**Por Jen**

- Você se machucou? – ele perguntou olhando para meus machucados...

- Eu caí.

- Sua desajeitada. Onde é o banheiro?

Expliquei onde era o banheiro, foi difícil falar, minha voz quase não saia e o calorzinho do corpo de Justin estava fazendo falta, quase sorri quando ele voltou, quase.

Ele segurava curativo e pomada cicatrizante.

- Vamos cuidar disso moçinha. – sorri fraco.

Ele começou a passar a pomada no meu joelho em movimentos circulares, aquele troço ardia, porém quando ele chegou ao machucado da coxa eu começei a reclamar de dor.

- Ai, ai, AI, AI...

- Calma...

- Mas tá doendo...

- Já vai passar!

Esperei ele fazer todos os curativos e voltei para seus braços.

Naquela noite, eu dormi no sofá mesmo e Justin ficou comigo, eu não queria ficar sozinha, não de novo.

Ele me abraçou e ficou me embalando até eu enfim adormecer e quando acordei ainda estava abraçada a ele e quando me remexi um pouco, vi sonolentos olhos cor de mel me observando.

- Bom dia – percebi o quanto minha voz estava rouca.

- Bom dia flor do dia! – ele disse sorrindo e eu sorri também.

- Você dormiu bem? – ainda estava constrangida por acordá-lo.

- Muito bem... E você? – encontrei preocupação em seus olhos.

- Bem também... – disse sem muito ânimo – Vamos tomar café? – mudei de assunto.

- Eu não cozinho bem! – gargalhei com a careta que ele fez.

- Tudo bem... Eu cozinho!

- Ufa! Isso é um alívio...

- Só você para me fazer rir...

- Eu sou incrível.

- E convencido.

Andei preguiçosamente até a cozinha, procurei ingredientes para fazer panqueca e suco de laranja para o café e não demorei para preparar tudo, olhei satisfeita para a comida pronta e então fui chamar Justin e o encontrei jogado no sofá assistindo televisão, ele estava entretido em um desenho animado que passava.

- Hãm... Já? – ele estava visivelmente com vergonha de eu o ver assistindo a um desenho, talvez com medo de eu achá-lo infantil.

- Adoro esse desenho! Será que ursos podem mesmo usar saia? – comentei sobre o desenho enquanto me jogava no sofá ao seu lado e ele sorriu para mim.

- Não sei, quando encontrar um eu não vou esquecer de perguntar! – ri também.

- Ahh, obrigada- me lembrei das panquecas na cozinha.

- Que tal a gente tomar café na sala?
- Nossa, tem como melhorar?

- Hããm... Tem cobertura de chocolate! – me empolguei.

- Perfeito – ele disse rindo.

- Já volto!
- Quer ajuda?
- Não precisa, mas se ouvir pratos se quebrando, corra até mim!
- Pode deixar jovem donzela!

Eu ri e fui pegar a comida, estava me sentindo tão leve, não me lembrava da última vez que eu me senti assim. Mesmo sabendo que isso tudo era passageiro, pois quando Justin não estivesse ao meu lado, eu me lembraria de tudo, toda a dor voltaria...

Mas não queria pensar nisso, não enquanto ele estivesse aqui, peguei a comida e nos empanturramos de panqueca, calda de chocolate e suco de laranja.

- Você cozinha muito bem! – Justin comentou de boca cheia.

- Ah, obrigada – eu ri, parecíamos duas crianças – Tem um pouco de chocolate aqui – apontei para o canto de sua boca – Me deixa limpar!

Passei o dedo no cantinho de sua boca e em um ato de reflexo ele segurou minha mão e foi então que percebi que estávamos muito próximos. Nossos olhos entraram em uma conexão estranha, como se faltassem palavras...

- Justin...? – minha voz era um mero sussurro.

- Sim? – a dele também.

- Obrigada por tudo! – disse sincera.

- Fiz com o maior prazer... – ele sorriu e eu também.

Instalou-se na sala um clima meio estranho.

- Ahh, está chovendo! – tentei acabar com o clima. – O que podemos fazer?
- Que tal alugarmos um filme?
- Boa idéia... – me animei – Mas não vou atrapalhar nenhum de seus planos?

- Claro que não!

- Então... Deixa-me dar um jeito na juba para podermos ir!

- A juba está perfeita...

- Então você está cego...!

Deixei ele rindo e fui para o quarto, tomei um banho rápido, vesti um short jeans e uma blusa branca com manguinhas onde estava escrito “ Bad Girl” em rosa, fiz um rabo no cabelo e desci, encontrei Justin em pé no centro da sala a minha espera.

