CAPÍTULO VIII

Sensações estranhas e maravilhosas invadiam Bella, causando-lhe emoções com as quais não estava preparada para lidar. Só que, agora, não havia mais tempo para reparações.

Edward a beijou com tanto carinho, com tanto sentimento, que ela percebeu que não era mais dona de suas vontades.

Nunca havia imaginado que um simples beijo pudesse ter um efeito tão devastador, nem que uma boca pudesse ser tão doce.

Edward percebeu que a resistência de Bella ia diminuindo a cada segundo. Se forçasse a situação, não haveria jeito de prever como a noite iria terminar. Sabia que ela estava sentindo o mesmo desejo frenético que o consumia.

Era provável, no entanto, que dissesse não. Na verdade ele até gostaria que aquilo acontecesse. Faria com que ela fosse diferente, e ele precisava de alguém assim. Se concordasse em terminar a noite em sua cama, Bella seria exatamente igual às outras. E, no momento, ele preferia se satisfazer com a esperança, do que correr o risco de se desapontar com a realidade.

Bella percebeu que ele se afastava. Abriu os olhos, tonta e desorientada. Era como se tivesse sido transportada para um outro lugar, um outro mundo, e, pouco a pouco, foi voltando à realidade.

Ficou surpresa com o fato de ele não ter tirado proveito de sua fragilidade. Surpresa e grata.

— Eu... acho melhor entrar — murmurou. — Já está ficando tarde.

Ele lhe deu um lindo sorriso.

— Sabe de uma coisa, Bella? Eu sempre sonhei em encontrar uma mulher de verdade, que conseguisse me enxergar além da fama e do dinheiro. E acho que agora meu sonho se transformou em realidade.

Ele havia feito uma ótima jogada. Bella não pôde deixar de sorrir. Ele "cantava" uma mulher com a mesma habilidade com que lidava com uma bola e um taco.

Ela abriu a porta do carro.

— Boa noite. E obrigada pelo jantar.

Ele, porém, impediu que ela descesse.

— Emmett vai dar um churrasco amanhã, na casa dele.

— Eu sei. Rose me convidou.

— Quer ir comigo?

Ela hesitou por alguns instantes. Será que não era contra a ética sair com um jogador de um time que ela estava sendo paga para cobrir? Ainda pensava no que falar, quando ele lhe deu uma piscada.

— Passo por aqui ao meio-dia, está bem?

— Hey! Mas eu não falei que aceitava seu convite!

Ele sorriu.

— Mesmo que você não aceitasse, eu viria apanhá-la de qualquer jeito. — Inclinou-se e beijou-lhe os lábios de leve. — Boa noite. Durma bem.

Bella desceu do carro com a pernas trêmulas e abriu a porta de casa com as mãos mais trêmulas ainda.

Deixou-se cair no sofá, sentindo-se confusa e perdida. Tão confusa e perdida como se sentira naquele dia, havia tantos anos, quando sua mãe fora embora, abandonando-a para sempre.

Mas, de qualquer modo, não culpava Renee Swan. A pobrezinha não suportara a pressão de ser a mulher de um grande ídolo. Aquilo não era nada fácil. Muitos casamentos já haviam sido desfeitos pelo mesmo motivo.

"Então, Bella", ela perguntou para si mesma, "a troco de que você está entrando nessa fria?"

Levantou-se do sofá decidida.

— Desista, Edward Cullen. Você não vai conseguir nada de mim. Por isso, trate de jogar sua conversa mole para cima de outra mulher!

E, dizendo isso, foi para a cozinha, com passos firmes e decididos. Olhou para o aquário e lembrou-se de que ainda não tinha dado comida a Peixe. Apanhou o vidrinho onde guardava a ração e despejou algumas migalhas na água. Como sempre, o peixinho dourado começou a nadar com mais ímpeto.

Bella recostou-se na pia, tentando decidir o que fazer da vida. Tinha duas alternativas: fugir de Edward ou enfrentá-lo e dizer-lhe claramente que não queria nada com ele. Respirou fundo. Ela era filha do Campeão Swan.

— E quem tem o sangue daquele homem maravilhoso nas veias não foge jamais — ela disse a Peixe, que parecia mais interessado em comer as migalhas do que em ouvi-la.

