Minha Resposta escrita por Selena Cullen


Capítulo 4
Meu remédio, Part. 1


Notas iniciais do capítulo

Capítulo dedicado a Jessika_barrow, obrigada pela recomendação floor!

Tudo certinho com vocês?

Boa Leitura!



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Hoje estava sendo o tipo de dia que você acorda sem paciência e os minutos parecem se arrastar... Eu estava sem muita paciência para com as pessoas e tudo que eu queria nesse momento era estar bem longe dali, talvez em uma praia, sentindo o vendo bater no rosto... Bem, é para completar Lena e Kaila estavam ao meu lado me jogando suas piadinhas maldosas.

- Já encontrou sua tia? Ou ela já morreu de overdose em algum beco por aí? – Lena começou a me alfinetar, em geral eu ignoraria, mas hoje eu não estava com paciência para os venenos dela.

- POR QUE VOCÊ NÃO CALA A MERDA DA BOCA? – eu alterei minha voz, chamei a atenção de todos na sala. Todos.

- Senhorita Roles, se retire da minha aula, por favor?

- Mas eu não... Ah, que se dane! Essa aula estava um porre mesmo!

Todos observavam enquanto eu saía da sala com raiva.

Fui pelo corredor arrastando a mochila e chutando o chão. Estava acontecendo tanta coisa na minha vida, na minha inútil vida. Eu queria poder me desligar de tudo isso, ir para um lugar onde ninguém me conhece, nascer de novo talvez...

- Jen... - percebi Justin atrás de mim.

- Que foi?- ainda estava estressada.

 - O que aconteceu?

- Sabe o que aconteceu? Eu descobri que minha vida é uma merda, isso que aconteceu!

 - Porque você sempre é assim?... Sempre pessimista...

- Porque nem todo mundo tem a vida perfeita igual à de Justin Bieber...

- Ei, você acha que minha vida é perfeita?

- Claro que é! – sussurrei.  Ele parou na minha frente e segurou meus ombros.

- Olha tudo que eu consegui até agora eu tive que lutar muito para ter, tá?! Tinha dias que eu e minha mãe tínhamos que dividir o único pão que tinha. E agora eu tenho que lidar com a fama que não é tão fácil assim, mal me sobra tempo para os meus amigos. Então em vez de ficar falando que minha vida é perfeita, faça alguma coisa para melhorar a sua e pare de reclamar!

- Quem você pensa que é?

- Sou uma pessoa que está tentando te ajudar.

- EU NÃO PRECISO DA SUA AJUDA!

- Já que é assim... - ele começou a se afastar de mim, porém voltou em uma fração de segundos e me entregou um papelzinho.

- Se mudar de idéia... Ligue-me. – então ele se afastou novamente. Eu observei o pequeno papel com seu número, eu me senti mal. Havia acabado de ser grossa com a única pessoa que se aproximou de mim se nenhum tipo de interesse ou falsidade. Eu era um monstra, só pode!  

Eu precisava sair daquele ambiente, eu precisava ir para longe dali, mas não podia sair até o sinal tocar, encostei-me à parede e escorreguei até o chão.

Depois de minutos que não contei eu finalmente ouvi o sinal tocar e me dirigi à saída o mais rápido que consegui, fui provavelmente a primeira a sair do colégio, não queria ver ninguém, principalmente ele. Suas palavras iam e viam em minha mente, eu não conseguia esquecê-las, não conseguia encará-las, talvez seja pelo fato de Justin estar certo.

Não, não está. Eu tentava me convencer disso.

Mas no meu íntimo eu sabia que ficar lamentando não iria trazer meus pais de volta, não iria me fazer mais feliz, não ia mudar minha tia, não ia tirar meu vício do cigarro, não ia me fazer amar e nem ser amada por ninguém... Só ia fazer as pessoas sentir pena de mim... Mas era difícil seguir em frente, cicatrizar as feridas, superar as coisas... Eu estava tão alheia a tudo, estava tão presa aos meus pensamentos que não percebi o tronco que estava na minha frente e eu então caí no chão com bastante força e eu rasguei meus jeans, ralei meu joelho e cotovelos e um fino graveto de tamanho médio entrou em minha coxa, levantei do chão xingando até a última geração de quem havia deixado aquele tronco ali, porque não foi andando que ele chegou até ali, tirei lentamente o graveto da minha coxa e voltei a caminhar, só que dessa vez com dor.

- ÓÓ, lar doce lar- disse irônica quando cheguei até a minha casa e destranquei a porta.

Eu me encontrava com os jeans rasgado, com dor, sem um pingo de fome e absurdamente cansada. Não encontrei disposição nem de chegar ao sofá, muito menos ao meu quarto, me joguei no chão mesmo e me encolhi em posição fetal.

