Palavras de Heagle escrita por Heagle


Capítulo 49
Meu salvador.




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Imaginem um cara muito grande correndo no meio do saguão, acompanhado de uma louca descabelada e dois caras estranhos. Prazer, Matt, Mel, Syn e Zacky.

Vi-os bem de longe, pertos da porta principal. Mantive-me quietinha, sem acenar nem nada. Se eles quisessem me encontrar... teriam que encontrar.

Matthew procurava pelo lado direito, Mel olhava para outro, enquanto Syn e Zacky davam voltas. Por fim, quase uns dez minutos depois, o olhar de Matt encontrou o meu. Deus, me explica, como um cara daqueles consegue ser tão lindo, mas tão idiota?

- MARIETTA! – berrou ele, correndo em minha direção.

Juro gente, o abraço que ele me deu foi tão forte, mas tão forte, que fiquei um tempinho básico sem poder respirar. Sério! Ele trombou em um monte de gente no saguão, deixou Mel e os outros pra trás... pra me abraçar. Que coisa sinistra ein?

- Cara, eu recebi a mensagem, o que houve? – gemi, ainda sendo esmagada. Mel chegou um tempinho depois, quase pulando em cima de mim. ALGUÉM PODERIA EXPLICAR AQUELA PORRA?

Matt se afastou de mim, quando se deu conta que eu morreria por falta de ar. Tirou os óculos, enxugou os olhos com a manga da camisa e começou, desesperado:

- Marietta, cara, graças a Deus você não embarcou naquele avião.

- Por que, Matthew? – questionei, cruzando os braços. Passado aquele momento fofinho e lindo... eu queria saber o motivo pelo qual ele ESTRAGOU MINHA VIAGEM AO BRASIL!

Mas, antes dele responder, adivinhem? Meu celular tocou. Peguei-o, e atendi; era mamãe.

- Oi Mãe?

- MARIETTA, VOCÊ TÁ VIVA, FILHA? - chorava, do outro lado. Se não fosse o momento “WTF?”, eu teria zuado pela pergunta óbvia.

- Lógico que estou mãe. Estou aqui no saguão... perdi o primeiro vôo. Partirei no... – e antes de concluir, olhei para o telão (que estava bem na minha frente). – Puts, mãe... cancelaram meu vôo por causa da tempestade. Bem... então, acho que não embarco hoje. Afinal, por que você está chorando?

- Na televisão noticiou que aconteceu um acidente aéreo aí na Inglaterra... devido a tempestade que está tendo. Pensávamos... que você estava nele.

- Ah mamãe, sua boba... – ri, olhando para cima. – Há tantos aviões entrando e saindo da Inglaterra... qual probabilidade de ser o meu? Enfim... vou desligar. Vou ir pro Hotel... tomar um banho. Mais tarde eu ligo de volta.

- Liga mesmo. Tem certeza que está bem?

- Está, te juro. Beijos, te amo.

- Deus te abençoe.

- Amém, tchau.

Desligando o celular e voltando a guardá-lo no bolso, comecei a rir, passando as mãos pelo rosto. Minha mãe, às vezes, era muito afobada e coruja.

- Minha mãe estava desesperada achando que eu estava morta. Aconteceu...

- Um acidente aéreo. Eu sei. – interrompeu Matt, sério.

- Credo, por que você está olhando assim pra mim? Não morri não, cara.

- Não morreu porque...

- A Agência de Viagens Britanic Record (?) lamenta informar o acidente ocorrido na rota Londres/Brasil, vôo 1424. Embora não haja dados oficiais, de acordo com as autoridades, nenhum passageiro sobreviveu, devido ao clima e a dificuldade do local onde caiu o avião. Traremos mais notícias. – informou a porta-voz do aeroporto, em um vídeo no telão.

Mel tapou o rosto, começando a soluçar. Syn e Zacky, aparentemente assustados, sentaram, perto da minha mala de mão. E Matthew... bem, estava com uma expressão facial péssima.

Agora eu entendia o que havia acontecido. Eu teria embarcado no avião, se não fosse a mensagem de Matt. Eu... teria morrido, brigada com ele. Não, alguma coisa estava errada. E, percebendo que eu estava muito confusa, Matt começou a falar, com a voz um pouco embargada.

- Essa noite... sonhei que você morria em um acidente aéreo. Quando Mel disse que você viajaria... eu fiquei louco! Marietta...

- Ele... pediu pra mandar a mensagem... enquanto dirigia pra cá. A princípio... Syn e Zacky não acreditaram... mas... você sabe... que eu acredito nessas coisas... e... ah mew, que... – gaguejava Mel, sem poder falar.

“Eu preciso de você”... “Eu preciso de você”...

Estava tudo esclarecido, então. Matt, o cara com quem eu estava brigada... salvou minha vida. Meu cantor favorito. Meu ídolo. Meu Jonathan Harrington. Agora, era meu salvador. Eu devia minha vida para ele... tudo por causa de um sonho. Tudo porque ele fez de tudo... pelo meu bem.

Não sei nem como dizer isso.

Levantei-me, fingindo uma tranqüilidade que não era minha. Eu estaria morta, naquele momento, reduzida a pedacinhos... se não fosse o Matthew. Passei as mãos pelo cabelo, deu algumas voltas, em círculo, perto deles... mas não agüentei por muito tempo.

Eu precisava chorar. Sério mesmo. Logo eu... meia turrona, que se negava constantemente em demonstrar sentimentos em público. Que se foda... eu precisava, tá legal?

- Meu Deus, Matthew, muito obrigada. – gritei, caindo em cima dele. Abracei-o tão forte, tão forte... que, se eu tivesse um pouquinho mais de massa corporal, teria quebrado seu pescoço.

Ah, foda-se briga, foda-se o caralho a quatro.

Comecei a chorar tanto que, ao tentar me conter, acabei não conseguindo. Fiquei lá, soluçando como uma criança, agarrada ao seu pescoço, molhando toda a jaqueta.

Ele pareceu não se importar muito por isso. Ao contrário. Acariciou meus cabelos e murmurou bem baixinho:

- Eu vou tentar. Tentar não perder você*

* Unholy Confessions. 


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