P.O.V Liza

– E começa agora o julgamento de Lizandra Smith Banks! – Falou um homem cujo tinha a aparência de velho, mas as roupas de pessoa nova. Ele não tinha barba.

Que será que vai acontecer? Eu vou para o céu ou para as trevas?

- Então, Srta. Banks. Alguma pergunta, ou dúvida?

- Muitas. Porque Hebert deu esse olho de vidro para meus pais?

- C-como a senhorita sabe disso? N-não era pra saber...

- Eu fui visitar meus pais e encontrei meu pai usando, e ele me viu, por breves instantes e...

- Herbert deu o olho de vidro, justamente para que eles pudessem te ver. Mas pelo que sei, ele foi quebrado. – Falou o homem, levantando a sobrancelha.

- Entendi...O senhor sabe porque...

- Me chame de Thalles.

- Certo. Thalles, o senhor sabe porque ninguém pode me ver? Porque quando eu escrevo cartas com canetas normais, minha mão ultrapassa, mas com aquela “caneta especial” que achei, eu consigo escrever? E porque eu não posso me identificar? E porque é o único meio de eu falar com os vivos e como...

- Calma Srta. Banks. Suas perguntas serão respondidas.

- Desculpe. – Falei, constrangida.

- Ninguém pode lhe ver, pois você estAVA presa em uma dimensão num submundo...Nem dos vivos nem dos mortos. – Falou Thalles.

- E porque o senhor falou “ESTAVA”? – Perguntei, intrigada.

- Porque agora, você está a um nível acima do seu submundo. Exatamente entre o Céu e as Trevas.

- Certo..E sobre a caneta?

- Ela é uma caneta especial, deixada cuidadosamente no sofá, por Herbert. Se você não a encontrasse, ele ia dar um outro jeito de você achá-la, mas você achou-a logo de primeira. Ela foi preparada para pessoas “especiais” como você. Os anti-ectoplasma não podem usá-la. Não apresenta tinta em suas mãos. E se você se revelasse, logo de primeira, o nosso mundo correria perigo. Dependendo da pessoa, ia sair espalhando. Ninguém ia acreditar, de fato, mas iam investigar, e com toda essa tecnologia, não duvido nada que inventem uma maquina que detecte ectoplasma.

- E porque depois que Josh descobriu que era eu ele pode me ouvir?

- Justamente que ao decorrer das cartas, que estavam sendo monitoradas por nós, descobrimos que ele era uma pessoa confiável, e ai, permitimos que ele a ouvisse. Se ele não fosse confiável, mesmo que descobrisse, não íamos deixar ele lhe ouvir. – Falou Thalles, dando um gole em um copo que repousava sobre sua mesa branca.

-  E porque cartas são o único meio de falar com os vivos?

- Pois é o meio mais seguro que podemos monitorar com mais facilidade. Se os que estão no submundo, pudessem simplesmente lhe ouvir, seria difícil monitorar as conversas de todos, e na certa, haveriam conversas clandestinas.

- Entendo...E porque meus pais falaram: “Estamos mantendo o corpo dela aqui, para salvá-la!” para o Josh? E porque minha mãe quis matá-lo?

- Pois se tirassem seu corpo de lá, você ia ficar presa para sempre no submundo. Porque, se depois do julgamento, você for julgada em voltar para terra, sua alma volta para seu corpo, se ele permanecer no mesmo lugar, é claro. Caso contrário, sua alma toma o mesmo rumo, aderindo ao objeto que esteve em baixo de seu corpo. No seu caso, você seria uma cama, por toda a eternidade. Sua mãe quis matá-lo, pois ela recebeu um treinamento, caso alguém tentasse tirar seu corpo de lá. E vou lhe confessar, Josh deu um certo trabalho ao Departamento de Administração de Proteção de Corpos...

Herbert arregalou os olhos, e olhou para o relógio, e mostrou-o à Thalles.

- Certo. Agora sim. Seu julgamento começará. Mais alguma pergunta.

- Não, senhor. – Falei.

E Josh, como ele deve estar? Será que está bem? Preocupado comigo? Bem, veremos...Isto é, se eu voltar para Terra, mas é claro.