O Resplandecer Da Luz escrita por Ninguém


Capítulo 29
Cap. 26 Oceano de azar


Notas iniciais do capítulo

Ok... essa semana deu pra postar dois capítulos, mas o próximo só fim de semana que vem.
Espero que gostem.



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Oceano de azar.

Eros não procurava pensar muito em sorte ou azar, desde que entrara nessa situação de selos e fim do mundo o rapaz acreditava ter mergulhado num oceano de azar. Mas então apareceu Helena, Amanda e alguns dias de paz em seu apartamento, e no litoral...o fizeram voltar a acreditar na sorte... se é que poderia chamar de sorte.

Então o azar volta a cena, como se Eros estivesse cercado dele, sozinho num vasto oceano. O rapaz descobre parte da verdade pelos lábios de um dos selos na forma positiva, e então percebe que o fim é inevitável... mas o fim para ele. Em sua mente, Eros ainda pode garantir a segurança de quem ama e isso havia se tornado sua meta.

E talvez nem isso ele conseguiria fazer.

Eros ativou a armadura e olhou para Marcos e Adalbert, assustados.

- Fiquem aqui. Haja o que houver, ouça o que ouvirem... não saíam da casa! E garantam que Helena e os outros também fiquem, escutaram?!

Os dois marmanjos acenaram com a cabeça acatando imediatamente as ordens. A armadura intensificou o brilho e Eros desapareceu do escritório.

Eros reapareceu nas areias brancas, já com a espada em punho olhando para todos os lados.

- Onde eles estão? – o rapaz girava para um lado, depois para outro, procurando por feras medonhas que representavam a destruição.

Olhe para o céu.”  Eros ouviu a voz de Alíris em sua cabeça.

Eros ergueu a cabeça visualizando o céu azul e então seu queixo caiu levemente.

- Você só pode estar me gozando...

Numa distancia longínqua, o rapaz podia observar três pontos pretos em meio ao azul, colidindo uns contra os outros, soltando brilho em cores azul, amarelo e cinza. Eros abaixou a espada e ficou encarando boquiaberto os inimigos muito longe de seus ataques.

- Eles... eles... estão voando!

“ Estão. Eros, preciso lhe avisar que estes três selos estão com o nível de liberação de energia em mais de 70 por cento.”

- E o que isso quer dizer?

Você sabe que nossos poderes são contidos por causa das leis universais e dos corpos humanos, mas isso funciona apenas como um elástico... que vai esticando e esticando mais até que uma hora, ele romperá.”

- Entendi... quanto mais estica, mais há liberação de poder. – o rapaz então teve um pensamento que o perturbou. – o que vai acontecer se um dos selos liberar 100 por cento?

Alíris hesitou antes de falar.

A mesma força que eu tenho para criar, estes selos terão para destruir... se alcançarem o ápice... o seu sistema solar pode ir para as trevas num piscar de olhos.”

Eros arregalou os olhos fechando com mais força a mão no cabo da espada.

- Droga! – ele chutou a areia. – como eu faço para pegá-los?!

Quase como um desejo, um dos pontos brilhantes no céu caiu no mar com um impacto forte e veloz, como um meteoro. O choque fez com que uma forte onda se formasse e tomasse boa parte da praia molhando até os joelhos do rapaz.

Se você planeja proteger sua amada, sugiro que o faça rápido... por do jeito que eles estão, facilmente podem inundar este lugar.”

Quando a água recuou, Eros viu surgindo por entre as ondas um dos selos. A criatura brilhava numa cor amarela, as escamas eram grossas por todo o corpo, e possuía quatro chifres além de duas asas estranhas presas as costas, elas formavam um anela maior em cima e um anel embaixo menor feito em uma pele quase transparente.

Nesse instante, o rapaz caiu na gargalhada.

Isso não é hora para piadas Eros! Estamos em meio de um combate real!

- O cara tem asas de borboleta! Como eu não posso achar graça? Afinal... por que diabos os selos assumem essas formas medonhas... oh coisinha feia!

A criatura partiu para cima do rapaz, correndo com as garras a mostra, avançando em linha reta, sem nenhuma tática, deixando a guarda aberta. Foi fácil para Eros desviar já se virando e fincando a espada nas costas do selo, com a ponta atravessando o peito.

Houve uma explosão de brilho amarelo e o selo caiu no chão já voltando a forma humana, perdendo as asas e as escamas, além dos chifres.

Com mais liberação de poder...” Alíris voltou a falar “ mais os selos se aproximam da forma perfeita.”

- Como assim?

