P.O.V  Liza

Subiu uma raiva dentro de mim que eu achei que não seria capaz de suportar. Sai do quarto dele voando. Porque eu estaria com raiva, afinal? Ele só quer se distrair! Josh não pode ficar o dia inteiro pensando em mim! Mas seria pedir muito se ele respondesse a carta? Resolvi chutar o balde. Não preciso de ninguém. Se ninguém me quer, ok. Vou para outro lugar, outra cidade, ou outro PAÍS! Qualquer coisa que seja bem longe daqui. E de todos! Antes de partir, peguei a caneta e um pedaço de papel e escrevi:

“Acho que você não vai me responder essa carta também. Se seu melhor amigo não se importasse mais com você, preferisse andar com outras, e pensasse que você de fato é invisível, seus pais não ligam pra o que você pensa ou faz, e acha que está sozinho no mundo, podendo fugir para qualquer lugar a não ser aquele, você faria? Tem acontecido coisas bem diferentes nesses dias, e eu queria compartilhá-las com alguém, mas não tem como, se sou invisível aos olhos de todos. Se você, Josh, estivesse na minha situação agora, o que faria? O único jeito de me expressar é através das cartas, e você É O ÚNICO COM QUEM TENHO PRA DESABAFAR. Preciso de você...Me responda o mais breve possível. A propósito: Boa festa.

-Garota invisível”

Enquanto eu escrevia, percebi, que involuntariamente, uma lágrima caiu dos meus olhos. Não tinha me deparado com tamanha situação. Lógico que ele pode sair com os amigos, mas ele devia responder minhas cartas. Josh é assim: Gosta de esconder os sentimentos. Devia desabafar nessas cartas, assim como eu. Agora, pensei em assinar todas as cartas como Garota Invisível, para ele saber sempre quem sou eu. A partir de agora, eu vou botar a carta em cima da sua escrivaninha, e enquanto ele não responder, eu não viajo. Vou acompanha-lo até a festa.

P.O.V Josh

Tinha acabado de chegar da escola e vi um papel sobre minha escrivaninha. Era mais uma carta, pela mesma pessoa. Quem será afinal...Poxa, seja lá quem for, está vivendo um drama. Eu não respondo mais, porque eu não quero me prender a nada. Sei que parece que eu parei de me preocupar com Liza, mas não estou nem perto disso. Eu só não demonstro. Tento me distrair, esquecer essa história, mas a voz dela, no último dia que a vi na escola: “Ah, Josh, você é tão bobo...É por isso que nenhuma menina gosta de você!” E essa voz ecoa milhares de vezes. Ela disse isso e saiu do colégio. Isso realmente me afetou, mas não quero que ninguém saiba. Hoje vou a uma festa, encher a cara, esquecer toda essa bobagem. Peguei uma caneta, e respondi no mesmo papel:

“ Não sou obrigado a responder todas as cartas, e esses dias eu tenho ficado meio...Ocupado. Obrigada pela confiança, sei que você disse que não pode revelar, mas torno a perguntar: Quem é você, e como você sabe tudo que eu vou fazer? Por exemplo, eu tenho uma festa hoje, e você já sabia disso...Eu não vou denunciar os pais da Liza e sim VOCÊ! Bem, no seu caso, eu falaria com alguém além de mim, afinal, nada dura para sempre não é? Assim como eu, nem sempre, vou poder responder as suas cartas (o que aconteceu na última vez) Não fuja, tente resolver os seus problemas. Fale com seu amigo, conquiste-o de novo, faça ele saber quem você realmente é. Espero ter te ajudado...

P.S.: Como você entrou no meu quarto para deixar a carta?”

Terminei de escrever, fui na  lanchonete Delicius Fast Food na Rua Wiberton. Sentei na mesa 4 e discretamente pus a carta. Agora, era só esperar alguém responder. Ficarei aqui até ver alguém vir pegar a carta, quero muito saber quem é essa pessoa.

P.O.V Liza

Fui no quarto de Josh e ele não estava mais lá; Provavelmente estaria na lanchonete. E lá fui eu. E estava. Mas estava sentado à mesa, tamborilando os dedos sobre as pernas, como se esperasse alguém. Deduzi que estava, e esse alguém era eu. Acho que ele queria saber quem escrevia as cartas, e se a pessoa ia até lá para pegar. Seria coincidência demais ele estar sentado na mesa 4 só pra comer. Fiz um teste: Havia um homem comendo um hambúrguer maior que sua cabeça, sentado na mesa três, em frente a mesa que Josh ocupava. Levantei meu braço em direção a cabeça do homem, queria ver se ele ultrapassava e...Deu certo! O homem aparentemente pareceu não sentir nada. Não poderia responder a carta lá...Josh ia se assustar com uma caneta flutuando no ar...Acredite, já fiz esse teste, os anti-ectoplasma (assim eu chamo aqueles que não são fantasmas, dói muito chamá-los de humanos, faz parecer que eu não sou humana também) e todos fugiram, gritaram e se apavoraram...Josh olhou para o relógio e eu peguei a carta e sai correndo. Fui para uma árvore em próxima a Delicius e fiquei vendo se ele ia sair. Sim, ele saiu. Parece que está na hora da festa. Antes de responder isso, vamos ver no que vai dar essa festa...