                                              ** Por Justin **

Hoje estava sendo um dia nem um pouco produtivo, o tipo de dia que é melhor você nem sair da cama. Não tinha conseguido dormir direito, tinha brigado com minha mãe por motivos bobos, fui grosso com a velhinha no sinal que me falou coisas muito obscenas e o que mais me perturbava, tinha discutido com Jennifer. Aí você pensa “Cara como você pode ficar tão abalado em discutir com uma garota que você nem conhece direito, como pode se preocupar tanto com ela?” Acredite, nem eu sei, mas eu sabia que ela precisava de ajuda, sabia também que eu estava morrendo de vontade de beijar aqueles perfeitos lábios carnudos, mas isso é um caso a parte. Porém meu avô sempre me disse que às vezes deveríamos deixar as pessoas nos procurarem, eu havia deixado meu telefone com ela, se ela precisasse ela ligaria, a não ser que fosse tão orgulhosa a ponto de não dar o braço a torcer...

Bem, eu teria que esperar para ver, assim como eu fazia agora, só que eu esperava o término da insuportável aula de cálculo, Chris roncava ao meu lado e os ponteiros do grande relógio da sala pareciam tirar uma onda com minha cara. Quando enfim o sinal tocou eu pensei que era uma alucinação, mas não continuei na sala para ter certeza se era ou não uma alucinação, fui o primeiro a sair de sala e ao olhar o corredor eu constatei que ela já havia ido embora.

Merda! Pare de pensar nessa garota. Disse a mim mesmo.

Resolvi anular minha mente de qualquer pensamento ou raciocínio enquanto caminhava até meu carro, eu liguei o som do mesmo em uma música que eu nem sabia o nome, porém no volume máximo tentando não ser capaz de ouvir nada, nem meus pensamentos.

 Só abaixei o volume quando adentrei os portões da minha casa e enquanto fechava os portões pelo controle automático uma estranha sensação de ter esquecido algo me abateu, mas eu a ignorei.

- Mãe- entrei em casa chamando pela minha mãe e rezando para que ela não estivesse mais zangada, pois quando ela estava zangada descontava sua raiva na comida e eu estava com muita fome.

- Na cozinha- ela gritou de volta. Larguei as chaves do carro encima da mesa e fui até a cozinha.

- Como foi à aula? – ela perguntou enquanto mexia algo na panela. É, ela não estava mais zangada, ela sempre me perdoa, coisa de mãe... O amor mais humilde que existe.

- Um saco! – eu ainda estava de mau humor.

- Vocês adolescentes... Sempre de mau humor... Sinto falta de quando era um bebê! Ela sempre diz isso.

- Você sempre diz isso... - falei enquanto comia as batatinhas que estavam no balcão.

 - Pois é a verdade, mas falando de bebês, cadê o Chris?

- Poxa mãe, que susto! Para mim você ia dizer que estava grávida.

- E eu estou - eu fiquei sério – e o pai e a vassoura.

Percebi a brincadeira sem graça.

- Não teve graça!

- Teve sim! Você precisava ver sua cara - ela limpou as lágrimas provocadas pelo riso.

- Hum- resmunguei.

- Ah, você não respondeu! Cadê o Chris? Foi só aí que eu me dei conta...

- Esqueci o Chris na escola!

- Justin Bieber, o senhor esqueceu seu amigo?

- Sabe o que é mãe? É que eu estava com pressa e não me dei conta de que o Chris não me acompanhava.

- Ai meu Deus! O que vou fazer agora?- ela estava quase entrando em pânico – ele ainda não conhece Atlanta e se acontecer algo? Ai não posso nem pensar!

- Mãe, o Chris tem 16 anos!- tentei acalmá-la, pois eu mesmo já estava nervoso. - Eu sei! Mas ele tem só seis anos mentalmente.

- Concordo- não pude contestar.

- Justin Drew Bieber vá procurá-lo agora mesmo!

- Mas eu estou cansado, não pode ser depois do almoço?

- AGORA!

- Estou indo!

Peguei novamente as chaves do carro e fui retirar o carro da garagem, porém quando abri os portões eletrônicos eu encontrei um Chris muito furioso e...molhado entrar pelo portão aberto.

- Eu... Vou... Te... Matar!

Minha primeira reação foi correr e gritar...

- MANHÊ.......CHRIS VAI ME MATAR!

Corri em volta da piscina e em volta do pequeno jardim da minha mãe e quando meus pulmões começaram a queimar e as pernas doerem eu parei.

- Chris, chega! Pode me matar, eu deixo - disse muito ofegante.

- Eu tive que... – ele agarrou a gola da minha blusa –  ir à secretária pegar o endereço daqui, tive que pegar dois ônibus lotados porque não me restava grana o suficiente para pegar um táxi. No primeiro ônibus tinha uma garota que ficava me chamando de thuthuco e me chamando para ir a casa dela, teve um cara que bateu na minha bunda e dessa vez eu não gostei. No segundo ônibus tinha uma velhinha que ficou me tarando e derramou suco de groselha em mim e continuou tomando o suco, agora me pergunta como? Ela ficou me lambendo, sim me lambendo! E um cara durão cheio de tatuagem me dizendo que sabia cantar “baby, baby, baby...”

