You Only Live Once escrita por Vero Almeida


Capítulo 15
Furacão Latino


Notas iniciais do capítulo

Voltei amores!

Muito obrigada Nha Bia por ler e comentar *o* Seja bem vinda!

Espero que gostem, e eu tenho uma perguntinha pra vocês nas notas finais ok? Beijoos



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PDV da Alícia

Ryan me deixou em casa e foi correndo direto pra aula. Era incrível como nunca tinha ninguém ali, ou estavam todos ao mesmo tempo tagarelando, discutindo e tocando (O que acontecia quase todas as noites quando os meninos chegavam da aula lá pras 23 horas). Eu podia ouvir o zunido vindo do fone de ouvido de Marie, que estava deitada na rede, pensativa. O resto da casa era um silêncio absoluto.

O cheiro de comida encheu meus pulmões... Era cheiro de massa, talvez lasanha! Ana era mesmo uma figura, sempre reclama de cozinhar pra nós mas sempre se dá ao trabalho, acho que no fundo ela gosta.

Cutuquei Marie, como não obtive resposta, arranquei seus fones das orelhas.

– Aiii, que é? – Reclamou. – Estou estudando pro teste.

– Com fones de ouvido? Vegetando numa rede?

Ela revirou os olhos.

– É ABBA! São as músicas do musical. Agora se me der licença...

– Você não vai jantar? – Perguntei antes que colocasse os fones de volta, ela me olhou contrariada e bufou.

– Não estou com fome.

Arqueei a sobrancelha.

– Você nunca tem fome.

Ela colocou os fones de volta e eu deixei pra lá, mas ia ficar de olho naquela garota, ah ia.

A noite passou sem maiores acontecimentos, quando Ana me viu parecia enfrentar um conflito interno enorme, pois ao mesmo tempo que me abraçava e dava graças a Deus por eu não dormir na cadeia, me dava tapas e gritava comigo por eu ter sido idiota ao ponto de agredir verbalmente (e com uma flor) um policial. Eu apenas ri, a abracei de volta e me esquivei de seus tapas, sabia que ela estava feliz em me ver.

Fui dormir cedo, não vi os meninos chegarem da aula, nem Adam voltar de sua pesquisa de campo. Eu tinha muitas coisas pra pensar, queria tomar um banho, esfriar a cabeça, descobrir uma maneira de botar minha vida no lugar.

Eu me sinto perdida, encurralada, com medo... Mas agora eu tenho Ryan pra me ajudar. Sorri com o pensamento, era bom não estar mais sozinha, saber que eu tenho quem me defenda, ao contrário daquele pobre garoto assassinado na praça. Ninguém ao menos se importou em saber da investigação, ele não faz falta pra ninguém.

Droga eu tenho que contar pro Ryan que marquei de ir à cidade com Joshua no fim de semana! Ele vai me matar! Bom, mas pelo menos se algo acontecer comigo alguém vai saber onde estou, com quem estou.

Decidi que contaria a ele pela manhã, ele ficaria irado, mas intercederia por mim.

Adormeci em meio a meus pensamentos. Quando meu despertador tocou pela manhã parecia que eu tinha acabado de fechar os olhos. Droga, eu estava morrendo de sono! Esfreguei os olhos, bocejando. Sentei-me na cama e deixei meus olhos vagarem pelo quarto, claro que Marie já tinha tomado posse do banheiro.

– Hey Barbie, vai demorar? – Gritei, sem ao menos levantar da cama. Minha preguiça era maior.

– Sim! Bom dia! – Respondeu ela, de bom humor.

– Bom dia. – Minha voz saiu em meio a um bocejo. É, se eu não quisesse chegar atrasada era melhor pegar minhas coisinhas e ir tomar banho no banheiro do quarto vazio.

Ainda com preguiça de levantar, peguei meu celular com o intuito de fuçar o facebook e enrolar mais um pouco, e acabei descobrindo uma mensagem de Ryan. De ontem, às 23:30.

