As Loucas Confissões de Jessica Summer escrita por Miss D


Capítulo 3
Meu problema com loiras


Notas iniciais do capítulo

*Jessica Falando*: Mas você ainda não desistiu? Hum-hum, isso não vai prestar...



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  Nossa, que incrível! Olhe só, quanta gente bem vestida e elegante! O salão está repleto de pessoas com roupas estonteantes, cheias de brilho, franjas, lantejoulas, e essas coisas da moda. Vestidos de seda, de malha francesa, vestidos caros. Não sei por que, mas tenho a impressão de que todos estão usando roupa de marca (existe lantejoula de marca?).

  Há lustres enormes pendurados no teto, repletos de cristais, como nos castelos das princesas dos contos de fadas. Tudo é tão claro, tão iluminado!

  E eu estou andando no meio dessas pessoas, pode acreditar. Não faço idéia do que faço aqui. Esse não é o tipo de lugar que eu freqüentaria a menos que tivesse dinheiro.

  Passo distraidamente por uma pequena janela e vejo uma garota muito linda do outro lado, até paro. Ela tem algo de muito familiar... Os cabelos lisos castanho-dourados caem perfeitos sobre seus ombros; a pele cor de chocolate ao leite, perfeita. Ela está usando o vestido mais lindo de todos, verde-escuro com detalhes prateados, e luvas pérola. Sua franja cobre as sobrancelhas, encostando nos cílios espessos. E os olhos cor de mel. Realmente ela me lembra alguém, só que sem chance de eu ter visto pessoalmente alguém assim... Ah, minha nossa! SOU EU! Eu mesma olhando através do espelho. De repente não existe mais espinhas, ou aquele cabelo sem forma, ou os olhos cor indefinida. Apenas uma garota bem bonita refletida. E quando digo bem bonita é bem bonita mesmo.

  Não, não pode ser eu. Nem pensar. Só se, de repente, eu fiz um milhão de plásticas, raspei o cabelo e coloquei um postiço. E estou usando lentes. E passei algum tipo de maquiagem de pele para ela parecer mais bonita, e estou endividada até o último fio de cabelo se fiz isso.

  Por um momento fico encantada com a possibilidade de eu ter me tornado uma super top-model perfeita. Mas depois a história parece mais absurda ainda. Eu, uma top-model? Até parece.

  Alguém chama meu nome atrás de mim. Nunca ouvi esta voz antes, ou não me lembro de ter ouvido. Mas a pessoa definitivamente sabe quem eu sou.

  – Jessica? – ele chama novamente.

  Nem prestei muita atenção em quem era que estava atrás de mim pelo espelho, ainda estava deslumbrada com aquele meu “eu” perfeito. Porém, quando me viro para ver quem é – ele havia pegado minha mão –, quase morro do coração. Primeiro o batimento cardíaco vai ficando cada vez mais forte, esmurrando minha caixa torácica e pretendendo perfurá-la pelo jeito; depois ele – o coração – subitamente pára quando encontro os olhos da pessoa, e então volta a bater eu um ritmo louco.

  Inacreditável! Eu devo estar ficando mesmo louca, não posso estar enxergando direito, deixe-me piscar para ver se não é só miragem.

  Fecho os olhos com força e fico um tempo assim, com eles fechados. Ainda há alguém segurando minha mão. Abro os olhos, e vejo que é a mesma pessoa.

  Eu estou bem na frente de Zac Efron. Ah, céus, acho que vou desmaiar.

  – Sabe, eu e...

  Um barulho fraco começa a soar dentro da minha cabeça e a ficar cada vez mais forte, martelando no meu ouvido. Era o despertador.

  Bem que ele poderia ter esperado mais uns quinze minutos, para que o lindo, másculo e perfeito Zac Efron pudesse dizer o quanto estava perdidamente apaixonado por mim. Que é, é um sonho, deixem-me sonhar então!

  Ok, estou acordada. Está feliz Sr. Despertador? Conseguiu o que queria. Eu tão feliz, linda e maravilhosa conversando com Zac e flertando com ele e, no minuto seguinte, num quarto escuro e de volta à vida real onde eu sou feia e o Zac Efron está muito longe da minha realidade.

