Não Pare a Chuva escrita por sheisbia


Capítulo 18
Capítulo 18 - Boa noite




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Tom's POV

Para ser sincero, eu nunca gostei muito de viajar. Preferia ficar na minha confortável casa, mas a insistência de Bill foi o que me arrastou até aquela viagem. Já era tarde para reclamar, fora que não estava sendo completamente desastroso como eu imaginei, mas isso é devido à Nin. Ela definitivamente tornava tudo mais fácil — ou complicado, dependendo do seu ponto de vista.

Novamente, ela teimou em ajudar Bill e Julie a ficarem juntos, aquilo me irritava um pouco, o modo com que ela se metia na vida de todos sem nem ao menos se importar. Claro, suas intenções eram as melhores, mas não é assim que as coisas deveriam funcionar.

— Está chovendo de novo — ela disse, em frente a porta de vidro que refletia o céu nublado. — Vai dar tudo errado.

— Errado? — Penny perguntou confusa, só havíamos nós três na sala.

— Sim, eu planejei sair hoje à noite.

Ainda era cedo, e por mais irônico que fosse, a chuva cessou um pouco no fim da tarde. Porém, quando Penny chamou todos para sair, Nicole recusou. Apenas Julie, Bill, eu e ela ficamos em casa durante a noite, os outros saíram juntos sabe-se lá pra onde.

Quando a noite caiu, Bill propôs de nós assistirmos um filme, já que a chuva voltou a reinar fortemente lá fora e nós estávamos há um bom tempo reclamando de tédio. As garotas, juntas, escolheram assistir "Letters to Juliet", e eu e Bill escolhemos um outro filme qualquer de ação. Obviamente, elas ganharam.

— Não é tão ruim assim, talvez você possa aprender a ser um pouco mais romântico, seu bruto — disse Nin com o maior sorriso do mundo.

Eu sorri também com sua provocação e me sentei no sofá, estava certo de que iria passar mais algumas horas tediosas, até que percebi que havia sentado sobre uma das caixinhas de filmes espalhadas pelo sofá que estávamos escolhendo, cuja capa deixava claro que tratava-se do gênero terror. Aquilo me deu uma ideia fantástica.

Enquanto Julie e Bill preparavam uma conveniente pipoca de micro-ondas e algumas bebidas, eu esperava junto com a Nicole na sala, esperando qualquer brecha para colocar o filme de terror no lugar do de romance. Pedi então para ela buscar qualquer coisa inútil pra mim no quarto dela, mas como tratava-se daquela garota geniosa, ela relutou.

— Eu não sou sua empregada — bradou num tom ofensivo.

— Eu pedi só um favor, egoísta.

— Eu não sou egoísta, eu só... Espera! Eu preciso saber onde a Penny deixou as chaves do meu quarto.

— Como assim?

— Eu ia sair com ela e os outros e tranquei o meu quarto, como eu estava com a bolsa lotada, dei a chave pra ela. Por que acha que eu estou arrumada?

Ela fez um careta e eu observei-a com mais atenção, ela vestia um vestido de veludo marrom claro e um sinto preso na altura da cintura, uma sandália de salto e o mantinha seu cabelo preso. Eu sorri levemente, eu já disse o quanto ela é bonita como uma garota, tanto que achava que ela ficaria bem tanto com vestidos ou com uma blusa minha emprestada.

— Nem notei — disse apenas na intenção de provocá-la, afinal, aquela era minha diversão particular.

Novamente sua face tão fina foi tomada por uma careta, dessa vez, de pura irritação. Ela rosnou e deu as costas.

— Mas por que é você não saiu então? — eu perguntei, disposto a continuar conversando.

— Por causa daqueles dois, ué!

— Você vai mesmo perder seu tempo com isso?

Antes que ela me proferisse uma resposta impetuosa, Julie e Bill surgiram no corredor com algumas guloseimas em mãos. Eu me apressei e, sem Nicole perceber, coloquei o filme de terror no DVD. Ao iniciar-se, Bill apagou as luzes da sala e nós ocupamos o sofá espaçoso e confortável.

Depois dos traillers seguia o menu, onde ficou claro que não era o filme escolhido.

— Espera aí, eu acho que você errou o filme! — disse Julie, confusa.

— Acha? É claro que ele errou — Nicole deu um pulo do sofá e procurou o filme certo entre os que estavam na mesa de centro.

