Não Pare a Chuva escrita por sheisbia


Capítulo 16
Capítulo 16 - Are you afraid of the dark?




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/86736/chapter/16

Eu praticamente caí pra trás ao descobrir em que casa nós iriamos ficar durante nossa viagem. Julie disse algo como "há poucas casas na rua, não dá pra errar" e eu imaginei um lugar com um grande campo ou algo do gênero. Nada disso. Era uma rua repleta de casas gigantes, quase mansões. Nós entramos por um portão de madeira, que ao ser aberto, revelava uma escada e um corredor para uma garagem. Subimos a escada e então vimos a casa de perto, do lado de fora era tingida de tons laranjas. Havia um chão de madeira, uma escada de oito degraus que levava até a piscina e ao redor dela, um corredor ao ar livre que dava em diversas partes da casa. Portas de vidro que aumentavam a elegância.

A entrada principal, por onde entramos, era direto para a sala de estar. Sofás laranjas, paredes claras e móveis de madeira. Tudo impecável. Julie surgiu no corredor com uma caixa na mão e Georg ao lado.

— Oi pessoal, que demora! — ela disse, abrindo um sorriso ao ver Bill. — Querem levar as malas pros quartos?

— Por favor — pedi, não aguentando mais o peso. Georg gentilmente ofereceu ajuda para Penny, me deixando completamente de lado com duas malas pesadíssimas.

— Então essa é a "casinha" da sua tia? — eu sorri, fascinada.

— É — ela sentou-se no sofá e eu fiz o mesmo no sofá oposto.

— E onde ela está?

— De férias. Ela não mora aqui, só geralmente aluga a casa para temporadas longas. No entanto, eu pedi a casa emprestada durante o intervalo entre essas vendas pra que a gente usasse — ela sorriu. — Temos a casa livre, de nada.

— Você me impressionou — disse Tom, com um sorriso doce.

— Obrigada — disse ela. — Bom, são sete quartos no total. Estamos em sete pessoas e não há ninguém na casa. Olívia já escolheu o quarto dela e... Gente?

Eu peguei minhas malas e andei até os corredores, seguida de Penny e Bill. Os dois entenderam a mensagem, afinal, o mais rápido ganharia o melhor quarto. O restante demorou um pouco, mas logo todos foram atrás de um quarto sem muita pressa. No fim das contas, depois de muito brigar com Bill por um quarto, acabei ficando em um dos quartos mais confortáveis, sei disso pois passei em cada quarto para averiguá-los. O meu quarto era tingido por paredes brancas e uma delas com um papel de parede marrom ilustrado. A cama de solteiro se encontrava no centro, à frente de uma grande janela com cortinas bege. Sorri satisfeita ao deitar sobre a cama macia e sentir minha cabeça afundar sobre o travesseiro. Descansei por minutos até a chuva começar, forte e barulhenta, atormentando minha tranquilidade.

Comecei a arrumar minhas malas e, depois que tudo estava pronto, saí do quarto e andei pelos corredores de volta para a sala. Olívia, Penny e Julie estavam lá, conversavam baixo e sobre algo que eu não entendia muito bem e não me interessei em descobrir do que se tratava.

— Oi Livi — disse, chamando a atenção delas.

— Ah... Oi Nikky — ela respondeu simpática.

— Eu adorei os quartos. Obrigada, Julie.

— Que bom que gostou — ela sorriu levemente, colocando as mãos nos cabelos loiros. — Eu estava pensando na possibilidade da gente sair pra jantar fora hoje, mas acho que essa chuva não vai deixar. Está forte demais.

— Nós podemos sair amanhã — disse, observando a chuva através da porta de vidro, estava nublado lá fora, anteriormente estava ensolarado e quente, irônico. — Só tenho medo de saber quem vai cozinhar.

— Isso é fácil! — disse Penny. — Bill, eu e a Livi cozinhamos perfeitamente bem.

— Ah... Certo — Julie disse, abaixando a cabeça assim que o nome de Bill fora dito. — Já está tarde. Quando forem preparar o jantar nós ajudaremos no possível.

— Exato — concordei.

Segundos depois os garotos adentraram a sala com um sorriso no rosto, conversavam sobre algo relacionado à nós, pelo pouco que ouvi, mas ainda sim parecia ter graça somente para eles.

— Então vamos dormir cedo hoje, amanhã vamos sair — Olívia disse, animada.

— Onde vamos? — Tom intrometeu-se, sentando-se na poltrona ao lado do sofá.

— Para a praia. E se o tempo cooperar, talvez nós podemos passear de barco.

— E a Nin concordou? — perguntou Bill, intrigado.

— Claro. Por quê?

— Nada não — lançou-me um olhar confuso e centrou-se na conversa.

— Ah, eu esqueci de dizer algo — Julie falou séria. — Quando forem sair de casa, tranquem os quartos e levem as chaves com vocês. Acho que elas estão na porta. É uma regra que a minha tia estabeleceu.

— Sem problemas — Penny sorriu.

Ligamos a TV e colocamos em um canal popular, sem muito interesse em assisti-la. Pouco menos de uma hora se passou e a chuva não cessou nem um minuto sequer. Quando achávamos que isso aconteceria, na verdade, as luzes apagaram-se juntamente com a TV que fora desligada no mesmo instante. Já era tarde e, se não fosse pelas grandes janelas e portas de vidro, a escuridão seria total.

— Acho que ficamos sem energia — Tom disse.

