Acordei me sentindo nauseada e desorientada, demorei alguns minutos para me situar, estava em uma sala escura e úmida, estava largada no chão frio e estava sozinha...
Não consegui segurar o vômito... Arght, como era nojento...

Concentrei-me nos últimos fatos que aconteceram antes de eu desmaiar, um cheiro forte invadiu minhas narinas e eu desmaiei. Seqüestrada, eu havia sido seqüestrada... O pânico tem um sabor muito amargo, mexe com todo o seu ser e lentamente acaba com tudo. Mas no meu caso era pior, pois não era só a minha vida que estava em jogo, afinal, eu estava grávida!

Levantei do chão tentando controlar a náusea e tentei parar de chorar, controlei a respiração e meu estado de pânico, me concentrei em procurar algo que pudesse me ajudar a sair daquele local, alguma janela talvez...

Comecei a tatear a parede úmida, pois estava muito escuro para enxergar algo, porém eu não encontrava nada, até que me deparei com algo que parecia ser uma porta, fechei minhas mãos em punho e comecei a gritar por ajuda... Socorro, qualquer coisa, porém sem muita esperança de ser ouvida por alguém, algo me dizia que eu estava muito longe de tudo e todos...

Sentei no chão, exausta, abracei meus joelhos na tentativa frustrada de me proteger... Uma sensação de Deja vú me abateu, junto com uma lembrança que ainda me fazia ter pesadelos...

- Você vai Lorenna, mas você volta!- ele ameaçou - Afinal, você vai ser mais importante depois mesmo.

Ainda não conseguia juntar o quebra cabeça...

Aliás, não conseguia mais fazer nada, além de estar muito enjoada, minha cabeça começou a latejar. Encolhi-me no chão e o último pensamento que tive antes de adormecer foi “fique bem bebê, fique bem...”

- Ei, garota... Levanta! – levantei com alguém chutando a minha perna.

Acordei assustada e olhei para o sujeito que me chutava, o reconheci imediatamente... Hilton...

- O que quer? – falei rude, mas com medo.
- Lembra de mim?

Não respondi, depois de minutos ele puxou meus cabelos de um modo que eu encarasse seu rosto...

- Tomara que você facilite as coisas garota- depois de falar isso, ele me jogou no chão e eu bati com tudo naquele piso frio... Mesmo me machucando, fiz de tudo para proteger minha barriga...

Depois de ele me jogar no chão com toda força, achei que ele ia me deixar em paz, doce engano... Ele me puxou pelos cabelos novamente...

- Conheça minha amiga, Lorenna – ele tocou o metal frio da arma na minha testa – sabe brincar de roleta russa?

“Respire fundo, respire fundo”, disse a mim mesma, “se acalme Lorenna, vai dar tudo certo”

Todos os movimentos do meu, talvez, futuro assassino pareciam ser feitos em câmera lenta, o vi colocar apenas uma bala na roleta e girá-la, quando ele finalmente apertou o gatilho, eu apenas fechei os olhos e rezei...

- Sortuda – quando abri os olhos vi que tinha dado sorte – Mas vamos tentar de novo!

Quando ele disse isso, eu senti o desespero se apossar de mim e então não consegui mais segurar as lágrimas... Será que eu iria sobreviver? Pergunto-me se algum dia iria ver os olhos de Justin novamente

Saí de meus devaneios mórbidos com o som de um celular tocando...

- Teve sorte de novo, né? – ele sorriu cínico – mas essa sorte não vai durar...

Hilton saiu e me deixou sozinha no escuro de novo...

Eu tinha vontade de esmurrar alguma coisa... Esse nojento diz que eu tenho sorte, sorte de quê? Sorte eu teria se não estivesse nessa merda de lugar...

Estava machucada, grávida e sozinha... Bela sorte essa que eu tenho...

Tentei me acalmar, mas não por mim e sim pelo bebê...

Fiquei sentada naquele canto escuro da sala por horas que pareceram intermináveis, até que um tímido feixe de luz surgiu do canto leste da sala e atraiu minha atenção...

- Sentiu minha falta? – Ele havia voltado...
- Jamais... – eu disse e ele riu cinicamente...
- Acho que você devia ser mais educada – ele veio até mim com olhos sombrios e quando eu menos esperava me desferiu um soco que fez escorrer sangue da minha boca... – para você aprender a ser mais educada...
Caída no chão, eu deixei as lágrimas escorrerem livremente, estava exausta demais para levantar e minhas esperanças estavam perdidas, estava começando a acreditar que não sairia viva dali...

