P.O.V Liza

Entramos, sentamos, e contamos toda a história. Durante o desenrolar, meu pai falava algo como “Ah, bem típico de sua mãe...” E volta e meia, soltava um palavrão bem baixinho. Ele nos serviu chá, coisa que eu amo, e Josh até que curte, devido a descendência de sua avo, que morava em Boston. Era tradição ele tomar chá com bolinhos toda vez que ia visitá-la. Perguntei porque eles haviam se separado e ele disse: “Nas horas que eu mais precisei de sua mãe, ela não me dava ouvidos. Ela estava obcecada com essa história. Nós fomos treinados nossa vida inteira para isso, e ela sempre se sucedera bem nos exames...Agora, na realidade, ela não comia, bebia, ou fazia mais nada. Ela apenas ficava sentada, afastada de mim naquele sofá. Eu só queria cuidar dela, e ela me dava cada resposta...” Vi que era um caso perdido, não adiantava insistir. Meu pai e minha mãe iam ficar separados, para sempre. Porém, o final de semana foi muito divertido: Eu e Josh fomos no cinema, lavamos o carro da mãe dele (eu fiquei mais molhada que o carro), jantamos juntos, jogamos Damas ( acho que ele me deixava ganhar, puro cavalheirismo) e daí em diante, só da eu e Josh. A melhor coisa que fiz em minha vida, foi aceitar namorar com ele. Nunca pensei que pudesse ser tão feliz.

P.O.V Thalles

Os dias de Liza tem sido cada vez mais felizes, (eu venho acompanhando pessoalmente) mas esses dias estão contados. Terei de fazer uma coisa que simultaneamente vai ser boa, e vai ser ruim. TEREI QUE APAGAR A MEMORIA DE TODOS QUE SABEM SOBRE A EXISTENCIA DE FANTASMAS, SUBMUNDO, JULGAMENTO ETC... Apenas até o ultimo dia de Liza como humana. A partir daí, sua vida vai seguir o fluxo normal, como se nada que aconteceu nos últimos meses tivesse de fato existido.

– Ora Thalles, tenha compaixão, deixe a garota ser feliz! – Implorava Herbert, de novo.

– Desculpe, mais já dei a Liza uma semana de felicidade, e quem garante que em sua vida normal ela não será feliz? Os pais dela vão estar juntos, não é? – Falei, furioso.

– Quando você apagar a memória de todos os envolvidos, eles não vão mais lembrar que Liza e Josh estão namorando, e serão de novo só amigos, mesmo a gente sabendo, o que um sente pelo outro. – Insistiu Herbert.

– Herbert! Você já fez isso mais de um zilhão de vezes, porque insiste com essa tolice? Não vou deixar a garota ser feliz a custo de desvendarem nossa identidade. E não faço isso só por mim, faço isso por TODOS da Comunidade da Plasma. – Falei, incomum.

– Ah, certo..Você em razão...Me apaguei a garota, sabe...Ter de ficar observando-a para Liza não dar com a língua nos dentes...

– Foi justamente por isso que recrutei você meu caro rapaz. Pois eu achei que você não seria desses fantasmas que se apegassem a pessoas...Sua profissão não lhe permite isso! – Falei, agora estridente.

– Tem razão senhor, desculpe-me...Por toda a Comunidade em risco por causa de felicidade...E Liza pode ser feliz com sua comum realidade, nós não sabemos...São apenas possibilidades, não é? Tudo pode acontecer... Só não quero presenciar isso, senhor... Se me permite... Com licença...

Herbert saiu da sala, de cabeça baixa. Eu não esperava todo esse sentimentalismo dele. Não mesmo. Eu terei de fazer isso...Por mais insensível que fosse...

Peguei algo semelhante a uma antena cujo nomeava-se: “Desmemorizador GT-3IP” E apontei, para um “Mini globo Terrestre” Que estava em cima de minha mesa e dei as coordenadas. O nome todo da pessoa, e fui apertando o botão vermelho. Não demorou tanto, esses casos, geralmente, muitas pessoas ficam envolvidas. Não posso deixar de afirmar, Liza de fato, foi uma fantasma responsável. Será bem vinda de volta, assim que sua alma morrer. Pensei, por alguns instantes em trazê-la de volta aos céus, mas ai teria de trazê-la e apagar a memória de todos, o que a tornaria muito mais infeliz.

P.O.V Liza

Acordei, em mais um dia normal, só que desta vez, com uma sensação estranha... Como se eu estivesse me esquecendo de algo importante...