Fiquei realmente impressionada em como ele pode confiar em mim mesmo sem saber. Ele escreveu o que realmente estava acontecendo, e como não revelou nomes, não havia perigo algum...Josh deve ter pensado: “Se essa pessoa botou a carta aqui, deve ser alguém próximo, ou só minha mãe, querendo conversar misticamente (A mãe de Josh é psicóloga)...” Depois que ele terminou de escrever, foi a lanchonete requisitada, colocou a carta no envelope, em baixo da mesa 4 e partiu. Eu fiquei lá, pensando naquela conversa estranha dos meus pais...

O dia seguinte caminhara lentamente. Peguei a caneta e fiquei pensando no que responder, sem dar a idéia de que era eu mesma...

“A minha identidade infelizmente não pode ser revelada...Imagino, que aflição...Creio que a culpa dela estar assim não é sua, e ela deve te achar um ótimo amigo por agora estar tão preocupado com ela...Sabe, você devia chamar a policia...”

Pensei bem antes de escrever o final...Quem ia acreditar num pobre garoto, sendo que a policia tem mais vinte milhões de coisas importantes para resolver...E outra, não quero ver meus pais presos, mas acho que no mínimo eu merecia explicações...Se eles sabiam que eu estava no quarto, porque não falaram se eu morri? O que estava acontecendo? Serão ele meus verdadeiros pais? Acho que ninguém de fato se importa comigo... Não posso confiar em ninguém. Enquanto pensava, uma voz invadiu minha mente: “Está confusa? Não tem certeza se o que está fazendo é certo? Quer explicações? Você obterá tudo...Tudo em seu tempo...” E a voz ecoava, varias vezes, a mesma frase. As perguntas ficavam mais intensas...Pensei que a voz ia me traquilizar, alguém sabia que eu estava passando por aquilo. Terminei de escrever a carta e depositei-a no envelope. Enquanto esperava a resposta, fiquei andando pela cidade. Tive uma sensação de não ter aproveitado a minha vida, sabe, como se ela estivesse no fim...Devia ter feito mais coisas, me arriscado mais, amado mais, ter vivido mais! Se eu pudesse voltar, aproveitaria cada segundo...Isto seria possível? Voltar? E eu estaria de FATO morta? E porque não tinha pessoas no mesmo estado que eu...Sem poder se comunicar...Eu via tudo, como não tinha ninguém assim?

Passaram-se dias e nada do Josh responder...Ele nem foi mais lá verificar a carta...Acho que ele está tentando me esquecer. Ótimo. A única pessoa que eu ACHAVA que se importava comigo me ignora. Ele tem andado bem estranho ultimamente estava no quarto dele, e o ouvi ao telefone:

- Alo? Ah, oi Dana, tudo bem? Não, eu não estou fazendo nada...Festa eh? Esse sábado? To dentro! A turma vai? Beleza, também vou! To com saudades! Beijo.

Subiu uma raiva dentro de mim que eu achei que não seria capaz de suportar. Sai do quarto dele voando. Porque eu estaria com raiva, afinal? Ele só quer se distrair! Josh não pode ficar o dia inteiro pensando em mim! Mas seria pedir muito se ele respondesse a carta? Resolvi chutar o balde. Não preciso de ninguém. Se ninguém me quer, ok. Vou para outro lugar, outra cidade, ou outro PAIS! Qualquer coisa que seja bem longe daqui. E de todos!