Strike! escrita por Lirio_de_Maio


Capítulo 12
Capítulo 11 - Decepção e entendimento


Notas iniciais do capítulo

Olá, meninas! Aqui vai mais um capítulo e, acho que vcs já perceberam, sou um total horror pra títulos, huashuas! Enjoy!



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CAPÍTULO XI

Eles fizeram amor mais duas vezes naquela noite, e cada experiência foi mais fascinante e espetacular que a anterior. Finalmente, sem mais um pingo de energia, adormeceram um nos braços do outro.

Edward acordou um pouco antes do amanhecer. Abriu os olhos e a viu. Sentiu uma grande onda de ternura invadindo-lhe a alma e tocou-a no rosto, de leve. Bella murmurou qualquer coisa e continuou a dormir.

Sem seu gênio forte e língua afiada, ela parecia tão inocente e desprotegida que ele sentiu uma pontada de angústia no coração. Aquilo o deixou assustado.

Lentamente, sem fazer barulho algum, levantou-se e começou a se vestir.

Bella não soube dizer o que a acordou, se foi um sonho ou a necessidade de tocá-lo novamente, de ter certeza de que ele continuava ali, a seu lado. Ainda de olhos fechados, estendeu o braço... e não encontrou nada.

O sono desapareceu na hora e ela abriu os olhos. A cama estava vazia.

— Edward?

Sentou-se na cama e chamou de novo.

— Edward?

Não obteve resposta.

Olhou para o banheiro. A porta estava aberta, mas ninguém se encontrava ali dentro.

Levantou-se, vestiu um robe e foi para a cozinha, sentindo um peso no estômago.

O único ser vivo lá presente era Peixe, que nadava tranqüilamente em seu aquário. Foi até a sala e olhou para o sofá onde tinham se amado havia apenas doze horas.

Não dava para querer se enganar.

Ele tinha ido embora.

Bella sentiu uma grande dor dentro do peito.

— Acho que subestimei você, Edward Cullen. Nem mesmo eu pensei que você pudesse fugir assim tão depressa.

Ela vasculhou a cama, à procura de um bilhete. Não era possível que ele pudesse ser tão cruel. Será que fora tão idiota, tão ingênua, a ponto de se entregar, pela primeira vez, a um homem tão sem caráter?

Não havia nenhum bilhete.

Lentamente, a dor que sentia foi se transformando em uma outra coisa: raiva. Raiva dele, por ter ido embora sem uma só palavra de despedida. Raiva de si mesma, por ter caído na conversa daquele conquistador de quinta categoria.

Olhou para o relógio e levou um susto. Teria que estar no aeroporto dali a duas horas, a fim de pegar o avião para Denver. No avião também estaria Edward. Mas a presença dele, ela disse a Peixe, jogando uma porção extra de ração na água, era o de menos. Havia mais uma infinidade de jogadores a bordo e, como boa profissional, teria de dar atenção a todos eles. Ainda bem que não teria muito tempo para alimentar pensamentos melancólicos.

Pretendia passar três dias em Denver. Três dias nos quais os Rebels precisariam vencer dois jogos, a fim de continuar disputando o título daquela temporada. E durante aqueles dias um fato a preocupava: teria de topar com Edward mais vezes do que mandava o bom senso.

Meia hora depois, batia a porta da frente com força e a trancava. Antes de entrar no carro e jogar a mala no banco de trás, olhou para a rua, cheia de esperanças.

"Sua boba, por acaso está achando que ele só foi até a padaria e vai aparecer?", soou uma voz de dentro de sua alma. "O filho da mãe conseguiu o que queria e, agora, vai procurar novos desafios."

Mas nem mesmo ela, com toda a sua desconfiança em relação ao caráter de Edward, teria sequer imaginado que ele pudesse partir no meio da noite, sem uma só palavra de despedida.

Por quê?

A pergunta a perseguiu durante todo o caminho até o aeroporto. Felizmente, não havia muito trânsito e ela chegou em menos tempo que o previsto. Dirigiu-se ao estacionamento e parou seu carro ao lado de um Seville verde. Um azul igualzinho aos olhos de Edward.

"Pare com isso, Bella", soou a mesma voz, vinda do fundo de sua alma. "Esse homem não merece sua dor."

E não merecia mesmo.

Apanhou a mala no banco de trás e seguiu seu caminho, com um sorriso nos lábios. Tal sorriso podia ser forçado, mas não importava. Se desse de cara com Edward, faria questão de lhe mostrar que estava muito bem e feliz consigo mesma, que não havia se importado a mínima com o fato de ele ter ido embora, sem ao menos se despedir.

