The Ghost Of You Still Loves Me. escrita por Miss McLean


Capítulo 7
What the f*ck, Frank?!


Notas iniciais do capítulo

Hey vocês :D

Próximo capítulo vai ser 95% Frerard, prometo. *cruza e beija os dedos*
Esse é... engraçadinho, eu ri escrevendo-o.

Beijos rosas do meu jardim :*



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Acordar e ver que tudo estava bem. Era tudo o que eu queria e, mais do que querer, precisava. No entanto, dormir foi difícil e pensar era algo que corroía toda e qualquer tranquilidade.

O que poderia piorar?

Não aconteceu nada que eu não pudesse resolver, eu acreditava. Antes de finalmente dormir, eu só sabia pensar. Pensar em todo o nó que minha vida afetiva deu em 2 dias. Pensar no que eu teria que seguir para crescer profissionalmente. Eu já tinha dado o primeiro passo e pelo menos, nessa parte, tudo estava indo bem. Mas, afetivamente, algo me faltava.

Eu poderia confundir tudo pela relação estremecida entre eu e Mary. Só que não era bem isso. Faltava alguém perto de mim para me ajudar em situações desagradáveis como essa. Faltava alguém para dar o colo, alguém que simplesmente pudesse olhar e perceber se eu estava feliz ou triste; satisfeito ou aborrecido. Eu sei que Mary me decodificava e eu fazia o mesmo em relação à ela, mas na condição em que nos enxergamos, ela não pode fazer muito, por que não nos víamos igualmente.

"Então, é isso. Você está carente. Sempre tão independente, tão seguro de si e agora sente falta de alguém. Não é o momento certo para abrir esses tipos de pensamentos e cogitar procurar alguma pessoa, Frank. Você sabe que relacionamentos são totalmente instáveis e podem comprometer sua razão. Veja só sua prima. Não, definitivamente, não! Segure suas necessidades e a hora certa há de vir e você saberá qual é." - Frank pensava, ao se virar para lá e para cá em sua cama. Não contendo a confusão mental, continuara como se sua cabeça tivesse vozes ecoando em seus ouvidos. - "Você tem que focar em descobrir um jeito de consertar tudo. Ela tá sofrendo e a culpa é sua. Bem, não é de ninguém mas é de você que ela gosta. O que fazer? Será que se você tentasse... Droga, seu idiota!" - ele repreendeu o próprio pensamento, aliviando sua tensão ao xingar a si mesmo. - "Não tem possibilidade ou probabilidade de nos envolvermos. Não dá pra vê-la como 'mulher'. Ela cresceu do meu lado, ela sempre será uma menininha..." - ele se decepcionou consigo mesmo ao lembrar do rosto infantil da prima. Contudo, não calava sua mente. - "... Ou não. Já parou pra olhar como ela é? Tá, ela é linda, mas nem assim te anima?" - ele bufou. - " Ok... Chega, chega. Dona consciência, preciso me recolher. Se não se importar, que não traga visões do dia para meus sonhos. Obrigado."

Não entendendo a sequência sem nexo do que pensara, embaralhado também pelo cansaço físico, Frank decidira pelo sono que já estava presente diante do horário. Passava das 2h. Não havia nada mais justo do que fechar os olhos e abrí-los somente depois que o sol nascesse.

**

Nuvens davam os ares da graça. Um dia de grande preguiça. Levantar seria como uma tortura, mas não havia escolha. Ao ouvir o despertador, dei um pulo, assustado. Estive em sono profundo durante as quatro horas e meia em que dormi.

- Bom dia! - minha mãe adentrava o quarto, com uma bandeja.

- Bom dia... - bocejei.

- Aqui. - ela me entregou a bandeja. - Antes de se arrumar, se alimente. Você saiu ontem sem tomar café e aposto que não comeu direito. - e sentou-se em minha cama.

- É, mãe... Antes de mais nada, temos que conversar. A Mary...

Ela me interrompeu.

- Te contou sobre os sentimentos dela? Eu já sabia. Isso faz muito tempo. Me doía vê-la se conter em certas situações. Você realmente nunca notou, filho?

- Não. Eu preferi acreditar que toda essa afinidade era uma carência de uma vida que eu tinha, por eu ter uma família que ela nunca poderia ter.

- Entendo... Ela gosta de você de verdade. Vocês não tem um parentesco próximo, são apenas considerações e se dão muito bem. Por que não pensa em...

