O Resplandecer Da Luz escrita por Ninguém


Capítulo 10
Cap. 9 A vida de um morto não é fácil (parte 1)


Notas iniciais do capítulo

Hey! Desculpe por demorar a postar, andei com muita preguiça ultimamente... kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
O capitulo ficou maior do que o esperado, assim dividi ele em duas partes, por isso vou postar esse primeiro e depois o próximo.
Espero que gostem!



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A vida de um morto não é fácil.

Eros caminhava pela mata fechada a beira da estrada, sempre tomando todo o cuidado para não ser visto, ficando escondido atrás de cada tronco, atrás de cada moita seguindo a pista de asfalto por que sabia que ela daria em algum lugar.

Já havia se passado doze dias desde sua luta contra outro selo, e o garoto durante esse tempo não conseguiu desvendar a causa de ter dominado os poderes da bateria universal em seu corpo, e assim lutado por si mesmo. Não conseguia encontra nenhuma lógica por que o selo, ou o sósia dele também não aparecera para conversar nenhuma vez. As escamas azuis brilhantes de suas mãos haviam sumido assim como a consciência do próprio selo.

E isso deixava Eros muito nervoso.

Outra razão de seu nervosismo e de sua necessidade em se locomover por entre o matagal ao lado da pista, era a batalha que ocorrera. Eros havia sido visto por dezenas de pessoas, além da mulher que o ouviu, após ele ter entrado em seu quarto pela janela, assim o rapaz presumia que a policia já fora alertada e com certeza notificaram seus pais... afinal, ele era uma garoto desaparecido.

Eros sentia um aperto no coração por causar essa dor emocional em seus pais, não era justo. Mas em pensar que ele pode ser o causador das mortes deles... o faz ter a determinação de se manter longe.

Após a luta, Eros aproveitou o caos do centro daquela cidade e roubou algumas peças de roupas de uma loja qualquer e fugiu. Por vários dias em que caminhou, o garoto só se arriscou uma vez ao pegar carona com um caminhoneiro gordo de barba branca que lembrava um papai Noel, exceto que ele tinha uma tatuagem em seu peito de uma mulher semi nua com fartos seios que pulavam pelas pelancas da gorda barriga do velho. Eros gostou do caminhoneiro, ele contou dezenas de histórias enquanto eles cruzavam a estrada se distanciando ao máximo do epicentro do que poderia ser sua prisão.

Ele se despediu do papai Noel em um posto de gasolina, e dali seguiu viagem a pé. Eros poderia pedir carona, mas gostava de andar, lhe dava muito tempo para pensar, além de é claro...  não se cansava nunca, e nem precisava dormir ou comer.

Se não fosse por isso, o rapaz poderia jurar que havia se livrado de seu selo. Uma ideia esperançosa e tola.

Enquanto passava por um conjunto de folhas altas quando avistou um filhote de tamanduá.

- Hei... amiguinho...

Eros olhou para os lados para ver se conseguia encontrar a mãe.

O pequeno bicho peludo e marrom de nariz comprido levantou a calda ao ver o rapaz se aproximar.

- Calma. – Eros levantou as mãos. – não vou te machucar... hei...você também está sozinho aqui... onde está sua mamãe?

Não que o garoto esperasse que o animal selvagem falasse alguma coisa, no entanto depois de horas caminhando em silêncio, era bom ter alguém pra conversar, ou pra escutar...

Eros deu um passo devagar, depois mais outro, se aproximando do pequeno tamanduá.

- Aqui... vem... eu não vou te machucar...

Então o rapaz pisou num galho seco fazendo um stack e assustou a criatura que saiu em disparada para a pista.

Eros viu um carro que se aproximava em alta velocidade, quando notou que o filhote de tamanduá parou bem no meio do asfalto. Seu tempo de reação só foi o suficiente para correr em direção ao animal, entrando na pista. O filhote se assustou novamente e correu para o outro lado a tempo, porém Eros não.

A ultima visão que o garoto teve foi de ver um capô vermelho se chocando contra seu corpo e o som de buzina explodindo seus tímpanos, depois veio o silêncio e tudo escureceu.

***

Eros abriu os olhos não enxergando nada. Bem... na verdade ele via uma total escuridão o que dava no mesmo, pois o garoto não conseguia distinguir nada a sua frente.

