O Resplandecer Da Luz escrita por Ninguém


Capítulo 31
Cap. 28 Passado


Notas iniciais do capítulo

Leiam o prólogo para se lembrarem. A história fará sentido juntamente com este capítulo.
Ah... e não liguem muito pros erros de português... acabei escrevendo um pouco com pressa xD



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Passado.

Nas profundezas do oceano Atlântico, próximo as praias do litoral paulista as criaturas marinhas se misturavam a um corpo humano todo coberto pela areia densa. O estranho morto deveria estar sendo consumido pelas criaturas, que por alguma razão mantinham uma distância  segura, como se soubessem que era perigoso se aproximar.

O braço direito então se ergueu de modo brusco levantando uma cortina de areia que mais parecia uma cortina marrom. Os olhos do cadáver se abriram, e ele ameaçou se movimentar, mas não conseguiu mais nenhum movimento que não fosse o do braço e de os dos olhos.

Assim que a cortina se desfez, o corpo mostrou ser Greco.

Droga! Este corpo ainda não se regenerou a ponto de obedecer meus comandos” Pensou o selo amaldiçoando Eros. “ não sei como aquele humano estúpido aprendeu a fazer aquilo... nem sabia que era possível... sim, ele não era humano. Não... não tem como ser... mas isso já não importa mais, ele falhou em me derrotar e gastou toda sua vida em sua tentativa pífia. No entanto... realmente foi por muito pouco que ele não me atingiu.”

O selo trouxe as memórias do evento. Enquanto era tomado pelas chamas brancas, o  se desesperando vendo que não conseguia se libertar das mãos firmes de Eros que prendiam seu braço esquerdo e seu ombro direito. Cogitou o fim naquele instante até que, segundos antes da explosão ele usou sua energia e quebrou o osso da ligação do braço e um dos ossos da clavícula dando um solavanco violento para trás e assim conseguiu se livrar das mãos que o prendiam, mesmo que tenha perdido todo o braço e um dos ossos do ombro que atravessou a pele e ficou nas mãos de Eros.

Greco fora arremessado há km de distância mar adentro, e havia começado a afundar quando ocorreu a explosão de luz.

Agora é só uma questão de tempo até que tudo se regenere... e em breve poderei desfrutar da liberdade que me é merecida.”

***

- Bem vindo. – disse uma voz familiar para Eros.

O rapaz abriu os olhos e deu de cara com a ultima pessoa que imaginava ver... na verdade não era bem uma pessoa.

- Morte. – disse o rapaz suspirando. – nem cogitei em ver você quando tudo terminasse, mas é claro que eu ia ver né? – Eros olhou em volta da onde e estava e seu queixo caiu. – Uau.

- Impressionado? – perguntou o homem pálido de bengala.

Os dois flutuavam em meio ao universo, tendo como painel de fundo o brilho de estrelas e de nebulosas coloridas que proporcionavam um mosaico incrível.

- Onde estamos? – perguntou o rapaz dando volta em torno de si mesmo.

- Aqui é o que eu chamo de o Corredor.

Eros continuou girando.

- Hã... como faço para parar de rodar? Já to ficando tonto.

Morte suspirou e o tocou com a bengala, o rapaz parou de girar e ficou de frente ao homem idoso.

- Este corredor é o lugar por onde as almas transitam por todo o cosmos, indo para onde quiserem, quando quiserem. Elas podem visitar planetas, luas... novos universos... não há limites no Corredor.

- Entendo. Até que elas decidem reencarnar.

- Exato.

Eros coçou a cabeça.

- Bem... então... eu estou mesmo morto?

- Está. – morte respondeu secamente. – não achou mesmo que tinha alguma esperança em sobreviver depois do que fez, não é?

- Não. – Eros disse em tom de tristeza. – quero dizer... acho que não... não vou negar que sempre mantive um fio de esperança.

Morte sorriu.

- Faz parte da natureza das almas nunca desistirem, mesmo que o fim seja inevitável. Elas gostam sempre de pensar que há alguma maneira de resolver as coisas.

Os dois ficaram se encarando por alguns segundos em silêncio.

- Então... como tem passado? – Eros perguntou quebrando o silêncio.

