Palavras de Heagle escrita por Heagle


Capítulo 134
Destino Arquitetado.


Notas iniciais do capítulo

SUAS LIIIIIINDAS, eu fiquei tão feliz com os Reviews de ontem! Vi no onibus, no cel emprestado de um amigo, e fiquei imesamente feliz. Fiquei até inspirada na faculdade.
Agoooooooooora... eu to inspirada e vou postar mais. Acredito que o proximo capitulo seja do aniversário de Matthew MUAHAUAHAUAHAUA. SE PREPAREEEEEM, VOCÊS VÃO ME AMAR. OU NÃO HAHAHAHAHAHAHAHA! ENFIM, BEIJOS SEUS LINDOS, E BOA LEITURA.



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E o tempo passou. Não sai de casa, como havia proposto no dia da briga, mas mudei minhas atitudes. Em relação aos meus amigos, a mim e a Matthew. Passei a aceitar mais convites, como jantares com o elenco do filme, premieres de escritores conhecidos e reuniões com amigos próximos. Falando nisso, encontrei aquele meu Best biólogo em um sábado destes, perdido por Londres, tentando encontrar o laboratório de análises da Universidade local. Acabamos tomando um vinho e falando merda, matando as saudades de nossos tempos de juventude.

De sábado, evitava ficar em casa. Syn, Mel e Zacky sempre arranjavam um programa. E, geralmente, acabávamos indo a uma boate, e em seguida, comíamos pizza na “Calzone”. Já fazia algum tempo que Matthew não partilhava de nossas diversões, e passei a me acostumar com isso.

Com o tempo, acabei esquecendo que ele fazia parte da nossa “família”. Raramente o via. E se o via... não conversava. Resumindo, passamos a ignorar a existência um do outro. Mas ele, diferente de mim, passou a ignorar a existência de todos.

Voltei a escrever um projeto paralelo, como disse anteriormente. “Feuer und Wasser”, esse é o título. Por enquanto, pelo menos. Trata de uma Guerra futura em torno de água e petróleo. São nessas horas que meu lado jornalista fala alto, quase que berrando. Tudo bem, vocês superam. Marietta também é cultura, ahá! (embora seja difícil pensar nisso, okay?)

Estava mais preocupada comigo. Passei a entender que não adiantava viver pelas pessoas. Teria que viver por mim. Já estava com quase 25 anos nas costas, e passei a maior parte desses anos lamentando e escrevendo. Chega da lamentação, que tal começar a viver mesmo... porque eu não sei quanto tempo de vida tenho. Posso morrer a qualquer momento, e não quero deixar nada para trás. Tipo o Hugo.

Ah, falando em Hugo... ele esteve em Londres há uma semana. Para minha surpresa, Syn e Zacky sugeriram que ele nos acompanhasse em uma de nossas noitadas, com intuito de melhorar “seus últimos dias”. Os médicos diziam que Hugo melhorara, mas não o suficiente para evitar a morte. Talvez se tivesse tomado essa atitude antes... nada disso estaria acontecendo.

O fato é que ele aceitou. Acabamos indo a uma boate GLS, com pretexto de rirmos muito. E rimos, com alguns gays que davam em cima de Syn, passando mão pelo seu corpo. Como nosso amigo não era preconceituoso, dava bola, afinando a voz:

- AI DELÍCIA, NÃO ME ATICE. – ria, agarrando Mel pelo braço. Cochichava toda vez que possível, com um tom implorativo. – Pelo amor Mel, não saia de perto de mim. Meu cu não nasceu pra ser arrombado, SÉRIO.

- Se fode aí, meu amor. – gargalhou Mel, piscando para algumas drags que passavam. – Ai gente, elas querem meu homem. De quem foi a ideia mesmo de vir aqui?

- Sua, criatura horrorosa. – gritei, puxando Hugo pela mão. Ele parecia meio desnorteado no meio de tanta muvuca colorida. – E aí, o que seus sócios diriam de uma coisa dessas, hum? “O renomado empresário Hugo em uma balada cheia de variações gênicas e hormonais”.

- Que depois de moribundo, virei viado. – respondeu, afastando os cabelos do rosto.

Tá, vou ser sincera. Muito sincera: Hugo realmente era lindo. E nunca perdeu a beleza, mesmo depois dos problemas de saúde. Ainda mais agora, que se vestia mais casualmente, sem aquela preocupação toda de ajeitar a gravata ou amassar o terno. Esqueçam todas as coisas horríveis que aconteceram entre a gente. O que era fato, eu não podia negar.

