Dia 3, de manhã, voltamos aos estúdios. Desta vez, Mel ficou completamente absorta nas ideias mais loucas de Tim e de seus profissionais. Eu, Matt, e os demais atores que fariam os Consagrados, ficamos a espera de Anne Blake, que tiraria as medidas das roupas. A primeira, lógico, fui eu. E nem preciso dizer o quão bem aquela vaca me recepcionou:

- GAAAATINHAAAAA! – gritou, correndo para me abraçar. – Sua vadia, esqueceu das amigas, ein?

- Deixe de ser emo, eu converso com você quase todos os dias, pelo MSN. – retruquei, sendo amassada por um par de seios enormes.

- Não é a mesma coisa. Enfim... agradeço pela recomendação. O ateliê, depois que vazou a notícia que eu seria a estilista do seu filme... BOMBOU! – contou, toda animada. Era incrível como ela era tão linda... e tão moderna. É, rasgo elogios a ela, além de uma pessoa maravilhosa, é linda. E linda mesmo! – Vem, tira a roupa que eu preciso tirar suas medidas.

- Isso é necessário? – questionei, corando um pouco. – Você sabe que...

- Deixa de frescura na “shakira”. Tira a roupa aí. Não vou te estuprar. – ironizou, arrancando meu casaco. – Não posso tirar medidas com essas suas roupas enormes, né?

- Tá, tá, tá! Okay... – concordei, com relutância, tirando as três camadas de roupa que eu carregava. Acabei ficando, apenas, com meu sutiã de renda e meu shortinho (calcinha-cueca), exibindo pernas magrelas e branquelas.

- Eita Marietta, não sei onde você diz que não tem bunda. – riu, dando um tapa em mim. – Olha isso! Vira modelo, caralho.

- PARA DE OLHAR MINHA BUNDA, ANNE!

- Não to olhando sua bunda, tenho coisa melhor pra olhar.

- Vai se fuder, maldita.

- Também te amo. – sorriu, jogando um beijinho. – E cadê aquela gracinha do Shadows, hum?

- Lá fora, esperando a vez dele.

- Já deu uns pegas nele? – perguntou, olhando-me maliciosamente. Aquela vaca sabia muito bem do meu encanto por Shadows, na época da adolescência. Mas isso havia passado, é. Ou não.

- Não. Estou casada ainda. E meu rolo é com o Syn.

- COM O SYN, SUA SAFADA!? Cara, não acredito, seu predileto era o Matt. O meu que era o Syn.

- Eu sei... mas Matt é diferente. Vejo-o como amigo. Já Syn... meu Deus, que é aquilo? Ele me deixa louca!

- Mas você ainda ama o Hugo que eu sei. Ou ainda está confusa, pelo menos.

- É, talvez isso... não sei como agir, às vezes, Anne. É complicado.

- Hey, vocês vão... demorar... ? – entrou Matt, abrindo a porta com força. Deu de cara comigo, de lingerie, e Anne, com a fita métrica na mão. Ela sorriu, indo até ele, sem se importar que EU ESTAVA ALI SEMI-NUA E COM FRIO!

- Oi cara, você é o M. Shadows? Sou a Anne Blake, amiga da Marie. – cumprimentou, dando um abraço e um beijo. – Puta que pariu, você é maior que eu achava. Marietta... Marietta, que foi?

- Se você não notou, eu estou com roupa íntima e Matt está aqui! – gritei, tentando achar algo que cobrisse meu corpo.

- E daí? Ah que beleza, eu já aproveito e tira a medida dos dois. Vamos Matt, tira a roupa aí enquanto termino o da Marie. Vem cá, amiga...

A modernidade de Anne me irritava, às vezes. Enfim, não é disso que quero falar.

Matt acha que não percebi, mas saquei que ficou encantando com ela. Sério... olhava de cima para baixo, conforme ela ia andando, com aquele salto fechado ENORME e a calça bem justinha. Mas também, como não se encantar? Eu já a descrevi aqui... então, não era de se surpreender um rapaz de quase 30 anos... fosse se sentir “seduzido”. Anne fazia do tipo mulher e sensual. Coisa que eu nunca seria. E ignorem esse último comentário, que saiu de bicão no parágrafo.

- Marietta, vira. – pediu Anne, ignorando que estivesse sendo comida com os olhos. Da forma que ela era desligada dessas coisas, se notasse, nem se preocuparia. Já eu, um pouco mais recatada, tentei convencê-la que não daria para virar, mas nem deu certo. Acabei ficando de costas para Matt, exibindo minha bunda grande, magrela e branca.

- Fiu fiu. – brincou Matt, agora só de cueca.

AI DEUS, JOGA ÁGUA! Ele não podia fazer aquilo conosco, okay? Tá, ele era forte, musculoso, meu melhor amigo, e... ah, porra, ignorem essa narração aqui também. Fumei O2 hoje, só pode.

- Santo Deus. Matthew, você malha quantas vezes por dia? – perguntou Anne, acenando para mim. Graças a Deus, havia terminado, e eu já podia me vestir.

- Todas as noites, por quê? – revelou, com um notável orgulho de seu corpinho malhado e desejado. Ai, homens, bichos burros e vulneráveis.  

- Uau ein! – riu, pegando-o pelo braço. – Olha, não leve a mal, mas eu sempre falei pra Marie que eu ainda tocaria nesse seu corpinho divino. Com todo respeito, viu gatinho?

- Ela é a noiva do Jared Leto. – contei, antes que Matt se animasse demais. – Deixa só ele ouvir isso, deixa.

- Jared não é meu dono, pra começar. Mas eu o respeito, só não sou cega. Vira Matt, de lado.

- Acho então que já terminou e eu vou vazando. – resmunguei, um pouco constrangida. – Tchau pra vocês e... Matt, te encontro depois.

E deixei-os, sem olhar para trás. Por sorte, acabei encontrando Jared na fila, conversando animadamente com os atores que fariam os meus personagens, os Consagrados.

- Olá, Marietta. – sorriu, acenando para mim. – Quer participar de nossa conversa? Estamos debatendo se Marin gosta de Magnus ou não.

- Eu já disse que gosta, bato o pé! – disse-me Simone (não a Simons), a ruiva que faria a Marin. Geeente, ela era muito perfeita para o papel.

- Então eu vou te dar uns beijos técnicos, ein? – brincou Jared, colocando a mão em meu ombro. – O que acha Sophia?

- Nada sei! – ri, olhando para todos. – Capaz de meu espírito escritora-coruja denunciar e dar spoiler.

- Eu acho que Marin daria certinho com o Jonathan. – arriscou a atriz de Pollyanna. – Da mesma forma que acho que Polly tem algo a esconder. Ela é boba demais, às vezes.

- Olha só, falando mal da própria personagem. – a vez de falar era do ator de Pierre (que seria par romântico de Polly), rindo de dar gosto. – O que acha, ein Nazaki? Anna fica com o Takashi ou não?

- Eu acho que não, ele é nerd demais. – opinou, olhando para uma negra linda, que estava sentada. – Concorda, Imani?

- O que a senhorita Heagle fizer, está bom. Já de participar do filme estou feliz.

- XIII, PUXA SACO EIN? – riu Tyler, que faria o gêmeo de Imani. Pra quem não sabe, os dois fizeram Chris e Tonya em “Todo mundo odeia o Chris”. E é lógico que zuamos os dois, quando caímos na real.

Fiquei ali por um bom tempo. Estranhamente, senti-me em família, como se eu realmente fizesse parte daquele grupo. Mesmo que o grupo só existisse nos livros... e na minha cabecinha doentia de águia-escritora.