Capítulo XIII

Molly Juliette Weasley II

13 de janeiro de 2017.

Olá, Castiel!

São 23:00hrs e eu estou aqui, acordada, escrevendo e esperando que ninguém invada meu quarto querendo conversar, porque se tem uma coisa que eu não quero, é conversar!

Você deve estar confuso, então deixe-me explicar o que aconteceu:

Estamos no início do ano e eu ainda estou estudando, o que é normal, pois minhas aulas terminam em julho, eu acho. Bem, por sorte minhas notas são boas e o diretor deixou que eu passasse quatro dias aqui em Londres, isso porque amanhã é aniversário da Lucy. Eu queria que Arabella viesse comigo, mas os pais dela não deixaram, disseram que sem um adulto, ela não iria. É que eles não sabem que iríamos através da rede de Flu. Sim, eles não sabem que eu sou bruxa, então eles acham que vou pegar um avião e vou sozinha até Londres. Que loucura!

A questão é que eu achei que estava preparada para vê-lo, preparada para ignorá-lo, mas percebi que não. Querendo ou não, ele ainda é meu pai e ainda é difícil olhá-lo e lembrar de tudo o que ele disse. Cass, é tão complicado! Tão horrível vir aqui, olhar para tudo e perceber que eu não passo de uma visita. Antes eu morava aqui, agora apenas apareço quando tem algum evento importante, quando é aniversário de alguém.

Eu não queria isso, eu não quero isso!

Quando cheguei aqui, vi mamãe e Lucy sorrindo. Ela brincavam e isso me fez lembrar de quando eu ainda era integrante desta família. Me fez lembrar das nossas brincadeiras, das risadas, dos momentos de tristeza e felicidade: me fez lembrar dos dias que vivi aqui. Entretanto, agora tudo não passa de lembranças.

Olha-los é como receber mil facadas: é doloroso. Dói vê-los sorrir como se nada tivesse acontecido. Dói ver como eles continuam sendo um família feliz e unida, mesmo sem a minha presença. Dói perceber que eu não faço mais parte da família Campbell㇐Weasley.

Eu sei que haverá um dia em que eu vou chegar aqui e não vou sentir nada. Vou olhá-los, vou sorrir e vou agir como se não importasse, porque sei que vai chegar o dia em que de fato, isso não vai importar. Não vai fazer diferença na minha vida. Porém, até esse dia chegar, eu vou sofrer e vai doer muito.

Sabe, Cass, eu sinto que mamãe quer que a gente volte a ser a família que éramos antes. Senti isso quando fomos jantar e ela começou a puxar assunto, fazendo as perguntas de sempre: “Como foi a escola, Lucy?”, “Como é a sua escola, Moll?”, “Fez amigos, Molly?”, “Lucy, meu amor, como foi seu dia?”, “Percy, querido, alguma novidade no trabalho?”. Aquelas perguntas que ela fazia quando eu não sabia que era um aborto.

Bom, tanto faz, isso não faz mais diferença, não passam de perguntas.

Percy falou sobre o trabalho, fez perguntas à Lucy e fingiu que eu não existia. Eu, claro, fiz o mesmo. Posso estar sofrendo por dentro, mas nunca vou deixá-lo perceber isso. Sou muito orgulhosa. Orgulho. Infelizmente, temos isso em comum. Somos orgulhosos demais.

Mamãe continuou tentando fazer ele falar comigo, mas não deu muito certo. Eu queria muito dizer para ela parar. Dizer: “mãe, pare com isso, não vai adiantar. As coisas mudaram. Não fomos os mesmos de antes. Não fomos à mesma família. Ele não é mais meu pai e eu não sou mais sua filha.” Entretanto, dizer isso ia magoá-la e eu não quero vê-la triste.

Cass, depois daquele jantar, eu fui para meu quarto. Ele tá a mesma coisa, não mudou nada. Nem a sensação de não pertencer a este lugar, mudou. Continua tudo o mesmo de sempre: o mesmo quarto, os mesmos móveis, as mesmas fotos, a mesma sensação de que tudo mudou menos aquele cômodo. Talvez, isso queira dizer que ali eu ainda era a mesma, mas talvez não queria dizer nada e eu só esteja querendo me sentir igual à eles.

Bem, é melhor eu parar de falar sobre isso, posso acabar entrando na bad e infelizmente, Bella não tá aqui para me ajudar.

O bom de tudo o que aconteceu é que eu vou ver o Louis. E, céus, que saudade desse garoto!

Bem, já está tarde e eu devo dormir,

Boa noite, Cass!