— Ah, mas esse filme é bem melhor — Bill se pronunciou e Nin lançou-o um olhar ameaçador.

— Eu concordou — eu finalmente disse. — Vamos Nin, supere seu medo pelo menos uma vez.

Seu frio olhar passou de Bill para mim, no entanto não afetou nem um pouco o sorriso de vitória que eu não conseguia tirar do rosto. Julie, apesar de ser uma garota, não tinha nada contra filmes de terror e gostava tanto quanto os outros de romance, ou seja, era claro que somente a Nin e seu medo sobraram.

— Eu não vou assistir — a geniosa disse, marchando como se quisesse destruir o piso do chão até a cozinha, eu a acompanhei.

Seus olhos estavam baixos até perceber que eu também estava na cozinha, então ela levantou a cabeça como se aquilo representasse seu orgulho e me encarou o rubro tomando conta de sua face.

— Você sabe que eu detesto filmes de terror e colocou esse por isso, não é? — ela perguntou calmamente, para minha surpresa.

— Foi basicamente isso — eu declarei. — Mas não foi por mal, eu...

— Não foi por mal? Você tá brincando com a minha cara? Eu tenho medo desses filmes, isso ficou na cara, e você faz o favor de tirar sarro de mim por causa disso e acha que não é por mal?

— Nicole!

— Tom, você deveria amadurecer só um pouquinho.

— Já pensou que isso pode ser bom pros dois? — eu finalmente consegui uma oportunidade de falar e ela calou-se por um instante.

— Como se você se importasse com isso — ela sentou-se em uma cadeira e me fitou mais calma. — Acha que a Julie vai levar um susto no meio do filme e pular nos braços do Bill, enquanto ele declara seu amor e os dois se beijam? Acorda pra vida!

— Não, eu só acho que seria legal os dois se divertirem um pouco sem ninguém obrigar a alguma coisa acontecer.

Usei o tom mais arrogante possível nas últimas palavras, não que eu quisesse ser assim com ela, mas Nicole era mimada às vezes e precisava de um aviso assim às vezes.

— Faça como quiser — ela sussurrou vencida, porém, levantou-se da cadeira como se seu orgulho se mantivesse intacto e seguiu até a sala.

Eu acompanhei-a novamente e voltamos para o sofá, Julie estava animada e finalmente deu inicio ao filme.

O começo era como qualquer outro, contava uma história assustadora e nenhuma parte em questão dava medo. Até que, uma cena de uma casa pegando fogo e um homem à procura de seus filhos chamou a atenção de todos; ele entrou dentro de um quarto e, após ter inalado uma considerável quantidade de fumaça, viu sua filha em pé ao lado da cama branca, estava escuro e ele a chamava para saírem de lá, até que notou gotas de sangue no tapete, caindo de sua testa, cuja mantinha abaixada. Ele aproximou-se dela e, assim que a garota levantou a cabeça, ele viu seus olhos completamente negros e um sorriso em seus lábios. O corpo da menina então começou a jorrar sangue de pequenas partes distintas, como se uma fina e afiada agulha estivesse perfurando sua pele devagar e em seguida, a rasgando, partindo-a em duas.

O homem abriu os olhos e pensou que tratava-se de um sonho, mas ele continuava no quarto em chamas, ele procurou pela filha que estava presa dentro do armário e ao tentar pegá-la, uma mão branca e certamente gelada, do tamanho de uma criança, o segurou. A tela ficou completamente preta e um grito de dor e agonia foi tudo que sobrou.

Achei um tanto patético, mas às vezes apenas os gritos ou as músicas de suspense davam mais aflição do que o próprio filme. Nicole assistiu o filme inteiro quieta e com muita atenção, mas no fim, quando os créditos finais passavam na TV, nós notamos que ela havia adormecido e não sabíamos dizer há quanto tempo.

— Acho melhor levá-la pro quarto — disse Julie.

Eu admirei-a por alguns segundos, ela parecia um criança dormindo.

— Ela disse que a Penny levou a chave do quarto dela — eu disse baixo para não acordá-la. — E com essa chuva acho que eles não vão voltar cedo.

— Já é uma e quarenta — Julie olhou em seu relógio de pulso para confirmar.

— Então leva ela pro seu quarto e você dorme na sala — falou Bill me fitando.