Hey, foi dormir cedo na sua cama macia e quente é? Bem melhor do que dormir numa cela, não? Me agradeça depois. Ah, e vamos à sala de instrumentos logo depois do almoço, você vai deixar de ser uma garota medrosa e se tornar uma artista.

Eu ri, balançando a cabeça negativamente. A verdade é que apesar do medo e da insegurança de não saber o que raios ele planejava, eu estava ansiosa pra saber como poderia me ajudar. Eu já o vi em ação, ele é muito bom. Tenho muito a aprender com ele, e confio nele. Se diz que vai fazer de mim uma artista, eu acredito sem pestanejar.

Ahhh mas antes da parte divertida eu teria que ir pro inferno da aula. Vamos garota, levanta e CORAGEM!

_/_/_

PDV do Adam

Meu telefone tocou lá pras 7 horas da manhã. Sete. Geralmente uma pessoa que opta por estudar a tarde não é muito fã de acordar cedo, então acho que dá pra imaginar quão irritado eu fiquei.

Ignorei a chamada, virando me para o outro lado da cama e tapando os ouvidos com o travesseiro. Não adiantou, quem quer que fosse o sem noção que ligava, não parecia disposto a desistir, e isso estava me irritando.

– DE QUEM É ESSA PORRA DE CELULAR? ALGUÉM ATENDE ESSE CARALHO! – Ana gritou do quarto dela, mal humorada.

Fez questão de escandalizar, agora se alguém ainda estivesse dormindo, com certeza não estava mais.

Bufei de raiva. Pensei em simplesmente colocar o celular no silencioso, mas já que já tinha me dado ao trabalho de pegá-lo na mesa de cabeceira e encarar a tela luminosa que quase me cegava, resolvi atender.

– Ah, finalmente Bela Adormecida. – Aaron reclamou do outro lado da linha. Fiquei boquiaberto com a falta de noção dele, além de me ligar essa hora ainda reclamava. – Se não for fazer perguntas que não te dizem respeito, eu queria te fazer uma proposta.

Abusado! Cara de pau! Ainda é mau educado.

– Isso é hora de acordar?

– Não... – Podia imaginá-lo sorrindo sarcasticamente do outro lado da linha. – Pra mim, é hora de dormir. Enfim, ta afim de vir ver o cometa e conhecer um astrônomo em ação de verdade? Claro que esse seria o Faros, não eu. Apesar de que eu não sou nada mal também.

– As vezes me pergunto se você percebe o quanto soa prepotente.

– Sim, e não dou a mínima pra isso. E aí, topa? Eu te mostro como vou fazer pra conseguir a melhor imagem.

Seria legal pra minha pesquisa, podia enriquecer meu personagem. Aaron seria um personagem interessante, alguém que eu gostaria de desvendar. É por isso que meu peito se agitava com a perspectiva daquela noite, um bom personagem. É um ótimo motivo.

– Ok, que horas?

– O cometa vai passar por volta das 23... Chega lá pelas 21:30, te mostro como eu arrumo meu equipamento e aí nós vamos xeretar o Faros.

– Combinado.

– Ok. – Riu, claramente tirando sarro da minha pessoa. – Pode dormir princesa. Você é muito pateta mesmo.

Acabei rindo também.

– E você precisa de um filtro entre o pensamento e a língua. – Retruquei.

– Ah esse me falta mesmo, já nasci sem. – afirmou, de pronto. – Até mais, Adam.

– Até. – Respondi, desligando o telefone.

Quem diria, acho que estava ganhando um amigo. Não imaginava que a solidão pudesse ser um elo em comum capaz de tornar duas pessoas amigas.

Era engraçado como ele fazia de tudo para ser desagradável, mas pra mim sua companhia era agradável, ele é uma boa pessoa pra se escutar. Muitas histórias, muitas faces em uma única pessoa.