- Bem... sabe como é que é né? O dia é sempre atarefado, preciso levar e trazer almas para o Corredor... é exaustivo, mas eu me divirto de vez em quando. – Morte arqueou as sobrancelhas. – como numa conversa que posso ter, tipo agora, ou como expectador de luxo do desenrolar de uma jornada, como a sua.

- Ah... que bom. Gostou do final? – Eros sorriu sem graça. – meio dramático, mas solucionou um dos problemas.

- O final? – Morte sorriu balançando a cabeça. – seu plano ainda não foi completamente executado Eros... ainda não acabou.

O rapaz cruzou os braços.

- Hey! É verdade... da primeira você ficou me dizendo que eu era interessante por causa do meu plano... Alíris também mencionou que havia gostado de mim por causa do tal plano. Sempre ficam me falando isso, só não me dizem que raio de plano era esse. Por que, eu não me lembro de ter feito plano algum... foi tudo no improviso mesmo.

- É por que não foi paciente. E... por que não lembra, não necessariamente quer dizer que não o fez.

- O que quer dizer?

Morte ergueu a bengala apontando para trás, Eros se virou e viu seu reflexo num espelho retangular de um metro e meio, que brilhava na azul.

Ele ficou encarando aquilo por alguns momentos, Eros já vira seu reflexo milhares de vezes, mas naquele espelho brilhante, estava diferente. O rapaz não conseguia explicar, nem ao menos entender, só que era diferente.

Ele flutuou para mais perto e então levou a mão direita tocando na superfície espelhada.

 Todo o ornamento em volta se desfez e o espelho se explodiu quebrando em milhares de pedaços bem na cara de Eros que mal teve tempo de reagir, devido a claridade azul que o tomava.

Eros havia desaparecido, não estava mais no universo, muito menos na companhia na morte...seu corpo estava invisível ou não existia. O fato é que ele só vivia como um observador em um campo aberto numa noite estrelada sem nuvens.

Nesse campo, deitado sobre a grama havia um garoto de não mais do que quatro anos, e um senhor de idade que olhavam o céu.

- Incrível não é? – disse o homem.

- Aham. – concordou o menino maravilhado. – padrinho... qual o tamanho do universo?

O homem sorriu.

- Não existe somente um Sorhe. Há inúmeros universos e em cada um deles existem infinitas galáxias e dessas infinitas galáxias, infinitas estrelas e planetas. Todo um gigantesco sistema que nos deixa do tamanho de um grão de areia. Até menor.

O menininho abriu a boca impressionado.

- E nesses mundos... há vida? Como no nosso?

- É claro que há.

- Padrinho... se o universo é tão grandão quanto o senhor diz... e se nosso mundo abriga vida... quer dizer que há uma ordem que o determina, não é? Hã... tem de haver... tudo que é grandão assim precisa de um sistema para mantê-lo funcionando... talvez até um...um...um... qual é o nome daquela bola que fornece energia...

-Núcleo?

-Sim! O universo ou todos os outros precisam de um núcleo certo? Não é tudo um sistema?

O senhor de idade havia parado de olhar as estrelas e encarava o menino. Ele só tinha quatro anos e já falava como alguém que entendia.

Anos depois o mesmo senhor conversava com outros dois velhos de cabeça branca. Os três tinham vestimentas parecidas o que indicava que trabalhavam no mesmo lugar.

- Soube que pôs seu afilhado num curso de intensificação. – disse um dos velhos.

- Sim, eu tinha que tirá-lo da academia, Sorhe está muito acima da maioria... aquilo só o deixaria entediado.

- Estão dizendo que é um prodígio. – falou o outro.

- Que nível ele está?

- Vigésimo. – respondeu o padrinho.

Ambos os colegas arquearam as grossas sobrancelhas.

- Quantos anos disse que ele tem?

- Sete. E não estão dizendo que ele é um prodígio, ele realmente é.

A seguinte imagem mostrou o padrinho ao lado de um rapaz, parecia não ter mais do que quinze anos. Ambos conversavam em um corredor suspenso dentro de um centro de pesquisas.

- Obrigado por me trazer aqui padrinho. Eles não dão permissão aos técnicos. – disse o rapaz.

- Eu não o trouxe aqui por agracia-lo Sorhe. O trouxe por que você foi chamado.

O rapaz mostrou face de espanto.

- Eu... hã... eu... o que foi que eu fiz? – o rapaz estava preocupado.

O homem sorriu, achando graça.

