Make You Feel My Love escrita por I m a Allen u3u


Capítulo 8
Don't You Remember


Notas iniciais do capítulo

Gente, devido ao capitulo anterior, precisei aumentar a classificação. Espero que não se importem.
Boa Leitura !



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“Os meses foram passando,  e no fim de 1931, eu já havia me acostumado com o clima britânico. Fevereiro de 1932, aniversário da minha mãe, não fui para Rússia, eu não quis voltar, não queria rever Pethrus, mandei uma cartão e o presente por avião. Abril, meu aniversário, 16 anos, comemorados de modo simples e discreto, sem convidados, apenas uma lembrancinha.
Recebi uma carta, com remetente russo, a joguei fora sem abrir. Era dele, eu sabia que era dele.
O ano passou rápido, minha mãe veio me visitar no Natal. A cada dia que passava, eu estava cada vez mais próxima de Daniel, e cada vez mais distante de Pethrus. Janeiro de 1933, dali a três meses, eu completaria 17 anos,  e depois disso, estaria a um passo do casamento.
Mais cartas chegaram, e eu assim como fiz com a primeira, joguei na lareira assim que as recebi, pois sabia que era ele quem estava mandando, Pethrus não me esquecera, ele prometeu, e estava cumprindo, ele ainda se lembrava de mim. Mas será que eu ainda me lembrava dele ?
Abril chegou e se foi, rapidamente, meus 17 anos, foram comemorados com grande euforia por Daniel, que naquela época, era a pessoa mais gentil do mundo .Bem dito, naquela época.
Os meses foram passando, minha mãe veio me visitar no começo de agosto, para combinar a data do noivado. E então em 06 de setembro de 1933, após 2 anos, eu retornei para a Rússia, não era mais a mesma, não era tão rebelde, pelo menos nas vestes, estava comportada, com um conjunto em estilo militar, a saia preta e a blusa de manga longa azul marinho. Cheguei em casa, meu pai estava tão alegre quanto quando disse que queria fazer balé aos 3 anos. Daniel e eu comportávamos como um casal, eu me sentia em casa, estava rodeada pela  minha família e pela família de Daniel, pela primeira vez, eles me adoram, gostavam de estar comigo. Até Cloe, que sempre fora tão antipática estava ali, me bajulando. Porém, eu sabia que faltava algo, pois nenhum deles estava conseguindo preencher o vazio que havia em meu peito. Eu estava ansiosa, esperava por algo. Então, quando eu menos esperei, ele chegou. “

Moscou, Rússia – Setembro de 1933.

O Reencontro.

Estava sentada junto com Daniel, de mãos dadas com o mesmo ,no sofá da sala de visitas, perto da porta, minha mãe havia ido buscar chá, Cloe me contava animadamente como queria seu vestido de noiva, Daniel, quase dormia ao meu lado, e eu tentava me concentrar na voz fina e irritante de Cloe, para não dormir também. Finalmente ela parou de falar e foi pra a cozinha. Daniel, se deitou no sofá, com a cabeça em meu colo, de olhos fechados, conversava comigo, me contando seus acidentes infantis, que sempre me faziam rir. Foi nessa hora, que a porta da sala se abriu, olhei sorrindo pra ela, e o vi. Meu sorriso se apagou, ao ver a expressão em seu rosto. Ele respirou fundo, sua testa franzida, deu meia volta e saiu novamente, batendo a porta com violência, o que fez Daniel, levantar de meu colo.

- Oque ? – Dan, perguntou confuso.
- Pethrus... – eu sussurrei.
- Elissa fale alto.
- Pethrus ! – Eu me levantei e fui em direção a porta.
- Elissabeth, espere, ele vai..
- Não, ele não vai voltar. – Sai pela porta e comecei a correr pela rua, tentando alcança-lo.

Corri, o mais rápido que pude, não consegui. Ele dobrou a esquina, fui atrás. Parei no meio do quarteirão e o chamei.