  Suspiro. Faço isso muitas vezes. Mas agora tenho que levantar, infelizmente. Não seria ruim voltar para o sonho. Será que se eu tentar dormir de novo, volto a sonhar com a mesma coisa? É provável que não.

  Tudo bem, eu já estou acordada. Isso não quer dizer que tenho que levantar, certo? Errado. Eu tenho que levantar. Maldita escola.

  Eu só fiquei mais um pouquinho na cama, nem foi tanto assim. E que diferença vai fazer uns cinco minutinhos?

  O despertador toca novamente, ainda mais alto do que antes. Hoje ele está mesmo a fim de me irritar. Por que eu não desliguei essa droga?!

  Assustada (estava dormindo), pego ele, trêmula, e quase o deixo cair da minha mão. Acho que desliguei mesmo desta vez.

  Estou morrendo de preguiça. Acho que se um bicho-preguiça me encontrasse sentiria vergonha de mim. Eu não sou preguiçosa... Bom, não vou falar disso.

  Quase deslizei pela cama, minhas pernas estão tão moles hoje... (ah é, o céu também está azul hoje, muito estranho...). Ah, dá um tempo! Eu acabei de acordar, será que não posso me sentir um pouco sonolenta?

  Consigo levantar, finalmente. Levou algum tempo, na verdade muito tempo. Demorei trinta e sete minutos para levantar. Não foi tão ruim assim, já fiz pior do que isso.

  Estou me arrastando pelo quarto, esbarrando em quase tudo. Acho que vou desmaiar. Meus olhos não ficam abertos, não querem ficar. Estou quase dormindo em pé. Bem que eles poderiam colocar um horário melhor para a gente estudar. Por exemplo, nós entramos às onze e meia – porque onze horas é o horário perfeito para acordar –, daí a gente sai onze e trinta e um. Isso! Seria perfeito! Não podemos tornar a rotina escolar cansativa como eles fazem, não é?

  Ligo o chuveiro e a água começa a cair suavemente, primeiro fria, mas vai esquentando lentamente. Está ótima. Fecho os olhos relaxando sob aquela água deliciosamente quente. No entanto abro os olhos logo, percebo que estou dormindo. Como isso é difícil! Todos os dias têm que ser assim. Podia ter aula só uma vez por semana. Muito melhor.

  Já pensou se tivesse apenas um minuto de aula? Como seria o máximo! Maravilhoso! E eu ficaria com o resto do dia inteiro fazendo coisas muito mais interessantes do que ficar rabugenta e sentada em uma cadeira dura.

  ...Nossa, como o Zac Efron estava gato no meu sonho! Muito mais do que no High School Musical. Eu não sou viciada em High School Musical. Um dia... ahhh... sim, um dia eu ainda vou conhecer ele, e aí nós... estou delirando, não é?

  Minha nossa! Eu fiquei mais de meia hora no banheiro! Isso é possível?! Não quero nem ver a conta de energia elétrica. Não quero nem ver a cara da minha mãe quando ela ver a conta de energia elétrica.

  Certo, a roupa. Como é difícil escolher roupa para ir à escola (isso porque é uniforme)! Estou atrasada hoje, o que não foi culpa minha porque eu fiz tudo rapidinho.

  Quando vou tomar o café-da-manhã já perco todo o resto de sono que ainda restava. Isso acontece quase sempre. Quem é que consegue dormir com estômago completamente vazio, gritando por comida? Estou morrendo de fome.

 

  Está bem. Acho que as pessoas aqui em casa não entendem o conceito de comida. Coisa gosmenta alaranjada e com pedaços de algo que não foi batido direito no liquidificador não é comida, não mesmo.

  Olho com repugnância para o copo na minha frente, com aquele líquido suspeito dentro. Como conseguem tomar isso? O que, exatamente, é isso?

  – É vitamina de mamão com banana, acerola, semente de linhaça, ovo e açúcar mascavo.

  Vitamina? Parece mais vômito. Eu não vou beber esse troço de jeito nenhum. Ovo? Semente de linhaça? Que pessoa em sã consciência colocaria ovo e semente de linhaça numa vitamina? Ah é, esqueci. Sanidade é uma coisa que não existe neste lugar.

