso está me deixando quase mais frustrado que todo o resto.

 

— Precisa aprender a deixar as mãos longe dele um pouco. – Katsuya riu divertido, mas havia passado pelo mesmo problema no dia anterior. Entendia a sensação.

 

— O problema é que quando eu não coloco, ele vem atrás. – Takeo ficou indignado com o comentário. Como assim aquele garoto o mandava se afastar do próprio namorado? – Quando ele está concentrado no trabalho, eu vou conferir o motivo do silêncio e quando eu fico quieto demais, ele vem saber o que aconteceu.

 

— Vocês tem uma sintonia boa… – Katsuya puxou a cadeira próxima à janela, olhando para fora antes de voltar a atenção para o guitarrista – Mikaru também correu de mim ontem. Eu sei que não posso me jogar em cima dele ou vai se assustar, mas eu o abracei pedindo um beijo e ele travou.

 

— O que você fez?

 

— Depois disso me afastei, dando espaço pra ele ver que eu não faria nada. Não foi a primeira vez que cheguei e o cumprimentei daquela forma, mas ele sempre corresponde. O estranho é que depois ele correu pro quarto e se trancou lá um bom tempo e quando voltou estava usando as roupas que Izumi-san deu pra ele alguns anos atrás no Natal.

 

— Os coqueiros? – Takeo encarou-o incrédulo, tentando conter um sorriso de canto. Aquilo estava ficando divertido – Eu não acredito… Mikaru odiou aquela roupa! Acredito que Hayato escolheu só pra zombar dele e por não saber o que iria agradar.

 

— Eu tive que me segurar um bom tempo pra não rir perto dele. Ficou bizarro! Ele só anda de terno, sempre se veste bem e me aparece com bermuda e camiseta… Acredita em abdução?

 

— Estou começando a achar plausível. – Shiroyama pegou o cardápio, escolhendo um prato e fazendo o pedido, aguardando Katsuya fazer o dele antes de voltarem ao assunto – E tem a questão do Mikaru ir pra cafeteria todos os dias, deixando a empresa de lado. Ele sempre foi viciado em trabalho, sempre conseguiu levar os dois projetos ao mesmo tempo. Não sei que problema é esse que inventaram pra resolver. Eu deveria ser comunicado também se fosse algo sério.

 

— Ele também não comentou comigo a respeito…

 

— O que temos até agora: Mikaru tranquilo, bem humorado, lidando com funcionários, indo pro café todos os dias, vestindo roupas não-usuais… – Takeo começou a enumerar nos dedos, tendo a certeza de notar tudo que estava fora do lugar.

 

— Ah, e dormindo feito uma pedra. – Katsuya acrescentou um instante depois.

 

— Ele ainda tem pesadelos? Eu sabia que ele tinha na adolescência, mas não que continuava…

 

— Tinha. Nessas últimas noites que passei com ele, está dormindo bem pesado.

 

— Certo. Agora quanto ao Hayato: loiro, vestindo o mesmo padrão de roupas, mais sério, calado, fugindo de mim, acordando extremamente cedo…

 

— Tem o modo dos dois falarem. – interrompeu Katsuya, recebendo um olhar curioso – Não é que Izumi-san use gírias ou fale errado, mas o modo dele conversar é diferente do Mikaru, ele é mais…

 

— Mikaru é mais culto. Teve uma preparação diferente pro trabalho, lida com pessoas de classes diferentes e Hayato é mais informal, por assim dizer. Aprendeu a lidar com fãs de todos os tipos, tem um modo diferente de dar atenção.

 

— Não acha que eles estão com as personalidades trocadas? Será que não é disso que trata a aposta?

 

— Estou começando a achar a história da abdução mais sensata. – Takeo forçou uma risada, tentando esconder o nervosismo – Com ou sem aposta, acha que conseguiriam fingir por tanto tempo? O que ganhariam com isso? Pior, acha que Mikaru ia aceitar algum tipo de jogo com o Hayato? Ah, e não te contei da massagem! Mikaru estava fazendo massagem no Hayato! O que acha disso?

 

— Ele nunca fez massagem em mim… – Katsuya confessou com pesar, gostando da ideia mas preferindo que fosse praticada consigo.

 

— Ownn pobrezinho! Quer que eu faça em você pra dar o troco? – Takeo sorriu de canto, rindo mais ao receber um olhar incrédulo de volta, sabendo que tinha deixado-o envergonhado.

 

— Não! Por que você faz isso?

 

— Porque é divertido. – Shiroyama deu de ombros, rindo com a situação – E descobri agora que você é um alvo fácil. O que significa que vou fazer de novo.

 

— Não vai não.

 

— É? Por que acha que não? Além do mais você é bonitinho…

 

— Você e Izumi-san brigam muito por conta dessas brincadeiras. – Katsuya retrucou amuado, agradecendo pela comida chegar.

 

— Hm… verdade… – Takeo esperou o atendente sair, notando o olhar de alívio no rosto de Katsuya, como se o almoço fosse ocupá-lo o suficiente para cortar a brincadeira – Então se eu estiver falando a sério não tem problema?

 

— Claro que tem!

 

— Prefere ficar por cima ou por baixo?

 

— Takeo-san! Pare com isso!

 

O guitarrista precisou conter uma risada mais alta, desviando o olhar enquanto respirava fundo e tentava se recompor. Katsuya, por sua vez, estava vermelho de vergonha, olhando para qualquer lugar, menos para o homem à sua frente. Maldita hora em que aceitou aquele almoço!

 

— Tudo bem… mas só porque temos algo sério pra resolver. Suponhamos que você esteja certo e eles estão com as personalidades trocadas. Como isso aconteceu e como desfazer? Ou você acredita nisso de aposta e que estão fingindo?

 

— Realmente seria complicado fingirem por tanto tempo… e não faço a menor ideia de como aconteceu… mas espero que tenha como reverter. Não seria melhor confirmarmos antes? Se trocaram mesmo ou estão só fingindo?

 

— Como vamos confirmar? Porque eu tentei pressionar o Hayato e só consegui essa história de aposta, que é mentira. Como vamos fazer eles confessarem? – Takeo não queria pressionar pois tinha medo de atiçar a paranóia do namorado e deixá-lo mal no processo, mas se quem estava com ele não era o Hayato verdadeiro, talvez precisasse de outra abordagem.

 

— Perguntar algo que só um deles sabe responder? Izumi-san não conhece do trabalho do Mikaru, não é?

 

— Até que você é esperto! E tem o piano! Hayato sabe tocar, Mikaru não.

 

— E cantar! Esses dias cheguei na casa do Mikaru e ele estava cantarolando. Foi terrível…

 

— Isso já conta como uma prova. E se nada der certo, posso testar outro planos…

 

— Quais? – Katsuya encarou-o preocupado, com medo do que poderia sair dali.

 

— Vai saber quando chegar a hora. Se importa se eu fizer uma brincadeira com o Mikaru?

 

— … desde que não seja nada pesado demais… – Katsuya concordou com um aceno, mas talvez devesse ter pensado melhor, visto o sorriso maldoso que Takeo lhe dirigiu – Não faça nada que vá magoá-lo, por favor.

 

— Não se preocupe. Eu sei até onde posso ir com ele…


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Notas finais do capítulo

Continua...



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