- Não se preocupe garoto. A publicação do seu trabalho sobre a energia externa  universal ligada a força motriz humana, chamou a atenção de Sailas. Ele pediu para que eu o trouxesse... ele quer conhece-lo.

- Achei que a comunidade cientifica não daria atenção pra aquilo.

- Não daria atenção? – o velho perguntou surpreso. – não é qualquer um que prova através da física e da matemática a existência energética da morte.

- Eu só fiz algumas contas. – disse o rapaz sem graça.

A imagem mudou novamente e mostrou agora o rapaz sentado em uma cadeira junto do velho. Ambos estavam no campo aberto na noite, olhando o céu estrelado.

- Soube que foi convocado a fazer parte da equipe de pesquisas do projeto Inicio. É uma grande honra. – disse o velho.

O rapaz continuou olhando o céu, parecia distante em pensamentos.

- Haskir. – disse Sorhe – você é um dos anciãos, muitos respeitam o que você fala... eu mais do que qualquer um... no entanto, o senhor é meu padrinho... – o jovem o encarou. – seja honesto, acha mesmo que sou favorecido por tamanho conhecimento? Ou só tenho a influencia de uma mente sábia como a sua?

Haskir via a dúvida do jovem Sorhe. Via que o rapaz estava em dúvida quanto a própria capacidade. Assim ele suspirou e voltou a olhar as estrelas.

- Você conhece a história sobre nosso salvador? Sobre o primeiro Sorhe?

- Conheço sim padrinho... Rerat era um mundo de caos e destruição... estávamos em plena era das guerras... quando na campanha da segunda lua um soldado desertou do exercito de quantium. E formou seu próprio, matando o líder e tomando o controle. E quando todos pensavam que se trataria de mais um comandante cedendo por sangue e poder, Sorhe começou a mudar o sistema de seu país... começou uma ideologia que atraiu pessoas ao redor do globo e em poucos anos, o seu exército era maciço e avassalador... seus soldados lutavam por algo que acreditavam veemente, algo que o próprio soldado desertor acreditava... o fim das guerras. Quando derrotou os inimigos, Sorhe se apossou de tudo e introduziu o sistema em todo o mundo, o que foi determinante para o fim das guerras e a evolução do nosso povo.

- Sim, sim... essa é a história contada nas escolas e academias. Mas o que poucos pensam foi no que levou o soldado desertor a fazer tudo aquilo? Ele poderia desertar e fugir, se esconder. Mas o que foi que passou em sua mente no instante que decidiu por sua ideologia em pratica?

O rapaz não sabia responder. Haskir sorriu.

- Sorhe não cobiçava poder... por que ele como um soldado que já viu a destruição e o caos que isso causa... ele descobriu que o poder não era um objetivo e sim uma ferramenta. A maioria dos homens daqueles anos negros, eram ambiciosos... tinha poder e queriam mais... só que pra que? Se não for usado, o poder destrói a si mesmo. Logo, quando Sorhe decidiu toma-lo, ele já tinha um objetivo em mente, e quando o alcançou tratou de eliminar essa ideia de poder, de força e elevação de poucos sobre maioria. Por que o soldado desertor sabia que todos somos um.

- Antes de pensar em fazer mal a alguém... pense que estará fazendo mal a si mesmo, pois somos unificados pela vida. – disse o rapaz. – eu praticamente decorei o livro de pensamentos que ele deixou. Bem... uma das milhões de cópias que há nas livrarias.  

- Sim... desista do instinto de competição... abandone a necessidade de ser superior e encontrará a razão da própria existência. Sorhe a descobriu e queria que todos descobrissem. Teve que usar meio de violência para derrotar os inimigos que tinham as ideias destrutivas enraizadas no ser. Mas os fins... justificam os meios.

- Eu compreendo padrinho. – disse o rapaz ainda triste. – ele mudou tudo. O sistema financeiro, a educação em níveis que nem se imaginava ser possível. Mudou até o jeito como pensamos hoje... ele foi um homem extraordinário ao qual ninguém tem capacidade de superar... e eis a questão. Muitos estão me comparando a ele.

Haskir viu a fonte da tristeza. Era uma pressão muito grande.