- Thuthuquinho, né?

- Cala boca!

Ele me empurrou na piscina.

                                           **Por Jen**

Quando eu despertei já era noite, meus machucados ainda doíam e aparentemente eu ainda estava cansada, dormir no chão não é boa idéia, literalmente. Alguma coisa dentro da blusa me espetou, puxando para ver o que era eu me deparei com o papelzinho que Justin havia me dado com seu número. Sorri em vão.

O toque do telefone me despertou. Olhei surpresa para o mesmo, quase ninguém me ligava, ainda mais agora que minha tia não estava.

- Alô? – atendi.

- Poderia falar com Amy Roles, por favor? – uma voz de mulher soou ao outro lado da linha.

- Ela não está.

 - Pode me dizer mais ou menos quando ela estará?

- Eu sinceramente não sei, tem dias que ela não volta.

- Ainda não voltou? Droga... - A mulher cujo nome eu não sabia desligou o telefone na minha cara.

Porém o modo como ela falou, “Ainda não voltou...” como se soubesse onde estava minha tia, fui até o identificador de chamadas e anotei o número, precisava saber da minha tia e agora havia surgido uma breve oportunidade. Disquei o número, depois de chamar cinco vezes ela atendeu.

- Alô.

- Desculpe ligar novamente senhora, mas eu gostaria de saber se você tem alguma informação da minha tia, Amy Roles, ela sumiu há treze dias e se a senhora souber de algo, me fale, por favor!

- Você é sobrinha de Amy Roles?

- Sim, sim sou! – não era avô!

- Perdão querida, mas temo que Amy não retorne mais.

- Como assim? – minha voz saiu tremida.

- Há cinco dias, eu e Amy estávamos no... por aí... Só que eu não permaneci por lá, digamos que as coisas estavam ficando difícil e teríamos riscos se continuássemos lá, porém eu e ela estávamos indo embora, só que ela disse para eu ir que ela ia depois. Eu fui, mas ela não!

- Poderia me explicar sem tantos códigos?

- Querida, ela e eu estávamos no beco da sardinha, conhece?

- Um lugar da pesada, não é?

- Sim, lar de traficantes ou drogados...

- Suponho que minha tia e você sejam as drogadas...

-  Eu... - não esperei ela continuar, eu já havia entendido o suficiente.

As lágrimas desciam descontroladamente pelo meu rosto, não era algo controlável... Eu estava sem chão, sem ar... Minha tia... Podia está morta, pela droga, apenas por um vício, um maldito vício!

Apertava com força meus punhos enquanto as lágrimas desciam... Eu me lembrei vagamente da minha mãe, do quê ela dizia quando eu chorava... “Não chore bebê, papai do céu sempre ajeita tudo... Sempre... Também estamos cercadas de anjos, eles sempre limpam nossas lágrimas e eu sempre estarei aqui também, eu te amo”

Quando liberei o ar e abri os punhos percebi na minha mão o papel com o número de Justin. Eu precisava dele. Precisava muito dele.

Disquei os números escritos e com apenas dois toques uma voz sonolenta atendeu...

- Alô?

- Você disse para quando precisar de você eu ligar... - falei com dificuldade pelo choro.

- Jen? - Estou, estou precisando de você- soluçava e chorava.

- Fica calma...

- Vai me ajudar? – estava totalmente descontrolada.

- Me diz o que houve!

- Deixa, deixa, deixa para lá...

Desliguei o telefone, era errado também estragar a noite dele. Eu não conseguia conter o choro, me joguei no sofá engolindo a dor dos machucados e depois de alguns minutos eu fui até a cozinha e peguei uma fina faca a posicionei perfeitamente em meu punho por cima da veia, porém não tive coragem de furar, eu não conseguia, era inútil até para isso.

Começaram incansáveis batidas na porta, larguei a faca e fui atendê-la. Deparei-me com um Justin ofegante e não evitei correr para seus braços, seus gostosos braços quentinhos e novamente desabei no choro. Ele retribuiu o abraço enquanto fazia leves carícias em meus longos cabelos.

- O que houve meu anjo? – meu coração acelerou ao ouvi-lo, sua voz assim tão perto me causava arrepios.

- Minha... Minha tia...

- O que tem ela?

- Acho que... Que ela morreu...

- Fica calma, vai passar... Estou aqui com você!

- Meu coração está doendo...

- Eu sei meu anjo, mas vai passar...

- Desculpa Justin...

- Pelo quê?

- Pelo colégio!

- Não se preocupe com isso.

Ele me levou até o sofá, eu deitei e apoiei a cabeça em suas pernas, ele não disse nada, nem eu, apenas sua presença me confortava, apenas o fato de ele estar ali de alguma forma para mim era bom, como se fosse um remédio, meu remédio.


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam?
Espero que tenham gostado!
Até o próximo!

KissesSel =* Não estou conseguindo por as fotos! E sinceramente eu perdi a paciência! Mas vou continuar tentando!