Não Pare a Chuva escrita por sheisbia
Eu saí do banheiro e só então pude notar a elegância e beleza do restaurante, principalmente pela iluminação, se eu soubesse que seria tudo isso talvez tivesse me vestido melhor. Eu voltei para o lugar onde minha mãe estava e finalmente escolhemos uma mesa. Não demorou muito até que Chris chegasse, e quando chegou, eu realmente pensei que fosse algum engano.
— Desculpem a demora — ele aproximou-se e cumprimentou minha mãe e eu. — Eu tive alguns problemas. Demorei muito?
— Não, chegamos há pouco tempo — disse ela.
Eu não consegui falar nada, apenas fiquei encarando o homem. Não conseguia acreditar que aquele era o Chris. Ele tinha o cabelo bem curto, um rosto liso e sem marcas e um olhar muito doce, realmente bonito. Achei engraçado, nunca pensei que minha mãe sairia com um homem do tipo.
— Então você é a Nicole? — ele sorriu. — Meu nome é Chris, prazer em conhecê-la.
— Qual sua idade? — minha mãe me cutucou nervosa, mas eu não consegui perguntar outra coisa.
— Bom... Eu... Tenho trinta e três.
— Onde você mora?
— Não muito longe daqui — ele sorriu, bem seguro ao responder.
— Há quanto tempo conhece minha mãe?
— Nicole! — ela ficou brava.
— Conheço a Lauren há pouco tempo.
— Sei... — eu suspirei e finalmente fiquei totalmente quieta.
— E você, Nicole? Tem quantos anos? — ele perguntou, quebrando o silêncio de poucos segundos.
— Minha mãe não contou? Pensei que pelo menos isso ela fosse dizer — eu disse, sem fazer muita questão. — Dezesseis, por pouco tempo.
— Pouco tempo? — ele riu baixinho. — Tem pressa de crescer?
— Não muita.
— Então... Que tal olharmos o cardápio? — sugeriu minha mãe.
— Boa ideia. — Ele disse.
Eu apenas olhei tudo rapidamente enquanto o garçom se aproximava da mesa. Minha mãe fez seu pedido seguida do galã, digo, Chris. Alguns segundos de extremo silêncio se passaram até eu perceber que era a minha vez de fazer o pedido. Fiquei levemente corada e pedi apenas uma água dizendo que "ainda estava escolhendo".
— Mãe, acho que eu preciso ir ao banheiro.
— Mas você acabou de ir — ela disse, espantada. — Está com algum problema? — ela sussurrou.
— Não! Mãe, por favor né! Já volto.
Eu me levantei rápido para não precisar dar muitas explicações e me afastei da mesa, voltando ao banheiro que se encontrava com mais pessoas do que anteriormente. Antes de entrar, eu fiquei apenas naquele minúsculo corredor, se é que assim posso chamá-lo. Tentei ligar para o Bill mas ele não atendia o celular. Depois de algumas tentativas eu desisti e me convenci de que iria mesmo jantar com eles, quando esbarrei em uma pessoa ao me virar.
— Descul... Tom?
— Feliz em me ver? — ele disse, fazendo uma cara de dor falsa por ter esbarrado.
— O que tá fazendo aqui?
— O Bill e a Julie estão te esperando. Ele mandou eu entrar e te chamar, mas...
— O que foi? — ele havia parado de falar e me fitava de uma maneira estranha enquanto um sorriso bem fraco tomava seu rosto.
— Nada, vamos?
— Não, idiota. Não é assim, eu tenho que dar alguma desculpa bem séria pra minha mãe, caso contrário ela me mata. Essa besteira de jantar é importante pra ela.
— Então por que você quer ir embora? — ele uniu a sobrancelha, confuso.
— Porque não é importante pra mim — eu suspirei. — Isso não importa, não vai dar mais pra ir embora. A Penny não tá aqui!
— Bom...
— Espera! — eu o interrompi com uma brilhante ideia em mente. — Vem cá.
Eu o puxei pelo braço enquanto ele resmungava algumas coisas que eu não prestava atenção. O levei até a mesa onde estava o casal.
