Capítulo XIV

Molly Juliette Weasley II

“O dia em que fomos para Córsega.”

17 de julho de 2017.

Olá, Castiel!

Como você está? Eu estou muito bem!

Faz muito tempo que não me sinto assim. Sinceramente, desde que descobri ser um aborto a minha vida mudou; antes eu vivia feliz, como estou agora, mas depois... Bem, o sentimento de não pertencer a lugar algum quase me consumiu, junto da tristeza, é claro.

Sabe, eu pensei que ficaria muito tempo nessa de ir para casa e me sentir mal. Sim, eu sei que ainda não passou e que vai demorar para passar, entretanto, 2017 começou de um jeito diferente. Como se alguém me dissesse: "Hey, pequena, tenha calma! Muitas coisas vão acontecer. Coisas boas e ruins, mas você vai superar. Você é uma Weasley. Uma Campbell e tem os melhores amigos do mundo! Passar por isso vai ser a coisa mais fácil do mundo, basta você acreditar que tudo vai dar certo!", e eu acredito nisso. Tudo vai passar, até esse sentimento ridículo de que ninguém gosta de mim. Cara, às vezes tenho tanta vontade de me dar uns tapas e dizer: "Molly, sua trouxa, para de pensar merda, garota! Você fica nessa de "ninguém me ama" e blá blá blá, vai viver sua vida! Para de pensar nisso, deixa acontecer!"

Nossa, eu quase fiz isso, mas Arabella fez antes.

Arabella. Essa garota consegue me fazer rir da piada mais ridícula do mundo!

Ah, Arabella! Ela e Louis viraram melhores amigos da noite para o dia, foi incrivelmente bizarro!

Acho que não te contei, mas Louis veio passar as férias aqui. Sim, ele tinha dito que viria, porém, achei que era mentira e que se fosse verdade, meus tios não deixariam. Contudo, cá está ele, jogando vídeo-game com Arabella. E eu estou escrevendo, cansei de ganhar deles.

Bom, Louis vai passar duas semanas comigo, depois vai voltar para Londres. Entretanto, voltando ao assunto: Louis e Arabella.

Ele chegou aqui e eu, obviamente, apresentei ele para Arabella. Foi estranho. Arabella o olhou de cima à baixo, analisando-o ㇐ ele fazia a mesma coisa ㇐, ela me olhou e olhou para ele e então, sorriu!

Ela disse: "Prazer, eu sou Arabella, a MELHOR amiga da Molly"

É, ela disse isso. Eu falei, Bella é ciumenta!

Louis, por sua vez, respondeu: "Olá, Arabella. Eu sou Louis, o primo e MELHOR amigo da Molly"

E eu fiquei em silêncio, apenas observando a troca olhares deles. Em questão de segundos, eles estavam conversando. Simples, eu pisquei e eles estavam rindo e falando de mim. Arabella contava os meus podres. Bela amiga.

Por que eu tô’ falando deles? O assunto importante é o motivo da minha felicidade, que também envolve eles, mas isso é o de menos.

Falando, agora, da minha felicidade.

Sabe, para Epicuro, o prazer era essencial para a felicidade. Posso lhe dizer que hoje, a minha felicidade se dá pelo prazer. Sim, pelo prazer. Não esse prazer. Mas sim, pelo prazer de estar com meus melhores amigos, de estar em um lugar lindo que me trás calma, mas que ao mesmo tempo, desperta uma agitação em mim. Vou culpar Louis e Arabella por essa agitação. Eles conseguem fazer com que o lugar mais calmo do mundo vire uma bagunça. E não, eu não estou reclamando.

Desculpe-me por mudar tanto de assunto, estou muito agitada hoje. Ai Meu Deus, é tanta coisa para contar!

Dois dias depois da vinda do Louis para Nova York, Tia Ally, eu, Arabella e Louis viajamos para Córsega, lugar onde estamos agora. ㇐ Tia Lia não foi, tinha algumas coisas para fazer em NY. ㇐ E, Cass, Córsega é um dos lugares mais lindos do mundo, na minha humilde opinião, é claro.

Bem, a cada dia que passar, eu vou lhe contar um pouco dos lugares onde fomos. Vou começar por Island of Beauty and Scandola Nature Reserve.

Cass, vou lhe contar da maneira que a Guia nos disse.

