Não Pare a Chuva escrita por sheisbia


Capítulo 15
Capítulo 15 - Azul profundo


Notas iniciais do capítulo

Eu imagino o Matt como um Dougie Poynter da vida, e vocês? *baba*



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Eu estava encosta em uma porta, observando uma grande sala pela parte de vidro. Haviam várias pessoas lá dentro, grande parte se despedindo uma das outras. Exceto ele, que se mantinha fixo nos livros. Estava sentado em volta de uma grande mesa no centro da sala, ao redor dela haviam várias estantes repletas de livros.

Alguém abriu a porta e eu me desequilibrei, sem perceber. Um rapaz me ajudou, era Caio, um garoto moreno, de olhos profundos e gentis que estudara comigo há alguns anos. Ele me cumprimentou e perguntou a mesma coisa de três meses atrás: "Você está esperando ele?". Fiquei feliz ao responder que não. Eu já havia chamado atenção o suficiente para Matt me notar, então me despedi de Caio e entrei na sala, me sentando ao lado dele e colocando minha mochila e cadernos em cima da mesa.

— Faz tempo que você não vem aqui — ele disse, afastando o olhar dos livros.

— Faz tempo que ninguém me pede ajuda — eu disse um pouco irritada. — Está estudando?

— Matemática. Eu não consegui a nota necessária e tenho que fazer uma prova nas férias pra recuperar.

— Mas você é melhor do que eu nessa matéria — eu disse, atônita.

— Acontece que o gênio ficou com preguiça e só tirou nota nas provas — ele disse, fazendo um sorriso culpado e sem graça.

— Esse gênio metido precisa parar de ser preguiçoso — eu sorri, apoiando os braços na mesa. — Você vai passar fácil — sussurrei.

— Obrigado — ele também sussurrou. — Mas assim você me desconcentra — ele mordeu o lábio, cheio de malícia.

— Jura? — eu ergui uma sobrancelha. — Quer que eu vá embora?

— Não. Eu não queria estudar mesmo — aquele sorriso bobo novamente. — E então? Onde pretende passar as férias?

— Eu vou viajar com a Penny e uns amigos. Não quer vir com a gente?

— Não dá, esqueceu a prova?

— É mesmo — eu disse com ar de decepção. — Então vai ficar as férias inteiras por aqui?

— Talvez eu viaje na última semana... Talvez.

— Entendi. Eu não ia pedir isso pra você, mas... Você pode me fazer um favor? Eu não vou estar por aqui e preciso que alguém tome conta da minha mãe e visite ela pelo menos nos finais de semana. É por causa do novo namorado dela, eu não sei se posso confiar muito nele e também são as primeiras férias que passo longe dela.

— Isso é sério?

— Muito — eu suspirei. — Se ele magoar minha mãe, eu não sei o que faço.

— Provavelmente arrancaria a cabeça do fulano — ele riu e em seguida tocou meu rosto, arrumando alguns fios de cabelo que caiam sobre meus olhos e os colocando atrás da orelha, fitando-me em seguida. — Eu posso te ajudar.

— Obrigada — minha voz quase não saiu.

— Mas o que eu ganho com isso?

— Você e a Penny são tão egoístas! Já ouviram falar em caridade?

— Já ouviu falar em motivação?

— Motivação? — eu comecei a rir. — Tudo bem. Quando eu voltar eu penso em algo pra você.

— Promete? — eu ia me levantar quando ele indagou e segurou meu braço com cuidado.

Eu encarei aqueles olhos azuis que estavam sério e tremi. Eu sabia que eu encararia eles novamente junto com ele me lembrando sobre essa promessa quando eu voltasse. Ele me fazia sentir tão perdida. Eu apenas assenti, não conseguindo dizer nada. Ele soltou meu braço delicadamente e sorriu fraco. Peguei minha mochila e meus cadernos com nervosismo.

— Não vai me esperar hoje?

— Hoje não — eu suspirei ao dizer aquilo. Quando estávamos juntos, nós sempre nos encontrávamos naquela sala e eu o ajudava a estudar. — Se cuida.

Eu beijei sua bochecha, virei meu corpo e andei em passos longos, deixando a sala. Eu já estava no corredor quando ouvi um grito, me virei confusa e o vi correndo em minha direção com um caderno pequeno em mãos, ele era roxo e possuía uma única flor branca de tecido colada na capa. Quando ele se aproximou, seu rosto estava fortemente corado e era assim sempre que ele corria ou praticava esportes, e eu o acha mais lindo ainda naquelas condições.

— Tá esquecendo as coisas de propósito só pra me fazer sofrer, bobona? — ele arfou.

— Não, mas não é má ideia — eu sorri quando vi seu sorriso bobo e encarei seus olhos azuis, eles eram profundos e me deixavam nervosa, eu não conseguia me concentrar.

— Não deveria perder coisas importantes por aí.

— Obrigada.

Antes que eu pudesse mover um músculo para me virar e continuar andando, ele foi mais rápido e moveu suas mãos até minha cintura, aproximando seu corpo do meu sem medo, num abraço apertado. Eu não hesitei em corresponder, fechei os olhos por alguns segundos e afundei minha cabeça em seus ombros enquanto meus braços agarravam seu pescoço, sorri. Quando ele se afastou, percebi que seus lábios também continham um sorriso.