— Er... Mãe, lembra do Tom? Eu convidei ele pra jantar com a gente — sorri, deixando todos, inclusive Tom, com uma expressão de surpresa. — Ah... Tom, esse é Chris.
— Tom? — Lauren finalmente sorriu. — Você está enorme! Quando foi que voltou?
Nos sentamos à mesa e Tom começou a conversar com minha mãe, contando algumas coisas que se passaram enquanto ele não estava por aqui. Eu não prestei muita atenção na conversa, apenas quando, uma vez e outra, minha mãe citava meu nome, geralmente em frases como: "Tom e Nicole eram tão fofos quando criança!" e coisas terrivelmente vergonhosas. Assim que eles foram servidos, faltava eu eu e Tom fazermos o pedido, era a hora.
— Psiu — eu disse bem baixo, apenas para ele ouvir. — Me ajuda!
— Eu pensei que você fosse dizer alguma coisa pra ir embora — ele rolou os olhos. — Se vira.
— Por favor — eu sorri, tentando parecer meiga.
— Por que não conta a verdade? Sobre o Gustav. Aí não vai nem precisar mentir.
— Ela não vai acreditar.
— Argh...
Ele suspirou e pediu meu celular, eu o entreguei. Ele mexeu por algum tempo e depois fizemos um pedido, afinal, já havíamos demorado muito. Alguns minutos depois o celular da minha mãe tocou, ela o atendeu.
— Oi Bill... Sim, ela está aqui. Aconteceu algo grave? Minha nossa, tem certeza? — eu apenas fiquei observando, tão assustada que poderia nem parecer que era tudo para me tirar dali. — Sim, eu vou passar para ela.
Eu peguei o celular e o Tom soltou um riso fraco e baixinho, fazendo com que Chris o fitasse por poucos instantes.
— Bill? — eu perguntei, temerosa.
— Você demorou tanto pra pedir minha ajuda, já era hora! — ele riu. — Me pergunta onde o Gustav está.
— Onde o Gustav está? — eu apenas repeti.
— Ótimo. Agora é só dizer que você vai até lá e sair daí. Estamos te esperando — ele disse rindo e eu quis rir também de toda aquela situação, mas fiquei séria.
— Certo, estamos indo agora — declarei, desligando o celular.
Lauren me olhava confusa, enquanto um sorriso se mantinha no rosto de Chris, que se concentrava em sua refeição.
— Mas você nem comeram nada! Vocês vão até lá? Não é longe? — ela perguntou. — Quer que eu leve vocês?
— Não, o Bill vai levar a gente — eu sorri segura. — Desculpem pelo jantar, fica pra próxima — eu já me levantava àquela altura. — Prazer em conhecê-lo, Chris.
Ele apenas sorriu e eu saí com o Tom dali. Quando estávamos perto da porta, uma mão tocou meu ombro. Eu gelei por alguns segundos e virei-me.
— Esqueceu isso — ele disse, me entregando uma pulseira. — Boa desculpa, Nikky.
— Obrigada... Do que está falando?
— Eu já tive sua idade — Chris sorriu. — Eu sei que você não suporta a ideia da sua mãe ter encontrado alguém tão rápido, eu também não admitiria. Mas, do mesmo jeito, eu acho que....
— Chris... — eu o interrompi. — Você é legal. Cuida da minha mãe.
Ele ficou surpreso e não disse nada, eu apenas sorri e saí do restaurante. Eu e Tom andamos por pouco a tempo na rua.
— O que você fez? — eu ria. — Foi tão rápido, eu deveria ter pensado nisso antes!
— Você é bem lerda. Tá me devendo.
— Até parece — eu sorri. — Você não fez mais do que um favor.
— Então agradece — ele parou de andar e virou-se pra mim, eu fiquei calada por um instante.
— N-nem pensar! — eu continuei andando.
Chegamos até um carro preto e muito limpo, do lado de fora, aguardando, estava Bill, Julie e Penny conversando. Eu fiquei impressionada.
— Por que a demora? — perguntou Julie.
— Ela demorou pra entender a nossa ideia — disse Tom, sorrindo orgulhoso.