- O que você quer comigo? Pelo amor de Deus, me diz! O que eu fiz? – gritei em desespero.
- Você saiu melhor que a encomenda, sabia Lorenna?
- Do quê está falando?
- Estou falando que o plano, desde aquele dia no cemitério, era você... Tudo bem que jogamos com a sorte, mas sabíamos que Justin é muito leal...
- Claro que ele é leal, ele não é igual a você! – Ele me desferiu outro soco.
Agora toda a minha boca sangrava...
- Continuando... Justin não sabia o quanto da nossa conversa no cemitério você tinha ouvido, você poderia estar ali olhando a briga a tempo suficiente para ouvir mais do quê devia...
Então, foi só pensar rápido o suficiente para entender que Justin iria te procurar e vimos também quando ele “seqüestrou” você, a partir daí ficou claro que depois que pegássemos você de novo, ele iria vi te salvar!- Vocês são nojentos...
- Me diz uma coisa, naquela festa da França, você não me reconheceu? Quando esbarrou em mim e depois voltou correndo para os braços do seu amorzinho, aliás, naquela festa que eu tive plena certeza de quê quando te seqüestrássemos de novo, Justin faria tudo para te resgatar... Até mesmo nós entregar as esferas...

Minha ficha caiu, o dia da festa, é claro que era ele, pela maldade estampada nos olhos, só podia ser ele...

Mas por que essas malditas esferas são tão importantes...?

- Mas por que essas malditas esferas são tão importantes? – verbalizei meu pensamento...

- Elas podem acabar com uma cidade, querida... Mas chega de bater papo...

- Sabia que seu amorzinho já está vindo, aliás, já deve estar chegando...- ele mudou de assunto.
- J-Justin?
- Sim, sim...

Justin perto desse nojento? Meu Deus, se acontecer alguma coisa com ele, eu jamais iria me perdoar...

- Não, não, não...
- Sim, sim, sim – o idiota zombou – agora vamos lá para fora... Quero que Justin a veja assim que chegar...

Hilton agarrou meu braço e me arrastou para fora da sala escura, como ele não esperou eu me levantar eu acabei ralando meus joelhos quando ele me arrastou...

Quando me deparei com a claridade, meus olhos doeram e foi difícil me acostumar com a luz...
Depois de conseguir enxergar as coisas com clareza percebi alguns homens armados...

Hilton me sentou em uma cadeira e me amarrou com uma corrente e jogou gasolina em volta da cadeira...

- Calton, vem cá! – Hilton gritou e um dos caras armados veio até ele...
Hilton entregou um isqueiro a Calton.
- Fique perto dela – ele disse friamente –, Você sabe o que fazer, certo?
- Certo- respondeu

- Ótimo... – Hilton disse.

Os minutos seguintes vieram cheios de tensão, a partir daquele momento, tudo poderia acontecer...

Não sei dizer se o que senti quando vi Justin entrar pelos portões largos do galpão. Não sei se foi alívio ou mais medo ainda...

Ele não parecia muito bem, estava mais magro, estava com a camisa amarrotada e grandes olheiras, porém quando me viu, por alguns segundos, quando ele olhou diretamente em meus olhos, tudo ficou bem, mas logo fomos atingidos pela dura realidade novamente.

Usher e Scooter vieram logo atrás dele, todos apreensivos...

-Enfim, chegaram...
- As esferas estão aqui Hilton – Justin mostrou uma caixa de veludo retangular- Agora a solte...

- NÃO JUSTIN – gritei e atrai a atenção de todos – não entrega as esferas... Não entregue!

Justin me ignorou, todos me ignoraram e continuaram as negociações...

Justin jogou a caixa de veludo no chão e a chutou em direção a Hilton...

- Calton... – Hilton falou...  Achei que Calton iria me soltar e tudo ia ficar bem, doce engano...

Calton acendeu o isqueiro e jogou na gasolina... O fogo se alastrou...

Vi Scooter pular encima da caixa de veludo e Justin correr em minha direção...

** Por Justin**

Quando percebi o fogo, foi reflexo correr até Lorenna... Ela estava quase desarcodada quando cheguei até  o fogo...

- Agüenta meu amor, Agüenta... – disse para ela e ela sorriu debilmente...

