Casa do Campo, Subúrbio de Moscou – 21 de Setembro de 1933

“ O Casamento de Elissabeth”

1º Versão. – A noiva.

O dia amanheceu claro e ensolarado, uma raridade em Moscou, me levantei cedo por volta das 8:00, então, logo após o café, minha mãe e minha futura sogra, começaram com a sequencia de tratamentos de beleza. Ao 12:00, elas pararam, fui almoçar, não tinha visto Daniel a manhã inteira, e também não o vi no almoço, minha mãe então me disse, que ele estava na casa de Cloe, se arrumando para o casamento que seria as 16:00. As horas voaram naquele dia, e quando eu percebi já estava vestida de noiva, cabelo arrumado, a leve maquiagem feita, esperando o carro que me levaria até a casa do campo chegar. As 16:15 sai de casa, cheguei no local da cerimonia, por volta das 16:30, meia hora atrasada, que bela coisa.
Meu pai veio me buscar no carro. Quando vi o tanto de convidados me assustei, era bem menos do que eu esperava, estava tudo decorado com jasmins e lírios, as cadeiras eram brancas, e o lugar no altar, havia um arco de flores, Daniel estava lá, a minha espera, de terno preto, a sua direita, seus pais e dois casais de padrinhos, a sua esquerda, minha mãe, Cloe e o pai, e dois tios meus.
Pethrus não deveria estar com Cloe ? – pensei, mas logo me esqueci desse detalhe. Meu pai me entregou a Daniel, a cerimonia começou.

“ O Casamento de Elissabeth “

2º Versão – Pethrus Donson.

Não consegui me levantar da cama naquele dia. Tudo parecia nublado, por mais que fosse um dia de sol, hoje eu perderei Elissa para sempre – pensei, enquanto minha mãe chamava por mim, na porta do quarto, eu não a ouvia, estava imerso em pensamentos, eu só pensava em Elissa e nada mais. Minha mãe sabia que eu não estava bem, ela sabia que eu não conseguiria ir a cerimonia, então já havia ligado para Cloe, e inventado uma forte gripe que nunca existiu. Só sai do quarto quando ela e meu pai já haviam ido para a casa dos Black, não tinha vontade de fazer nada, eu só queria poder ter Elissa novamente em meus braços, e não soltá-la nunca mais.
Me arrumei em instantes, coloquei na verdade, a primeira peça de roupa que achei. Passei o dia caminhando pelas ruas da cidade, passei diversas vezes próximo a rua da casa de Elissa, mas não tive coragem de parar e entrar em sua casa. Consultei o relógio, 16:00  a cerimonia já deve ter começado...- pensei.
As 16:15, encontrei meus pais indo para o casamento, resolvi pará-los, e ir junto, mesmo que fosse apenas para ver Elissa. Minha mãe concordou, meu pai não gostou muito, mas como já estavam atrasados, permitiu. Chegamos lá junto com a noiva, eu me escondi entre alguns arbustos que rodeavam o local da cerimonia, e meus pais se sentaram na primeira fila, no lugar reservado.
Elissa entrou, ela estava linda, perfeita, parecia um anjo que flutuava em cima das flores que estavam espalhadas pelo chão. Assim que entrou, ela correu os olhos pelos convidados, e depois para os padrinhos, fez aquela expressão de confusa que só eu entendo, e eu percebi, que ela me procurava. O Sr. Djokovic a entregou a Daniel, meu coração falhou uma batida. A cerimonia começou.

1º Versão – A noiva.

Enquanto o padre falava, eu continuava a procurar Pethrus com os olhos, ele deveria estar ali em algum lugar mas...

- Sr. Daniel Slovak, o Sr. Aceita esta mulher, como sua legitima esposa, prometendo amar e respeitar,  na alegria e na tristeza ,na saúde e na doença, na riqueza ou na pobreza, por todos os dias de suas vidas, até que a morte vos separe ? – Voltei a mim, quando percebi que o padre, já estava nos votos do matrimônio.
- Aceito. – Daniel disse essa palavra com o maior sorriso do mundo.
- Srta. Elissabeth Djokovic, a Srta. Aceita esse homem, como seu legitimo esposo, prometendo amar e respeitar, na alegria e na tristeza ,na saúde e na doença, na riqueza ou na pobreza, por todos os dias de suas vidas, até que a morte vos separe ? – Fiquei em silêncio, meus olhos se encheram de lágrimas, eu buscava por Pethrus, por uma última vez, até que, nos arbustos atrás de Daniel, e de frente para mim, ele apareceu, seus olhos  molhados, mas de um azul excepcionalmente vivos,  ele chorava, e vê-lo daquele jeito, fez com que, lágrimas traiçoeiras, escapassem de meus olhos. Cloe também deve tê-lo visto, pois ouvi ela sussurrar seu nome, e sufocar um  gritinho. – Srta. Elissabeth ? – continuei em silêncio.