O que houve?...Eros foi pensado lentamente enquanto as memórias vinham aos poucos... Espere.. o filhote de tamanduá...estrada vermelha... não! Carro vermelho... na estrada...

Enquanto reconstituía na cabeça os últimos acontecimentos o garoto tentou mover os braços e percebeu que algo o impedia, e quando finalmente pode estabelecer seus sentidos, sua visão se adaptou a negritude e seu nariz sentiu o cheiro de plástico e rapidamente ele percebeu que estava preso.

- Mas o que é isso? – Eros começou a se remexer no pouco espaço dentro do que parecia, plástico. – Cara... realmente ta quente aqui dentro... oiiii? Alguém aí fora??? Tem um ser humano dentro aqui dentro! Oiiiiiiieee!!!?

Droga! Onde é que eu vim parar? Não faz sentido... ai não... eu fui atropelado?!

- Gente! Oiiiie?! Tem alguém aí me ouvindo? Ta realmente quente aqui dentro!

Mas não houve resposta. Assim como um bebê no útero, Eros começou a se mover do jeito que podia, tentando talvez rasgar o grosso plástico preto, no entanto foi inútil.

Levou alguns minutos até o rapaz encontrar o feixe de zíper, dobrar bem o braço para poder puxá-lo, abrindo o casulo em que estava confinado.

O garoto inclinou o corpo pra cima respirando ar puro e gelado.

- Ufa! Cara... como é que as borboletas aguentam ficar dentro de um troço parecido com isso?

Por infantilidade ou anormalidade, o que Eros disse lhe trouxe um pensamento que o fez  apalpar as costas para ver se não havia nascido nenhuma asa colorida. Não que ele realmente acreditasse nessa possibilidade, mas com a energia do selo... quem sabe?

Depois que verificou suas costas, e viu que estava normal ele respirou com alívio. O rapaz olhou com atenção o lugar gelado. Era uma sala... um salão de paredes brancas com piso cinza, havia algumas macas de aço inox enfileiradas de ambos os lados, as lâmpadas fluorescentes estavam ligadas embora desse para ver pequenos raios de luz por entre as cortinas densas que tampavam as janelas.

Foi só quando ele se virou,  pôs o pé no chão frio e sentiu uma brisa balançar suas partes íntimas, que percebeu que estava nu.

-Ah! Maravilha! Será que eu nunca posso acordar com a mesma roupa que estava antes? Ou talvez com alguma roupa?! – Eros bufou olhando novamente o espaço a sua volta. – Onde diabos eu me meti agora?

Em um dos pilares de concreto que sustentava o salão, havia um gancho e nele um jaleco branco, Eros o pegou e abotoou quase até o pescoço, era um pouco grande, mas pra quem não tem roupa, qualquer uma serve.

Pendurado na gola havia um crachá que Eros leu: Dr. Augustus Andrade... médico legista...

Ele soltou o papelzinho plastificado e se tocou onde realmente estava.

- Ah droga! Eu vim parar no necrotério?!

Logo a mente de Eros tratou de responder todas as outras perguntas.

Era mais do que obvio que ele havia sido atropelado, provavelmente a pancada fora tão forte e violenta que ele deve ter morrido por algum tempo, deve ter sido dado como morto... por isso está no necrotério, no entanto o selo dentro de seu corpo, trata de regenerar todas as células que forem necessárias para manter o corpo vivo, fazendo-o voltar a viver...

Eros cerrou as mãos em punho e começou a socar o ar evidentemente frustrado.

Droga! Droga! Droga! Tenho que dar o fora daqui... provavelmente devem estar procurando por alguma identidade, por alguma foto com o meu rosto... preciso ir... agora!

O jovem seguiu até uma porta dupla cinza que deu direto num corredor inclinado, onde subiu a passarela de mármore até uma segunda porta dupla.

Ele abriu devagar observando o movimento de lá pra cá de alguns pacientes, enfermeiros e enfermeiras e outras pessoas que vinham e voltavam.

Ok... haja naturalmente, respire fundo Eros... e ande devagar como se você fosse só mais um médico do lugar...  Ele ditava mentalmente as ações, respirando fundo. Então criou coragem e saiu.

Com a cabeça baixa olhando para todos os cantos Eros tentava visualizar algo que pudesse parecer com uma saída.