- Em o quê? Ficar com ela?

- Não, ficar não. Conhecê-la como não sendo sua prima. Comece do zero e quem sabe, dê certo!

- Não consigo. Eu tenho ciúmes dela sim, eu também gosto dela. Só que é como se eu sentisse o mesmo que o Ray, coisa de irmão, sabe?

- Por isso eu disse para começar do zero. Não quero vê-la longe daqui. Prometi para a mãe dela que eu cuidaria dela. Apesar de não demonstrar, ela adora todos nós e nós a adoramos também. Se realmente não conseguir ter interesse por ela da forma que ela espera, aí temos que esperar a vida fazer sua parte e deixá-la gostar de outro alguém. Eu não gosto de dizer que "são coisas de adolescentes" porque seu pai e eu éramos adolescentes quando nos apaixonamos. Eu prefiro usar o termo "experiência". E se ela não desgostar, irá se acostumar.

- Mãe... - olhei para ela com reprovação.- Ok, eu não vou dar uma de casamenteira. Decida-se sozinho. E que seu coração comande suas vontades.

Não havia tocado na bandeja, prestando atenção nas palavras da minha mãe.

- Agora coma e vá se ajeitar. Não pode perder a hora, sabe como Adam é chato com regras...

- Eu sei. Vou comer.

- Vou descer, pois a Brenda virá daqui a pouco. Prometi ensiná-la algumas receitas.

- Tudo bem.

Ela me deu um beijo na testa e saiu.

"E que seu coração comande suas vontades..." Gostei dessa frase. - falei sozinho, finalmente tomando o café.

**

A rotina já me chamava. Não demorei, me arrumei e desci.

Cumprimentei Brenda na cozinha. Ela viera para aprender receitas de bolos, pratos e coisas do tipo, porque se casaria em uma semana. Jovem, 22 anos. Começara seu namoro ainda aos 16! Típico exemplo do que minha mãe me disse no quarto ao falar de relacionamentos. Só existia a diferença do "enquanto durar", mas o máximo que eu poderia fazer era desejar felicidades para durar muito. Brenda morava na mesma rua que nós, mas se mudara havia pouquíssimo tempo. Enfim, era só mais alguém normal.

Após cumprimentá-la, dei um beijo em minha mãe e saí.

**

Dia normal na empresa, nenhum comentário. Trabalho, trabalho e mais trabalho. Mal tive tempo pra por ordem em minha cabeça e, por mais cansativo que tivesse sido, aquela fora a melhor parte do dia até agora.

**

Já fora da empresa, subitamente me lembrei do sonho que tive com aquele homem que disse se chamar Gerard. Ignorando completamente a razão, fui até aquela casa. Mantive a frase "só estou curioso". A cada passo dado, quanto mais perto eu chegava, mais cultivava a ideia: "é só uma curiosidade, é só isso. Ninguém vai fazer nada e se fizer, você grita. Você nunca fez nada por impulso, merece aprender como é ter tal sensação."

Ao chegar, pensei em recuar. Bati à porta uma vez, ninguém atendeu.

Bati mais uma vez e ouvi um barulho, mas não vieram atender.

Foi quando lembrei que desculpa eu daria para perturbar quem morava naquela casa.

"Pensa rápido, pensa rápido... Isso! Eu vendo livros, pronto." - lembrei dos livros que tinha dentro da mochila.

Histórias de vendedores de livros eram a sempre a mesma coisa: todos fingiam dar atenção, mas nunca compravam, no fim.

Bati pela terceira vez e seria a última. Demora irritante. Ia desistir, agora eu estava com medo.Virei-me para ir embora, dando alguns passos, quando ouço...

- Hey rapaz.

Tremi. Será que existia o tal Gerard mesmo? Não me recordava da voz, poderia ser ele, sim. Mas... por que sonhar ou me importar com aquele desconhecido? Não me virei e continuei andando.

- Garoto, você está de brincadeira em vir bater na minha porta três vezes e não me dar atenção quando eu apareço? - seu tom de voz estava mais grave.

Me virei e fosse o que fosse, agora eu tinha que encarar.

Vi um homem moreno, com a barba mal feita, uma cara rude, tatuagens pelos braços e um porte físico bem malhado. Por um momento, respirei aliviado por não ser o mesmo que vi no sonho e no outro dia, na janela.

- É, me desculpe senhor. O senhor havia dito algo? Tenho problemas auditivos, e ouvi ruídos apenas... vozes ecoando... - fiz uma cara de coitado.