— Acha? — perguntei suspirando, era óbvio.

— Acho que tem algumas velas na cozinha, eu vou pegar — Julie declarou e pude vê-la levantar-se do sofá, mas era quase impossível ver seu rosto.

— Eu ajudo. — disse Olívia, repetindo o ato.

Achei que Bill iria se manifestar para ajudá-la mas ele se manteve em silêncio. Algo havia acontecido entre os dois e não saber o que era me irritava profundamente. Suspirei, afundando os ombros no sofá.

— Eu tenho uma lanterna — declarou Penny. — Mas eu não quero sair no escuro pra buscar, o corredor é longo demais.

— Eu pego — declarei, cansada daquele silêncio.

Levantei-me, e andei com cautela. Senti um tecido tocar minhas pernas descobertas... Jeans. Tom. Sorri involuntariamente e, sem que ninguém percebesse, chutei sua perna com pouca força, fazendo-o recuar na poltrona.

— Droga Nin! — ele reclamou, irritado.

— Desculpa Tom, eu não vi — sorri vitoriosa e saí da sala, seguindo em direção ao escuro corredor.

E como se fosse um castigo por ter chutado o pobre e indefeso Tom, eu bati a canela em praticamente todos os móveis restantes da casa, dessa vez, sem intenção, claro. Eu já estava desistindo e voltando para a sala quando senti sua mão tocar meu ombro com delicadeza. Virei meu corpo um pouco assustada, porém, sem transparecer isso.

Bu! — ele sussurrou de maneira atraente, enquanto suas mãos deslizavam pelo meu braço e depois abandonavam meu corpo. — Você tem medo do escuro, Nin?

— Não — sussurrei, meio insegura da resposta. O que veio fazer?

— Te ajudar, o quarto da Penny é pro outro lado — eu não vi seu rosto, mas com certeza ele sorria, divertindo-se com a situação.

— Certo.

Não recusei sua ajuda, considerando que eu não tinha muita escolha, até mesmo para voltar pra sala eu precisaria de ajuda. Tom passou na minha frente e pediu pra que eu ficasse perto dele para não quebrar mais nenhum móvel. Eu segurei no canto de sua blusa e ele me guiou até o quarto. Não foi nada difícil achar a lanterna, eu conhecia Penny perfeitamente e sabia onde ela guardaria algo assim. Voltamos para a sala com mais confiança dessa vez, pois enxergamos o caminho graças à lanterna e eu pude desgrudar do Tom.

Ao chegar na sala, encontramos todos sentados no sofá, ocupando todos os lugares, com apenas uma vela na mesa de centro. É, caçar uma lanterna no escuro não foi totalmente inútil.

— Alguém quer uma luz? — apontei-a para todos.

— Acho que agora dá pra enxergar sem problemas — Penny disse, contente e otimista.

— Certo, quando a energia voltar nós preparamos o jantar — disse séria.

— E se não voltar? — Olívia perguntou.

Eu me sentei no tapete, em volta da mesa de centro e Tom sentou-se ao meu lado, sem opção.

— Vai voltar — declarei.

— Se continuar chovendo assim nós não vamos aproveitar o lugar — Georg disse, suspirando.

— Podemos só aproveitar a situação, por favor? — Penny não gostava de todo aquele pessimismo, nada nem ninguém, nem mesmo Gustav que certamente ocupava sua mente, iria acabar com sua viagem.

Correu tudo diferente do planejado e não havia nada para fazer. Entretanto, começamos a conversar sobre coisas patéticas e aquilo se tornou nosso passatempo. Eu sempre gostei da escuridão de uma certa forma, embora eu tivesse um pouco de medo, ela era confortável, parecia me abraçar diante da luz. E estar com todos eles ali só me fazia sentir melhor.

— Acho que a gente podia ficar só na praia mesmo amanhã, não é? — sugeri.

— Por quê? Não gosta de barco, Nikky? — Penny perguntou.

— Não... É que...

— Ela morre de medo — disse Bill, convicto. — Ela vai enjoar e vai teimar com todo mundo que não quer ir assim que subir no barco e depois vai dizer que nunca mais coloca o pé na água de novo — ele riu.

— Que mentira — disse, pouco brava.

— Ah Nin, eu já vi essa cena antes — Bill riu, sua risada era animadora, não fiquei realmente brava.

— Sem problemas — Julie disse, meiga. — Eu também não gostava muito de passear de barco, mas eu me acostumei.

— Você é diferente... — Georg disse, dando mil razões para diferencias as situações.

Enquanto ele falava, Tom ficou sério do meu lado.

— Quando foi que você passou mal? — ele me perguntou baixo para que somente eu escutasse enquanto os outros continuavam conversando.

— Faz uns dois anos, quando o Bill viajou comigo — respondi calma.

— Eu...

De repente, a da luz acendeu, interrompendo Tom. Todos comemoraram felizes a volta da energia, já não chovia há alguns minutos e era mais do que esperado. Finalmente. Nos levantamos e a maioria se dirigiu à cozinha, para preparar ou ajudar no jantar. Eu não falei mais com Tom durante aquela noite, mas sei que ainda teria muito tempo durante aquela viagem.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Eu demorei porque simplesmente não conseguia escrever esse capítulo, só consegui porque a minha queridíssima filha que herdou a criatividade do papai Ashton me ajudou, então obrigada pra Laris (lovethek) ♥ E aí, quem acha que a Nin uma medrosa? É, igual a autora!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Não Pare a Chuva" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.