— Por que eu?!

— Porque ela vai gostar de dormir no seu quarto — ele riu enquanto eu o encarei sério.

Eu observei Nicole novamente e a peguei em meus braços com o maior cuidado que poderia, e apesar dela se parecer com uma criança, ela infelizmente não pesa como uma. Certamente, se eu falasse isso para ela, ela me daria um soco alegando que eu a chamei de gorda. Eu sorri com aqueles pensamentos enquanto a carregava até o quarto, a minha diversão particular era bem violenta às vezes.

Quando finalmente coloquei-a na minha cama raramente arrumada, notei que suas mãos seguravam minha camiseta com força, me forçando a ficar curvado até conseguir me soltar sem acordá-la. Nunca vi alguém ter tanta força dormindo, era assustador, mas eu consegui me soltar e seus dedos bateram num estalo, fazendo-a abrir os olhos devagar.

— Shh, dorme — eu mumurei como se falasse com uma criança.

— Você já me acordou — ela também sussurrou, fazendo bico.

— É porque você não me soltava.

— É porque quero que você fique aqui.

É, por essa eu não esperava. No mínimo aquela garota sofria de bipolaridade.

— Eu vou dormir na sala — eu disse em um tom mais alto, mas ainda sim sussurrando.

— Eu não quero dormir sozinha.

Ela abriu os olhos completamente, até então ainda estava sonolenta, depois levantou-se um pouco, diminuindo a distância entre nós e colocando uma das duas mãos no meu ombro. Quando achei que nossos lábios se encontrariam de novo, uma música conhecida começou a tocar. Era o toque de seu celular.

Desculpe-me os maus modos, mas meu único pensamento naquele instante era "será que sempre vai ter um filho da puta pra atrapalhar?", afinal já não era a primeira vez que isso acontecia, antes fora o Yuri, e uma criança é totalmente perdoável, mas dessa vez eu não errei em xingá-lo.

— Oi Matt — ela disse ao atender, deixando sua voz sonolenta em evidência. — Não, pode falar.

Eu suspirei, me afastando e dirigindo-me até a sala, onde eu vira a bolsa dela jogada por uma das poltronas, imaginando que ela iria querê-la. Bill e Julie já deveriam estar em seus respectivos quartos no momento, pois não os vi pelo caminho. Ao voltar para o quarto, ela já não falava mais ao telefone, estava descalça, sem o cinto que lhe abraçava sobre o vestido e com os cabelos soltos e caídos sobre o ombro.

— Eu trouxe sua bolsa — disse sério e um pouco irritado ainda.

— Obrigada.

Ela pegou a bolsa e levou-a até o banheiro, certamente havia uma escova de dentes e outros utensílio que mulheres precisariam. Eu apenas troquei de roupa enquanto ela estava no banheiro e encarei a cama de casal, me perguntando se ela ainda não queria dormir sozinha, depois me achando um completo idiota por pensar nisso.

Quando ela saiu do banheiro, não muito depois, eu realmente hesitei sobre continuar ali e acho que isso ficou claro pra ela.

— Eu realmente não quero dormir sozinha depois daquele filme — ela disse em bom tom de voz e com um sorriso meigo. — Mas nem pense em se aproximar de mim enquanto eu estiver dormindo!

— Eu não aceitei dormir com você ainda — sorri quando notei que ela voltara ao seu estado bravo e orgulhoso, sinceramente, a fofura não combinava com ela.

— Não fale "dormir com você", isso soa íntimo demais! Você está fazendo um favor, ouviu? Ou melhor, cumprindo uma ordem!

— Tá, tá.

Ela deitou-se na cama e eu fiz o mesmo em seguida. Não demorou muito até que ela caísse no sono, assim como eu.


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Notas finais do capítulo

Virou quase rotina pedir desculpa pela demora nas notas finais né? Mais eu realmente tive um bom motivo (além de passar horas assistindo Kuroshitsuji), eu estou escrevendo uma fanfic nova que deve ficar pronta assim que eu terminar essa, e eu sinceramente tô amando escrevê-la. Bom, como não deu pra desejar antes, eu desejo agora: Feliz 2011 para todos os meus leitores lindos *-* Muita felicidade e Tokio Hotel pra vocês. E não se esqueçam dos reviews, nhac!



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