- Pethrus ! – ele parou. – Temos que conversar.
- Não, não temos ! – Ele estava a alguns metros de mim, de costas, mas pude sentir a raiva em sua voz.
- Temos sim ! – andei até ele, e o forcei a se virar.
- Não temos, eu já disse ! – ele olhava para baixo, mas por ser mais alto que eu, pude ver as milhões de lágrimas que brotavam de sua face. Sua expressão, era uma mescla de raiva, angustia, dor, com um fundo de felicidade.
- Temos sim ! – ergui o rosto dele, e olhei em seus olhos. Os meu lindos olhos azuis vivo, do meu loiro, do meu garoto Russo.
- N-não temos ! Não quero falar com você Elissa. Quero você bem longe de mim !
- O que eu te fiz ?! –ele ficou em silêncio. – Me diga, porque sinceramente eu não sei !
- Você me fez amar você Elissabeth ! – ele me segurou pelos braços, estava me apertando, estava com raiva de mim. Ele me sacudia, eu o olhava imóvel. – Me fez amar você... e eu odeio o quanto eu te amo, não suporto o quanto eu preciso de você Elissabeth... Não sei viver sem você...Desde que você se foi, minha vida perdeu o sentido, não tem mais graça viver...Sem você, nada faz sentido....
- Pethrus...Eu... Eu...
- Você o ama não é mesmo ?
- NÃO ! Jamais, eu amo você e ninguém além de você !
- Não parece ! Em dois anos você parece que me esqueceu... – ele me olhou,  nos olhos, ainda chorando. Não aguentei, comecei a chorar.
- Não é bem assim ! – eu gritei – Eu precisei me acostumar ! Tinha que me acostumar com ele, vamos nos casar, não há nada que eu possa fazer !
- Não há nada que você possa fazer ?! O que ouve com você Elissabeth ? Esta...Esta agindo como ELES !
- NÃO ESTOU !
- ESTÁ ! – ele gritou tão alto que não tive resposta. O silêncio tomou conta de nós por alguns minutos, só então pude perceber que estava ensopada, havia começado a chover. Ele quebrou o silêncio. – Estou perdendo você...tudo que para mim tem mais valor, eu estou perdendo...
- Eu sou a mesma Elissabeth de sempre...
- Não, não é... Você é a Elissabeth do Daniel, a minha Elissa, iria embora comigo agora, não se importaria com eles, não diria que as possibilidades para nossa felicidade acabou, ela correria atrás, viria comigo. Mas a minha Elissa, não existe mais, ele se foi para a Inglaterra 2 anos atrás, e agora um estranha voltou em seu lugar. – Ele se virou, e saiu andando pela rua. Eu estava chocada demais com o que havia ouvido para ter forças de ir atrás dele, fiquei  parada no meio da rua, esperando que ele voltasse. Não voltou. Voltei para casa. Daniel me esperava preocupado, contei uma falsa versão do que aconteceu. Tomei um bom banho de banheira e fui me deitar.
Acordei cedo no outro dia, meus pensamentos passaram a manhã inteira, presos em Pethrus. Pelo que a minha disse, ele não dormiu no hotel em que estava com os pais. Sai sozinha após o almoço, fui caminhar, Daniel fora resolver coisas da empresa com o pai, então fiquei livre para sair sozinha.
Coloquei uma vestido preto, de alças largas um pouco acima dos joelhos, uma meia preta, meu coturno, uma jaqueta jeans e uma velha bolsa marrom. Andei por toda a vizinhança, observando as pessoas, e suas vidas,’’ São mais felizes que eu” – eu pensava. Continuei andando sem rumo, até que quando me dei conta, já estava no centro da cidade. Estávamos no outono, as árvores, enfeitavam a rua com suas folhas seca, em tons de marrom e cobre. Cheguei até o hotel onde Pethrus estava hospedado com a família, logo na portaria, encontrei seu pai.

- Sr. Donson ? – eu o cutuquei e chamei.
- A querida Elissa, como vai ?
- Muito bem obrigada e o Sr. ?
- Em perfeito estado. Veio ver se Pethrus está aqui não é mesmo ?
- Sim...
- Teve sorte, ele acabou de chegar, e disse que vai sair de novo, daqui a pouco. Pode subir querida. – ele me entregou a copia da chave do quarto – Espero que ele ouça você, agora se me der licença, tenho que ir encontrar seu sogro e seu pai, no escritório da empresa.
- Ah, claro. Obrigada pela chave.
- Imagine, não a o que agradecer. Até mais Elissa. – ele se virou e saiu.