De qualquer modo, uma coisa era certa. Precisava modificar aquele artigo que escrevera sobre ele. Agora que tinha obtido mais informações a seu respeito, podia redigir uma matéria mais interessante, que mostrasse o homem por trás do ídolo e do jogador.

Ligou o computador, sentou-se e começou a escrever.

— Nossa! Como você está bonita! — exclamou Edward, ao vê-la de short branco e camiseta decotada, pronta para o churrasco na casa de Emmett. — Aliás, se me permite um comentário, você tem umas pernas maravilhosas...

O próprio Edward também não estava nada mal. De jeans desbotado e camisa azul-clara, ele era o charme em pessoa. Bella engoliu em seco ao vê-lo.

— Obrigada, Edward.

Ela havia pensado em usar uma calça, mas a temperatura subira e acabara se decidindo pelo short. Agora, vendo o jeito como ele olhava para suas pernas, arrependia-se de sua decisão.

— Seu perfume também é muito gostoso. — Ele chegou perto dela. — Deixe-me adivinhar qual é.

Bella sorriu.

— Não perca tempo com suas adivinhações. É repelente de insetos. Vamos indo?

O que ele queria mesmo era ficar ali e passar o dia todo na cama com ela e esquecer a droga de churrasco na casa de Emmett. Passara a noite inteira pensando nela, relembrando aquele beijo e tentando imaginar como seria sentir aquele corpo nu junto ao seu.

Ele fez que sim com a cabeça.

— Vamos. A casa de Emmett fica longe daqui e, se não andarmos depressa, é capaz de ficarmos sem comida.

Bella riu, apanhou a bolsa e fechou a porta de casa. Foi aí então que percebeu que Edward tinha abaixado a capota do carro.

— Eu adoro carro sem capota — ela comentou. — Principalmente num dia quente como hoje.

— Outro ponto a seu favor. — Ele sorriu. — Eu também adoro. Como está indo o artigo a meu respeito?

— Muito bem. — Ela deu um sorrisinho. — Espero que meu editor tenha a mesma opinião.

Edward deu a partida no carro e arrancou dali a toda. Bella franziu a testa, preocupada.

— Cullen?

— O que foi?

— Posso lhe dar uma sugestão?

— Claro.

— Por que você não tenta dirigir, em vez de voar? Não são todos os guardas que são fãs dos Rebels.

Ele tirou o pé do acelerador e deu um sorriso meio sem graça.

— Quando eu era criança, sonhava em ter o carro mais veloz e possante do mundo.

— Para poder impressionar suas muitas namoradas, não é mesmo?

Edward deu um suspiro desanimado.

— Lá vem você de novo com essa história... Pensei que já tivesse criado uma outra imagem de mim. Não sou o conquistador que pensa que sou, Bella Swan.

Ela se arrependeu por ter falado aquilo. O pobre Edward havia se ofendido de verdade.

— Eu só estava brincando. Peço desculpas.

Ele sorriu.

— Desculpas aceitas.

Soprava um vento forte, que em poucos minutos deixou os cabelos de Bella mais esvoaçantes ainda. Edward olhou para ela.

— Você prefere que eu levante a capota e ligue o ar-condicionado?

— Não. Eu trouxe um pente. Não se preocupe.

Ele sorriu.

— Eu nunca me preocupo.

— Nem antes de um jogo?

— Principalmente antes de um jogo. Arruina qualquer concentração. Além disso, preocupar-se não leva a nada.

E então, sem nenhuma razão aparente, tirou uma das mãos do volante e segurou a dela. Bella sentiu um friozinho na barriga.

— Você não precisa das duas mãos para dirigir?

Ele balançou a cabeça.

— Não. Uma já é mais do que suficiente. — Ele olhou rapidamente para ela. — Bella?

— O que foi?

— Sabia que segurar sua mão é a coisa mais gostosa do mundo?

Ela sentiu vontade de dizer que segurar a mão dele também era algo maravilhoso, mas achou melhor ficar quieta.

— Continue dirigindo, Cullen. Se não andarmos logo, vamos chegar atrasados.

— Eu pensei que você quisesse que eu dirigisse mais devagar.

Devagar ou rápido, Bella estava começando a perceber que havia entrado numa fria.