— Ei, você não tinha ficado no apartamento do Gustav? — perguntei pra Penny.
— Sim — ela sorriu. — Eu dei um jeito.
No mesmo instante, o vidro do carro se abriu e uma criança colocou a cabeça pra fora. Eu fiquei assustada. Era um garoto, tinha o cabelo castanho bem escuro, olhos escuros e grandes como de um bebê, profundos, aparentavam ser quase da mesma cor que a pupila. Um rosto angelical, não deveria ter mais de uns seis anos.
— Bill... Tem uma criança no seu carro!
— Tem certeza que não é um cachorro? — indagou Penny com ironia, fazendo todos rirem.
— Idiota, é sério.
— Essa aí é a Naomi? — perguntou a criança, olhando pra mim.
— É Nicole! — eu fiquei irritada. — Quem é ele?
— Esse é o irmão do Gustav — Penny disse. — O nome dele é Yuri.
— Ele não se parece nada com o Gust — sussurrei.
— Eles são irmãos por parte de mãe.
— Entendi. E o que ele tá fazendo aqui?
— Nós o sequestramos — disse Julie, sorridente.
— O QUÊ?!
Todos riram, menos eu, que não entendi a graça. Sem explicações, todos entraram no carro, Julie no banco do passageiro à frente, Bill dirigindo e o restante atrás, já que a criança era pequena e não ocupava muito espaço.
— O Gustav está bem? — perguntei para Penny ao meu lado.
— Sim, ele foi ajudar a recuperar o que sobrou do acidente.
Deixe-me explicar: O pai de Gustav possui uma grande empresa e parece que algumas salas do prédio pegaram fogo, mas tudo foi controlado bem rápido e ninguém se feriu. O problema foi que, consequentemente, eles perderam muitos documentos e informações importantes, nada que não possa ser recuperado breve, e por isso Gustav foi para a empresa tentar ajudar no que podia, deixando Penny cuidando do Yuri. Foi isso que Bill explicou para minha mãe, só que, provavelmente, de uma maneira bem mais dramática.
— Onde vamos? — perguntou Yuri.
— Desistam da Pizza, meu dinheiro ficou na bolsa da minha mãe — eu disse.
— Vamos para o apartamento do Gustav, nós pedimos uma pizza de lá e eu pago — disse Penny. — Mas só desta vez!
— Tom... — eu sussurrei, ele estava do meu outro lado. — Eu tive outra ideia.
Eu fitei o casal que estava em nossa frente.
Não demorou muito até chegarmos no apartamento. Depois de estacionar o carro, nós subimos pela escada e entramos no doce lar. Era um lugar espaçoso e bem bonito, arrumado, ao contrário do que eu imaginei. Todos se sentaram no sofá como Penny havia sugerido enquanto ela pedia a pizza. Pedi para Yuri me mostrar o apartamento enquanto Tom achava algum canal interessante na tv enorme junto com Bill e Julie.
— Este é o seu quarto? — perguntei, assim que entramos.
— Sim.
— É bonito — eu sorri. — Então você é irmão do Gustav mesmo?
— Aham — ele sorriu também, tinha um sorriso extremamente fofo. — Só por parte de mãe, mas ela morreu quando eu tinha dois anos e eu não me lembro do meu pai de verdade — ele abaixou a cabeça.
— Sinto muito.
— Você se parece com ela.
— Eu? — ele pegou um retrato que estava em uma mesinha, era a mãe dele segurando-o no colo em um parque. Ela realmente tinha alguns traços parecidos comigo, como os olhos claros e o cabelo escuro. — Ela é muito bonita, não se parece comigo.
— Parece sim, você também é bonita, Nin — ele sorriu, inocente.
— Quando eu tinha a sua idade, um certo alguém também me chamava de Nin e não Nicole... — Contei, lembrando-me do passado e por fim, sorri.
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"O jeito é dar uma fugidinha com você" Ok, ignorem HAHAH Essa criança vai ser bem importante pra ela *-* Próximo capítulo as coisas vão começar a tomar rumo, deixem reviews, por favor.