Fui à Londres naquela semana, e fui uma das melhores viagens de minha vida. Alguns meses depois, tive que retornar, para uma noite de autógrafos e, no dia seguinte, ajudar com escolha dos atores, para o “cast” do filme (é assim mesmo que fala? Ainda sou leiga em Inglês). Deixei bem claro, quando assinei o contrato: queria estar lá, na bancada, avaliando todos os atores. Meus personagens são, praticamente, meus filhos. E uma mãe não entrega os filhos nas mãos de desconhecidos, não é mesmo?

            Numa luta diária para salvar meu casamento recente, insisti que Hugo me acompanhasse novamente na viagem, já que dessa vez eu teria que ficar mais tempo. Ele não demonstrou vontade de ir, e nem de que eu ficasse. Continuou absolutamente indiferente, declarando sua mesma desculpa de sempre:

            “Não posso largar a empresa na mão de qualquer um, por um mês, blá blá...”

            Que se explodisse aquela merda de empresa. Se ele colocava aquela joça acima de mim, coloquei minha paixão pela escrita acima dele também, embora isso doesse, e muito.

            No dia da minha partida, meus pais foram comigo no Aeroporto. Não sei por qual milagre, mas Hugo foi conosco também. Minha sobrinha, Izabelle, também estava lá.

            - Boa sorte, titia! – disse ela para mim, dando um beijo em meu rosto.

            - Obrigada linda. – sorri, despedindo-me, em seguida, dos meus pais (que ainda não gostavam da ideia de Hugo não ir junto à viagem). Por fim, foi Hugo.

            - Quando eu chegar ao Hotel, eu ligo. – murmurei, olhando-o. Ele retribuiu o olhar, de uma forma corriqueiramente fria.

            - Ligue, estarei esperando. Boa viagem querida.

            - Eu te amo. – murmurei-lhe ao ouvido, mas não tive resposta. Mesmo porque, sai antes mesmo de obtê-la. Peguei minha mala de mão, passei por todo aquele processo burocrático, e enfim, entrei no avião. Rumo à uma longa estada em Londres, que prometia ser a melhor de minha vida.