Sorri, balançando a cabeça negativamente enquanto olhava pro celular. Depositei-o de volta na mesa de cabeceira e voltei a me ajeitar na cama, cobrindo-me até os ombros, mas não conseguiria mais dormir, estava elétrico, ansioso para mais tarde.

_/_/_

PDV do Ryan

Acordei com uma dor de cabeça quase insuportável, devia ser o chifre crescendo. Ah que droga de vida.

Não tinha a mínima vontade de sair da cama, queria dormir pra sempre até morrer. Eu ainda podia sentir o conflito de sentimentos se chocando dentro de mim, jurei não me deixar abater, e cumprirei, mas a dor ainda estava lá. Ali, deitado na minha cama sem ninguém por perto, era mais difícil ignorá-la.

Não via a hora de me encontrar com Alícia mais tarde, ela é uma boa amiga, faz tudo parecer simples. Perto dela eu quase podia esquecer a condição miserável em que me encontrava, quase não doía.

Sei que provavelmente estou sendo piegas e exageradamente dramático, mas todo homem corno deve ter o direito de curtir sua dor de corno, então me dou a esse direito também. Porra, eu ainda não me conformo, acho que nunca me conformarei. Eu a amei, a protegi, cuidei dela... E levei várias punhaladas pelas costas.

Suspirei longamente, inspirando o ar pelo nariz, e soltando pela boca.

Resolvi checar minhas mensagens para ver se Alícia confirmara o compromisso na sala de instrumentos, esperava que sim.

Eu admito, a queria do meu lado por motivos egoístas mais do que por motivos altruístas, mas além da companhia ainda tinham 2 fatores determinantes que me faziam ansiar pra que ela dissesse sim: 1º: Ela merecia a chance de perder o medo, ousar, e alcançar todo o brilho que eu sei que ela tem como artista. 2º: Eu a queria bem debaixo dos meus olhos, só assim pra garantir que ninguém chegue perto dela pra machucá-la.

... Hey, isso me lembra uma coisa.

Levantei-me da cama num salto, quase correndo em direção à escrivaninha. Noah ainda roncava na cama dele, esse aí só ia levantar meio dia. Optei por acender a luminária da escrivaninha ao invés de iluminar todo o recinto, em seguida abri a gaveta da mesma e tirei de lá um saquinho transparente que abrigava a foto da mãe de Alícia. Despejei os pedacinhos em cima de um papel branco, assim ficaria mais fácil organizá-los e comecei meu trabalho minucioso tentando achar as bordas da imagem. No fim acabei me esquecendo de checar as mensagens.

Os pedaços eram muito pequenos, estava difícil, principalmente a meia luz. Droga será que Stella tinha mesmo feito aquilo? Por que?

Uma ideia me passou pela cabeça... Senti um arrepio sinistro pelo corpo, meus pelos se eriçaram. Não, ela não podia estar metida nisso tudo, eu to ficando paranóico demais. Ela pode ter os defeitos dela mas não se meteria em algo tão sujo, eu a conheço, sei que não.

Será que eu sei mesmo? Se ela é capaz de deixar uma recém chegada quase nua em público, trair a confiança da única pessoa que sempre lhe estendeu a mão, desrespeitar a memória de uma mulher que ela nem conheceu, e ainda esfregar na cara de uma pobre garota o fato de ela ser órfã e ter tido uma mãe que trabalhava na noite (usando um tom pejorativo, como se dançar não fosse uma profissão tão digna quanto qualquer outra.), porque não? A linha entre a maldade de Stella e a crueldade da pessoa que rasgou aquela foto era muito tênue... Que mais ela sabia da vida de Alícia além do que deixara escapar no calor da discussão? Como conseguira aquelas informações?

Meu Deus, será que eu estava literalmente dormindo com o inimigo esse tempo todo?

Sacudi a cabeça, espantando esses pensamentos insanos.

Meu celular vibrou, fazendo barulho sob a escrivaninha. Peguei-o nas mãos e apertei o botão verde para checar as mensagens de voz. Era Alícia.

