P.O.V Liza

– NÃO EXATAMENTE EU. EU NÃO TERIA A FORÇA PARA MATAR UMA HUMANA. EU ME INCORPOREI EM UMA PESSOA. NO SEU AMIGUINHO CORAJOSO, AI. – Falou a voz, rouca e grossa, fazendo surgir uma mão com apenas três finos dedos pretos esqueléticos. Josh, que por sua vez tinha as pernas bambas, mesmo morrendo de medo, depositou-se na minha frente.

– Você não vai TOCAR na Liza. Seja você quem for. – Falou Josh, bravamente.

A mão foi chegando cada vez mais perto, quando...

– Liza, anda, entra! O que você está fazendo ai? – Falou minha mãe lá de casa. Por sorte, na hora certa ela apareceu. A “mão” recuou e sussurrou algo do tipo: “Eu vou voltar” mas não consegui ouvir direito, pois Josh já tinha me puxado pelo braço.

– O que houve? Porque vocês ficaram parados, feito duas múmias? – Falou minha mãe, pondo as mãos na cintura.

O que foi aquilo? Josh me matou? Eu estou bem viva aqui, agora. Aquilo...Foi...Muito...Estranho...

– Bem Liza, vou indo para casa... – Falou Josh.

– NÃO! DE JEITO NENHUM! NÃO COM AQUELA COISA LA FORA! – Eu berrei. Minha mãe arregalou os olhos e logo perguntou:

– Que coisa?

– NADA! – Respondemos eu e Josh, ao mesmo tempo.

– Sei... – Falou minha mãe, levantando as sobrancelhas. – Então, vou terminar de fazer o jantar.

Eu esperei minha mãe sair da sala e fiquei olhando para o Josh. Ele parecia ofegante e nervoso.

– Meu Deus, Liza, o que foi aquilo? – Ele perguntou.

– Não sei, mas como aquele troço sabia meu nome? – Eu perguntei confusa, me sentando no sofá.

– Sei lá, só sei que enquanto eu te puxava, ouvi algo como “Eu vou voltar”... – Ele falou, abrindo uma garrafa d’água que estava em cima da mesa e servido tremulo para si mesmo.

– Espere um tempinho... Até a coisa ir embora... – Eu falei, puxando para se sentar no sofá.

– Ah, ta bem. Vou ligar pra minha mãe pra avisar que fui convidado para jantar aqui, ok? – Ele falou, sorrindo.

– Ok. Vou avisar minha mãe que você vai ficar para jantar. – Falei, andando em direção a cozinha.

Fui lá, avisei-a, e eu, Josh, minha mãe e meu pai (que chegou do trabalho depois) jantamos, calados. Estávamos decididos que não iríamos falar do que houve para ninguém, muito menos meus pais.

– Está na hora de ir... – Falou Josh, abrindo a porta.

– Ta. Se cuida, hein?! – Falei, com uma expressão preocupada dando um abraço nele.

Pedi para quando chegasse em casa para me ligar. E foi o que ele fez. Depois, a noite foi tranqüila, mas eu não sabia o que iria acontecer no dia seguinte. Na verdade, não tinha nenhuma idéia.