O Labirinto escrita por Bia de asa
Notas iniciais do capítulo
Demorei para postar, desculpem-me, mas, incrivelmente eu esqueci que faltava atualizar essa história rsrsrs...
Demos a volta na escola para pegarmos a rua de trás. Eu ia na frente e meus amigos me seguiam. Não sei por que, mas sempre era considerada a líder. Eu nunca cobicei a liderança, mas parecia que ela me seguia.
— Annie, espere! — Ouvi a voz de Henrico atrás de mim. O lado ruim de liderar uma caminhada é não ter olhos na costa para ver o que acontece atrás. Virei-me.
— O que foi? — perguntei.
— É, por que paramos? — Julia também perguntou.
— Ali. — Henrico apontou para a escola que estava do outro lado da rua.
— É, eu também vejo! — Castiel falou com empolgação.
— Ou vocês estão doentes, ou eu estou cega — eu disse ainda tentando enxergar o que os garotos tinham visto na escola.
— Digo o mesmo — comentou Julia.
— É aquilo na base da escola? — Aiko perguntou parecendo ver o que eu não via.
— Isso — confirmou Henrico.
— Na base? — Concentrei-me na parte inferior da escola. Sim, havia alguma coisa no lado esquerdo grudado ao chão e a parede. — Parece um alçapão.
— Vamos até lá.
Dessa vez quem foi na frente foi Henrico. Atravessamos a rua e paramos perante a pequena porta horizontal no gramado de fora da escola.
— Será que isso faz parte da escola? — Castiel perguntou tocando a porta de madeira.
Julia balançou a cabeça devagar como sempre fazia quando estava pensando.
— Vamos abrir — ela sugeriu.
— Ah, eu quero! — Aiko sorriu, alegre.
— Ah, eu também — me vi dizendo isso antes de pensar se queria ou não. Uma estranha empolgação me atingiu.
— Sim, vamos abrir! — Julia também pareceu empolgada. O sol bateu de leve em seus cabelos loiros encaracolados e seus olhos verdes, por um instante, ficaram azuis com a luz do sol. Seu rosto tornou sombrio como se a empolgação tivesse dado lugar à desconfiança.
Percebi que eu também estava tensa.
— E aí, quem será o corajoso ou corajosa que irá abrir isso? — Henrico olhou para cada um de nós esperando uma resposta.
— Eu abro — outra vez minha voz se manifestou antes de eu ao menos pensar na situação. — Quer dizer... — Mas todos já estavam me olhando com expectativa. Eu era a líder, eu era a chefe, eu era a “cabeça”. Por um segundo um pensamento maluco me alcançou: Se eu era a cabeça, meus amigos eram qual parte do corpo? Esquece, Annie! — Sim, eu vou abrir.
Posicionei-me perante a porta do alçapão. Toquei sua fechadura de ferro que logo me pareceu impossível de abrir já que tinha tanta ferrugem. Mas algo extremamente esquisito aconteceu. Quando eu toquei a trava de ferro, ela se reduziu a pó.
Afastei-me bruscamente procurando explicações nos rostos dos meus amigos, mas eles pareciam tão atônitos quanto eu.
— Annie... — Castiel me olhou fixamente com seus olhos castanhos.
— Eu... — Tentei falar, mas estava perturbada demais. — Vai ver a fechadura era muito velha.
— Mas ela derreteu! — exclamou Julia.
— Ela não derreteu, virou pó! — interveio Aiko.
E, pela primeira vez desde que nos conhecemos, ninguém falou. O silêncio reinou por cruéis minutos. Meu peito parecia guardar uma pedra de gelo no lugar do coração.
— Vamos acabar logo com isso — minha voz saiu corajosa, mas eu estava com mais medo que uma barata.
Minhas mãos chegaram trêmulas a porta e a abri.
Teria caído para trás se Henrico não estivesse lá para me segurar. Me agarrei em seus braços até minha respiração se acalmar.
— Que tenso! — Dei um riso nervoso.
— E aí, galera — chamou Castiel. — Quem curte lugares escuros e medonhos no porão da escola?
+++
— Poderia ser tudo, menos escuro! —Henrico disse com a voz trêmula.
Descemos uma estreita escada porão abaixo apenas com a iluminação da lanterna dos nossos celulares.
Quando alcançamos o chão, o alçapão acima de nós era apenas um quadrado distante onde podíamos ver um minúsculo pedaço do céu.
Varri o local com a minha lanterna e não encontrei nada. Era um imenso salão vazio com um corredor de dois metros de largura a nossa frente que se perdia na escuridão.
— Não tem nada aqui — conclui o óbvio.
— Será que esse lugar é um antigo salão de festa da escola? — perguntou Julia para ninguém em específico.
— Deveríamos entrar no corredor — disse Castiel com um tom estranhamente confiante.
Aproximei-me mais do corredor a nossa frente e o iluminei.
— É reto — afirmei. — Ele se estende por todo o espaço que consigo iluminar.
Eles juntaram as lanternas dos celulares com a minha, mas o que víamos ainda era pouco comparado ao que poderia ter a frente.
— Eu tenho uma ideia — Aiko falou ao meu lado direito.
— Diga — pedi.
— Por que não nos reunimos na minha casa, juntamos algumas coisas úteis em uma mochila, voltamos para cá e exploramos o local?
Ninguém respondeu, exceto eu:
— Aiko.
— Oi?
— Adoro suas ideias.
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