O Resplandecer Da Luz escrita por Ninguém


Capítulo 8
Cap. 7 Incógnita


Notas iniciais do capítulo

Hei... desculpem por demorar a postar, além de estar em época de provas eu andei com pouco tempo devido a outros assuntos.
O capitulo está pronto e me perdoem se houver erros de português. ;)



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Incógnita.

Eros despertou com a visão embaçada tendo o cheiro de queimado invadindo suas narinas o fazendo se por de pé num susto. Quando sua vista ganhou foco, ele pode ver a destruição parcial do lugar. Carros tombados pegando fogo, um ônibus rachado ao meio todo amassado com cacos de vidros das janelas espalhados a sua volta. Pedaços grossos de asfalto jogados por todos os lados com as crateras no chão mostrando onde eles haviam sido arrancados. Eros ainda podia ver as pessoas correndo ou tentando se esconder assim como podia ouvir os gritos em meio ao caos.

A ultima coisa que o jovem se lembra era de estar caminhando pela rodovia deserta na escuridão da noite tentando em vão encontra um lugar ao qual poderia pensar em viver sem ter a complicação de atrair outros selos ocasionando em devastação e morte. O garoto tinha pensado muito no que o seu sósia energético havia lhe dito, e chegou a conclusão de que não havia onde se esconder, logo seria inútil ser abalado pelo sofrimento da solidão, uma vez que não funcionava mesmo. Mas a razão principal que o fez mudar de ideia foi que ele percebeu que não poderia viver sozinho, não aguentaria ser sua única companhia.

 Mas Eros estava ciente de evitar lugares muito populosos e também decidira não voltar para sua cidade. Não poderia arriscar. Logo sua ideia era vagar pela rodovia conhecendo o país, ou apenas os seus interiores.

Só que seus planos pareceram não funcionar novamente.

- Ah selo... o que você fez?

Completando o cenário de caos Eros via carros de policia destruídos em pilhas, via pessoas caídas no chão inconscientes, talvez até mortas. Os postes de luz tombados que deixavam os fios de tensão soltos  serpenteando pela rua faiscando energia elétrica como cobras com cabeças luminosas.

O garoto ia entrar em desespero quando sentiu o golpe em seu peito. O tranco foi tão violento e rápido que ele só percebeu quando chocou-se contra a parede de uma loja do outro lado da rua.

Eros caiu sentado na calçada junto com o resto de acabamento da parede que ficou presa em suas costas. 

- Mas o que diabos foi isso? – ele levou a mão à cabeça.

A resposta de sua pergunta deu um passo  para frente empurrando uma viatura queimada com tanta força que o veículo se arrastou por vários metros até bater contra a entrada de outra loja.

- Você só pode estar brincando comigo... – Eros choramingou.

O adversário que o bateu, a princípio parecia um homem, só que ao se aproximar ficou evidente que era uma forma humanoide, mas não um homem. A criatura deveria ter uns dois metros de altura, pele vermelha escamosa que brilhava, os olhos eram negros como a noite cobrindo completamente a íris, tipo um demônio.

 Eros se pôs de pé novamente e fez o qualquer homem corajoso e inteligente na sua posição faria. Desatou a correr o mais rápido que pode pela calçada a fim de manter distância do monstro.

O segundo golpe veio  por suas costas que fez o garoto ganhar um forte impulso sendo arremessado mais de cinco metros de altura até se chocar contra a copa de uma árvore em frente a uma academia onde os ginastas grudavam as faces no vidro lateral para tentar ver o que estava havendo ali perto.

O que houve? Eros perguntou a se mesmo entre os galhos finos. Eu recebi outro soco? Não é possível! Aquela coisa não pode...

Logo o rapaz viu que a criatura vermelha brilhante estava no pé da árvore olhando para cima e Eros havia decidido naquele exato momento que nem morto ele saía daquela árvore.

- Saí de mim coisa feia!!! Xô!!!Xô!!!

É... acho que tenho que pensar numa forma melhor de me livra dessa coisa, afinal com certeza... não é um cachorro.

O escamoso apoiou suas duas mãos no tronco da árvore e então começou a balança-la a fim de tirar o menino lá de cima como se fosse uma fruta madura.

- Drrrrrogggggggaaaaa.... sóóóóóó meeeeee... fallllllltavaaaa essaaaaaa!

Por mais que a árvore balançasse Eros conseguiu se manter entre seus galhos. O demônio vermelho abaixo de si urrou e então apoiou novamente as mãos no tronco olhando para cima o tempo todo.

Aos poucos a criatura foi levando a árvore inteira, arrancando-a pela raiz, e num movimento de lado derrubou-a no asfalto fazendo Eros bater contra o chão duro e frio.

Não pode ser... o selo deveria sumir somente no final de um combate... o que é que eu estou fazendo aqui consciente? Eros estava perdido entre as galhadas olhando para o céu negro cheio de estrelas.

O garoto rastejou para fora das folhas disparando em outra corrida rua acima, mas parou abruptamente ao se deparar com a criatura vermelha escamosa à sua frente.