- Suas pesquisas, e seus resultados estão nos levando a patamares nunca antes imaginados. Imagino que todos pensem que você possa ser a reencarnação dele... pelo que sabemos sua morte ocorreu há milhares de anos, e sua alma pode ter levado todo esse tempo transitando pelos multiversos até reencarnar aqui. Se assim for o seu desejo. A questão é que... nunca saberemos se você é ele... por que não é. As almas se moldam em diferentes faces quando reencarnam, por que buscam...

- a magnitude da existência, através das experiências que pode ter em suas inúmeras e diferentes vidas. – completou Sorhe.

- Sim. Você é Sorhe... este Sorhe. – ele tocou no ombro do rapaz. – o antigo fez coisas maravilhosas, impressionantes... mas nunca mais voltará. Cabe a próxima geração seguir em frente e descobrir seus próprios destinos, suas próprias ações maravilhosas ou não. Você é abençoado Sorhe... sei que um dia encontrará pelas suas ações... o destino que acredita ser seu.

A imagem se transforma novamente, agora aparece uma sala enorme, onde um homem atrás de uma mesa de vidro parece olhar alguma coisa em um tela de cristal.

Então a porta se abre com violência batendo na parede, Sorhe adentra no escritório, obviamente os anos passaram por que agora já tinha a cara mais de um homem. Em suas mãos alguns papéis que bate na mesa de vidro bem na frente do homem.

- Não pode fazer isso! – ele gritou. – precisamos analisar a polaridade das energias em dimensão fixa! Podemos encontrar uma resposta!

O homem sentado em sua confortável cadeira branca, junto as mãos sobre a mesa e encarou Sorhe.

- Já encontramos uma. Irei tolerar seu alto tom de voz por que você sem dúvidas foi a razão para encontrarmos o núcleo do primeiro universo, e nele os selos de energia primária. Foi um feito extraordinário e sem você, levaríamos centenas de anos para achar. Apenas por essa gratidão estou tolerando-o. Porém não pense em nenhum momento que está no comando desse centro de pesquisas, Sorhe.

Sorhe fechou as mãos amassando os papéis enquanto controlava a raiva.

- Não faça isso Sailas. Não é assim que iremos resolver.

Sailas manteve-se calmo e sentado.

- Os cálculos são precisos... os selos de energia estão absorvendo matéria escura... irão se desestabilizar e quando isso ocorrer irão começar a absorver a luz e tudo o que nela existe... sóis, luas, planetas... galáxias inteiras até que se estabilizem novamente. Tem ideia do risco que corremos? Ou das tantas vidas em todos as outras dimensões e universos?

- Está condenando sete bilhões de vidas! – Sorhe falou em tom de ameaça.

- E salvando trilhões de outras. É um alto preço, verdade. Mas devido ao nosso tempo... não há alternativa.

Sorhe estava ficando vermelho de raiva, e usava todo o seu auto controle para manter a voz baixa.

- Podemos achar outro mundo com uma forma de vida carbônica, uma forma que não seja pensante... que seja produto da natureza do mundo.

- Não há. – Sailas foi direto. – não pense que eu estou satisfeito com isso rapaz... jamais aceitaria uma atrocidade como essa, se não fosse o ultimo recurso.

- São seres humanos! Como nós!!! – o cientista gritou.

- São sim. – Sailas se levantou. – seres humanos tolos e violentos em um mundo que está morrendo por que eles o degradam em pró do egoísmo e do dinheiro. São humanos que não aprendem com os erros... vivem de violência e ignorância... poucos precisam manter muitos ignorantes só para governa-los... – Sailas aumentava o tom de voz. – são uma raça estupida que irá se auto exterminar com o tempo. Só vamos antecipar o processo.

Nesse instante Sorhe pulou por cima da mesa e deu um soco em Sailas que foi ao chão.

- Não temos o direito!

A imagem se transforma novamente e mostra o cientista em um laboratório  pondo alguns eletrodos no peito nu. Instantes depois ele aciona uma maquininha e vai ao chão.

A imagem agora mostrava Sorhe no espaço, bem de frente a morte.

- Então você é real mesmo. – disse ele analisando o lugar a volta e o próprio corpo. – tudo isso é uma projeção energética.

- Sim é. – respondeu a morte. – é realmente impressionante que um humano consiga através da matemática provar minha existência. Assim como é extraordinário e insano que um simples humano pense em um plano tão mirabolante e arriscado. Você é interessante Sorhe.