Energia condensada forma matéria, assim os selos também possuem uma forma fixa quando entram na sua dimensão. E nela, é dito que a energia das sombras toma moldes de escamas brilhantes para iluminar seu caminho nas trevas, chifres para mostrar seu poder perante os inimigos, uma cauda para proteger onde os olhos não veem... e por fim asas para fugir das trevas. Já a energia da luz, tem placas  resistentes e espelhadas em torno do corpo para refletir a luz e ofuscar os inimigos, possuem uma extensão dos braços para aumentar o alcance de seu ataque, o que facilmente se entende como uma espada, também possuem asas para defender a luz e fazer sua vontade perante as sombras, além de ter seu núcleo de luz em forma de anel sobre a cabeça, protegendo a mente e a alma de qualquer sombra.” 

Eros ficou montando as imagens na mente e Alíris lhe fez o favor de completar.

Sim... são exatamente as imagens que os humanos montaram sobre anjos e demônios, a alma de vocês conhecem as leis universais desta dimensão e toda a inspiração para uma arte, uma história ou qualquer manifestação de liberdade... provém da alma. Assim os primeiros a escreverem e descreverem anjos e devas utilizaram as imagens da personificação da luz e das trevas nesta dimensão

- PQP! – foi só o que Eros conseguiu dizer encarando a espada.

Quando ele se recuperou de seu espanto, o rapaz olhou para cima. Os dois selos restante lutavam ferozmente há muitos metros de altura.

- Droga! Hei!!! – ele começou a gritar – Hei seus desgraçados!!! Aqui embaixo! Olha eu aqui!!! Desçam aqui seus vermes!!! Isso não vale! Não podem me deixar aqui embaixo enquanto vocês lutam aí em cima!!! Isso é bullying! Estão me excluindo!!! Vamos lá... não sejam maus... venham cá e eu vou ficar essa espada em suas malditas escamas! Andem!!!

Mas as criaturas nem lhe deram bola, permaneceram no combate.

- E agora?

Eu tenho uma ideia.” Alíris disse e a armadura voltou a intensificar o brilho

A princípio Eros achou que ia se transportar para algum outro lugar, mas quando o brilho diminuiu ele estava no mesmo ponto, só que...

- Ah... tá bom... isso é outro nível de loucura.

O rapaz encarava o par de asas azuis brilhantes que estavam parcialmente fechadas. Elas não eram compostas de penas propriamente ditas, mas sim de uma luz fraca em contorno no formato delas.

- Ótimo! – Eros tocou nelas, eram sólidas apesar de serem energia pura. – agora eu tenho asas... que nem o absorvente. Francamente Alíris! Você não espera que eu vá voando até lá em cima e lute contra os selos?

Você quer proteger Helena?”

Eros cerrou as mãos em punho, xingando em pensamento. O seu selo sabia exatamente o que dizer.

- Tá bem! Hã... esse treco vem com um manual de instruções?

As asas de energia se abriram, elas eram grandes, pois suas aberturas completa tinham quase quatro metros de largura.

- Ok... – Eros ainda estava bem desconfiado. – hã... vamos lá!

O rapaz continuou no chão.

- Hã... pra cima e avante! – nenhum efeito – vejamos... shazã! – ainda nada. – ok... eh... abracadabra? Ah desisto!

Alíris bufou.

As asas são uma extensão do seu corpo, e como qualquer outra parte, ela segue o comando de sua mente.”

- Ah, é simples né... eu só preciso pensar em estar no céu com elas aberrrrrrrr ahhhhhh!!!!

Eros alçou voo antes de terminar a frase, se distanciando do chão rapidamente.

As asas batiam a medida que ele subia, Eros nunca havia sentido o que sentia agora... por mais liberdade que se possa ter, um ser humano é preso pela lei da gravidade... algo que o prende no planeta, mas voar... voar sozinho como os pássaros... nada mais o prende... aquilo se tornou a liberdade pura, e ele gostava.

- Ok! Vamos até aqueles selos malditos! – Mas quando Eros pensou em ir para um lado as asas foram para outro. – hei! Não... é pro outro lado! Esquerda! Esquerda!

As asas não viraram, seguiram em frente.

- Mas que saco! E pra esquerda! Não a minha esquerda! A outra esquerda! Quero dizer... droga! Só vá em direção aos selos!!!

As asas planaram  e finalmente tomaram a rota certa.

***

Greco segurava o homem no ar apenas com um braço, apertando seu pescoço. Todo o departamento de pesquisa onde estavam se transformara numa cena de um filme macabro, pois todos os cientistas, os guardas e serventes jaziam sem vida sobre o chão e sobre os equipamentos, tingindo-os com o vermelho de seus sangues.