"Ah, a Córsega! Bela, selvagem e acolhedora, a Ilha da Beleza é cheia de locais maravilhosos e imperdíveis, tais como a incomparável reserva natural de Scandola. Situada a noroeste da Córsega, entre Calvi e Porto, o cenário surpreende pela grandeza de suas falésias avermelhadas de curiosos formatos, desde os primeiros segundos!"

Desculpe-me, mas eu não resisti, ela falou de uma maneira muito engraçada. Queria que você pudesse ter ouvido!

Bom, para o passeio, nós tivemos que reservar 3 ou 4 horas. O barco passou primeiro pela ilhas e, se quiséssemos, poderíamos descer e aproveitar o sol e o azul do Mediterrâneo.

Sim, nós descemos!

Ficamos 1 ou 2 horas, porque o barco passava a cada hora para depositar e pegar aqueles que queriam continuar o passeio. Enquanto estávamos lá, caminhamos, tomamos um banho naquelas águas maravilhosas. Mas não podíamos subir nas rochas, pois lá tem ninhos de aves marinhas e eles devem ser protegidos. O lugar é desabitado e a fiscalização sempre presente ㇐ palavras da Guia ㇐, matem os pecadores longe do santuário.

Ao darmos a volta na ilha, encontramos umas prainhas mais bonitas que as outras. Você tinha que ter visto a cor do mar e a variedade de tons! Tinha safira, esmeralda, turquesa. Era e é um prazer olhar para aquilo!

Mas, claro, não ficamos só na Reserva, fizemos um belo passeio pela Ilha da Beleza. Sabe, cada paisagem parecia um cartão postal. E uma das mais incríveis delas começa em um trecho de dois quilômetros de estrada, que corta paredões de rocha cor de rosa. Na verdade, é granito cor de rosa. Entretanto, não deixa de ser bonito. ㇐ Os paredões foram esculpidos ao longo de milhões de anos pelo vento e pela chuva. Lá são chamados de Calanches de Piana, que em uma tradução livre quer dizer: mar que entra na terra. Quem me contou isso foi Tia Ally, ela sempre sabe das coisas.

Piana é o nome da cidadezinha onde ficam as calanches, também conhecidas como Os Fiordes do Mediterrâneo. A estrada que serpenteia as formações rochosas é bem estreita. Bom, quem dirigiu foi a Tia Ally, e naquela região, tem que ter lá seu jeitinho. Com a mão na buzina, para alertar quem vem no sentido contrário. O bom é que na estradas tem muitos recuos para estacionar o carro. Saímos e admiramos o cenários.

Cass, é de soltar a imaginação!

Muita gente, como nós quatro, não se contenta de ver a beleza dos paredões vermelhos lá da estrada, e faz um passeio pelo mar para chegar bem perto dos paredões.

Os penhascos chegam a 300 metros de altura. Imagine só! Quase tive um ataque cardíaco só de olhar o tamanho dos penhascos!

Cass, o barco navegando quase encostando nas pedras ia cada vez mais revelando grutas, cavernas e passagens, como uma chamada Portal.

À medida que o sol ia baixando, dava um tom mais avermelhado para as rochas. E o contraste com o azul, sim, aquele azul do Mediterrâneo, fez das calanches um cenário espetacular.

Depois de voltarmos para o Hotel, fomos jantar no U Santa Marina, um restaurante gastronômico situado na Marina de Santa Giulia, tem uma vista linda e um atendimento atencioso. Tia Ally disse que era um ótimo lugar para uma noite especial, eu acreditei nisso, pois tinha como ser melhor? Louis, Bella e eu. Juntos! Você já imaginou isso? Eu achei que seria impossível ficar junto dos dois.

Entretanto, sei que para Tia Ally, a noite seria especial se Tia Lia estivesse ali. Bem, um dia isso vai acontecer, lhe garanto!

Enfim, como era um restaurante na praia, acabamos jantando com uma vista fantástica da baía. Comemos peixe fresco do dia e ostras da área. Tudo muito bonito.

Depois, voltamos para o Hotel. Tia Ally deve estar falando com a Lia e nós estamos aqui.

Bella já gargalhando, porque Louis perdeu e ele tá fingindo estar chateado, mas... Ah, agora ele está rindo!

Ah, Cass, acho que deu por hoje. Louis já te me incomodando, dizendo para eu jogar com eles.

É isso.

Está tarde e eu devo jogar vídeo-game.

Boa noite, Cass!