Comparando ele a Matthew, lógico, cada qual com sua beleza. Mas Hugo era meio nerd, fortinho, sem todas as tatuagens visíveis, nem aquela cara de “vou fuder você”. Era misterioso, parecia olhar para as coisas sempre analisando o que havia por trás, e pior de tudo... era quieto. Mas, quando questionado, sabia responder. Ouvia, ao invés de falar (coisa que não consigo até hoje, calar a boca de matraca e ouvir mais as pessoas).

Enfim, esquecendo os traços físicos de Hugo, naquela noite ele fez tudo que não podia. Principalmente beber, porque bebeu até dizer chega, competindo com Syn quem acabava com a garrafa de tequila primeiro.

Zacky, isolado com uma guria em um canto, se atracava com a mesma como se estivessem em um motel. São nessas horas que minha cara queima com aquele Porpeta Bochechudo.

- ZACARIAS DA VINGANÇA, DEIXA A MENINA RESPIRAR! – gritei-lhe, arremessando um copo em sua direção. Ele riu, acenando o dedo do meio, já meio (meio? Inteiro!) chapadão.

- AR PRA QUÊ, SE PODEMOS TER... O AMOOOOR!

- Que coisa gay. A boate tá afetando a mente desse cara. – ri, analisando mais atentamente a mulher com quem ele se pegava. Ou muito me engano... ou era um homem. Mas não falaria nada. Perderia o amigo, só que não a piada para os próximos oitenta anos. Isso, eu sou uma amiga muito filha da puta! Sorte sua de não me conhecerem.

- Sabe que eu acho? – gaguejou Syn, agarrando Mel pela cintura. – Que devíamos ir pro carro fazer amor.

- Estou alcoolizada só com esse seu bafo, Brian. – repreendeu Mel, empurrando-o lentamente. – Nada de sexo hoje, bonitinho. Quem manda amar mais o “OH” do que eu?

- PUTA QUE PARIU, VOCÊ DESENTERROU O “OH” AGORA. – berrei, caindo na gargalhada.

Pra quem não entendeu, OH faz parte do grupo funcional “ÁLCOOL”. AH PUTA QUE PARIU, QUE COISA NERD. CHEGA. Ignorem isso. Até hoje tento esquecer essas coisas de exatas, que quase tiraram minha vida (hipérbole, como te amo).

- Não entendi... – murmurou Brian, pousando a cabeça na mesa. – Vai Melzinha... um beijinho, vai?

- Não, estou fechada para você. – resmungou, cruzando os braços.

É, mulher é um bicho filho da mão e tira do homem o que eles mais gostam. Palmas pra gente, arte feminina de fuder com eles! E se isso ao menos resolvesse comigo.

- Marie... – começou Hugo, do nada, virando uma dose de tequila. – Você vai me perdoar um dia, né?

- Hã? – questionei, virando a cabeça com agressividade. Como odeio assuntos que surgem do nada (embora eu faça isso quase... sempre). – Que isso tem a ver?

- Fica comigo hoje. – pediu, com aqueles olhinhos brilhantes de um cara que está a ponto de entrar em uma crise de existência. – Eu sou muito cuzão. Eu sei. Mas fica comigo. Uma única vez. Juro que não falarei nada pro Matthew.

- Matthew? O QUE ELE TEM A VER COM ISSO? – repeti a mesma pergunta, mas com outra entonação. Estava apavorada com a ideia de que meus sentimentos para com Matt estivessem escancarados à quatro cantos do mundo. Não era viável.

- Ué... vocês...? - antes de completar a pergunta, o interrompi, balançando a cabeça.

- Acho melhor irmos, vocês estão ficando meio... estranhos. NÃO ACHA, MELISSA? – gritei, como se obrigasse minha melhor amiga a concordar. Ela, também cansada, disse um “sim sim, lógico” e se levantou, agarrando Syn pelo colarinho.

- Você, Sinistro, vai tomar um banho frio JÁ. E você também, Hugo.

- Eu? – murmurou, levantando a mão como se estivesse em uma sala de aula. – Tô presente!

- E chapado. – não hesitei em rir, ajudando-o a se levantar. – Vamos, Hugo... pode dormir em casa, se quiser.

Pior erro da minha vida foi essa: a de convidá-lo a dormir em casa. Como minha vida parece uma novela, e vocês já devem ter percebido isso... tudo tende a dar errado. E deu.