Joguei minha jaqueta no fogo tentando contê-lo, mas parecia que nada adiantava o fogo só aumentava...

- JUSTIN! – Usher gritou.

Olhei em sua direção e ele segurava um extintor de incêndio e o jogou para mim, segurei o objeto, destravei e apontei para o fogo e consegui conte-lo...

Tirei Lorenna da cadeira, ela ainda estava acordada, porém muito fraca, tinha leves queimaduras no rosto, mas parecia estar bem...

- Você vai ficar bem, tá? - disse para ela, mas tentava me convencer disso também...

Coloquei-a deitada em um canto e fui até Usher que estava lutando contra três...

Saquei a arma da minha cintura e atirei em um...

Sobraram dois, um deles veio até mim, ele estava desarmado, achei que iria ser fácil, porém ele chutou minha mão fazendo a minha arma ir ao chão, o outro chute foi no meu rosto e dessa vez quem foi o chão fui eu, me levantei, minha boca sangrava, desferi um soco no estômago do indivíduo e enquanto ele se contorcia de dor, peguei minha arma e atirei nele...

Usher havia dado conta do que cara que sobrará para ele...

Porém, agora vinha mais dois em nossa direção...

Um começou a lutar comigo e o outro com Usher.

Calton, que lutava comigo, me deu um chute e eu caí no chão e quando ele ia me dar outro chute, eu segurei sua perna e a torci de modo que ele caísse no chão também, subi em cima do cara e comecei a dar socos na cara dele e quando ele desmaiou.

Corri até Usher para ajudá-lo, pois ele estava com dificuldades

Rapidamente dei um chute nas costas do cara que lutava com Usher e o derrubei no chão, depois Usher atirou nele...

- Acho que conseguimos! – sorri para Usher.

- É man...

Depois tudo aconteceu muito rápido, ouvi Lorenna gritar meu nome e em seguida Usher puxar meu corpo com bastante força, eu caí atrás dele e então ele recebeu o tiro que era para ter sido meu...

Olhei para Calton com ódio, tanto ódio que não percebi que ele iria atirar em mim também, porém Scooter foi mais rápido e atirou nele...

Corri até Usher, ele havia sido baleado no peito e estava cuspindo sangue quando cheguei até ele... Ajoelhei-me ao seu lado...

- Usher, Usher, fala comigo, por favor, não morra! – eu chorava...
- Ei man, não chore!-  ele tinha dificuldade de falar - Ficarei bem em saber que morri por você, você é como um filho para mim Justin, eu te amo como tal...
- Você não pode morrer, não pode desistir, por favor, por favor não, não!
- Estarei sempre com você Justin, sempre te protegerei, sempre...
- Eu não vou conseguir sem você!!
- Eii, você agora tem um filho!! Tem que lutar por ele!!
- Você é incrível Usher!
- Você também man!!- ele fechou os olhos, só que dessa vez para sempre...O cara que deu a vida por mim!

 Depois disso ele partiu, caí sobre seu corpo inerte e chorei...Fiquei minutos assim...

- Justin... – Scooter chamou – temos que sair daqui...

Olhei para Scooter que também estava muito abalado... Lorenna vinha atrás dele, ela também chorava...

- Hilton está morto? – perguntei.
- Não, apenas desmaiado...
- Vamos sair daqui... – eu disse.

Quando estávamos chegando até a porta, onde já se ouvia as sirenes do FBI,
Hilton puxou Lorenna e a chutou no estômago...
Eu estava com tanta raiva de tudo que fui para cima dele e comecei a socá-lo com muita força...

- ISSO TUDO É CULPA SUA, SEU DESGRAÇADO! COVARDE! – por fim a polícia entro no local e me tirou de cima de Hilton...
- Cuidamos dele agora garoto, obrigado! –disse um policial...

Não hesitei em correr até Lorenna...

- Justin...Justin...Nosso bebê...Nosso bebê...

Ela sangrava...Ela estava perdendo nosso filho...

- SOCORRO, CHAMEM UMA ÂMBULANCIA...- entrei em desespero.
- Já está a caminho – Scooter me disse.

- Calma amor, vai ficar tudo bem...- falei calmamente para ela.
- Salve...Salve nosso bebê...- ela disse antes de desmaia...

Podemos fingir que os aviões na escuridão da noite são como estrelas cadentes...
Seria muito bom um pedido agora...