Já estava perto do portão de embarque, quando avistou Sam Jawersky. Acenou para ele e o jogador abriu-se num largo sorriso.

— Oi, Bella! Que bom que você também vai para Denver.

— Oi, Sam. Sabe que o meu editor me pediu uma entrevista com você?

O sorriso do rapaz pareceu ficar ainda mais largo.

— Já não era sem tempo, querida. Eu pensei que esse dia não fosse chegar nunca.

Ela deu uma risada alta.

— Ora, Sam, você é formado em Harvard! Não precisa agir como se fosse um garanhão querendo me conquistar!

Jawersky passou o braço por sua cintura.

— Pelo menos, com minha educação de nível superior, eu consigo entender por que o Cullen está tão interessado em você.

"Ah, sim, muito interessado", ela pensou. "Interessadíssimo".

— A Raposa, meu caro amigo, está muito ocupada, tentando invadir outro galinheiro. Agora, quanto a nossa entrevista, que tal começarmos logo após o jogo?

— Ora, mas por que esperar tanto tempo? Se quiser, poderemos começar agora mesmo. Tenho certeza de que McGee não se importará em lhe ceder sua poltrona. Vai ser maravilhoso viajar a seu lado. Assim, ficaremos nos conhecendo melhor e...

— Acontece que eu não tenho a mínima intenção de conhecê-lo melhor — Bella o interrompeu, sorrindo. — Pelo menos, não desse jeito que você está propondo.

— Oi, belezura!

Ela se virou ao ouvir aquela voz e deu um suspiro de alívio ao ver seu velho e querido amigo Emmett, com uma mala na mão.

— Posso saber o que está havendo por aqui?

Sam deu o sorrisinho sem graça.

— Acho que acabei de levar um fora.

— Levou mesmo — confirmou Bella.

Naquele momento, uma loira de corpo sensacional passou por eles. Imediatamente, os olhos de Sam começaram a brilhar.

— Deus do céu! Que mulherão! Com licença, Bella. Nós nos vemos mais tarde, está bem?

E, dizendo isso, virou as costas e foi atrás da tal loira.

Até mesmo Jawersky se despede antes de partir, ela pensou, sentindo outra pontada de dor no coração.

Emmett observou o jogador se afastar, depois passou o braço pela cintura de Bella.

— Você é muito bonita, querida. Precisa tomar cuidado com os lobos.

Ela franziu a testa.

— Pelo que andei percebendo, não são os lobos que são perigosos. São as raposas.

Emmett pareceu preocupado.

— Você e Edward brigaram de novo?

— Não exatamente.

— Então o que aconteceu?

Ela encostou a mão no ombro do amigo.

— Eu prefiro não falar sobre isso.

Emmett pareceu ficar mais preocupado ainda.

— O negócio deve ser sério mesmo! Vamos, minha querida. Pode confiar em mim. O que aconteceu?

Bella confiava em Emmett como se ele fosse seu irmão mais velho, mas não estava com a mínima vontade de tocar naquele nefasto assunto.

— Por favor, Emm, não insista. Eu sei me cuidar sozinha.

O amigo franziu a testa, tentando adivinhar se entendera corretamente o que ela quisera dizer.

— Bella... por acaso, Edward... hã... saiu da linha?

Ela deu um sorriso.

— Bem, depende do que você chama de sair da linha.

— Pelo amor de Deus, não me deixe nessa agonia! O que aconteceu?

Ela abaixou a cabeça, olhou para o outro lado e acabou vendo o que mais temia: Edward recostado no balcão da companhia, observando o movimento do aeroporto.

Emmett continuou insistindo:

— Pode se abrir comigo. Aquele filho da mãe aprontou alguma ontem à noite, não aprontou?

Ela deu um suspiro desanimado.

— Digamos que sim.

Emmett ficou revoltado:

— Eu mato esse ordinário!

Bella tentou acalmá-lo:

— Por favor, Emm, pare com isso. Ele não teve culpa de nada. Não aconteceu nada ontem à noite que eu também não quisesse. Ninguém me forçou a nada. Agora, eu realmente prefiro não falar sobre isso. — Ela olhou para a frente e avistou Jawersky mais adiante, a tal loira cheia de curvas cercada por três crianças pequenas e um marido bonitão. O jogador percebeu que Bella o observava e levantou os ombros, num gesto desanimado. — Ali está Sam. Acho que vou começar a entrevistá-lo agora mesmo.

E, dizendo isso, correu em direção ao jogador, antes que Emm pudesse abrir a boca.