  – Tem bastantes fibras e proteínas. É ótimo para a pele. E o açúcar mascavo é mil vezes melhor que o refinado.

  Açúcar o quê? Mascado? “Senhor, tenha pena do meu estômago!”. Não quero nem imaginar como isso foi fabricado, só o aspecto marrom já me dá arrepios.

  Já sei! Ela andou confundindo livro de receitas com livro de macumba, não foi? Marta deve ter deixado um aqui. Só pode ser, do jeito que minha mãe é louca, não duvido nada. Eu é que não vou tomar vitamina com açúcar mascado nenhum, não mesmo, eu hein...

 

  Fui condenada a passar fome o resto do dia. Que espécie de mãe faria isso com um filho? Só porque eu não quis tomar aquela nojeira que ela chama “vitamina”. Tenho cara de louca? Não responda. Acho que prefiro passar fome a tomar aquilo.

 

  Não vou sobreviver até o almoço, sei que não vou. Já estou me sentindo fraca, minha pressão deve ter baixado. Tenho certeza que as pessoas já devem ter notado minha palidez.

  Minha professora de biologia disse que se a gente não se alimentar direito, se come muito pouco e só besteira, quando contraímos uma doença nosso corpo não tem “força” suficiente para nos curar. Nunca mais parei de comer depois que ela falou isso, pelo menos eu não pego uma doença ruim.

  Mas hoje, nesse intervalo enorme de tempo, afinal, eu não como desde a janta, já devo ter pegado umas mil doenças e meu corpo nem vai conseguir se defender. Tomara que minha mãe sofra o resto da vida por ter provocado minha morte prematura.

  Não tenho dinheiro para comprar um lanche. Na verdade, nunca tenho. Mas deveria ter hoje, deveria. Ela não me deu, a minha mãe. Disse que era para eu aprender a “não fazer caso da comida que ela faz”, “parar de se frescurenta” e não sei mais o quê. Vou morrer.

  Então estou no intervalo, vendo aquele monte de pessoas com comida nas mãos, quase pulando em cima deles como uma selvagem. Não posso agüentar isso.

  Sabe, estou com tanta, mas tanta fome, que estou vendo ela personificada ao meu lado, a desgraçada.

  Ah, o que eu não daria por um prato bem grande de macarrão. Grrrrr, meu estômago reclama. Inspirar, expirar... Inspirar, expirar... Não perca o auto-controle, Jessica.

  (E você tem algum?), a voz irritante dentro de mim pergunta, irônica.

  A fome, como se não bastasse tudo o que eu estou passando, está sentada do meu lado, na mesa vazia do refeitório, comendo um banquete. Primeiro ela comeu um prato de macarronada; depois, um pedaço gigantesco de lasanha com molho branco; uma fatia de pizza; panquecas... Neste exato momento, está comendo uma taça de sorvete tão grande que deve ter umas vinte bolas pelo menos ali. Não sei se vou suportar essa tortura.

  “Está com fome?”, pergunta de boca cheia, um pouco de sorvete escorrendo pelo canto dos lábios.

  “Não”, respondo sarcástica “nem um pouco!’

  “Quer?”, ela pergunta, mostrando uma colher de sorvete.

  Meus olhos se arregalam. Como eu quero, como eu quero... Ela está fazendo de propósito, sabe que eu não posso comer a comida dela, sabe que não existe a comida dela. Mas está aqui me oferecendo, como se eu pudesse comer. Bem, depois disso podem me internar num manicômio.

  Por pouco não avanço em alguém. Isso é difícil. É impossível. No final, respirar não adianta nada. O segredo é não respirar e não olhar. Nem preciso dizer por que não olhar, não é? O que os olhos não vêem o coração não sente. E o estômago também não exige. E quanto mais eu respirava, mais aquele cheiro maravilhoso de comida entrava em meu nariz, me enlouquecendo. Então eu fechei os olhos e prendi a respiração.

  No resto da aula foi muito mais fácil de suportar. Não tinha ninguém com comida na minha frente. Eu quase esqueci que estava com fome, quase. Não fosse ela mesma do meu lado, comendo.

  Ando apressada em direção à saída. Eu detesto a escola, já disse isso? Eu detesto, com todas as forças da minha alma. Aliás, que aluno gosta dela? Só se for maluco! (Sem comentários).