O homem encarou o cosmos a sua volta, tendo pensamentos distantes.

- Haskir gostaria desse lugar, as estrelas parecem muito mais próximas.

- Diga-me Sorhe. – Morte se aproximou. – acha realmente que pode salvar a Terra? Acha que seu plano de reencarnar naquele mundo, mudando a trajetória da viagem de um dos selos,  para que ele incorpore em seu novo corpo e assim usar sua energia para salvar a Terra, vai realmente funcionar?

O rapaz hesitou, ainda olhando a sua volta.

- Não. Como cientista eu prevejo que isso é uma tentativa falha... há inúmeras variáveis que eu desconheço e que podem botar tudo a perder... é provável mesmo que a Terra seja destruída e seu povo dizimado.

- Então por que desistiu de sua vida para executar seu plano?

Morte observou a face de Sorhe, ele abaixou a cabeça e cerrou as mãos em punho.

- Eu... eu não pude não fazer nada. Haskir sempre me disse que quando se obtém conhecimento você também obtém responsabilidades, deveres que o tornam uma pessoa diferente. Quando eu soube... quando... eu.... eu tinha que fazer alguma coisa... se realmente fui abençoado com sabedoria... se é através do conhecimento que transformamos o mundo e as pessoas nele...  eu posso transformar essa situação... eu... eu... tinha que tentar.

- Então... – A morte apoiou as duas mãos na bengala. – qual é o seu objetivo por trás do plano?

Sorhe encarou a morte.

- Dar uma chance à Terra, para que ela se defenda. É tudo o que eu quero... é o meu objetivo.

Morte então fez uma expressão de surpresa ao perceber que uma pequena poeira azul estava saindo da cabeça de Sorhe e se condensando a sua frente.

- Você é realmente diferenciado. Está nessa forma energética há poucos minutos e já a domina a esse ponto.

- Não é tão difícil. – respondeu ele. – trabalhei minha vida toda analisando a energia da mente e da alma.

A pequena poeira se juntou e rapidamente tomou moldes de um espelho grande de brilho azul.

- Não sou pago para dar conselhos. – disse a morte. – na verdade não sou pago para fazer o que faço, ainda sim o que pretende fazer com essas memórias que está armazenando? Não acha que poderá usa-las quando reencarnar, acha?

- Eu acabei de dizer... – Sorhe voltou a fitar o rosto da Morte. – há inúmeras variáveis que desconheço, e que podem arruinar tudo. Mas isso não significa que eu não possa preparar uma equação linear de amplas dimensões. Com estas memórias eu devo me lembrar de ser Sorhe e então usar meu conhecimento para dominar a energia de um dos selos que estará preso em meu novo corpo. Deste modo posso defender a Terra, brigando de igual pra igual com eles.

- Se estas memórias chegarem e forem introduzidas ao seu novo eu, o cérebro dele ou dela irá se liquefazer... vai se transformar em mingau, vai queimar devido a quantidade absurda de informação... se estas memórias te alcançarem... irá morrer. Há uma razão perfeitamente lógica e necessária para as almas esquecerem suas antigas vidas. As atuais não aguentaria a pressão... morreriam na mesmo hora. Isso impediria o objetivo de viver novamente... assim elas se esquecem.

- Eu sei. – disse Sorhe de modo vago. – como sei também que os selos após incorporados não irão permitir que os corpos que habitam morram... por que não podem. Afinal, apenas energia semelhante poderá ter tal capacidade... não tenho cem por cento de certeza quanto a isso... mas é a lógica. Com a energia densa que os selos possuem... podem facilmente acelerar o processo de regeneração. Se essas memórias me matarem... vou voltar a viver. O problema é que a densidade dela fora de mim pode atrasar a viagem. Se estiver correto com meus cálculos.. da explosão dos selos até sua trajetória terá quebrado quatro barreiras temporais, e isso na dimensão da Terra significa aproximadamente 17 anos. Devo ser apenas um adolescente na época... e estas memórias devem chegar mais tarde um pouco... só espero que à tempo.

- Antes de um dos selos te matar. – traduziu a morte.

- Sim.

- Ok. É realmente um plano interessante de um humano muito interessante... só resta saber se vai funcionar.

- É... – Sorhe suspirou. – leve-me para Terra.

- Como desejar. – disse a morte.