“Hey! Bom dia! Então, eu não posso digitar agora, estou dirigindo o buggie. Ta de pé hoje depois do almoço, mas eu não vou almoçar na república ok? Vou comer no restaurante, a gente se vê na... “ – Ela parou de falar, escutei um estrondo, e então uma voz masculina bastante enfezada.- “Maluca! Olha por onde anda!” – Ralhou. Ela soltou um gritinho com sua voz esganiçada - “Ah meu Deus, você está bem? Me desculpe... Ah, ele ta bem, já seguiu seu caminho me xingando” – Eu ri sozinho no quarto, meu Deus, essa garota é maluquinha. – “Então, a gente se vê na sala de instrumentos. Beeijos!”

_/_/_

PDV da Stella

Filho da puta, maldito! Todos eles vão me pagar por isso. Eu estou suspensa, mas não vou ficar longe por muito tempo, e a vida deles e daquela vaca estrangeira vai ser um inferno quando eu voltar.

Me recuso a sair de meu quarto, tranquei-o pelo lado de dentro. Meus pais mal olharam pra minha cara desde que cheguei, tenho vontade de bater neles, fazê-los sofrer, fazê-los pagar por tamanha indiferença. Joe, por outro lado, está sentado do outro lado da minha porta há umas duas horas e disse que não vai sair de lá até eu abrir.

Me sinto culpada por deixá-lo do lado de fora, mas simplesmente não tenho paciência para toda a lenga-lenga de sua conversa, já conheço cada pedaço do seu discurso. Não quero ouvir, falar, me mover, só tenho forças pra pensar em Ryan, em Alícia, e em como odeio ambos. Ela por roubar tudo o que me pertence, e ele por permitir que fizesse isso.

Eu vi, ontem, enquanto esperava a empregada lenta do Ryan trazer minhas coisas. Me escondi no arbusto da esquina e vi os dois deixarem a casa abraçados. A expressão dele revelava abatimento, mas ela falava e gesticulava e ele acabava rindo. VACA, QUE ÓDIO!

– Joseph! O que faz sentado aí como um bêbado? Levante-se. Ora, veja se eu pago empregado pra ficar sentado durante o expediente... Vá caçar o que fazer! – A voz fina e nojenta da minha mãe ecoou do lado de fora do quarto. Senti o sangue me subir ainda mais ao rosto, e num ímpeto já estava contra a porta, esmurrando a madeira.

– Fala direito com ele! – Gritei. – Deixe-o em paz.

– Desculpe-me senhora, com licença. – Murmurou ele, a voz quase inaudível pra mim.

– Stella, abre a porta. – Declarou ela, os passos de Joe seguiram pelo corredor, até que não pude mais ouvi-los.

– Pra que? Volta pros seus afazeres e esquece que eu estou aqui.

Ela suspirou, a conhecia bem o suficiente para imaginá-la revirando os olhos e fechando-os em seguida, praticando sua terapia de contar até dez e meditar. Isso me divertia. Atormentá-la era melhor do que um hobby pra mim.

– Nós temos visitantes essa noite. – Sibilou, sem a menor paciência. – E você...

– Essa noite? Não era só sexta? – Interrompi, indignada. Droga eu detestava ter “visitantes”, eu detesto esse inferno, quero voltar pra paz do campus onde eu faço o que quero, a hora que quero e acabou.

– Sexta é o jantar, hoje chamamos alguns amigos pra algo mais... Informal...

– Ótimo, finjam que eu não existo e eu não saio do quarto.

Pude ouvir seus dedos dedilhando a madeira impacientemente, bufou. Não entendia porque era tão difícil me deixar quieta no meu quarto quando parecia tão fácil me esquecer na faculdade sem ao menos um telefonema. Não vou ser um bibelô para as convenções deles, mas não vou mesmo.

– Você vai descer e cumprimentá-los pelo menos. Mais tarde nós vamos escolher uma roupa adequada pra você.