- Ah, então você é uma garota do mal? – sorriu malicioso.

- Nossa você ainda não percebeu isso?

- Acho que já percebi sim! – ele riu e eu também – Você espera eu passar em casa?

- Claro...

O caminho até a casa de Justin foi rápido, ainda não tinha muito movimento nas ruas e eu fiquei um tanto pensativa durante o percurso, ainda não queria que Justin fosse embora, pelo menos não por hoje eu ainda não queria ficar sozinha por uma noite inteira.

- Jen?

- Sim? – fiz cara de paisagem.

- Desculpe perguntar, eu nem queria tocar nesse assunto, mas, o que vai fazer agora? Quer dizer, se sua tia estiver mesmo... Mesmo... Érr...

- Morta – falei fria.

- Isso- ele estava constrangido – Você ainda é menor de idade...

- Eu não sei... Sinceramente não sei... – ele pegou minha mão e entrelaçou nossos dedos, senti uma pequena corrente elétrica passar pelo meu corpo com seu ato.

- Estou aqui para o que precisar, está bem?

- Não sei como lhe agradecer Justin... Tem sido maravilhoso comigo...

- Não precisa agradecer, apenas continue sorrindo, você fica linda assim... – eu sorri.

- Justin...?

- Fale...

- Você poderia... Poderia dormir lá em casa hoje? Ainda não quero ficar sozinha...

- Não deixaria você sozinha...

- Aí... De novo eu tenho que agradecer!

Ele apenas riu e foi então que eu percebi que tínhamos chego em sua casa, e que casa!

- Você vem?

- Não, prefiro esperar no carro.

- Certeza?

- Sim.

- Então, eu já volto!

Ele entrou e eu acabei mergulhando nos pensamentos relacionados a tudo que me aconteceu desde ontem, dessa vez sem chorar, pensando com mais clareza, lembrando em minha tia, sempre mais racional que minha mãe, sempre mais fria e calculista, porém sonhadora, vinda de uma família pobre, lutará para concluir a faculdade e o colégio, lutará mais ainda para ser uma advogada conceituada, era inaceitável o fato de terminar daquele jeito, seria isso tudo más companhias?

Seus pensamentos voaram novamente, só que dessa vez foram até Justin, não pude evitar sorrir ao me lembrar de quando ele me chamou de anjo, percebi o quando gostava daquele jovem astro teen. Fiquei tão distraída que levei um susto ao perceber Justin ao meu lado.

- Pensando em quê?

- Nada específico, por quê?

- Por que estou te chamando há algum tempo, mas enfim, vamos?

Foi só quando ele deu partida no carro que parei para observá-lo, ele estava com uma mochila aos seus pés, uma blusa preta e uma bermuda xadrez, seus cabelos ainda estavam molhados o que indicava que tinha tomado banho ou enfiado a cabeça embaixo da água, talvez de uma pia, mas isso daria muito trabalho era mais provável que ele tivesse tomado banho, mas enfim, ele estava lindo.

Começei a prestar atenção no Justin falante que se revelou a minha frente e quando percebi, eu estava falando bastante também, contando situações engraçadas que aconteceram no passado, até cantamos quando “Somebody to Love” começou a tocar no rádio como uma música conceituada.

- Tem idéia de quê filme locar? – Justin indagou quando estacionamos em frente à locadora.

- Não faço à mínima.

**Por Justin**

Quando Jen me ligou eu ainda estava um pouco chateado com ela, mas ao ouvir sua voz chorosa, meu coração acelerou, eu me preocupava muito com ela e sentia que ela estava sozinha, mas não mais, prometi a mim mesmo que permanecerei ao seu lado, a ajudarei a passar por todos esses testes da vida e tudo pode se resolver...

Fiquei ao seu lado até ela parar de chorar, segurei sua mão quando ela se sentiu perdida e embalei-a até a mesma adormecer, hoje eu sentia ela mais feliz, talvez a ficha ainda não houvesse caído...

A locadora se encontrava cheia, acho que todos gostam de ver filmes em dias frios, praguejei por não ter posto a toca e o óculos, apenas abaixei a cabeça e Jen ficou na minha frente, ajudava um pouco.

- Qual filme? – ela perguntou, mas já estava indo para a seção de romance.

- Tenho uma idéia- sorri malicioso e olhei para a seção erótica da locadora, ela acompanhou meu olhar e me deu um tapa. – Ai!

- Deixa de ser tarado!

- Ah, então vamos levar terror!

- Também não!

- Então vai ser o que?

- Romance...

- Bléééh... Não mesmo!