"Ponto para a sua mente brilhante, Frank Iero." - falei e pensei ao mesmo tempo.

- Ah sim, desculpe menino. O que você quer?

Fitei-o por um instante e senti alguma coisa negativa.

"Caraminholas de novo não, Frank! Tudo bem que ele pareça um drogado, traficante, psicopata... (e você está sendo preconceituoso por julgá-lo por sua aparência...) mas ele não vai te matar. A não ser que não responda sua pergunta."

O homem esperava uma resposta.

- Desculpe senhor, não entendi muito bem o que senhor disse.

- Chegue mais perto, senão nunca entenderá. - ele sorriu, tentando ser simpático.

- Hein? - "Você merece um oscar, que ótimo ator você está se tornando." - falava e pensava, com vontade de rir.

Ele se aproximou.

- O que você veio fazer aqui? - falou pausadamente, pretendendo que eu entendesse a leitura dos seus lábios e também seus sinais com as mãos.

- Aaah sim. Eu vendo livros. - estava rindo por dentro, muito mais de nervoso do que por achar graça.

- Livros? Hm... - ele quase sussurrou.

- O que? - Um surdo é surdo em qualquer hora, eu tinha que fingir bem.

- Está difícil a comunicação. Vamos até minha casa e você me explica melhor, ok? - novamente ele falou pausadamente, e fez um sinal com o polegar quando disse "ok".

- É... é... eu estou com pressa. - tentei disfarçar.

- Esse não é seu trabalho? - ele falaria tudo pausadamente para eu "entender".

- Sim, mas minha mãe me espera.

- Tudo bem. Que tipos de livros você vende?

- Shakespeare, Agatha Christie...

- Literatura em geral, já entendi. É interessante. - ele me interrompeu e concluiu por si só.

- É sim. Senhor, não querendo ser grosso, eu tenho mesmo que ir. Meu irmãozinho está doente e tenho que cuidar dele. - falei.

"Palmas, muitas palmas. Que surpresa! Nem eu mesmo sabia que mentia tão bem. Seria o desespero?" - pensamentos martelavam.

Ele me olhou dos pés à cabeça, reparando minhas roupas e sapatos.

- Garoto, você não tem cara de quem precisa. Por que está vendendo livros?

"Ferrou... pensa de novo... rápido, rápido... VOCÊ PRECISA DE UM APARELHO PARA A AUDIÇÃO, BINGO!"

- Eu não sou rico. Moro no subúrbio e minha mãe recebe uma pensão porque meu pai morreu. Ela não anda e meu irmão tem 7 anos. Perdi 65% da audição nos últimos três anos por não ter condição de operar. A pensão não é lá essas coisas e preciso ajudar. Tenho 17 anos. Mas vendo livros mesmo para comprar meu aparelho auditivo. Sobre as roupas, eu preciso usar essas senão nunca me creditariam como um vendedor e sim como uma ladrãozinho, caso eu usasse roupas esfarrapadas. - me expliquei.

"Você está se saindo muito bem, isso aí. Continua, não fica nervoso. Não fica mais nervoso, porque nervoso você já está." - eu quase traia a mim mesmo com tanta injeção de confiança na mente.

- Compreendo. Pensando bem... espere aqui. Vou comprar um dos seus livros para te ajudar. Você está com pressa, né? Se não estivesse, te chamaria para entrar...

- Oi?

Ele repetiu detalhadamente tudo o que dissera. Estava sendo atencioso, mas não me passara confiança, não sei, não conseguia acreditar muito. Eu só queria ganhar tempo. Só que... não tinha livros de literatura na minha mochila. Eram livros de auto-ajuda que eu lia de vez em quando para manter a personalidade e o espírito mais "elevados", digamos assim.

- Ah não, eu tenho mesmo que ir. Posso passar aqui amanhã? - me mostrei interessado, e eu estava mesmo.

- Pode.

- Que horas?

- A mesma de hoje ou mais cedo, se preferir.

- Claro. Obrigado senhor...?

- John Klein. Mas me chame de John.

- Sim, senhor John. Não desista de me ajudar. Eu preciso muito mais do que aparento.

- Eu sei. - ele disse, por fim e eu saí andando sem olhar para trás

**

Fui para o parque. Sentei em dos banquinhos e respirei sem pausas, como se tivesse prendido o ar perto daquela pessoa. Perto de John.

