Palavras de Heagle escrita por Heagle


Capítulo 3
Aeroporto de Londres.




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Cheguei ao Aeroporto principal de Londres às 9 horas da manhã. Tive uma noite péssima no avião, já que toda vez que eu tentava dormir, achava que ia dar algum pane no motor e todos nós íamos morrer. É, ninguém morreu, mas eu parecia uma morta-viva.

            Mel disse que o motorista ia me pegar às 10 horas. Sentei-me no banco, catei meu Iphone do bolso e comecei a ouvir música, a única coisa que me mantinha acordada ainda. Ouvia Scream, muito alto, quem sabe aquilo espantaria o sono?

“You know I make you wanna scream”

Então, vocês podem deduzir que eu estava completamente absorta em meu mundinho particular. Ignorei todos os passageiros que haviam viajado comigo, e não faria diferente com aqueles que estavam desembarcando, andando de um lado para o outro.

Eu lá, sentadinha, ouvi uma agitação na porta principal. Vi dois seguranças, escoltando alguns rapazes, fecharem a porta com força. Tinha uma legião de jornalistas e fotógrafos por lá. Segui minha política da ignorância e voltei a me concentrar no que eu devia: YOU KNOW I MAKE YOU WANNA SCREEAAAAAM!

Depois de aproximadamente meia hora, e nada daquele maldito motorista chegar, eu já estava em processo de transe. Leia-se: roncando. Uma mão desconhecida tocou levemente meu rosto, e tirou meu fone, para que eu pudesse ouvi-lo.

- Escritora Heagle?

Abri um dos olhos, ainda relutante. Pô... pra que me acordar? Devia ser cinco da manhã ainda (na minha mente doentia). Então, tratei logo de praguejar aquele penetra de sonhos.

- Meu Deus, o que te deu na cabeça pra me acordar às... – só que antes mesmo de completar, dei um berro histérico. Esfreguei os olhos umas dezenas de vezes pra ver se não estava sonhando ou delirando. Ou eu estava ficando louca... ou era simplesmente Synyster Gates que estava ali, me acordando, com um livro na mão. Será que seria muito trágico se eu tivesse um infarto por ali mesmo?

             - Ah cara, foi mal. – sorriu, coçando a nuca. – É que... achei que estivesse passando mal.

            - Gente, eu não estava, mas agora estou. Cara... você é mesmo o Syn Gates? – já disse quanto uma fã babona pode ser tão idiota?

            - Yeah. – sorriu, de uma forma tão linda e marota.

            - God, God, God, meu Deus mil vezes. Sou absolutamente fã número um de vocês. É ridículo, estou agindo como uma adolescente e... CARA, ME DÁ UM AUTOGRAFO!

            Eu falei pular no pescoço dele e começar a chorar como uma condenada. Ai, que vergonha. Mas, pelo visto, ele já estava acostumado com aquela balela de fã neurótica, percebi isso quando ele sacou uma caneta (aquela de CD) e entregou para mim.

            - Só te dou um autógrafo se você me der um, aqui, na capa do seu livro.

            Tudo bem, momento de choque 1!

            - Um... aut...ó...grafo? – gaguejei, trêmula.

            - Yeah, você é Heagle. – disse, exibindo a contra-capa do meu livro. E lá estava eu, linda e poderosa (irônica). – Adoro seus livros, gostaria muito de um autógrafo.

            Tudo bem, momento de choque 2!

            - Eu... não sei o que dizer.

            - SYNYSTER, VOCÊ É TÃO INÚTIL QUE NEM UM AUTÓGRAFO CONSEGUE!? – gritou uma voz do outro lado do saguão, bem rouca e... reconhecível.

            - MATT, SEU CORNO, VEM CÁ CARA! É A HEAGLE MESMO! – gritou em resposta. Nem preciso dizer que já havia se juntado um aglomerado de fãs a nossa volta, tirando fotos. E a minha cara ainda era aquela, com expressão bovina de: que porra estou fazendo aqui?

            Não sei explicar exatamente o que aconteceu. Só sei que vi meu ídolo desde os 17 anos se aproximar aos poucos de mim. Acompanhando ele, estavam seus companheiros de grupo. Aquilo não podia ser um sonho, tinha que ser real, tinha que ser verdade que eu estava conhecendo Matthews Sanders e toda a turma do Avenged Sevenfold. Tinha que ser verdade, ou eu ia chorar muito quando acordasse.