– ARGH –Grunhi, frustrada. Ela não se deu ao trabalho de discutir, foi embora, batendo seus saltos no assoalho de madeira como uma criança birrenta que vai fazer valer sua vontade de qualquer maneira.

E foi essa atitude o que me levou a tomar minha decisão: Se queriam que eu descesse, eu desceria, mas as coisas seriam do meu jeito. E só pra começar, seria eu quem escolheria o que vestir, e como usar meu cabelo.

_/_/_

PDV da Alícia

Sentei-me à mesa do restaurante depois de mais uma manhã de aulas incrivelmente tediosas. Cheguei ao restaurante praticamente me arrastando, apesar de estar entusiasmada por finalmente poder ir até o trabalho de Landon e flertar com ele, o coitado deve estar achando que fiz pouco caso por ele ter me dado seu número de telefone. Acontece que eu não sou tão cara de pau a ponto de ligar, e não tive a oportunidade de voltar lá ontem com tudo o que aconteceu. Enfim, eu estou entusiasmada, mas essas aulas acabam sugando tudo o que há de bom na minha vida (drama básico).

Landon me levou até a mesa, como naquele dia. Seu sorriso era contagiante, tornava fácil esquecer todos os problemas da minha vida e ter vontade de rir também. Dentre toda a cerimônia e postura que deveria adotar, ele deu um jeito de me dizer o quanto estava feliz por eu ter voltado, então me fez salvar meu número em seu celular, disse que não ia me deixar fugir numa boa que nem da última vez.

Eu me sentia a criatura mais especial do universo.

Servir as mesas não é função dele, então logo voltou ao seu posto na porta e um outro garçom passou a me servir. Hoje fui mais esperta do que da outra vez, e sentei-me em uma mesa cuja visão dava exatamente pra porta. Comi meu adorado bife com batatas fritas sem mal olhar o prato, meus olhos estavam cravados nele, e ele se virava pra mim vez ou outra, sorrindo abertamente e piscando pra mim. Desejei que ele me chamasse pra sair, mas parte de mim duvidava que aquilo passaria de um flerte descompromissado na hora do almoço. Ele é bonito, simpático, tem algo de... Caliente y hermoso em cada uma de suas expressões. Poderia ter a garota que quisesse.

Estava me saindo bem até agora, o olhava, praticando todas as técnicas de sedução que minha tia me ensinara pra o caso de eu arrumar um inglês lindo e rico pra casar. Ri sozinha, me lembrando dela. Meu peito apertou de saudade. Eu o olhava descaradamente enquanto bebia despreocupadamente pelo canudo no copo, brincando com ele na boca. E claro, coamo estamos falando de mim, e eu sou um desastre, alguma coisa tinha que dar errado.

De repente, num movimento errado, o canudo pendeu para um lado do copo, fazendo-o virar. A coca-cola escorreu pela mesa, caindo sobre minha roupa antes que pudesse evitar.

– Oh Droga! Droga, droga, droga! – Reclamei, ajeitando o copo. Peguei alguns guardanapos e coloquei-os sobre o líquido na mesa, depois peguei mais alguns e tentei secar minha roupa, sem muito sucesso. Oh Alícia! Porque tão desastrada? Porque? Desse jeito eu vou morrer solteira!

O Garçom logo aparece para me ajudar, me estendeu um pano úmido e limpou a mesa. Dei uma olhadela pra Landon, que atendia um casal de namorados. Guiou-os para dentro, parecia conter o riso. Idiota.

Depois do desastre, resolvi pedir a conta e ir embora. Teria que passar em casa e trocar de roupa antes de me encontrar com Ryan. Dei uma gorjeta ao garçom, agradecendo pela ajuda, e peguei minha bolsa, rumando para a saída.

Landon continuava em seu posto na porta, por sorte (ou azar, já que eu estava pronta para ser zuada pelo resto da minha vida), o restaurante não estava muito movimentado naquele horário.