2º Versão – Pethrus Donson.

Quando ouvi os votos, não pude me segurar, sai de traz dos arbustos, e olhei diretamente para ela, Elissa me viu, eu não pude me conter, e a enxurrada de lágrimas foi mais forte do que eu. Ali naquele altar, jazia a mulher que eu mais amo e a que eu mais odeio em toda a minha vida. Eu a odeio, por amá-la tanto. Eu queria impedir, queria poder fazer algo, mas nada que eu fizesse mudaria o destino, só iria causar tumulto, e nada mais. O padre a chamou, ela não respondeu, continuava me olhando, vi Cloe, ela também me viu. Comecei a encarar o chão, pois Elissa voltará a falar.

1º Versão – A noiva.

O padre me chamou novamente, voltei a mim.

- A sim ?
- A Srta. Aceita ?
- Eu... – olhei para Pethrus uma última vez, abaixei a cabeça, não pude encará-lo. – Aceito.
- Aaaah... Que bom. – Daniel suspirou, aliviado.
- Sendo assim, eu vos declaro Marido e Mulher. – essas palavras foram seguidas por uma salva de palmas vinda dos convidados. E de uma enxurrada de lágrimas, vinda de mim.
- Ei, olhe para mim meu amor... – Daniel ergueu meu rosto e quando viu que eu chorava, ficou sério. Ele me beijou na testa. – Escute Elissa, tudo vai ser melhor agora, você vai me amar, eu sei que vai, com o tempo, eu sei que vai. – ele pegou em minha mão e saímos por entre os convidados, que ainda aplaudiam.

Depois que sumimos da vista dos convidados, eu me soltei de Daniel e corri em direção aos arbustos, Daniel correu atrás de mim, e acabou conseguindo me alcançar e me segurar, desfazendo todo o meu cabelo, o véu e todos os enfeites caíram no chão, meu cabelo se solto, todo despenteado, eu me debatia em seus braços.

- ME SOLTE !
- VOCÊ NÃO VAI ATRÁS DELE !
- ME SOLTE AGORA DANIEL !
- VOCÊ NÃO VAI ATRÁS DE PETHRUS ! NÃO VAI !
- JÁ DISSE PARA ME SOLTAR SEU MALDITO ! – lhe dei uma cotovelada no rosto e outra na barriga, ele me soltou e eu voltei a correr.
- ELISSABETH DJOKOVIC SLOVAK VOLTE AQUI AGORA, EU ESTOU MANDANDO !
- VOCÊ NÃO MANDA EM MIM DANIEL !
- Mando. – ele começou a correr atrás de mim novamente, tropecei em um galho e acabei caindo, sujando todo o vestido de lama, eu já estava um trapo, toda suja rasgada e descabelada. Me levantei rapidamente, mas Daniel me segurou antes que pudesse voltar a correr. – Peguei você !
- Daniel, me solte !
- Você não vai ver ele ! Esqueça Pethrus, Elissabeth ! Você nunca vai ficar com ele, nunca ! Você é minha mulher agora, me deve respeito , e eu a proíbo  de ver esse homem !
- Daniel, pelo amor de Deus, me deixe vê-lo, uma última vez... – eu não me contive comecei a chorar.
- Não. Agora vamos entrar na casa, sua mãe trouxe outro vestido para você usar na festa.

2º Versão – Pethrus Donson

Eu a vi correr desesperada até mim, mesmo que não pudesse me ver. Ela se rasgou, desafiou o marido nos primeiro 5 minutos de casado, tudo para me ver. Devia ter fugido com ela quando pude, agora, eu a perdi, para sempre.

1º Versão- A noiva

Meu vestido de festa era longo, tomara que caia, com corpo justo, feito de cetim salmão, usei ele com um colar de perolas brancas, e um sapato também salmão não muito alto, que era encoberto pela saia do vestido. Meu cabelo, deixei solto. Minha mãe quase entrou em colapso quando viu o estado do meu vestido de noiva, ela tinha desfiado um pouco na barra,  e estava imundo.
Por volta das 18:30, eu voltei a presença dos convidados, no salão de festas da casa, o numero de pessoas havia triplicado, pois algumas pessoas só vieram para a festa comer as minhas custas.
Tive cumprimentar quase todos, com o sorriso mais falso de toda a minha vida, me fingindo me noiva feliz. A noite foi longa, a festa acabou por volta das 3:00 horas da manhã, eu estava cansada, com dor de cabeça devido as taças de vinho que tive que tomar com Daniel. Por insistência de minha mãe, Daniel permitiu que eu dormisse em casa naquela  madrugada, eu precisava de descanso.