O Resplandecer Da Luz escrita por Ninguém


Capítulo 9
Cap. 8 Explicações


Notas iniciais do capítulo

Bem... surgiu a inspiração e eu escrevi bem rápido este capitulo. Creio que muitos irão gostar, por que explica alguns detalhes que deixei passar nos outros.
Boa leitura!



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Explicações.

Adalbert Smith estava sentado em uma cadeira de plástico atrás de uma mesa de plástico de uma propaganda qualquer em um posto de gasolina tão vagabundo que ele também poderia ser de plástico.

O delegado federal massageava a testa enquanto observava Greco comer.

O policial que já tinha aceitado o fato que o relógio do fim do mundo estava correndo, já tinha aceitado que há vida em outros planetas, havia aceitado também que a criação do universo se fez a partir de pequenas fontes de energia que causam tantos big bang que todos os malditos universos continuam se expandindo, se multiplicando. Ele também já concordava que era necessária uma ajuda como a que Greco oferecia, no entanto, o que Adalbert Smith não conseguia compreender, era como um ser humano poderia comer sozinho, quatro empadas, dez coxinhas, seis empanado de salsicha, nove quibes e tomar duas garrafas de dois litros de coca cola às dez e quinze da manhã.

- Por favor, me diga que isso é efeito da coisa que está em você.

- O que? – Greco se fez de desentendido após esvaziar a garrafa de refrigerante.

- Você come igual a um filhote de elefante. Mas ao invés de tomar um café da manhã decente você como salgadinhos fritos? Deste lugar? Se eu não me engano eu acho que higiene aqui não é muito respeitado.

Greco sorriu.

- Na verdade não me preocupo. – Greco bateu com o punho no peito. – sou imune a qualquer coisa.

- Ah é?

Greco estreitou os olhos, depois sorriu.

- Ah... entendo o que está fazendo, mas a resposta ainda é não.

Smith cerrou as mãos em punho.

- Você concordou em colaborar com toda a informação que tivesse.

- E você em me mostrar os homens que já identificaram como portadores de selos energéticos.

- Eu vou! Por que acha que estamos viajando? Estou te levando até eles.

Greco encarou o policial federal.

- Quer um conselho pra sua saúde Smith? Não me provoque, e muito menos me trate como idiota. Acha mesmo que em um assunto desta gravidade vocês iriam me levar numa viagem de carro? Oito horas trafegando pela rodovia quando simplesmente poderiam fretar um aviãozinho ou um helicóptero?

Smith ia dizer algo, mas Greco estava no embalo.

- Acha mesmo que eu não iria perceber as perguntas e as conversas estupidas nesse meio tempo que estamos vagando? Você quer que eu lhe dê informações, mas não quer me dar algo em troca... a questão é que além de estarem sendo estúpidos, estão bancando os suicidas... por que... se aquelas coisas forem liberando mais e mais energia... irão arrasar este país, ou o mundo.

Sim era verdade. Os superiores de Smith disseram que não era seguro por Greco perto dos homens que supostamente possuem os selos, por que Greco não era confiável, eles ainda não sabiam o que aconteceria caso um combate se iniciasse, pois se o militar perder o controle... quem irá detê-lo?

O delegado vendo que não havia outra opção, que aquela farsa ridícula havia chegado ao fim, ele se recostou na cadeira de plástico e ajeitou o blazer.

- Sim. Estou te atrasando tentando averiguar qual a sua atitude, tentando ver se é realmente um humano que está no controle, afinal... se eu entendi bem... essas coisas tomam o controle do corpo quando querem e destroem tudo o que encontram pela frente.

- Bem... comigo não é assim.

- Explique.

- Por que eu deveria?

Smith umedeceu os lábios e franziu a testa num claro sinal de impaciência.

- Eles tem sob custódia um homem com cem por cento de certeza que contém um selo em seu corpo, eles o mantém num laboratório para fazer alguns testes... pelo que me disseram todos os testes deram negativo, o cara é um ser humano comum, mas contém o selo... e isso é inexplicável, por isso eles queriam algumas informações antes de leva-lo para uma região deserta e te “apresentar”.

Greco ficou encarando a face do delegado, tentando decidir se acreditava ou não.

- Ok. – Greco deu de ombros. – vou lhe dar mais uma chance Smith, mas não me passa para trás... estamos entendidos? – o militar usou um tom de ameaça.

- Se disser algo relevante para que meus superiores fiquem satisfeitos, terá o seu adversário. – Smith era agente da policia federal antes de ser promovido a delegado, assim estava acostumado com ameaças.  

- Pois bem. Hã... não vou contar tudo o que sei, não ainda, por que não confio em vocês. Mas posso explicar um pouco da situação. – Greco limpou a garganta depois arrotou um bafo de quibe. – desculpe. Nenhum ser humano tem o controle da energia destas coisas. Elas têm um poder maciço que é superior ao de toda energia produzida por este mundo ou até pelo nosso sol, e só servem ao propósito de aniquilar umas as outras.