"Que estranho... não me senti bem perto dele. E... ele parecia morar sozinho ou... Ou será que Gerard existe e mora lá também? Talvez ele não estivesse em casa. Será que eles são... casados? namorados? Isso não pode ser! Seriam amigos? Amigos que moram juntos? Por favor, Frank..." pensei, com raiva. Raiva? Não, não era raiva, era... CIÚME?

- Isso não está acontecendo comigo, não está. Tenho que ler os livrinhos de auto-ajuda com mais frequência, estou me embolando todo diante de informações desnecessárias. Merda!

- Falando sozinho, pequeno herói?

Amy chegara me dando um susto ao sentar-se do meu lado.

- Ow... não, só estou... pensando alto.

- Hm, sei. O que faz aqui?

- Observando pessoas, e você?

- Tentando distrair a cabeça...

- Michael piorou? - me preocupei.

Não, teve uma leve melhora. Mas me dói vê-lo daquele jeito. Eu poderia te dizer até que senti que aquilo aconteceria, só que eu não poderia intervir.

- Sentir? Como assim? - pausei por alguns segundos e ela me esperava dizer. - ... Prever?

- Talvez. - ela sorriu. - Eu prefiro acreditar que são avisos e não previsões.

- Entendo... E... isso é muito ruim?

- Sim, porque na maioria das vezes são coisas trágicas, dolorosas. Não, eu não vejo exatamente como serão as coisas, mas há sempre um preparo mental antes das mesmas acontecerem.

- Você poderia ...

- Prever se algo ruim te acontecerá? Depende. Não é uma previsão ou adivinhação, mas noto que algo te apavora nesse momento. Estou errada?

- Não, não está. Você é sensível e consegue captar as energias das pessoas com rapidez.

- Eu sou como você. Só que com umas genialidades a mais. - sorrimos.

- Não disse que você era diferente.

- Mas pensou.

- Não pode dizer o que pensei ou não.

- É... ainda não tenho o dom de ler mentes. Estou procurando uma lâmpada para esfregar e pedir para ter esse dom. - sorrimos novamente.

- Então... já que estamos falando de coisas do tipo, eu senti uma intensidade em você, uma aura diferente, desde ontem quando te vi pela primeira vez. Não pense que estou te cantando, por favor.

- Ah não, tudo bem. Muitas pessoas têm medo de mim pelas minhas roupas, maquiagem e história...

- Sua história?

- Sim. É longa. Quer ouví-la?

- Se você não se incomodar em contar...

- Meu nome é Amy, mas adotei o Lee então muitos me conhecem como Amy Lee. Tenho 20 anos e moro em Nova Jersey desde que nasci. Meu pai é um bêbado e minha mãe foi embora quando eu tinha 15 anos. Sou filha única. Aos 8 anos tive o primeiro pressentimento ao me deparar com a vizinha em sua porta e tentar preveni-la sobre seu filho, que morreria em uma semana, afogado em uma piscina. Ela ignorou e aconteceu essa tragédia. Seu filho, que se chamava Paul, brincava muito comigo. Eu disse, desesperadamente, durante aquela semana inteira sobre a morte dele. Ninguém acreditou. Quando Paul morreu, meus pais foram ao velório e foram expulsos aos berros de "sua filha é uma bruxa, foi ela quem matou meu filho porque ela queria que ele morresse, ela quem o matou!" e aí começou tudo...

Tentei agir normalmente, mas não consegui e fiz uma cara de espanto.

- Nossa, que...

Ela interrompeu.

- Horror? Não, você ainda não viu o horror.

- Eu não ia falar isso. - eu ia falar isso sim. - Mas termine de contar.

- Então, quando eu tinha 12 anos, tive pressentimentos atrás de pressentimentos e todos achavam que eu era doente, um monstro. Na escola, ouvi muitas coisas do tipo. Perdi o ano escolar. Me sentia realmente um monstro e me internaram em uma clínica psiquiátrica. Meus pais achavam que eu iria me curar... Aquilo foi o maior horror de toda a minha vida. Eu vivia dopada e quando acordava, gritava os terríveis sonhos e sentimentos que eu tinha. Assim, eles me dopavam novamente... Percebendo que não sairia dali se fizesse sempre a mesma coisa, contive minha voz, mas não os sentimentos e chorava para aliviar toda a tristeza que me cabia. Fiquei lá por alguns meses.

