O Resplandecer Da Luz escrita por Ninguém


Capítulo 12
Cap. 10 O culpado dentro de cada um de nós


Notas iniciais do capítulo

Para os leitores habituais meus sinceros agradecimentos por acompanharem a história! Para os que não são, por favor... deixem um comentário abaixo depois de lerem, dizendo se gostaram ou não do capitulo. É sempre bom receber criticas construtivas e elogios.
Obrigado e aproveitem a leitura.



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O culpado dentro de cada um de nós.

Greco estava de pé em meio a vários corpos ensanguentados que sujavam o chão de terra batida. O soldado encarava as próprias mãos, admirando as escamas vermelhas brilhantes que cobriam suas mãos e braços, assim como as unhas grandes e grossas que poderiam facilmente ser consideradas garras.

O militar nunca sentiu tanto prazer em algo, nunca sentiu-se tão livre... tão...

- Perfeito. – disse ele, com uma voz estranha.

Ela também mudava quando estava com o selo ativado.

A batalha que ocorrera agora a pouco só se mostrava evidente devido à quantidade de buracos que o solo sofreu, além das árvores arrancadas e pedras destruídas.

Foi a primeira luta organizada com a supervisão dos governos do Brasil, EUA e da União Europeia.

Como era esperado, tudo se desenrolou em um local totalmente afastado de qualquer civilização, onde não havia nada a não ser a natureza para comportar uma luta que Greco esperava com tanta ansiedade, pois ele sabia que, a cada selo que destruía, era um passo mais perto de encontrar ao amor da sua vida.

O governo brasileiro havia encontrado um modo de sequestrar os indivíduos que já se tinha cem por cento de certeza que continham um selo dentro de seus corpos. Eles jogaram os homens nesta região e deixaram que a proximidade uns dos outros ativasse os selos e assim iniciasse os combates.

 Cinco aviões da FAB sobrevoaram a área, cada um carregando um dos homens. Perto do local de lançamento, os militares, por diversão, tiravam os paraquedas dos homens e literalmente os jogavam de lá de cima, numa brincadeira cruel e macabra.

É obvio que os homens morriam na queda mas, em pouco tempo, eles se levantavam devido a regeneração que os selos provocavam em seus corpos.

Foi uma luta bagunçada, todos queriam matar todos e apenas Greco tinha inteligência para orquestrar seus ataques, para se precaver em suas manobras de defesa, os outros eram meramente bestas com intuito assassino, desprovidas de qualquer inteligência superior.

A vitória era iminente.

O soldado caminhou tranquilamente para longe dos corpos, ainda admirando o poder que estava espalhado por seu sistema.

Perto dali, Adalbert Smith esperava o militar. O agente da Polícia Federal havia vindo de helicóptero, quando teve a confirmação que o combate havia terminado.

O careca tentava proteger sua cabeça do sol escaldante, enquanto uma boa parte de poeira vinha pelo vento para sujar seu terno quente e abafado. Adalbert pensara que deveria ter vindo com uma simples camiseta e um short, pois estava suando como um porco.

- Veio dizer parabéns? – Greco perguntou abrindo os braços, satisfeito.

Smith abaixou os óculos escuros para contemplar a transformação parcial do soldado.

- Se alega que tem tanto poder... por que não se transformar em alguma coisa mais bonitinha? Você parece um demônio, vindo diretamente do inferno.

Greco deu várias gargalhadas, depois encarou o agente e disse em tom de piada.

- Espero que suas ações nessa vida tenham sido boas Smith, caso contrário... vou te levar pra baixo... – o soldado apontou o chão, sorrindo.

- Sim, sim... chega de piada. Meus superiores irão gostar do meu relatório... relatório este que precisa dos seus detalhes sobre o evento.

- Sei, relaxa que vou te contar tudo.

Logo a transformação começou a regredir, até que Greco voltou à aparência normal de humano.

- Melhor?

- Si-

Antes que Smith pudesse dar sua simples resposta, Greco tossiu sangue com tamanha violência que acertou o terno do agente.

O soldado foi ao chão, e quase que imediatamente perdeu os sentidos.

***

 O lugar estava todo iluminado de branco, Greco olhou ao seu redor e viu um velho sofá marrom com alguém lendo alguma coisa.

- Mas... o que?

- Parabéns por sua vitória. – a mesma voz respondeu sem se virar.

Era o selo. Greco já o havia visto usar todo tipo de imagem durante suas conversas em seu inconsciente.

- Eu já te disse que não gosto quando usa a minha imagem. – O soldado deu a volta para ficar de frente ao sósia.

- Sim, sim... – O selo estava lendo uma revista.

- Por que me chamou? – O militar perguntou em tom de mau humor.

- Eu não o chamei. – O selo visualizava a revista de diversos ângulos.

- O que você está len-

O militar então viu a capa e na mesma hora pegou a revista da mão do sósia.

- Onde conseguiu isso?

Greco nem imaginava como poderia haver uma Playboy de 1987 dentro de sua cabeça. Talvez ele entendesse, afinal foi a primeira revista adulta que o militar leu na juventude.

- Eu estou dando uma olhada em suas memórias... – O sósia abriu os braços, se apoiando mais comodamente no sofá. – Ainda não compreendo a graça que vocês humanos veem em uma fêmea da mesma espécie sem roupa... não vejo nada que valha a pena... são só as partes essências que compõe o caráter físico feminino.