Sim, fomos embora para casa, e convidei Hugo a passar a noite ali. Ele preferiu dormir no sofá, e eu, um pouco ansiosa pelo fato dele não ter tomado os remédios, sentei na poltrona ao lado, esperando que ele dormisse.

Como se fosse uma mãe cuidando de seu filho doente.

Acabei adormecendo também, despertando meia hora depois, com um barulho de porta. Só podia ser Matthew, que fazia questão de anunciar, de forma escandalosa, sua chegada. E ao me ver sentada, abraçada a almofada, não aguentou a curiosidade e perguntou, de forma irritada:

- Está me esperando de novo? Quantas vezes vou ter que dizer que...

Levantei-me antes que ele desse o sermão inteiro. Fiz sinal de silêncio, apontando para o sofá. Acabei sussurrando, sem me mover. Não pretendia me aproximar daquela pessoa, no estado que devia se encontrar. E nem me preocupei em saber disso também.

- Não acorde Hugo, ele está dormindo.

- Hugo? Dormindo no nosso sofá? – questionou, movendo a cabeça para espiar o sofá. Com certeza, pegara de esgoela sua figura, tão pálida e abatida, no décimo sono. E como é de se supor, não foi de seu agrado. – Que porra você acha que está fazendo em trazer seu marido pra dormir na nossa casa?

Pelo tom da sua voz, pude concluir que ele estava são, embora exalasse um cheiro de Conhaque ou Absinto. Então ótimo... entenderia “melhor” as coisas. E eu faria a maior questão de tornar tudo pior, porque ultimamente, essa era a solução.

- Fomos beber, ele esqueceu de tomar os remédios, e achei prudente trazê-lo. – disse com naturalidade, passando a caminhar pela sala. – E não vejo porque se incomodar, Shadows.

- Esse filho da puta foi um cão na sua vida. Quer mesmo bancar a madre e zelar pela saúde desse desgraçado?

- Estou cansada. – murmurei, dando-lhe as costas.

Por um momento, não pensei o quanto perigoso seria se Hugo acordasse com toda aquela agitação, e que iniciasse uma briga com Matthew. Só pensei em me afastar. A presença de Matthew estava enfadonha e tensa. Já não fazia tão bem quanto antes.

- A pobre viúva zelando o corpo de seu amado. Isso chega a ser patético. – resmungou, dando um passo para frente.

Arretada do jeito que sou, balancei os ombros. Não ia deixar por menos. Se ele quisesse pensar numa reconciliação com meu ex-marido, foda-se. Pense.

- Pior do que aquela viúva que lamenta a morte física do amado, é aquela que lamenta a morte espiritual dele. Adeus, e poupe-me de conversar. – ríspida, voltei a andar, até sumir de vista.

Eu estava errada? Não. Pior do que carregar a morte física de Hugo, era aguentar que Matthew estava cada vez mais insuportável, como se fizesse o maior esforço de ser desagradável. Comigo. Pra que isso, será que é tão difícil manter-se perto de mim?

Ah, vai se fuder. Enfia o dedo na bunda e cheira, filho de uma Ogra manca.

***

(Terceira Pessoa)


- Quando vai agir, Giulia? Estamos cansados de esperar. – disse o Chefe, batendo com força na mesa. A mulher, irritada com a pressão, jogou-lhe o conteúdo de uma taça, esbravejando:

- Acha que é fácil drogá-lo? Está cada vez mais arredio. Não se sente mais a vontade em... falar. Só soube que no dia 31 de julho é seu aniversário. Pode ser minha chance.

- E o da escritora, quando é? – perguntou o homem, tentando limpar o rosto com um lenço.

- 30 de agosto.

- 30 de agosto? – riu, levantando-se. – Que belo presente poderíamos dar a eles, não acha?

- No aniversário da garota? O que pretende, Chefe?

- Me vingar. Só isso. E que haja festa... porque as odeio! – gargalhou, jogando alguns papeis para o alto. A ideia parecia perfeita e... triunfal.

Faria sucesso no meio do crime organizado, quando ficasse famoso. Era chance de deixar de ser um chefe de um grupo pequenino e fraco... para se tornar um dos “afilhados” da máfia. Tudo questão de tempo.

No dia 31 de julho e 30 de agosto, algo aconteceria. O que? Bem... não me cabe dizer. Não agora.


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