- Aposto que você não esperava por isso não é? – o selo perguntou para o homem que segurava.  – Não... os reratianos são o povo que atingiu o pico de desenvolvimento tecnológico e social dentre todas as raças conhecidas... se orgulhavam de estarem no topo... mas esqueceram de uma regra básica... quais mais se sobe... maior será a queda.

- Po...por...por... favor... – o homem que aparentava ter uns cinquenta anos, cabelos grisalhos e expressão atordoada enquanto tentava respirar.

- Quer implorar por sua vida medíocre? – o selo o soltou e ele caiu ao chão tossindo violentamente. – pois muito bem, como um ser superior a você... permitirei a chance de se desculpar... implore por sua vida, e tente me comover.

- Não... – o senhor ajeitou a gola do que parecia um uniforme, enquanto ficava de quatro numa tentativa falha em ficar de pé. – não... vou... implorar por minha vida... mas... vou implorar pela vida do meu mundo. – o homem curvou-se aos pés do selo. – por favor... mate-me como responsável por tudo, mas poupe meu mundo. Poupe Rerat.

O selo cruzou os braços, encarando o velho de cabeça baixa implorando pela sua morte em troca da vida de todo o seu povo. O ser que se dizia superior não soube como proceder por um momento, até que ocorreu-lhe uma ideia.

O selo dobrou um joelho ao chão, erguendo a cabeça do homem para olhá-lo nos olhos.

- Auto sacrifício é nobre, até eu tenho de reconhecer... é nobre e tolo. Mas... sejamos justos. Você enviaram os selos para a Terra, para um mundo onde existe a raça humana como aqui em Rerat... vocês brincaram com meu poder é verdade... mas condenaram bilhões de vidas... logo para eu mostrar que sou um ser piedoso deixarei a decisão de salvar este mundo e este povo nas mãos de outra pessoa.

O selo sorriu e então desmaiou.

O homem não compreendeu a princípio o que o selo havia dito, ele estava ali desacordado... vulnerável... Sailas poderia se levantar, soar o alarme, embora soubesse que seria inútil... apenas um selo pode purificar seu semelhante.

Então o selo voltou a se erguer, mas aquela face de confiança e prepotência havia desaparecido... na verdade não havia sequer um traço dela... a face que Sailas observava era a de um homem morto... um homem morto que podia chorar para expelir sua tristeza.

Sailas ficou de pé, quando o homem se ergueu.

- Ele...ele...ele... – o homem que o selo havia se apossado, estava tentando falar enquanto encarava o chão, exatamente como um zumbi. – ele me fez ver a cena da morte de Ellen... repetidas vezes... eu a via sendo morta por mim... de novo, de novo e de novo... eu... eu... – Greco levou uma mão a cabeça aumentando o choro. – ela nunca mais voltará e eu serei punido... eu mereço... eu a matei... eu... eu...

Sailas apenas ficou imóvel observando o homem desolado que se controlou e ergueu a cabeça para fita-lo.

- Você é humano. – disse Greco.

Sailas engoliu seco.

- Sim, eu sou.

Greco abriu a boca para falar, tentou várias vezes, olhando de um lado para o outro. Até que por fim saiu uma frase de sua boca.

- Ah...ah... vocês enviaram esses demônios para a Terra? Para meu mundo?

- Você precisa entender. – disse Sailas. – bilhões de mundos morreriam se os selos se dissipassem pelos multiversos... precisávamos contê-los...

- VOCÊS OS ENVIARAM PARA MEU MUNDO!!!! – Greco berrou avançando sobre Sailas o pegando pela gola do uniforme. – como puderam!? Vocês são seres humanos também!!! Não tem um pingo de consciência??? De... de... de amor... de respeito pela vida!!!?? Quem vocês pensam que são para brincarem de Deus com a vida de um planeta inteiro!?

Greco pressionava Sailas.

- Re... – o homem tinha dificuldades para falar. – reconheço que foi um ato monstruoso... mas não vai outra opção... acredite! Se tivéssemos teríamos usado!

Greco encarou Sailas por um momento, antes de lhe dar um soco no estomago, seguido de uma joelhada na cara e então um gancho de direita que fez o homem ser jogado por cima de uma mesa de cristal.

O militar não parou por ali, ele voltou a pegar Sailas e aplicar-lhe uma sequencia de socos no rosto enquanto o senhor mal conseguia se defender.

- VOCÊS MATARAM ELLEN!!! VOCÊS A MATARAM SEUS DESGRAÇADOS!!!!

Greco berrava enfurecido despejando todo o ódio em cima de Sailas.

Quando parecia que Sailas iria morrer, Greco parou de bater e puxou a cabeça dele para cima e lhe falou bem próximo a sua orelha.

