Cinco dias se passaram desde a briga no cemitério e o enterro de mamãe.

Andei tendo pesadelos no decorrer desses dias, uns com minha mãe, como se ela tentasse me avisar de algo e eu não entendia o recado, até que terminava seu tempo de falar comigo e eu em pânico descobrisse que ela havia sumido. Outros com os misteriosos olhos do tal do Bieber (o garoto da briga no cemitério) que foi a única coisa que a máscara deixou de fora, seus lindos olhos de cor mel, não entendia o motivo desses sonhos, mas ele me perturbavam de certo modo.

Estava pondo as minha últimas coisas em duas grandes caixas e uma mochila, as coisas mais delicadas iriam na mochila.

O orfanato ficava a quatro quadras de minha antiga casa, teria que fazer duas viagens para levar tudo. Eu deveria estar sendo escoltada por alguma autoridade do orfanato, mas aparentemente as freiras confiavam em mim ou simplesmente sabiam que eu não tinha forças para fugir ou tentar fazer algo.

A vitalidade, esperança, felicidade, tinha tudo me deixado, tudo abandonado meus olhos e minha áurea, me sentia completamente sozinha.

Depois de ter levado as caixas, só faltava minha mochila, peguei-a, tranquei e me despedi da velha casa verde por onde 16 anos vivi localizada em uma das ruas mais tranquilas de Londres, era uma casa humilde, porém aconchegante.

Desci as escadinhas da casa, indo para o orfanato, mas  um pano tapou minha boca, senti um cheiro muito forte, deduzi ser um sequestro, tentei me debater, gritar, mas apenas desmaiei.

                                          ***               

- Justin, você tem certeza que ela não vai abrir a boca, tudo bem que ela não sabe muito, mas não queremos mais ninguém em nosso pé!

- Tenho certeza Scooter, ela não pareceu disposta a falar nada a ninguém, fica calmo, tá?!

- Mas diz aí, ela não viu nada muiiiito suspeito? Diz tudo que ela viu e ouviu mais uma vez!

Contei de novo, tudo detalhadamente sobre a briga e a garota, que vale a pena dizer era muito gostosa.

- Olha – falei depois que terminei de lhe contar tudo – se isso te aporrinha tanto, vou dar uma conferida na garota antes da gente ir, ok?

-Ok man, isso vai me deixar mais tranquilo.

Dei um sorriso e me retirei.

                                            ***                             

Acordei ainda tonta pelo forte cheiro que inalei e me fez desmaiar e me fez acordar não sei aonde. Sempre fui viciada em filmes de ação, mas agora parecia que eu estava vivenciando um, e isso não era muito legal.

Tentei analisar o local, mas estava muito escuro, o que eu pude deduzir foi que eu estava sentada em uma cadeira um pouco instável, eu estava desnorteada e com um incômodo no meio das costelas.

Uma luz acendeu, pisquei os olhos tentando me acostumá-los a claridade, percibi que estava em um grande galpão vazio.

- Acordou? – perguntou alguém que eu não conhecia e não fazia a mínima idéia de quem era.

- Quem é você, o que quer comigo? Olha se você quer resgate, vou avisando logo, sou pobre, não tenho nada e se tentar outra coisa eu sei lutar- blefei, mal conseguia ficar em pé em um pé só!

Ele riu em deboche

-Só quero fazer umas perguntinhas e pronto!- ele disse- Qual é seu nome?

Percebi que minhas mãos estavam tremendo, estava nervosa.

- Lo- Lo- Lore- Lorenna – consegui dizer

- Lorenna de quê? – meu nervosismo o divertia

- Lorenna Maria.

-O que você sabe sobre o bastardo Justin?

- Não sei quem é – respondi tremendo

- Claro que sabe você o viu, ele é o garoto do cemitério, Justin Bieber.

Reconheci o Bieber, mas de qualquer forma não sabia nada sobe ele.

- Não sei nada sobre ele, eu juro! –disse sincera- me deixe ir!

- Você vai Lorenna, mas você volta!- ele ameaçou - Afinal, você vai ser mais importante depois mesmo.

Foi aí que eu desmaie novamente.

Acordei nas escadinhas de entrada da minha casa com as chaves e a mochila do meu lado como se eu nunca tivesse saído de lá.