Me direcionei as escadas. O número do quarto era 125, ‘não deve estar muito longe’ – eu pensei. Estava totalmente enganada, perdi a conta de quantos lances de escada eu tive que subir. Finalmente, depois de muitos minutos, encontrei o quarto. A porta estava destrancada, havia um silencio absoluto no lugar, entrei sorrateiramente, desviando das peças de roupa e calçados que estavam espalhados pelo chão. Porém, isso não evitou que eu esbarrasse em uma mesinha perto da porta de um dos quartos, e derrubasse um vaso de vidro que se espatifou no chão.

- Droga ! – sussurrei.
- Elissa ? – a voz ressoou as minhas costas.
- P –Pethrus..
- O que você faz aqui ?
- Precisava conversar com você.
- Já conversamos ontem.
- Não, não conversamos ! – eu me virei, quando o vi deixei escapar um gritinho sufocado, senti meu rosto ficar rubro. – Nós... – ele estava sem camisa, as calças mal colocadas, caindo. Me lembrei, daquela noite, a 2 anos atrás. Não pude esconder o leve sorriso que passou, sem a minha autorização, pelos meus lábios.
- Porque sorriu ? Achou graça de alguma coisa ? – ele me olhava sério.
- Não...Eu apenas...Esqueça, não devia ter vindo aqui. – me virei para sair.
- Elissa, espera. – ele veio até a mim, e me segurou pelo braço. – Eu, te devo desculpas por ontem, pelo que disse a você.
-  Morra Pethrus ! E leve suas desculpas junto !
- O que deu em você ?! Até segundos atrás estava tão calma !
- Me solte, e eu poderei voltar a ficar calma !
- Ainda te deixo nervosa... – ele me virou, de modo que ficamos nos encarando.
- Não, não deixa.
- Deixo, sim. – ele deu dois passos, o que o deixou a centímetros do meu rosto.
- Afaste-se, é melhor.
- Só se você quiser que eu me afaste.
- Eu quero você bem longe de mim !
- Não, não quer. – após essas palavras, ele me envolveu em seus braços, selando seus lábios nos meus, num beijo, que me fez viajar, e me lembrar, de que a minha vida, pertencia a ele. Ele começou a dar passos  irregulares para trás, trombou na mesinha, e depois caiu no sofá, fui junto.
Depois da queda no sofá, ficamos em silencio por longos minutos, eu estava aninhada em seu peito, ele me envolvia com seus braços. Quebrei o silêncio.
- Não posso ficar aqui – sussurrei- Sou noiva de Daniel, e isso já pode ser considerado adultério.
- Você sempre foi adultera Elissa, desde que foi prometida a Daniel.
- Não, não fui. – Me levantei e deu uma leve arrumada nos cabelos, e me direcionei novamente a porta.
- Vai mesmo embora ? – ele disse, ainda deitado no sofá. Eu me virei para olhá-lo, o admirei por um instante. Eu não sabia, mas pelos longos 2 anos seguintes, aquela seria a ultima vez que eu falaria com  Pethrus.
- Vou. – Eu sorri lhe mandei um beijo com a ponta dos dedos, saí e fechei a porta.

Caminhei de volta para casa. Quando cheguei, por volta das 16:00, Daniel me esperava na sala. Tive de explicar para ele o porque sai sozinha sem sua autorização, resultado, tive de inventar uma história mirabolante, tudo para não complicar a mim e a Pethrus. Depois de minha explicação, meu pai chamou a mim e a Daniel, para conversar no escritório.