Edward observava Bella disfarçadamente, tentando, pela primeira vez na vida, reunir coragem. Coragem era algo no qual não costumava pensar muito. Ou a pessoa tinha a qualidade ou não tinha. E ele sempre tivera. Tivera de sobra, na verdade.

Só que, naquela madrugada, quando abrira os olhos, tal qualidade o havia abandonado. Um medo estranho, um pânico forte invadira-lhe o coração, quando percebera, finalmente, ter encontrado o que estivera procurando havia tantos anos. Tinha encontrado uma mulher de verdade, alguém com quem iria poder passar o resto de seus dias.

E o fato o assustava de uma forma impressionante. Sua mente era um emaranhado de emoções confusas, e, pela primeira vez na vida, havia agido de maneira irracional. Partira para pôr as idéias no lugar. Não dava para pensar direito com aquela mulher a seu lado. Quando estava perto dela, nada mais neste mundo parecia ter sentido. As três vezes que fizera amor com ela não foram suficientes. Ao contrário. Era como se depois de cada vez que a possuísse, sentisse ainda mais vontade de possuí-la de novo.

Apesar de tudo, ele sentira como se houvesse uma barreira entre eles. Não importava o modo apaixonado como ela lhe entregara o corpo, ele não pudera deixar de sentir que havia algo de errado entre ambos, que não entendia, mas impedia que Bella fosse totalmente sua.

E ele queria possuí-la de corpo e alma, como jamais quisera nada neste mundo.

Percebeu que o rosto de Sam Jawersky se iluminou, quando começou a falar com ela. Outro sentimento com o qual estava pouco familiarizado tomou conta dele: ciúme. Nunca sentira antes, nunca amara tanto alguém a ponto de ser ciumento. Mas agora, a coisa que mais queria fazer era separar aqueles dois e dar um soco na cara daquele filho da mãe metido a besta...

Não. Violência seria pior. Só serviria para aumentar ainda mais a raiva que Bella devia estar sentindo dele. Só no momento em que chegara ao aeroporto se deu conta de que o fato de ter partido sem se despedir podia tê-la magoado. É, ele teria de dar muitas explicações.

Só que, agora, conversando com Sam, ela não parecia nem um pouco magoada.

— Vôo número sete para Denver — soou a voz da aeromoça, pelo alto-falante. — Senhores passageiros, favor comparecer ao portão de embarque.

Edward apanhou a mala e seguiu em frente.

Bella estava sentada no boxe reservado aos repórteres, no Estádio Municipal de Denver, observando Thompson arremessar uma bola. Edward não tentara se aproximar dela durante o vôo e o telefone de seu quarto de hotel havia tocado duas vezes. Uma vez tinha sido da lavanderia, avisando que seu vestido já estava pronto. A outra ligação fora de Sam Jawersky, que queria convidá-la para comer alguma coisa no bar e continuar a entrevista. Ela aceitara os dois primeiros itens da proposta e recusara o terceiro, que se seguira à sobremesa.

Balançou a cabeça e tentou prestar atenção ao jogo. As coisas no campo não estavam muito favoráveis para o lado dos Rebels. O time de Denver vencia por uma pequena diferença, mas a partida já estava no fim e, ao que parecia, não iria haver grandes mudanças no placar.

E não houve mesmo. Os Kings de Denver acabaram vencendo o primeiro da série de três jogos, e a derrota, para os Rebels, era desesperadora.

Bella juntou seus papéis e se preparou para deixar o boxe. Já era tarde e ela estava cansada. Não via a hora de chegar ao hotel, pedir um sanduíche no quarto, enfiar-se debaixo das cobertas e dormir o sono dos justos.

A lealdade, porém, guiou-lhe os passos em direção ao vestiário. Ficou ali na porta, esperando pelos jogadores, cumprimentando um a um e desejando melhor sorte no próximo jogo.

— Não se preocupem, rapazes. Amanhã esses caras de Denver vão ver uma coisa.

Emmett abraçou-a.

— Você é uma garota e tanto, Bella. Quer dizer, garota não. Segundo nosso amigo Edward, você é uma mulher de verdade.

Naquele momento, ela se esqueceu de todo o seu cansaço.

— O que foi que disse, Emmett?

— Exatamente isso que você acabou de ouvir. Edward disse que, se alguém merece ser chamada de mulher, esse alguém é você.

Então aquele sujeitinho metido a besta tinha contado tudo a Emmett. Mas que filho da mãe! Como se atrevia a fazer uma sujeira daquelas? O que aquele Dom Juan de meia tigela precisava, era de alguém que o colocasse no lugar. E era exatamente o que ela pretendia fazer.

Abriu a porta do vestiário, decidida.

— Com licença, Emm. Vejo você depois.