Eros olhou para trás, depois para o bicho, então para trás de novo e novamente para a criatura.

- Como foi que fez isso? – ele perguntou.

O selo avançou contra o garoto que tentou desviar de alguns golpes, mas seu reflexo não era dos melhores assim acabou levando um gancho de direita tão violento que fora arremessado alguns metros batendo as costas na base de um poste de concreto, quebrando-o parcialmente.

Eros olhou para cima vendo a luz das lâmpadas fluorescentes piscarem, e logo viu a rachadura que seu corpo havia feito, então olhou para o monstro que se aproximava caminhando enfurecido em sua direção, e já sabia o que fazer.

Espero que funcione! Eros deu a volta e começou a dar golpes do outro lado do poste a fim de aumentar a rachadura para fazê-lo cair em cima do seu oponente. Os sentidos do garoto estavam tão a mil que ele nem percebeu que socava concreto e suas mãos não doíam.

A medida que Eros dava socos uma sequencia de escamas azuis brilhantes iam crescendo por cima da pele das mãos e dos braços aumentando a força de cada golpe, e quando o selo estava bem perto o concreto quebrou de vez e Eros o empurrou para caísse em cima do monstro.

Uma torre de iluminação de sete metros de altura pesando mais de quinhentos quilos desceu atraída pela força da gravidade rumo a cabeça do selo.

Infelizmente a criatura deu dois passos rápidos para o lado saindo de baixo da área de queda, o poste de iluminação  desabou provocando um grande barulho ao rachar parte do asfalto enquanto soltava os vários cabos de tensão que cintilavam eletricidade.

- Ah você só pode estar curtindo com a minha cara!

A criatura veio ao encontro de Eros que começou a desviar dos golpes com mais facilidade enquanto ele notava que as escamas em suas mãos estavam emitindo um brilho azul.

Não faz sentido... agora a pouco eu mal podia ver essa coisa se movendo, ainda mais quando me atacava, e agora eu consigo bloquear e desviar de seus socos? Será que...?

Uma ideia se formou em sua mente. Não era bem uma ideia e sim uma suposição. Eros deu dois passos para trás quando o demônio tentou uma sequencia de socos, como a guarda estava baixa, Eros experimentou dar um salto em sua direção e com o punho direito fechado investiu contra a cabeça da besta, pouco acima da orelha da besta.

O golpe formigou sua mão no mesmo instante que a criatura foi arremessada para o outro lado da rua parando ao encontro da parede de um cartório fechado.

O garoto ficou parado que nem bobo ali entre os cabos de energia elétrica que rodopiavam para lá e para cá, admirando suas mãos brilhantes, admirando seu poder.

- Eu estou com a energia do selo? – Eros sorriu. – Há! Eu estou com a energia do selo!!!

Mas espere... por que? O selo havia me dito que quando um combate se iniciasse eu perderia a consciência... seria como se eu estivesse dormindo... logo por que estou acordado? E por q-.

Seu pensamento foi interrompido por um golpe de seu adversário que se aproveitou de sua distração momentânea.

O garoto mal teve tempo de se por de pé e a criatura já estava à sua frente o pegando pelo pescoço com um braço e o arremessando para o outro lado. Eros voou mais uma vez e atravessou a janela fechada de um sobrado da rua, espatifando o vidro e caindo em cima de uma cama.

- Ai... ai... – o garoto se ergueu sentando no móvel olhando os cacos que estava por toda sua pele fazendo seu sangue vir pra fora graças aos cortes.

No entanto, os mesmos cacos de vidro fincados, estavam emergindo da pele e saindo, como se algo estivesse os espremendo para fora, enquanto os cortes estavam se fechando rapidamente.

- Hum... – Eros olhava para os braços. – que prático.

Então a porta do quarto escuro se rompeu com violência e Eros pensou que fosse o selo, no entanto quem estava ali parada era uma mulher, ela encarava o rapaz que entrara pela sua janela no primeiro andar, enquanto ele ficava sem reação.

- Hã... eu já estou de saída. – disse ele.

Mas para sua dor de cabeça, a moça tratou de gritar correndo de volta ao corredor chamando alguém.

- Ótimo... acho que vou ter que sair do mesmo jeito que entrei.

Porém sua coragem não era a mesma, afinal ele não tinha voado por que quis, assim Eros se posicionou no parapeito da janela quebrada olhando para baixo, ele não via o selo, o que era estranho, e juntando aquela noite fria cheia de destruição, o rapaz podia dizer que estava dentro de um filme de terror.

- Vamos lá... é só pular...- ele respirou fundo. – no três... um...

- Filho da p***!

Eros ouviu o xingamento e quando olhou para trás havia um homem com uma escopeta em mãos apontada em sua direção, logo o garoto criou a coragem que lhe faltava segundos atrás e não hesitou  pulando para a rua novamente.

A dor em seus joelhos era tão nítida e o impediu de se levantar enquanto uma segunda onda de dor alastrava-se por todo seu sistema a ponto de fazê-lo regurgitar sangue, tossindo violentamente no chão escuro.