            - Não tem como eu ser corno, nem mulher tenho mais. – brincou Matt, dando um soco nas costas do guitarrista. Ele, em seguida, olhou para mim. Exibiu um sorriso perfeito, maravilhoso, com aquelas duas covinhas que... ai. Ai. Ai. Ai...

            - Cara, prazer em conhecê-la, Heagle. Todos nós curtimos muito seus livros. – começou ele, esticando a mão para mim. Pow, aquela poderia ser a única vez que eu veria meus ídolos... e eu não ia me contentar apenas com um aperto de mão.

            Larguei meu Iphone sobre o banco, joguei pro outro minha mala de mão, e me levantei, pulando no pescoço do Matthews. Abracei-o com tanta força, mas tanta força, que se ele não fosse musculoso, eu teria quebrado algum ossinho do ombro dele. Pode parecer exagero, mas é sério!

            - Cara, que foda... Heagle... é a nossa fã. – sorriu Syn, um pouco brisado. Os outros riram, e eu continuei abraçando o M.

            - Valeu pelo carinho, Heagle... ficamos lisonjeados.

            Bem, aquele abraço estava muito gostoso, muito sonhador, mas eu precisava soltar ele. Larguei-o, voltei a sentar e passei as mãos pelo rosto, me recompondo.

            - Desculpem-me, mas sempre esperei pelo momento de conhecê-los. – comecei, ainda meia gaga. – Não é a toa que eu vivo citando todos em meus livros e... OH GOD!

            Todos riram. Aderi à risada também, sem saber exatamente o motivo. Eles podiam estar rindo da minha cara de trouxa e eu lá, uma trouxa rindo. Mas não foi disso.

            - Legal a gente ser se encontrado por ali. – começou Matthews. – Mas então... dá os autógrafos pra gente?

            - Claro... e vocês, se não for incômodo... autografem minha camisa. – sorri, pegando minha mala de mão. Juro que a minha camisa, que lembro ter colocado perfeitamente em cima, havia sido abduzida para outro mundo. Eu estava tão nervosa que nem percebi que ela estava no chão. Olhei para os lados, para o chão, e lá estava a bonitinha. Peguei-a rapidamente e estiquei na direção deles. – Pronto.

             E foi uma cena memorável que nunca hei de esquecer. Todos eles escreveram mensagens na minha camiseta branca. Matthews, principalmente, escreveu um trechinho em que eu o comparava com um de meus personagens, Jonathan Harrington. Juro! Não sabia que eles eram tão... tão... gentis.

             Depois de tanto autógrafo, muvuca, vuco vuco, eles olharam para o celular. Deviam estar atrasados.

            - Cara, a gente tem que chegar ao Hotel Palace às 10:30 e sair às 11. Desculpe, Heagle, mas precisamos ir.

            Dei um pulo na cadeira, quando ouvi Hotel Palace. Pelo que eu sabia, era o melhor hotel de Londres, e eu estaria hospedada nele, por conta dos produtores do meu filme. E lá estaria, também, Avenged. Não, eu não PODIA estar sonhando.

            - Estarão no Hotel Palace também? – perguntei. Eles assentiram, e exibi um grande sorriso. – Eu... ficarei por lá também. Pode ser que nos trombemos.

            - Foda, cara. Teremos nossas merecidas férias depois dessa reunião.

            - Ficarão em Londres?

            - Sim... aqui é legal.

            Sério... Syn parecia muito “noiado” enquanto falava. Eu ficava meio em câmera lenta quando o ouvia. Já Matthews, era mais enérgico, falava alto e rapidamente.

            - Agora... precisamos ir mesmo.

            Todos se despediram de mim como se eu fosse conhecida de longa data. Claro, não perdi a chance de abraçar M. Shadows mais uma vez e vi-os partir. E meu coração partia junto.

            - Não... não estou sonhando. CARA!

            No Iphone, coloquei Sidewinder, minha música favorita deles. Esperei pelo motorista, com o coração ainda disparado, como se... fosse paixão a primeira vista. Não, não é esse tipo de paixão que vocês estão pensando.


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