- Aniquilar umas as outras? – Smith pensou que isso seria bom.

- Exato. Não sei o que vocês ignorantes pensam, mas eles não estão aqui para dominar nosso mundo. – Greco deu risadas. – aposto que vocês acham que fazia parte de um plano de invasão.

Era uma possibilidade estudada” pensou Smith, mas não falou.

- Essas coisas são as fontes de energia que gera o calor necessário para a explosão que “cria” a vida... tipo o big bang, sabe? Só que eles acontecem direto, a cada minuto, a cada segundo, e dessas explosões mais mundos, mais sóis, mais vida é criada. Porém, pelo que eu entendi... nada dura pra sempre, logo os selos de energia perdem o equilíbrio, ou o poder... eu sei lá! E simplesmente se espalham por toda a maldita galáxia criada. Isso você já sabe também... o que vocês não sabem, é que existe uma raça alien... além dos selos, que pode controla-los, e esse filhos de uma p*** mandaram essas coisas para este cá, de propósito.

Smith percebia que Greco estava realmente ficando bravo.

- Há um código... um micro chip, ou uma lavagem cerebral... eu não faço ideia o que é, mas isso controla os selos de modo que ao chegarem perto uns dos outros tenham o intuito de se matar. – Greco levantou o dedo indicador. – Há, mais preste atenção... eles são imortais... eles não podem ser destruídos... e os humanos que eles possuem também não podem ser mortos por nada que este mundo possa conjurar.

- Então? – Smith estava interessado na história.

- Esse mecanismo de carnificina que fazem os selos se atracarem foi desenvolvido para que quando um penetrasse sua energia no outro, ocorresse o que o maldito me falou ser... uma “purificação”. Depois essas coisas flutuam para o espaço e voltam a sua forma original retornando a grande matriz para que o processo de criação continue como sempre.

Agora sim o delegado estava interessado na história.

- E como se mata um deles? Vai precisar de alguma arma? Existe um ponto fraco?

Greco olhou pra cima fazendo suspense para dar a resposta, apenas para irritar o delegado, mas logo o militar o encarou e continuou.

- Arma? Não. Só a energia de um selo pode destruir a energia de outro... destruir não... é... “purificar”. Quando ativados, a energia deles permeia por todas as células de nosso corpo, por isso cada golpe fará uma grande diferença, porém... quando a energia não está ativada, ela se concentra aqui. – Greco indicou a região central do tórax.

- No coração? – Smith bufou. – Meio clichê, não acha?

Greco deu de ombros.

- Não sou eu que faço as regras. Fincar uma parte do seu corpo no peito de homem com o selo desativado... será o suficiente, mas se estiver ambos ativados... aí... – Greco sorriu. – Vai ser interessante, por que ambas as energias provocam uma união entre as células da pele, deixando-as mais resistentes que titânio. Logo para perfura-las... é necessário que o adversário fique esgotado ou que seu poder se eleve ao dele.

Smith ficou pensando que tudo aquilo era irreal demais, que não podia ser verdade... parecia mais um videogame, ou uma história em quadrinhos... Como é possível que esteja realmente acontecendo?

Greco continuou falando.

- Como essas coisas são muito mais poderosas que nós humanos, é obvio que não podemos controlar sua energia, no entanto elas nos fazem alguns favores a fim de garantir sua continuidade até poderem derrotar os adversários.

- Favores?

- Ah sim... mas nada de modo consciente. Veja, a força delas se une ao nosso corpo quando são “injetadas” assim elas o melhoram. Meu sistema imunológico é aumentado mil vezes, sou imune a qualquer doença. Ganho força nos músculos, como você já deve ter percebido, e o endurecimento da pele como já falei, e também um maravilhoso sistema de regeneração que mantém este corpinho lindo vivo. Um corte se cura na hora, uma perfuração é mais demorada, mas também se regenera... qualquer membro que eu perder irá se recriar novamente graças a força do selo.

- Se a pele é imperfurável... como pode se cortar?

- Só se torna dura, se a energia do selo transpõe ela. E quando isso ocorre... parece que fica brilhando.

- Brilhando? Ótimo...E se lhe cortássemos a cabeça? – Smith perguntou logo de cara, estava imaginando se essas coisas poderiam andar por aí sem uma cabeça.

- Hum... não tenho certeza... mas eu já cortei um dedo fora e ele simplesmente nasceu de novo... tudo, osso, nervos, músculos e veias... presumo que a cabeça seja a mesma coisa. Então... não. Não há modo de matar um homem com este selo.

Smith voltou a se recostar na cadeira de plástico pensando que seus superiores ficarão muito satisfeitos com essas informações, satisfeitos e frustrados.

- Ok... mas você disse que os humanos possuídos não tem como controlar conscientemente o poder destas coisas, logo, você consegue... por que?