Então as imagens se tornaram brancas e desapareceram. Eros estava de volta ao espaço de antes. Agora flutuando a esmo, com a face petrificada, abismado e chocado demais para se movimentar.

- Sorhe trabalhou com a analise dos selos... ele sabia onde eles iriam cair... sabia que tinha apenas que introduzir uma parte de sua assinatura energética no núcleo que liga os selos e isso levaria um deles até aquele campo de gramado naquela noite chuvosa, sabiam levariam diretamente até você. Estava tudo planejado.

Eros continuava flutuando, chocado e petrificado.

- É óbvio também que nem mesmo ele previra que os selos continham uma consciência. Que estes selos eram da mesma configuração energética que as almas. Ninguém em Rerat sabia. – morte explicava sabendo que Eros a ouvia. – Sorhe tinha conhecimento que as memórias viriam, só não contava que o atraso seria de mais de oito meses. Se você tivesse ficado vivo por mais duas semanas, este espelho de lembranças o alcançaria.

- Eu... eu.... – Eros tentava falar, mas ainda não conseguia. – eu... eu...ele... eu...

- Você é a reencarnação de Sorhe. Um simples humano de Rerat, que precisava achar um meio de dar a Terra a chance de se defender contra os selos, e o melhor modo seria tendo um deles a disposição. – resumiu o senhor pálido de bengala

- Mas nem Sorhe previu a purificação. – uma voz feminina soou ali e Eros flutuante virou a cabeça para ver de quem era.

- Alíris!!! – ele gritou nadando em direção a mulher loira.

Ela continuava bela, com o vestido branco e os cabelos emitindo luz dourada.  

Alíris lhe deu um cascudo assim que o rapaz chegou perto.

- Ai... isso dói.

- É que sua mente está se adaptando as memórias de Sorhe. – disse morte, atravessado.

- Não, não... acho que foi pelo cascudo mesmo. – rebatou Eros, então voltou-se para ela. – por que me bateu?

- Por não ter me escutado. Eu te falei que usar o golpe com a espada iria dar pane no seu corpo.

- Tá bom! Você estava certa...descu... hei! O que você está fazendo aqui? Achei que tinha voltado para o núcleo físico de alta densidade molecular! – Eros levou as duas mãos a cabeça. – quero dizer... seu...seu... local de origem. Ai... minha cabeça parece que vai explodir.

- Relaxe... logo vai se adaptar ao conhecimento da sua vida passada. – disse ela.

- Ah claro, é fácil para você falar, não ligaram um liquidificador e o espremeram para dentro da sua cabeça através do nariz.

- Pelo visto o drama de Eros se fará presente sempre. – disse ela arfando. – mas enfim... respondendo a sua pergunta, eu estou aqui por que quero.

Eros parou de se mover e encarou a projeção de mulher que o selo usava.

- Nossa, não entendeu nada!? Nem com toda essa sabedoria recém adquirida consegue raciocinar? Francamente... eu me fundi com a sua alma Eros! Lembra? Em trocar de ter todo meu poder, eu terei toda a liberdade da sua alma.

- Mas... Greco... o selo havia...

- A penetração com o braço e sua energia? Aquilo não vai mais funcionar comigo... eu já fui purificada. Mas como naquele momento seu corpo havia alcançado o limite, eu não poderia fazer nada... exceto atender o seu pedido e vaporizar a energia condensada no corpo.

O rapaz começou a pensar.

- Certo... eu estou na minha forma energética, ou na forma da minha alma... é compreensível te ver aqui. A questão é... por que? Eu morri, meu propósito já foi cumprido... na verdade em parte. Não pude destruir todos os selos, mas ao menos detive Greco. Essa era a maior preocupação...

Alíris cruzou os braços a frente do corpo, fazendo uma expressão séria.

- Não Eros... você se enganou. O selo em Greco não foi purificado, ele continua na Terra e muito em breve irá se erguer. 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado... creio que esse foi o grande segredo da história... foi a razão do prólogo... espero ter feito com que fizesse sentido.
Depois desse deverá vir só mais 3 capítulos ( talvez 2 ) então... nessa reta final eu gostaria que quem estiver lendo deixasse um comentário... pode só dizer "estou gostando" ou "não estou gostando"
A fic está acabando e eu realmente gostaria de saber a opinião de quem a leu. De todos que a estão lendo.
Obrigado e aguardem o próximo!



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