Palavras de Heagle escrita por Heagle


Capítulo 1
Minha vida de Escritora.




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Olá, eu sou Heagle.

Ah, me desculpem... estou tão acostumada com meu pseudônimo que até me esqueço – às vezes – que me chamo Marietta Genoom.

Hoje, tenho 23 anos. Comecei minha carreira aos 15, mas conheci a fama aos 19, depois de lançar meu primeiro livro, O Camafeu Dourado. Assim, de uma hora para outra, conheci o mundo que até então para mim era desconhecido: o do sucesso.

As pessoas passaram a me reconhecer na rua. Eu dava autógrafos, e por incrível que pareça, não eram meus parentes! Isso realmente é motivo para festejar.

Tornei-me uma das moças mais ricas do mundo, mas isso não me diferenciava muito das demais. Eu era absolutamente normal, no início: era noiva de um empresário – Hugo – (com quem eu namorava desde os 17 anos), morava em um apartamento no interior de São Paulo e gostava muito de uma banda de rock: Avenged Sevenfold. Eu era, literalmente, DOENTE POR ELES!

Só que... com o tempo, vimos que minha vida se tornaria diferente, e mesmo que eu lutasse para mantê-la igual a de sempre... tive que abrir mão de muitas coisas. Passei a viajar com freqüência, vivia em noites de autógrafos e festas, e muitas oportunidades surgiram para mim. Uma delas... estava em Londres. Há... não sei quantos kilometros longe de casa.

- Hugo? – comecei, abrindo a porta de seu escritório. Aquilo era tão irônico: Hugo dizia, quando mais jovem, que não se via dentro de um escritório, se matando de trabalhar. E lá estava ele, de óculos, no meio de tanta papelada. Estava tão atento que mal percebeu que eu estava ali, chamando por ele. Ainda relutante, repeti um pouco mais alto. – HUGO!

- Meu Deus, que susto, Marietta! – resmungou ele, jogando para cima alguns papéis. – O que está havendo?

- Lembra-se do telefonema que recebi da minha agente literária, né? – comecei, sentindo meu peito palpitar. Estava tão feliz que queria contar para todo mundo a chance que me caíra sobre a cabeça.

- Sim.

- Querido... a produtora quer fazer um filme de minha série! A mesma produtora de Harry Potter. Sabe o quanto isso significa para mim?

Ele me olhou, por debaixo dos óculos. Minha alegria, nem de longe, o contagiou. Parecia bravo, ou preocupado, sei lá.

- E?

- E? Hugo! Os Murphy, meu rascunho de 15 anos, vai se tornar um filme! Eu... nem acredito, Deus! Não sabe o quanto estou emocionada.

Hugo não respondeu. Deu uma olhada para as folhas caídas no chão, e tempo depois, curvou-se para apanhá-las. E eu fiquei ali, esperando que ele me respondesse.

- Quando vai viajar?

Lamentei por ter esperado tanto aquela resposta fria. Fazia um ano que estávamos morando juntos, por causa da minha fama repentina. Casei-me para mantê-lo perto de mim, já que minhas viagens estavam cada vez mais freqüentes. Mas desde que ele havia montado sua loja e subido de cargo... estava praticamente IMPOSSÍVEL conversar sossegadamente com ele. Ou era eu, ou ele que estava fora de casa.

- É isso que você me fala? Hugo?

- Estou lotado de coisas, Marietta, e você vem dizendo que vai ter que viajar. Novidade isso. – resmungou, largando os óculos sobre a mesa. – E para variar, eu não poderei ir contigo.

- Como não? Desde que nos casamos... só viajamos uma única vez juntos, e foi na lua de mel. Você tem férias pendentes na empresa, quem por detalhe, É SUA!

- Não posso largar tudo por causa de uma viagem com você.

- Não? Vou passar uma semana em Londres, tratando dos assuntos do filme.

- Vá sozinha. Não seria a primeira vez.

- Francamente, Hugo... não tenho o que dizer.

- Então fecha a porta, porque eu sim tenho muito que fazer. – pediu, voltando a colocar os óculos.

Enfezei-me. Hugo estava se tornando ridiculamente idiota! E como eu não queria iniciar uma discussão, fechei a porta com força, deixando ele “se divertir” com os contratos, e notas, e etc. Naquela mesma noite, liguei para Mel (minha agente).

- Mel... reserve um vôo para o dia 14.

- Para você e para Hugo? – perguntou a voz do outro lado. Marietta deu um suspiro, olhando para o espelho.

- Não. Irei sozinha.

No aparelho de som, tocava Seize the Day, do Avenged Sevenfold. Era a única coisa que não fazia com que eu me sentisse sozinha. A voz de M. Shadows estava ali comigo, para fazer companhia, mesmo que eu nem ao menos o conhecesse.


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