O jogador franziu a testa.

— Mas eu pensei que você não gostasse de entrar em vestiários masculinos!

— Não gostava, mas passei a gostar.

Não havia mais ninguém ali dentro, exceto Edward. Ele esperava de propósito que os outros fossem embora, porque queria, ou melhor, precisava ficar sozinho. Ainda estava tentando colocar seus pensamentos em ordem e aquilo, somado à pressão que o jogo do dia seguinte iria trazer, fazia com que tivesse absoluta necessidade de solidão.

Ficou surpreso ao vê-la. E ficou mais surpreso ainda ao perceber a raiva estampada em seus olhos.

— Ordinário! — Bella exclamou, jogando seu fichário em cima do banco.

Ele passou as mãos pelos cabelos.

— Perder um jogo não é nenhum crime, Bella! Essas coisas acontecem e...

— Eu não estou falando a respeito de jogo nenhum!

— Não?

— Não!

— Então está falando sobre o quê?

— Sobre ontem à noite, seu burro!

Um sentimento estranho invadiu a alma de Edward.

— Ah, aquilo...

— Exatamente. É sobre "aquilo" mesmo. Bem, acho que, no fundo, não posso me queixar. As coisas podiam ter sido piores. Pelo menos, você não deixou uma nota de cinco dólares em cima da mesinha de cabeceira!

Ele pareceu surpreso:

— Mas do que diabo está falando?

— Do jeito como você me tratou, ora essa! Nem a mais vulgar das prostitutas merece esse tratamento!

— Bella...

— E depois, ainda teve coragem de sair por aí contando tudo a Emmett! Olhe aqui, cara, eu nem sei por que estou aqui, perdendo meu tempo. Vá para o inferno!

E dizendo isso, apanhou o fichário, virou as costas e saiu correndo dali.

Edward pulou um banco que atrapalhava-lhe a passagem e se pôs na frente dela, bloqueando-lhe o caminho.

— Eu não sei do que você está falando. Não abri a boca para Emmett e fui embora da sua casa por duas razões.

Ela o encarou com ar de desafio.

— Não estou nem um pouco interessada em ouvi-las. Nem um pouco, entendeu?

Edward segurou-lhe o braço para impedir que ela se fosse.

— É claro que está. Se não estivesse, não teria entrado aqui como um furacão. — Respirou fundo, para se acalmar. — Eu fui embora porque não queria ver o arrependimento estampado nos seus olhos, quando você acordasse!

Bella não esperava ouvir aquilo.

— O quê?

— Arrependimento — ele repetiu. — Eu não queria ver você se arrependendo do que havia acontecido entre nós. Além disso, eu fiquei apavorado.

— Apavorado? Como assim? Quer fazer o favor de explicar isso direito?

— Com todo o prazer. Eu fiquei apavorado, porque nunca senti, por mulher alguma, o que estou sentindo por você. Satisfeita?

Bella queria acreditar nele, precisava acreditar naquelas palavras, mas duvidava de sua sinceridade.

— Você fala isso para todas?

Ele ficou revoltado.

— Claro que não! Pode perguntar a Emmett!

— Você costuma levar o coitado a todos os seus encontros?

Edward não se deu ao trabalho de responder.

— Eu sinto muito, Bella. Sinto mesmo. — Ele colocou as duas mãos nos ombros dela. — Olhe, eu sei o que está me deixando apavorado. Mas não sei o que está apavorando você.

Ela olhou bem dentro dos olhos dele, consciente de que o vestiário inteiro parecia estar rodando.

— Pois eu já lhe digo. A causa do meu pavor é você mesmo.

— Mas por quê?

— Porque você representa tudo o que eu nunca quis. E ainda não quero.

— Não estou entendendo.

—.Acho que nem eu mesma consigo entender.

Ele beijou-lhe os lábios.

— Então vamos achar a resposta juntos. Deixe-me ajudá-la, Bella.

Ela não queria ajuda. Não queria se relacionar com nenhuma estrela do beisebol, que só iria lhe causar problemas.

Só que toda sua resistência e raiva foram desaparecendo como fumaça ao vento.

— Eu... não preciso de ajuda. Preciso de força de vontade, isso sim.

Ele sorriu.

— Força de vontade para quê?

— Para não derreter, cada vez que você me beija.

— Então não conte comigo para adquiri-la. Aliás, se depender de mim, você vai ser a pessoa com menos força de vontade que já pisou na Terra.


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Notas finais do capítulo

Obrigada, muito obrigada, de coração, a todas vcs que perdem um cadinho do tempo lendo e enviando as reviews para esta fic. Fico muito feliz! Super beijo!