Agora eu to ferrado mesmo... Eros pensava em meio a dor. O selo irá me matar... afinal... isso é uma coisa boa... nem sei por que pensei que poderia lutar ou fugir... deveria ter desistido no instante que aquela coisa estava vindo me matar... no que eu pensava? Em viver? Viver com essa maldição que culminará na destruição de tudo? Não... é melhor que termine de uma vez...

Só que os pensamentos de fim, pareciam ajudar a dor parar ou era o que o garoto estava acreditando enquanto seu corpo se recuperava, enquanto o sofrimento físico ia embora e a força voltava.

Eros se pôs de pé flexionando as mãos, os braços e as pernas ainda não acreditando que agora a pouco pensara que ia morrer... tudo o que restava daquela condição era o gosto ruim de ferro que amargava em sua boca.

- Mas o que foi que hou-

O garoto parou de falar ao ver, caído próximo ao meio fio a criatura demoníaca que até agora pouco tentou arrancar sua cabeça. O primeiro pensamento do rapaz era de correr para longe, só que o bicho não era mais uma ameaça, Eros sentia isso, e sem nem ao menos notar se aproximou da criatura que sangrava e agonizava no chão.

- Não entendo... o que houve? – Eros olhou para os lados, ninguém atacou, não havia uma alma viva ali perto, então o que poderia ter feito aquilo? E ainda o salvado?

O garoto arregalou os olhos ao ver que as escamas brilhosas iam desaparecendo lentamente fazendo uma pele normal aparecer, e quase um minuto depois não havia mais nenhum demônio aos seus pés e sim um pobre coitado que demonstrava sentir muita dor.

- A energia do selo é venenosa. – Eros falou quase que consigo mesmo olhando para as mãos brilhantes. – quanto mais usar, quanto mais tempo ficar ativa, mais danos vai provocando ao corpo... – ele encarou o homem nu que tremia e tossia sangue. – o poder chegou ao limite.

Eros então achou melhor se distanciar dali antes que mais policiais chegassem, e também se ficar longe suficiente de outro selo, as suas mãos voltem ao normal, porém quando o garoto deu um passo para ir sentiu a mão do homem pegar seu tornozelo impedindo-o.

- Po....por....cof!Cof!Cof!Cof! – ele tossia mais sangue. – Por... favor...

O homem ergueu a cabeça e Eros viu que em meio ao sangue e a tremedeira por causa da dor, o individuo chorava.

- Por...por favor... mate-me...

Aquela cena paralisou o garoto, o chocou de tal modo que seu corpo arrepiou. O homem implorava pela morte... literalmente. Eros sabia exatamente como ele se sentia, sabia do quão pesado era o fardo que carregava... não havia como não simpatizar com aquele estranho, por que ambos tinham o mesmo destino traçado.

- Eu... eu não posso... – Eros dizia quase sem se mover. – nunca matei ninguém na vida... e não acho que possa...

- Por...por...favor. – mais lágrimas se derramavam por seu rosto caindo no chão e misturando-se ao sangue.

Eros não sabia o que fazer... pois se fosse em situações invertidas ele pediria a mesma coisa, tinha certeza... então... será que era o correto a se fazer?

O rapaz dobrou um joelho ao chão aproximando seu rosto da cabeça do individuo.

- Não adiantará nada... mais tarde seu corpo vai se regenerar por causa da energia do selo...

- Nã... – o homem voltou a tossir mais freneticamente. – Sua... mão... coração...

O estranho mal conseguia falar, então ele pegou a mão de Eros e direcionou bem ao centro do peito dele.

- Co...cora...coração... fonte...energia...

- No coração que se concentra a fonte de energia?

Fungando e quase desmaiando o homem acenou concordando.

Eros então percebeu que nunca havia perguntado ao selo onde sua energia se concentrava no corpo, talvez por que Eros tivesse uma vaga ideia que a energia circulava por todo o corpo humano. Até fazia sentido, pois o coração bombeia o sangue para todo o sistema em pouco mais de dez segundos, talvez a energia do selo seja da mesma forma.

Eros encarou os olhos cansados do homem que já não tinha força sequer para falar, então respirou fundo, ergueu a mão abrindo-a de modo que os dedos ficassem juntos. Eros acreditava que como ainda usava o poder, poderia facilmente atravessar o corpo de uma pessoa que não o tivesse.

O garoto começou a respirar mais rápido a medida que o brilho em suas mãos aumentavam e num golpe rápido, fechando os olhos para não presenciar, Eros fincou os dedos no tórax do estranho.

Ele podia sentir o calor da carne e a umidade do sangue, porém a primeira coisa que viu ao abrir os olhos foi uma esfera de luz minúscula emergir do ferimento, ela deveria ter o tamanho de uma bola de gude e brilhava numa intensidade fraca de branco e vermelho.

- Oh...o... selo? – Eros nem piscava.

A esfera então flutuou mais e mais alto até desaparecer em meio ao céu escuro da noite, juntando seu brilho ao de milhões de estrelas.


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