O Labirinto escrita por Bia de asa


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Oi, pessoas que leem minha história. Leitores fantasmas também contam rsrs.



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            Nem percebi que tinha caído no sono. Acordei com a palma da minha mão ardendo. O labirinto estava muito quente.

            De dia, pensei. Estávamos no... Terceiro dia? Nem sabia mais. Esfreguei os olhos para desembaçar minha visão. Foquei meus quatro amigos. Eles estavam... Acordados!

            — Julia! — gritei. Ela me olhou triste. — Tudo bem com você?

            Eu a abracei, mas ela nem se mexeu.

            — Por que você está tão feliz? — ela perguntou.

            — Vocês estão bem? — eu perguntei. Henrico deu um suspiro. Seus olhos estavam inchados como se tivesse chorado a noite toda.

            — Henrico? — Fui até ele. — Castiel? — Olhei para Castiel.

            — Annie. — Pelo menos Castiel parecia mais vivo.

            Aiko ainda estava deitado no chão, roncando.

            — Você desistiu de morrer? — Sentei perto de Castiel e toquei seu braço.

            — Morrer — ele murmurou. — Pra quê se já me sinto morto?

            Eu sorri. Pelo menos agora ele estava falando mais palavras e não só “morte”.

            — O que aconteceu? — Henrico perguntou se levantando. — Parece que alguém me colocou no micro-ondas em potência máxima.

            Eu suspirei aliviada. Eles tinham voltado a falar.

            — E por que tem um fio amarrado na minha mão? — Julia quis saber.

            — Ah. — Tinha até esquecido que os tinha amarrado. Era para vocês não se perderem de mim.

            — Pensei que estava sendo usada como burro de carga.

            — Mas vocês se sentem melhor agora? — eu perguntei de novo.

            — Melhor? — Aiko se despertou e se arrastou até Julia. — Se isso é estar melhor, imagine estar pior.

            — Você acordou! — Julia exclamou e o abraçou.

            A boa notícia era que estávamos vivos. A ruim era que ainda estávamos no Labirinto. E mais uma vez todos fizeram silêncio e me encararam. Sim, eu ainda era a Cabeça e eles queriam um brilhante plano de fuga.

                        Estávamos longe de qualquer ajuda então se morrêssemos em um corredor qualquer, nunca seríamos encontrados. Não tínhamos suprimentos e estávamos cansados física e mentalmente. Concluindo, já estávamos meio mortos.

            Mas e daí, eu pensei. Ainda vem coisa pior.

            E foi assim que eu me animei.

            — Companheiros — falei com a voz firme ao me levantar e formando a fila de sempre. — Vamos em frente. Eu tenho um plano.

+++

Aí você deve estar pensando: Caramba, a Annie é demais! Ela sempre tem um plano superhipermegaultrapower perfeito mesmo nas situações mais difíceis! É... Não. Definitivamente não. Eu não tinha a bosta do plano, mas era incrível como a feição dos meus amigos mudava radicalmente quando eu dizia que tinha um. Seus olhos brilhavam de esperança.

            O ruim era que eles realmente confiavam em mim. Mas eu não. Então eu os conduzi caminhando sempre reto — até porque o corredor só tinha essa direção, o que eu poderia fazer? Foi mais uma hora cansativa sem chegar a lugar algum.

            — Desisto! — anunciou Aiko. — Eu estou cansado, com fome e...

             Ele hesitou.

            — E? — estimulou Henrico.

            — Eu quero fazer xixi!

            — Ah, não! Segura aí!

            — Segurar até quando? E se eu quiser fazer cocô?

            — Ahh! Que merda! — eu gritei irritada.

            — Eu não quero fazer cocô — Aiko choramingou. — Só xixi, mas e se depois...

            — Querem saber? Eu cansei!

            Eu, sinceramente, havia cansado de fato. Joguei minha mochila no chão e desatei a chorar. Estávamos mesmo na Encruzilhada da Angústia porque meu coração não batia mais e sim latejava. Caí de joelhos no chão como uma condenada. Meus cabelos vermelhos caíram em meus olhos. Deveria estar com uma aparência horrível.

            Senti alguém me levantar pela cintura. Era Castiel. Ele me fitou com a testa franzida. Apertou meus braços e seus olhos estavam mortíferos. Ele me assustou.

            — Não é você! — ele falou com raiva. — Minha Annie nunca desiste! A Annie que eu conheci há anos estaria fazendo piada agora, estaria ironizando a situação, seria nossa líder! — ele terminou gritando.

            Castiel me sacudiu violentamente.

            — Castiel! — Henrico o chamou. — Deixe-a em paz. Todos nós temos o direito de ficar triste!

            — É isso o que você pensa, perdedor? Mas ela não! Ela não pode se entristecer!

            — Castiel — sussurrei com a voz embargada. — Me solte.

            Seus olhos se aprofundaram nos meus e suas foram me soltando aos poucos. Henrico, Aiko e Julia deveriam estar vendo um Castiel raivoso e descontrolado, mas eu via meu amigo me olhando com preocupação. Ele era de poucas palavras, às vezes sem humor, mas era o que mais me conhecia. Ele definitivamente sabia quando eu não estava bem. E, naquele momento, eu estava péssima.

            Abracei Castiel e escondi meu rosto com vergonha por estar chorando. Podia ouvir as batidas do seu coração aceleradas assim como as minhas.

            Eu tinha fome, eu tinha sede, eu tinha dor de cabeça e tinha Angústia.

            Mas também tinha meus amigos; tinha Castiel afagando meus cabelos. E, no fundo, eu tinha uma pequena quantidade de esperança.


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Notas finais do capítulo

Teorias sobre o Labirinto? Quero ver qual ideia se aproxima mais.



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