  Dou de cara com uma garota, não sei quem é, mas, céus, ela é enorme! E muito bonita também. Tem um rosto bom, olhos médios e azuis. Por que é que eu não nasci bonita e alta assim? Só tem uma coisa nela que eu não gosto, e que para mim estraga todo o resto: aquele cabelo amarelo. Ela me olha um pouco irritada, desdém vazando de seus olhos de água, depois desvia e continua a andar.

  Detesto gente loira, detesto. Detesto até mais do que detesto escola. É um trauma de infância, sabe. Já falei sobre o meu trauma? Acho que não.

  Quando eu era menor... ainda menor do que sou hoje, se isso for possível, minha mãe me levava para passar todas as férias na casa de uma amiga de infância. Tia Rosa. Ela era legal, e vivia me agradando, e à minha irmã. Então a tragédia aconteceu: ela teve gêmeos.

  Eu não sou egoísta, egocêntrica, mimada nem nada destas coisas. Não fiquei brava por que agora ela só ligava para os filhos, não.  É bem mais complicado do que isso, o problema é outra coisa.

  Não sei o que acontece com as mulheres quando elas têm filhos pela primeira vez, e até pela segunda, é mal de mãe, acho. Ficam bobas. Não importa o quanto seus filhos sejam feios, chatos, endiabrados, inconvenientes, para elas eles são sempre lindos e perfeitos. Bem, como eu já disse, sanidade passa bem longe da minha casa, por isso comigo não foi assim. Como é que ela não via os capetinhas que eram seus filhos? Alice e Paulo. Nem gosto de lembrar. (Mentira, você fala isso para todo mundo) Deixe de ser dedo-duro.

  Quantas vezes eu pedi, implorei, supliquei para que não tivesse que ir para lá, mas fui obrigada. Eu só ia para lá obrigada. Uma vez tentei ficar doente para não ter que ir, não deu certo.

  A pior é Alice. Paulo é louco, tem um problema muito grave mesmo no cérebro, a atitude dele não é normal. Veja uma brincadeira que eu mesma presenciei ele fazer:

  – Olá, vamos ser amigos?

  – Vamos.

 La, la, la, la...

  – Hey, você pisou no meu pé!

  – Não pisei não!

  – Pisou sim. Pum, pum! Explode tudo, explode tudo! Pa-pa-pa-pa-pa-pa-pa-pa-pa-pa! Eu te mato com a minha metralhadora!

  – BUMMMMM! Rá, quem é que explode agora? Eu vou te matar e daí uso suas tripas para fazer costura...

  Isso é comportamento de gente normal? Acho que não.

  Mas Alice... ela tinha algo mais, uma coisa ruim dentro dela, o prazer pelo sofrimento dos outros. Ela é malvada.

  Tia Rosa é muito religiosa, e esse era o pior de tudo. Na verdade ela só usava a religião para absolver os filhos de tudo. Imagine-se numa casa de campo, porque lá era assim. Então vem uma menina irritante e joga uma pedra do tamanho de uma pêra na sua cabeça. Você não pode bater nela, porque se fizer isso ela vai começar a berrar naquele timbre inumano que é melhor nem tentar imaginar, e ainda vai ficar umas três horas ouvindo sobre “como você é mais velha e a outra é pequena e indefesa” e “como foi imatura essa atitude. Olha a sua idade? Você quer se comparar a uma criancinha?”. Não ignore, ela vai fazer pior ainda, nem queira fazer isso. Não olhe feio, ela pode falar que você a espancou. A única solução é achar graça de apanhar e agradar a “pequena, frágil e indefesa” criança, que, na verdade, são as últimas coisas nesta terra que ela pode ser.

  Eu sobrevivi a isto? Não tenho certeza. Nem tenho certeza se estou mesmo onde estou neste momento, mas isto é outra história. Tentei falar para tia Rosa algumas vezes, mas a única coisa que ela dizia era “Alice, querida, não pode fazer isso, Jesus não gosta”, e no minuto seguinte, depois de um nada de repreensões ou qualquer espécie de reprimenda ou castigo : “Certo, agora pode ir brincar”. Acredite se quiser.