Greco cerrou as mãos em punho, quase corando. Não valia a pena explicar algo assim a um ser extraterrestre.

- Por que eu estou aqui?

O sósia arqueou as sobrancelhas.

- Por que está inconsciente.

-Hã? Eu ganhei a luta!

- É claro que ganhou, meus parabéns... administrou meu poder perfeitamente. Mas parece que você se esqueceu que minha energia é venenosa ao seu corpo, quanto mais usar, mais irá se desgastar.

O soldado pensou por um momento.

- Então o que? Quando tudo terminar... e você se for... eu morrerei? Você irá ressuscitar Ellen e eu irei bater as botas? O acordo não era esse!!!

- Vish... Como você é estressado, em! Relaxa... antes de eu ir, vou deixar seu corpo em melhor estado do que encontrei.

Greco pareceu ficar mais calmo.

- A propósito... – disse o sósia. – se você aceitar uma crítica construtiva... acho que está demorando demais para matar os outros selos.

- O que quer dizer?

- Você deveria ser capaz de liberar mais poder, deveria ser mais enérgico em suas ações e pensamentos... como quando matou sua amante.

Greco na mesma hora pegou o sósia pelo colarinho da camiseta e o aproximou de seu rosto. Ambos pareciam um reflexo no espelho.

- Não. Ouse. Tocar. No. Nome dela. – Sua voz era ameaçadora.

O sósia sorriu.

- Viu! É disso que estou falando! O ódio, a dor, a saudade... reúna tudo isso em sua alma... aumente seu poder, use meu poder... então se sairá melhor que foi hoje.

- Eu já tenho ódio o suficiente. – o militar mantinha o tom amedrontador.

- Não. – respondeu o selo. – Seu ódio é fraco, por que é direcionado a mim. Quando, na verdade, deveria ser direcionado ao único culpado pela morte de Ellen... você.

Greco deu um soco no sósia, que caiu no chão branco ao lado do sofá.

- Eu não a matei!!!

O selo se ergueu com um sorriso no rosto.

- Mentira. E você sabe. Você a matou... ela está morta por sua causa, por suas mãos.

- Não!!! Não!!! Foi você!!! – Greco partiu pra cima do sósia, dando-lhe mais três socos seguidos, até que o selo foi ao chão novamente.

O Greco falso começou a rir enquanto se punha de pé novamente.

- Não, seu tolo. Neste mundo desprezível, tudo que ocorre, ocorre por causa de vocês, humanos... toda a mísera ação que cada um de vocês executa gera consequências... é uma natureza que não pode ser contestada. Se você não estivesse com ela, se você não a amasse, se não partilhasse sua vida, ela estaria viva.

- Não... – Greco começou a balançar a cabeça, negando aqueles pensamentos.

- Sim... Sua existência causou o fim da dela. Independente das ações de terceiros. Eu tenho observado, e percebi que todos os erros, todas as calamidades que os humanos sofrem, é por culpa de si mesmos... é por culpa de sua ignorância sem limites. Independente de que queiram livrar-se da culpa, livrar-se do título de ignorantes, vocês se mantém ainda mais ignorantes! Acreditar na palavra de outra pessoa, acreditar em qualquer outra ação que não provenha de seus braços, de suas próprias intenções. Vocês deixam de pensar, acham cansativo, escolhem o caminho mais fácil, que é seguir a doutrina de outra pessoa... deixar-se serem guiados por outros humanos, que os veem como meros peões... hum! – o selo aumentou seu sorriso de escárnio. – Religiões e governos são uma estratégia ridícula que vocês criaram na ilusão de ordem.

- Cala essa boca! – Greco berrou. – Você jamais entenderá como é ser um humano!

- Não preciso entender. Eu sei. Vocês se reconfortam na ideia de serem vítimas, de serem os injustiçados, para que tenham posse da “justiça”, para que tenham a crença ilusória que estão “certos”, para assim, se sentirem melhores que os outros. Se sentem marginalizados, para que tenham “pena” de si mesmos. Quando, na verdade... são os culpados, sempre foram e sempre serão. Há um culpado dentro de cada um de vocês. Você, e unicamente você, é o culpado pela morte de Ellen... Aceite isso.

Greco partiu pra cima do sósia com toda a violência, começando não uma briga, mas um espancamento.

- Isso! – O selo cuspiu sangue. – Pode bater, pode expelir todo esse ódio que sente... ataque com toda ferocidade o verdadeiro culpado pela morte de seu amor... você mesmo!

O militar então continuou socando a própria imagem, acreditando que o selo estava certo. Ele mesmo era o culpado.

***

Smith estava olhando para Greco deitado num leito de hospital. O soldado havia entrado em coma e, embora a situação fosse delicada, o agente sabia que de uma hora pra outra o militar iria se levantar daquela cama, sem qualquer problema.

O celular toca, Adalbert leva a mão ao bolso do blazer e olha quem é.

- Espero que esses imbecis tenham melhores notícias agora. – Ele atende. – Estou de mau humor, por isso me falem algo que presta.

- O achamos. – a voz do outro lado diz.

Smith pressionou mais o celular contra a orelha.

- Repita.

- Confirmado, senhor. Achamos Eros... Sabemos exatamente onde ele está.


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Notas finais do capítulo

Já adianto que o próximo capitulo será o encontro de Greco e Eros!



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