Ele tocou meu ombro gentilmente, me mostrando seus dentes branquíssimos.

– Eu vou te ligar. – Disse ele, piscando, conquistador. – Só me avisa se eu for precisar de um capacete pra sair com você.

– Engraçadinho! – Ralhei com ele, contendo o riso. – Mas talvez você precise mesmo... Isso se você ligar.

– Eu vou.

Senti firmeza em sua voz, em seu olhar, mas os homens sempre pareciam firmes quando afirmavam esse tipo de coisa. Resolvi manter meu pé atrás e não criar expectativa, por precaução.

Sorri pra ele em despedida, e segui rumo ao estacionamento do prédio de direito, onde estacionei o Buggie. Eu teria feito um excelente progresso se não fosse a cena patética com a coca-cola. Queria que ele me ligasse... Queria mesmo.

Suspirei, procurando a chave do carrinho em minha bolsa.

O caminho de volta à ala do programa de artes foi tranqüilo, não tentei usar o celular, portanto não houveram incidentes. Eu me sentia miserável, e feliz ao mesmo tempo, ultimamente tudo se resumia a sentimentos extremos em minha vida.

Não me sentia segura em lugar nenhum, alguém invadira meu quarto, o que impediria essa pessoa de me interceptar a qualquer momento? Além disso, sentia falta de minha mãe, e da minha família latina, das minhas origens e do meu povo. E claro, me sentia ridiculamente feliz como qualquer adolescente bobinha que paquera um cara. Só que no meu caso eu não sou mais uma adolescente bobinha, sou uma mulher, uma mulher que não sabe como consegue sentir tantas coisas ao mesmo tempo.

Dirigir acabou se tornando uma terapia pra mim, era meu tempo pra pensar.

Minha mente ainda fervilhava quando parei o pequeno carrinho na grama em frente à república e desci do mesmo. Assim que coloquei meus pés no chão, Marie correu em minha direção, esbaforida, praticamente tirando a chave de minhas mãos.

– Ai Graças a Deus! – Queixou-se ela, já subindo no Buggie e ajeitando sua bolsa a seu lado no banco. - Noah pegou o outro Buggie. Aquele lá anda muito estranho. – Ela revirou os olhos, meu Deus, até quando eles iam ficar nessa implicância idiota?

– Mas aonde você vai com tanta pressa criatura?

– Treinar. Num lugar longe do programa de artes onde ninguém pode me espionar, e eu possa ligar pra Ana e pedir ajuda “ilegal” se precisar.

Eu ri, ela parecia extremamente focada, até um pouco desesperada. E claro, não estava mais pensando direito. Porque alguém a espionaria? De qualquer modo, torceria por ela. Estava se dedicando, e merecia esse papel.

– Hey, eu recebi flores! – Ela comentou, animada, ajeitando os cabelos diante de seu mini espelho de bolsa. – Estou atrasada demais pra explicar, mas acho que tenho um admirador secreto! – Sorriu abertamente, piscando pra mim.

Marie é uma pessoa muito inteligente, juro que é, mas eu queria bater a cabeça dela na parede. Ela sabe que Noah está agindo estranho, e então recebe flores de um admirador secreto. Queria saber que espécie de bloqueio existia em sua mente que a impedia de fazer esse link entre as duas coisas. Insegurança talvez? Resolvi não comentar nada e deixar pra lá. Depois perguntaria a ele o que raios ele estava aprontando.

– Isso é ótimo!- Disse simplesmente.

– É, eu acho. – Tinha um quê de dúvida em sua voz, mas eu sabia que esse quê só estava lá porque ela não sabia quem era seu admirador. Se soubesse, a história seria outra. – Até mais tarde Allie.

– Até mais. – Mandei um beijo pra ela.


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Notas finais do capítulo

Gente, alguém é bom com nomes aqui? Aceito sugestões de nomes pra banda dos meninos ok? Por favor, quem puder me ajudar, me dê uma luz!

Beeijos e até o próximo.



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