- O quão horrível deve ter sido tudo isso, Amy... - falei, com um pesar.

- Foi, e muito. Quando voltei para casa, meu pai havia se tornado alcoólatra e o seu casamento com a minha mãe foi destruído. Teria sido por minha causa? Bem, me senti culpada durante anos. Fui estudar na Future High School, aos 13 anos, e sofri mais bullying ainda. Me sentia um lixo, uma peça que nunca se encaixaria na sociedade. Não aguentava calada e jogava na cara de quem me odiava que eu os odiava também, mas não dizia que os odiava por eles povoarem a minha mente já que eu sabia muito sobre cada um. Eu odiava tê-los em meus pensamentos, odiava ser vazia de coisas boas.

- Eu não saberia o que fazer se fosse comigo. Você foi muito forte de aguentar tudo sozinha.

- Calma. Ainda tem mais. O ponto máximo de toda a loucura que se tornou a minha sobrevivência foi quando tudo se desgraçou de vez e eu... tentei o suicídio aos 14 anos. Tomei muitos comprimidos, calmantes. Eu estava desolada. Eu queria o fim. Não faria falta para ninguém, eu era carta fora do baralho. Aí, fiquei internada por 10 dias. Estava próximo ao meu aniversário de 15 anos e passei deitada em uma cama de hospital. Meu pai não apareceu e minha mãe chamou duas primas dela, que me olhavam como se eu fosse um bicho. Nunca gostei de aniversários, mas aquele fora um dos piores. Na semana seguinte, eu voltei para casa. Assisti meus pais brigando e vi minha mãe desistir de mim. - Amy tinha seus olhos marejados. - Ela foi embora e aprendi a me virar sozinha. Voltei para a escola e fiquei lá por dois anos, atrasada nas séries, claro. E no começo da 7ª série, conheci Michael. Ele ia lá na escola porque namorava com uma garota. Mas ele não teve medo de mim, mesmo que já tivessem falado de mim. Ele quis ser meu amigo e fomos amigos.

- Ele parece ser bem legal. - comentei.

- Ele é. Com ele, aprendi a ser alguém, a me sentir alguém. Até que eu já sabia que namoraríamos e tive apenas que esperar ele pedir. Aconteceu e estamos juntos. É... isso. Te apresentei uma Amy que poucas pessoas conhecem e todos abominam.

- Sua história é admirável. E você também.

- Ah, para com isso pequeno herói. Somos todos iguais. Eu sou um pouco mais especial, apenas. - sorriu.

- E não se acha nenhum pouco, né? - falei, brincando.

- Você quem deveria se achar. Eu te contei a minha história e, como eu já disse, poucas pessoas conhecem.

- Hm... e o que te fez querer me contar?

- Você, por si só.

- Como assim?

- Você me passa confiança. Sinto que se formos amigos, vai ser mais fácil e aceitável quando precisarmos um do outro.

- Peraí... não estou entendendo nada! Quando precisarmos um do outro?!

Fiz uma careta e olhei em seus lindos olhos. Eram também penetrantes e pareciam sorrir junto com sua boca.

- É melhor assim. Ainda não é a hora de entender.

Tentei falar com os meus olhos, ainda em conexão com os dela, a frase "me explica isso direito, tô esperando.". Mas ela só sorria, se divertindo com minha curiosidade.

- Tenho que ir.

- Já? - queria que ela ficasse e me explicasse tudo.

- Michael me espera. - seus olhos brilharam ao falar "Michael."

- É verdade. Esqueci. - sorri.

- Então... até mais ver. - ela me deu um beijo no rosto e saiu, sem deixar eu falar.

Suspirei.

- Tcha...u - falei aos ventos.

**

Agora, ao invés de melhoras... mais confusões.

"Daqui a pouco eu quem vou para um psiquiatra. O que Amy quis dizer com "quando precisarmos um do outro?" Será que ela havia sentido, visto, sei lá, um futuro não muito distante e não muito bom?" - constatei uma possível verdade.

Passei as mãos pelos cabelos e me levantei do banquinho.

"São muitas informações em pouquíssimo tempo. Não quero pensar tanto nelas. Vou pegar o ônibus, estarei em casa em poucos minutos e lá eu me distraio, procurando o que fazer. Não é covardia querer fugir da realidade por algumas horas. Eu sou humano." - eu dizia para mim mesmo, enquanto ia andando até o ponto.


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Notas finais do capítulo

hehehehehe.