  Na verdade, é uma ofensa que ela se chame Alice. Tenho absoluta certeza de que se Alice de “O País Das Maravilhas” soubesse disso, ficaria desolada, no mínimo, e muito ofendida também. Talvez até fosse lá ver essa história com seus próprios olhos para obter a confirmação de que colocaram seu nome em uma psicopata. Psicopata, é isso que ela é.

  Eu e minha irmã sofremos. Todas as férias era o mesmo suplício:

  – Então, essas férias vocês vão passar na casa da Tia Rosa.

  – Ah, não! Não mãe! Por favor, a gente promete ser bonzinho.

  – Nossa, até parece que estão indo para a forca!

  Bom, era quase verdade.

  – Por favor... – sim, este era o momento do olhar de súplica, que era forçado a ser o mais persuasivo que conseguíssemos.

  – Vocês vão sim, e não tem conversa. A Tia Rosa gosta tanto de vocês, e as crianças também.

  Sei, e eu sou o Papai Noel. Sério, tenho até aquele saco enorme de presentes para levar brinquedos no Natal, e a roupa vermelha. Ah! E não podemos nos esquecer daquela... como é que chama?  Trenó voador, com as renas mágicas e tudo mais.

  Sabe, contando todos os nossos sofrimentos, teve uma vez em que jogaram pedras na gente, e depois nós levamos uma baita bronca porque nós jogamos pedras neles; outra vez, Paulo veio com um pedaço de pau da grossura de um braço para cima de nós, já dá para imaginar que castigo pavorosíssimo ele teve por fazer isso... Acertou: nenhum. 

  E além de tudo isso, também éramos empregados dos dois. Nós dávamos banho neles, os trocávamos, dávamos comida NA BOCA e distraíamos os dois. Foram anos de tortura, em que muitas vezes nos perguntávamos que mal terrível havíamos feito na outra vida para merecer esse castigo, não que a gente acreditasse mesmo nisso.

  Bem, eles judiaram tanto de mim que fiquei traumatizada, e não é exagero dessa vez. Os dois eram loiros, dos cabelos bem claros. E isso penetrou de tal forma em minha mente que sempre que vejo o cabelo loiro penso em duas coisas: primeira, a pessoa não deve prestar; segunda, corra. E, naturalmente, espero o pior. Detesto gente loira, pelo menos, a maior parte dos loiros que conheço, que, devo admitir, são quase todos uns chatos. Deve ser azar mesmo, ou perseguição.

  É claro que hoje em dia não existe tia nenhuma que me faça agüentar desaforo. Eu não falo com eles, não olho para eles, finjo que nem existem. E só morta para me levar na casa de Alice e Paulo, e nem assim.

 Minha irmã tinha o pavio mais curto do que o meu, é que naquela época eu era muito idiota e covarde. Ela batia neles (já deu para ver como ela também é uma santa). Eu ria. Era bom, um tipo de vingança. E depois ela levava um sermão. Mas o mais incrível é que eles ainda gostam mais dela, mas Alice me detesta. Não sei por quê. Talvez ela saiba que eu sonho com ela sendo torturada por militares ou atropelada por um trem.

  Atrás de mim, a menina dos cabelos loiros (e bem oxigenados, se quer saber) se afasta lentamente com seu ar superior. Está vendo? Eu não tenho MESMO sorte com gente loira. É por isso que não gosto delas, agora já sabe por quê. Não é preconceito, é só que quando vejo aqueles cabelos amarelos, me lembro de tudo e espero o pior. E, na verdade, a maior parte, senão todas as pessoas loiras que conheci, eram chatas.

  Hoje o dia foi realmente terrível! Interromperam o sonho maravilhoso que eu estava tendo (com o Zac Efron), tive que acordar, tive que levantar, tive que ir para a escola, fui obrigada a passar fome e quase morrer e, ainda por cima, encontro uma loira no meio do caminho! Ô fardo!

  No entanto, veja pelo lado positivo: hoje foi ruim, mas amanhã pode ser pior. Então hoje é melhor por ser menos ruim do que o amanhã pode ser. Essa é outra das minhas filosofias. 

 


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Notas finais do capítulo

N/A: Oops, esqueci de postar esse. Foi mal.



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