- Então estamos no zero a zero!

- Vamos fazer um trato! – ela me olhou curiosa – levamos um terror e um romance, ok?

- Ok.

Ela escolheu o filme de romance e eu o de terror, percebi que o cara da locadora deu umas olhadas bem indiscretas para Jen, fiquei com vontade de perguntar se ele estava com algum problema, cara idiota.

Quando saímos da locadora fomos rapidamente até o carro, procurei não chamar a atenção de ninguém, aparentemente ninguém me viu, mas nunca se sabe...

Fomos direto para a casa dela.

- Aleluia... – falei me jogando no sofá dela, era um sofá muito confortável...

- Que tal pipoca? – ela perguntou sorrindo.

- E dá para ver filme sem pipoca?

- É, não dá mesmo.

Segui-a até a cozinha.

- E os machucados?

- Não estão mais doendo... – sorri. – Então, vai ser pipoca de bacon ou de manteiga?

- Manteiga.

- Ok.

Ela fez uma grande bacia de pipoca e voltamos para a sala, começamos pelo filme de terror, “atividade paranormal”, tinha um enredo bem original, era autêntico e diferente, porém não assustava muito. Jen pareceu ficar com medo, mas não deu o braço a torcer e admitiu isso, ficou apertando a almofada e comendo pipoca bem lentamente, de vez em quando, nossas mãos se encontravam.

- Poxa, achei que você ia se jogar aos meus braços tremendo de medo.

- Não sou dessas, Bieber. E depois nem assustou muito.

- Ahh, então vamos assistir novamente?

- NÃO, quer dizer, é chato ver, ver... O mesmo filme d-duas vezes...

Limitei-me a sorrir, é claro que ela havia sentido medo, mas era muito orgulhosa...

No filme de romance, aquela coisa meio melosa, mas que todos acham encantadores... Então, o nome do filme que locamos era “Doce Novembro”,bem, Jen no meio do filme já estava a chorar, era uma linda história de amor, porém com um trágico final, cheguei a me perguntar se o amor acaba em morte, conclui que se era algo tão poderoso assim, não podia acabar.

- Você acha que o amor acaba em morte? – perguntei a Jen.

- Não se for verdadeiro.

Não falei nada. Apenas concordei com ela mentalmente. Já era noite quando terminamos nosso pequeno “cineminha em casa”. Nós subimos e ela preparou um colchão para eu dormir.

- Boa noite Justin!

- Boa noite flor! – estava um pouco decepcionado de não dormir abraçado com ela, mas não demonstrei.

Demorei a pegar no sono, rodei o colchão inteiro e quando finalmente consigo fechar os olhos e ir para o mundo dos sonhos, a única pessoa que estava naquele quarto comigo começa a me chacoalhar.

- Hum?

- Posso dormir com você?

- Hum?

- Justin acorda!

- Hum?

- JUSTIN!

- O que? – acordei assustado – o que aconteceu!

- Estou tendo pesadelos! Posso ficar aqui com você?

- Claro! – dei espaço para ela deitar e ficamos um de frente para o outro.

Eu fazia leves carícias pelos seus longos cabelos, não parei de olhar em seus olhos um só momento, só que depois de um tempo percebi que eu estava fitando sua boca, começei a me aproximar dela e quando achei que íamos nos beijar, ela se afastou.

- Desculpe! – falei constrangido...

- Justin, eu não sou uma boa companhia, você merece pessoas melhores.

- Eu quero a sua companhia!

Ela não disse nada, apenas aproximou nossos lábios e eu também, demos início ao nosso primeiro beijo, um beijo quente, porém cheio de inseguranças.

A gente se beijou até de madrugada, quando enfim adormecemos, sem ter a mínima idéia do quê amanhã, apenas se importando com o hoje.

**Por Jen**

Quando eu acordei, eu não encontrei Justin, apenas um bilhete ao meu lado.

“Tive que partir cedo, pois Scooter estava quase me matando.

Adorei nossa noite. Obrigado.

Fique bem, My Lady...”

Sorri, inevitavelmente sorri.

O domingo foi chato sem ele, eu não fiz absolutamente nada, apenas dormi e comi. Não necessariamente nessa ordem e não tardou a chegar segunda feira, dando início a mais uma semana irritante de aula, onde tudo era igual. Arrumei-me rapidamente e fui andando para a escola, porém escorado no portão da escola estava Justin Bieber e quando me viu sorriu, quando cheguei até ele, ele pegou minha mão e entrelaçou com a sua e assim entramos na escola e mesmo olhando para os meus pés, pude sentir que muitos olhares se dirigiam a nós.