- O selo irá queimar esse mundo... e cada um que nele vive... e eu vou gostar muito de ver isso.

Depois de falar, o militar quebrou o pescoço de Sailas e se levantou.

- Já não me importo com o que vai fazer... só quero poder ver este lugar ser destruído.

Quase que imediatamente o selo voltou ao comando do corpo.

- E a decisão foi tomada. – o selo sorriu, abrindo a palma da mão onde uma pequena chama vermelha ascendeu. – isso deve ser o suficiente para incinerar todo o globo.

O selo olhou para o lado com os olhos arregalados, surpreso com alguma coisa. Ele fechou a palma da mão apagando a chama vermelha, e sorriu.

- Ora...ora..ora... então finalmente você apareceu.

***

A explosão de luz foi gigantesca. Eros mal pode se defender da investida do ultimo selo que sobrara no campo de batalha. O seu adversário tinha escamas pretas com um brilho cinza, asas pontiagudas e finas, além de dois chifres na testa, a forma da estrutura do rosto e os olhos lembrava exatamente um demônio, ou morcego pelas asas.

- Droga. – disse o rapaz fungando.

Ambos estavam no chão, após uma batalha aérea longa cansativa. Aqueles selos não eram como os outros... a liberação de poder os permitia dar ataques mais fortes e mortais... Eros com a instrução de Alíris tinha que tomar cuidado para não receber uma rajada daquelas de energia, além de evitar que aquilo tocasse o solo, pois acarretaria uma reação em cadeia nas proporções de uma explosão nuclear, assim a ultima foi redirecionada a tempo para o céu. O que deixou o rapaz ainda mais cansado. 

Eros estava machucado, havia sofrido um golpe severo no braço esquerdo, e já não o sentia...  as pernas tremia por que os músculos davam os primeiros sinais de falência e sua visão estava perdendo o foco de vez em quando,  mas felizmente o adversário também estava chegando ao limite por que não conseguia mais voar, além de cuspir sangue a todo momento.

- E agora? – Eros olhou para a mão que segurava a espada, ela tremia. – Alíris... não vou aguentar muito não é?

Não. Precisa derrota-lo rápido.”

- Ok... vamos ver... não tenho muita força nas pernas, não dá pra me atracar com aquele morcegão... e... eh... – Eros fungava.  – Preciso de uma abertura para poder fincar a lâmina num golpe direto.

O rapaz não precisou pensar muito para achar a resposta.

- Vou usar o fio de corte da espada... assim que ele for dilacerado eu corro e finco a espada!

Não faça isso!” Alíris gritou.

- O que??? Por que não!? É um plano perfeito!

Esse golpe usa muita de minha energia, e se o fizer no seu atual estado, não vai ter forças para o ataque final!

- Não posso hesitar! – Eros gritou erguendo a espada. – Ok batman... toma isso!!!

Eros abaixou a lâmina na direção do adversário e uma linha de corte se abriu da barriga ao pescoço da criatura alada que berrou de dor indo ao chão.

- Certo! Agora é só ir at-

Eros arregalou os olhos e caiu no de joelhos na areia. Suas pernas já não respondiam ao comando de seu cérebro. As asas de luz foram as primeiras a sumir, seguidas da espada e então a armadura.

- A... Alíris? – Eros não conseguia mover o corpo.

Seu sistema chegou ao limite, não vai mais responder ao seu comando ou a minha energia. Terá de esperar até que eu regenere as células. Infelizmente, não teremos tanto tempo

Eros pode ver do que ela falava. A criatura já se punha de pé, com o corte na vertical se fechando rapidamente.

- Não... não pode acabar aqui... não pode! – Eros usava as poucas forças para falar, sendo que a boca e os olhos eram os únicos que ainda obedeciam seu comando. – Não pode terminar assim!

A criatura ergueu as garras caminhando em direção ao rapaz, pronto para mata-lo, quando parou abruptamente, arregalando os olhos. Eros não compreendeu até ver uma mão e braço saírem de seu peito erguendo a criatura que emitia aquela explosão de luz quando um selo é purificado.

Será sorte? O rapaz não contava com ela... na verdade não poderia. Um selo acabara de matar a criatura, mas seria obvio que ele era o próximo, então aquele princípio de estar em um oceano de azar, mantinha-se.

O corpo da besta alada que ia voltando a forma humana fora arremessado para o lado e Eros teve a visão do outro selo. A resposta que seus olhos lhe davam era a confirmação de que o oceano de azar que ele se encontrava, era vasto e profundo...

- Olá Eros. – disse Greco num sorriso frio. – eu estava procurando por você. 


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Notas finais do capítulo

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