Cruzou um corredor, depois outro, então avistou a porta de um elevador e correu até ela antes que fechasse. Se ele não havia encontrado a saída era por que talvez não estivesse no mesmo nível que ela.

- Desculpe moço... – Eros ouviu uma voz feminina e se virou para ver uma garota loira, de não mais que treze ou quinze anos. – Mas... você está descalço.

Eros olhou para o pés nus, depois para a menina.

- Gosto de andar descalço... fortalece a musculatura do couro do pé.

A garota de cabelos longos e cacheados arqueou as sobrancelhas enquanto o elevador descia.

- Andar descalço num chão liso e infectado como o de um hospital? – disse ela desconfiada.

- Desculpe-me... mas você é médica? Pelo que vejo... não. Eu estudei muito na faculdade de medicina para merecer esse jaleco - Eros puxou a gola ainda mantendo a voz indignada. - acho que tenho direito de andar descalço se eu quiser.

A porta do elevador se abriu e Eros saiu andando rápido, nem esperando para ver a reação da menina. 

O corredor amplo seguia reto até uma saída a uns vinte metros, e o rapaz suspirou aliviado caminhando por entre as pessoas que iam e vinham. Ainda bem... agora é descobrir onde estou e me mandar daqui!

Então um berro, um grito estridente ecoou pelo corredor fazendo pacientes, enfermeiras e outras pessoas olharem para a fonte da voz, até Eros teve de parar e olhar o que estava havendo.

Uma mulher gorda de camiseta roxa, perto da porta de entrada desatou a gritar mais e mais levantando o braço e apontando na direção do garoto que não fazia ideia se era para ele ou para alguém atrás dele.

Ok... calma... muita calma nessa hora... ela não está apontando pra mim, ela não está apontando pra mim... Eros voltou a caminhar com a cabeça baixa em direção a saída. No entanto quanto mais ele se aproximava, mais e mulher gritava.

Não demorou muito até os seguranças do hospital aparecerem correndo e se posicionarem ao lado da escandalosa. Nesse momento Eros parou de andar e ficou bem do lado de um senhor de cabelos brancos e camisa polo branca, a fim de talvez passar desapercebido.

- Senhora! – um dos seguranças tentava dialogar com a mulher que desatava a chorar e fungar. – senhora respire fundo... o que está acontecendo?

Trêmula e com a face mais pálida que a de um fantasma, a gorda levantou o braço e apontou novamente para Eros, que tentava em vão se espremer  na parede.

Droga! O que essa infeliz quer comigo? O que foi que eu fiz?

- Rapaz. – o outro segurança deu dois passos até ficar de frente a mim. – Este aqui? – o homem apontou em minha direção, perguntando para a gorda de roxo.

A pobre mulher que já estava com o rosto azul e em prantos, além de começar a soluçar freneticamente. Ela vez olhava para o garoto, vez desviava o olhar como se ele fosse a coisa mais feia que ela já tinha visto.

- Qual o seu nome garoto?

Quando o segurança de quase dois metros de altura fez essa pergunta, todo o disfarce, todo o plano de passar despercebido havia ido pro ralo. Eros se encontrava numa situação delicada onde era alvo de todos os olhares daquele corredor amplo cheio de gente que começava a cochichar sobre o por quê de tudo aquilo.

O jovem olhou pra saída e cogitou sair correndo, mas poderia ser perigoso, se acionassem a verdadeira policia ele estaria numa enrascada sem precedentes. Assim, não havia outro modo se não responder aos homens e torcer para que tudo não seja um mal entendido.

- Hã...meu nome? É....Carlos! – Eros pensou no primeiro nome que lhe veio a cabeça, pois era óbvio que não poderia dar o nome verdadeiro.

- Moça. – o outro segurança perguntou a gorda. – conhece este Carlos?

A mulher desatou a chorar ainda mais quando uma voz ecoou mais alto que os cochichos de todos à volta.

- Santa mãe de Deus!!! É você!!!

Eros e os seguranças viraram a cabeça para encarar a pessoa que havia falado alto e então a viram fitando Eros com uma expressão de espanto evidente em seu rosto. 


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Notas finais do capítulo

Comentem por favor. Elogios e criticas construtivas sempre são bem vindos! ;)



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