Greco cruzou os braços.

- Hum... aconteceu dois dias depois de... – sua mandíbula travou e sua expressão assumiu uma feição triste e Smith sabia que era por causa da destruição da base a qual ele morava... sua noiva havia sido morta naquele mesmo dia. – em fim, você já deve saber. Eu estava explodindo de raiva, de ódio numa região de campina longe de tudo sendo consumido pela culpa quando o selo veio a mim com uma ideia.

- Uma ideia... que ideia?

Greco apoiou as mãos na mesa fixando o olhar no delegado.

- Essas coisas são feras ignorantes e estúpidas... são bestas com muito poder e sem nenhuma inteligência, só querem destruir um ao outro. Assim, o selo propôs que eu administrasse sua força, que eu controlasse seu poder... por que tenho conhecimento em combate, além poder raciocinar em uma determinada situação.

- Ou seja, você teria o poder e a sabedoria de como usá-lo de forma mais mortal contra o oponente.

- Exato. – Greco se reclinou na cadeira de plástico. – eu tenho uma enorme vantagem.

Smith pensou um pouco, na verdade estava se lembrando de um relatório que o enviaram a pouco mais de uma semana. Logo, não teve dúvidas em perguntar.

- E como você garante que não há outro selo com a mesma proposta para outro homem como você?

- É impossível. Ele me garantiu isso. Pois aparentemente eu tenho alguma coisa que é diferente da maioria... eu tenho força, tenho controle e disciplina a um nível acima da maioria.

Mas não a modéstia. Pensou Smith.

- E quantos destes selos existem?

- Ah é... duzentos. Quando foram trazidos para este mundo, eles incorporaram em humanos de todos os cantos do planeta. Mas isso você já sabe também, devido aos combates que estão ocorrendo em alguns países da Europa e da Ásia.

Sim, Smith recebia relatórios detalhados todos os dias.

- O que você não sabe e vai achar muito interessante saber... é que todos eles virão para o Brasil em pouco tempo. – disse Greco usando um tom de malicia.

Smith arregalou os olhos com a informação.

- Como é que é?

- Sim. – Greco ainda mantinha o sorriso no rosto, como se apreciasse a face de terror do delegado ou da própria noticia em si. – Essas coisas são energia condensada, mas também são antenas de transmissão de força Smith, agora mesmo, eu, meu corpo está lançando no ar partículas de energia que atraí outros como eu. – Greco começou a gesticular com as mãos. – Pense em nossas cabeças como imãs poderosos... agora... se os imãs estão espalhados na mesma distancia então a atração é igual e nula pois ninguém saberá para onde ir... porém se a maioria dos imãs estiver num lugar só... irá atrair todos os outros. E infelizmente dos duzentos... eu diria que mais de trinta caíram só aqui no Brasil e esse número é superior ao de qualquer outro país que este caras pousaram, logo... inconscientemente ou de modo consciente, eles virão para cá, atraídos por esta energia a fim de alcançar o maior número de adversários.

Smith ficou perplexo por alguns instantes, mas tratou de se recuperar.

- Hã... – Adalbert se levantou. – Vou notificar meus superiores, então acho melhor seguirmos viagem.

- Antes você tem que pagar a conta. – Greco se levantou. – Parece que eu acabei com a toda a reserva de salgadinhos do lugar.

Smith não gostou nada do tom de piada que o militar havia feito.

- Certo. – disse ele a contra gosto. – espero que esse seu sistema de recuperação seja bom mesmo, depois de toda essa porcaria que comeu.

- Ah isso? É claro que estou bem... na verdade eu nem precisava. O selo fornece energia para meu corpo a todos os níveis possíveis, eu não preciso dormir, não preciso beber, não me canso e não preciso comer.

O delegado fitou Greco, que ostentava uma face de travesso.

- Como é? Não tem fome e comeu tudo isso?

- Ora... você estava me sacaneando, assim achei justo fazer o mesmo.

E sorrindo, Greco foi em direção a pick-up preta da policia federal.

Smith seguiu para dentro da lanchonete de higiene questionável para pagar a conta enquanto tinha em mente o relatório que recebera ontem, sobre uma batalha de selos em Três Rios há mais de uma semana atrás. Era até chato, pois os combates estavam acontecendo por toda a parte, e agora o delegado entendia o por que... estavam sendo atraídos...

 E isso era um problema e tanto.

Mas um detalhe neste relatório em particular lhe chamou a atenção. Uma testemunha que sobreviveu disse em seu depoimento que um homem, um garoto atravessou sua janela no primeiro andar de um sobrado, ele parecia normal exceto que suas mãos brilhavam na cor azul, e ainda o mesmo garoto falou com ela.

Greco disse que os selos tomam o controle em meio ao combate, que se tornem feras sem qualquer consciência, sem nenhuma inteligência, então... como é possível que o homem ou garoto... tenha dito algo a ela?


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