- Bem, chamei vocês aqui, porque,  eu resolvi anteceder o noivado .
- Como assim pai ? – franzi a testa. Como ele faz isso e não me avisa ?
- Seu noivado será amanhã e o casamento  na próxima semana .
- OQUE ! Como você pode... Eu não decidi nada ! – me levantei de onde estava sentada.
- Acalme-se filha. Tudo será como você escolher. Decoração, vestido, cardápio.
- Convidados também ?
- Não, a lista de convidados será feita pela sua mãe e pela sua sogra.
- Ótimo. Mas alguma surpresa ?
- Sim. – Daniel se levantou e segurou as minhas mãos ficando de frente para mim. – Depois do casamento, vamos para a Itália. Vamos passar um tempo por lá, juntos e sozinhos. – ele sorriu. Fiquei séria.
- Não quero ir para a Itália.
- Mas vai. Você vai gostar de lá. Já leu Romeu e Julieta minha querida Elissa ?
- Não. – eu não tinha o habito de ler. Preferia ouvir ou ver histórias serem encenadas do que velas nas páginas de um livro sem vida.
- Leia. É uma tragédia, que se passa em Veneza, a cidade Italiana em que vamos ficar. Você vai gostar.
- Ah claro ! Adoro tragédias, elas se parecem muito com a minha vida. – Soltei minhas mãos da dele, e sai pisando firme, sub para o quarto, me tranquei e lá eu fiquei até o outro dia.

Na manhã seguinte, minha mãe me acordou cedo, quando desci, mais ou menos meia hora depois dela haver me chamado, minha casa estava um caos total. As governantas, os mordomos, todos os empregados da casa corriam para lá e para cá com vasos de flores, bandejas, panelas vazias...
Minha mãe assim que me viu, me chamou para ajudar ela e as demais mulheres na cozinha.

- Essa noite, faço questão de cozinhar, dispensei até  a cozinheira. – disse ela para mim sorrindo. – Nem acredito que a minha princesa vai ficar noiva !
-  Isso é ótimo mãe...muito bom... – lhe dei um sorriso fraco.
- Vamos Elissa, temos muito a fazer ! – ela me puxou animadamente para perto do fogão.

Esse dia, foi um dos mais curtos da minha vida. O tempo passou voando, e quando me dei conta, eu já estava com o vestido de veludo azul tomara que caia, com a renda dourada decorando parte da saia, e todo o corpo do mesmo. Os cabelos presos  em um bonito coque que lembrava uma flor.
As 20:00, minha mãe me chamou na porta de meu quarto. Desci as escadas, tomando cuidado para não tropeçar nos degraus. Lá em baixo, uma enorme mesa havia sido posta. Meu pai estava sentado em uma ponta. O Sr. Slovack, na outra, em meio aos convidados, vi minha vó, minha prima Cloe, algumas amigas de minha mãe, duas ou três tias que não via a tempos, meus avós paternos e o Sr. e Sra. Donson, não avistei Pethrus. Daniel me recebeu no fim da escada, me sentei ao seu lado na mesa, perto de minha avó. Meu pai fez um breve discurso, assim como o pai de Daniel. Depois disso, foi a vez de Daniel falar, ele se levantou e  falou sobre mim e de como eu era importante em sua vida, seu discurso acabou, ele tirou do bolso do paletó preto que usava, uma caixinha azul marinha, e de dentro dela, um anel prateado, com um diamante na ponta. Meu anel de noivado. Ele colocou em meu dedo, todos aplaudiram, ele abriu um enorme sorriso, eu tentei sorrir, mas sem que eu notasse lágrimas escorreram por meu rosto. Mais aplausos. Eu me sentei de volta a cadeira. E tentei não encarar os presentes.  Deu-se inicio o jantar, todos riam, conversavam, apenas eu estava em silêncio, mal toquei na comida. Não tinha fome, estava em choque. Pethrus não estava ali, para que seu sorriso aliviasse a minha dor. Uma dor tão forte que achei que iria rachar meu coração ao meio. Eu era oficialmente, de Daniel. Minha chance de vida ao lado de Pethrus, terminou naquele instante.

A semana que se deu depois do noivado, foi corrida, devido aos preparativos para o casamento no fim de semana próximo. Meu vestido de noiva era simples. Tinha o forro reto, em cetim, com alças largas e cavadas, tinha uma cobertura de tule branco, mangas fofas nos ombros, porém longas. Botões na frente, que tinham um certo destaque, a barra, era pouco volumosa. Ele era até que bem reto, bonito, simples e branco, por mais que usar branco já não era correto para mim.
A cerimonia seria realizada em uma casa do campo, portanto a decoração seria de arranjos de jasmins e lírios.


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Notas finais do capítulo

Le eu com dó do Pethrus ~~



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