— Se cuida também, minha bobona. — Ele disse se afastando.

Matt podia ser tudo, egoísta, convencido, arrogante, idiota... E nesses aspectos ele me lembrava o Tom. Entretanto, Matt não era orgulhoso e sempre dizia o que sentia, e havia algo que eu amava nele: ele era carinhoso. Eu sabia que depois de uma briga e muitos tapas, ele me daria um beijo; que ao me ver machucada iria me abraçar até a dor passar... Tom não faria isso, faria?

xx

— Tem certeza que não esqueceu nada?

— Tenho, mãe.

Ela suspirou. O relógio marcava dez horas, ao meio-dia Bill me buscaria.

Eu demorei a convencer minha mãe sobre a viagem, afinal, ela não gostava de Penny e Olívia — que por acaso, também iria com a gente na viagem. Mas o maior problema foi quando contei que na segunda semana eu queria viajar para a casa do meu pai. A princípio ela achou um absurdo, mas depois de muito tempo ela concordou.

— Mãe, me promete uma coisa? Não tome nenhum remédio enquanto eu estiver fora — eu disse, me referindo aos calmantes que ela tomava em alta dose desde que meu avô morrera e ainda mais quando meu pai e ela separaram-se.

— Sua mãe não é uma idiota burra. Eu prometo. Não se preocupe.

— Certo.

— E você, querida, me prometa que não vai fazer besteirinhas durante essa viagem com aquele garoto e...

— Mãe! Acredite, se algo acontecer entre eu e o Tom vai ser uma boa briga, isso sim — eu disse, me irritando apenas de pensar nele, ela sorriu. — Sem contar que o Bill vai estar lá, e além de ser irmão do Tom ele vai achar que é meu pai.

— Acho bom que ele te proteja — ela disse, beijando minha testa.

— Sim. Isso se ele não estiver ocupado com a Julie — virei os olhos e ela me abraçou, rindo.

Desde a noite daquele beijo, Bill e Julie não conversaram muito, pelo menos não na frente dos outros. Também não contaram nada sobre o ocorrido, mas quando seus olharem se cruzavam durante o intervalo, era nítido que eles escondiam algo.

O sol reinava naquele dia quente. Duas horas passaram-se, Bill e Tom chegaram na minha casa, o que não demorou já que a distância era apenas uma rua e eles já haviam pego Penny na casa dela. Me despedi de minha mãe sem muitos problemas, afinal, já havíamos dito tudo horas atrás.

— É só essa mala? — Bill perguntou quando eu coloquei-a no carro, apenas nós dois estávamos do lado de fora.

— Não — respondi. — A outra está no meu quarto, é bem menor. Você pode ir buscar pra mim?

— Folgada — ele resmungou e adentrou a casa.

Silêncio. Eu decidi entrar no carro, no banco de trás, Tom sentava na frente e Penny já estava lá também, no mesmo banco que eu. Cumprimentei-a e disse apenas "oi" para o Tom, afinal, como reagir depois de tudo? Ele virou o pescoço na minha direção e me fitou com uma curiosidade incomum, eu ignorei. Suspirei enquanto esperava Bill voltar com a mala e partimos.

— A Julie acabou de me ligar, a Olívia vai com ela e o Georg — disse Penny, empolgada.

— E o Gustav? — perguntei.

— Ele tem a faculdade e o Yuri — ela disse baixo. — E nós brigamos.

— De novo?! — Tom soltou um leve riso enquanto ela me encarava brava. — O que foi? A cada dois dias vocês brigam!

— Mas... dessa vez foi sério — ela abaixou o rosto, triste. Eu suspirei.

— Tudo bem, nós falamos sobre isso depois. Anime-se, é pra isso que a gente tá viajando!

— Certo — ela sorriu.

Bill colocou a bolsa que faltava no porta-malas e entrou no carro. Partimos em direção às montanhas, eu estava maravilhada por viajar, sempre amei conhecer lugares novos. Fora que eu estaria com meus melhores amigos. Tom ligou o rádio, tocava "Misunderstood". Eu comecei a cantar baixo enquanto todos conversavam, estava completamente desatenta.

— Concorda, Nikky? — Penny perguntou, me cutucando.

— Claro... Sobre o quê? — Tom e Bill riram enquanto ela ficava vermelha.

Eu comecei a rir também, sem motivo. Eu só me sentia bem ao lado deles, tinha a impressão de que a viagem seria ótima.


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Notas finais do capítulo

Eu não postei antes porque tava me recuperando do show do Tokio Hotel que foi p-e-r-f-e-i-t-o. Me contem, vocês foram? Quem não foi terá chances de ir uma outra vez, certeza ♥

Finalmente, CHEGAMOS AOS 100 REVIEWS e eu só posso agradecer à vocês *-* Bom, esse capítulo foi só uma introdução da viagem, que eu tô amando escrever, então os próximos serão bem melhores, afinal, sete adolescentes juntos numa viagem não pode dar muito certo, né? Enfim né galera, deixem reviews por favor.



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