Noiva por Herança escrita por Juffss


Capítulo 2
Capítulo 2




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Miss Porter’s School

Novembro de 2000

11h34min

 

 

- Um minuto – sussurrou Vera ao meu lado.

Vera é minha melhor e única amiga de verdade. Seus cabelos são ondulados até o meio de suas costas, preto, com olhos da mesma tonalidade, 1,60 de altura, corpo escultural. Ela é modesta, distraída, sensível e tem um ótimo dom para a música, além de sempre me dar uma forcinha quando preciso.

Normalmente as aulas vão até 17h35min, mas não no último dia de aula desse ano. Essa era a escola de meninas Miss Porter’s, Farmington, Connecticut. Já faz 11 anos que estudo aqui e ainda tenho mais três anos para cursar. Já fiz cursos de administração, direito, culinária, moda, boas maneiras, tecnologia, ciência da computação, artes, ética... Se for citar todo o meu currículo ficaria a tarde inteira falando. O importante é que sou poliglota, falando 10 idiomas diferentes, e já tenho um currículo muito maior e muito melhor de que muitos homens importantes.

Eu? Eu sou Rosalie Lillian Hale, 16 anos muito bem aproveitados, cabelos dourados que caem delicadamente em ondas até o meio de minhas costas, olhos esverdeados e lábios naturalmente avermelhados. Alguns me acham perfeita, mais eu não. Por mais que me esforce eu não consigo superar a imagem que meu pai me passou da mamãe.

Ela? Morreu quando tinha 5 anos. No inicio não sabia ao certo o que aconteceu, mas quando envelheci, papai parou com a brincadeira de “ela foi para um lugar de onde não pode mais voltar” e me fez encarar a realidade: ela morreu. Bondosa, estudiosa, linda, e que acreditava em contos de fadas, são as características que me lembro dela, ah, claro, também tem as covinhas de seus sorrisos, essa é uma imagem que nunca esquecerei, e talvez, por isso, eu ame tanto covinhas de sorrisos. E por ela ser perfeita, eu não quero ser menos que isso.

E meu pai? Um homem bom. É isso... Eu acho. Ele é rico e sustenta todos os meus caprichos, é isso que sei. Depois da morte da mamãe, papai entrou em depressão. Contratou uma babá e me deu um cartão de créditos sem limites. Eu tinha cinco anos, e ele não pode reclamar que virei consumista, ele me iniciou consumista, mas por mais que eu queira que ele reclame do tanto que gasto, ele não fala nada.

- 3... – Vera contava em voz baixa os segundos finais da aula de literatura – 2...1 – e como sua contagem, sem falha, o sinal soou estridente, anunciando, por fim, as férias. Por três meses não teria nada relacionado à escola.

- Vai encontrar Royce hoje? – me perguntou enquanto fechava seus livros.

- Talvez – respondi em dúvida.

- Eu não gosto dele! – ela repetiu pela milésima vez hoje.

E ela tinha razão em não gostar dele. Royce era o estilo de Bad Boy para qualquer mulher, menos para mim. Ele era meloso e obsessivo ao extremo quando se tratava da minha pessoa, mas as outras ele maltratava. E eu não gosto dessa dupla personalidade dele. Principalmente quando ele fala que me ama, a obsessão dele não é amor, é desejo.

- Eu também não gosto dele – disse sincera – Ele é um grude. Obsessivo é pouco – falei pegando os livros sobre minha mesa – mas depois que comecei a namorar ele, meu pai...

- Ficou feliz, e é a primeira vez que o vê feliz depois da morte de sua mãe... – Vera me cortou, porém falou exatamente o que iria falar. Talvez eu já tenha repetido isso algumas vezes aos seus ouvidos.

- Isso mesmo! – sorri timidamente.

Eu não tinha cara para terminar com Royce, ele fazia meu pai feliz. Talvez por ser um bom partido, aos olhos de papai. Royce é de uma família nobre que veio para os EUA, seu pai é o 16° herdeiro ao trono Inglês e aqui tem uma rede bancaria. Mas não me importo com isso, eu podia ser pobre, assim como a Cinderela, e meu príncipe não precisava ser um príncipe de verdade, na verdade, nem precisava ser rico, eu só queria amá-lo e em troca receber seu amor. E isso, claramente, não acontecia entre Royce e eu.

- O que vai fazer pela noite? – perguntei a Vera.

- Estava pensando em assistir algum filme ou algo parecido. Minha mãe comprou Titanic e eu queria que você assistisse comigo. – ela falou fazendo a carinha de cachorro molhado.

- Marcado – falei animada, afinal aquilo seria melhor do que passar a noite com Royce.

- Vai mesmo? – ela perguntou feliz.

- Vou – falei mordendo meu lábio inferior quando me lembrei do papai – Eu quero ir...

- Mas não sabe se seu pai preparou algo para você e o Royce, eu entendo. – sua voz saiu triste.

- Eu prometo que vou – falei mais que depressa.

Vera não era uma menina de ficar triste, muito menos de demonstrar tristeza frente aos outros ou menos ainda de fingir tristeza. E mesmo se isso não bastasse, eu sabia cada sentimento que passava naquela cabecinha. Ela realmente queria que eu fosse e eu nunca fui boa em dizer não. E o pior, eu também queria ir.

Ela me abraçou, como se falasse que não existiriam problemas se não aparecesse na hora marcada, mas eu sabia que existia problema em me atrasar. Por que todos acham que eu sou bobinha e não sei o que se passa dentro deles?

- 19h30min na minha casa – ela falou enquanto se afastava de mim. – Vamos ver Titanic de novo – comemorou.

Titanic... Com Leonardo DiCaprio e Kate Winslet. Vera é apaixonada por esse filme, para falar o mínimo. Eu também gosto, mas passar 4 horas na frente de uma televisão vendo as mesmas pessoas no mesmo ato e nas mesmas coisas às vezes me fazia perder a paciência.

Paciência... Meu maior defeito. Nunca tive paciência, gosto de ser pontual e me irrito quando as pessoas não são. Mas isso é mais que fato, pois olha: se uma pessoa marca com outra 09h30min é para chegar as 09h30min, não cola chegar as 10h00min. Mas não é só para isso que não tenho paciência... Várias outras coisas me cercam e isso me incomoda.

Abri a porta do meu carro e entrei. Joguei minha bolsa no banco do passageiro e dei a partida. Não demorou muito a chegar em casa e agradeci estarmos em um estado que permite que dirigíssemos com 16 anos.

Corri para meu quarto, até porque se meu pai decidisse fazer algo ele não me encontraria em meu closet e eu poderia ir para casa de Vera mais tarde. Tentei escolher uma roupa casual, bonita e confortável, mas eu não estava conseguindo, não estava conseguindo pensar com o barulho que estava tendo no andar de baixo.

Meu pai nunca foi de escutar música alta, muito menos músicas como essa. Parecia um Metal ou Have Metal, com várias panelas sendo jogas ao alto apenas para cair ao chão falando que isso era música, mesmo só fazendo os ouvidos sangrarem com o barulho altíssimo. Depois parecia que tudo estava sendo quebrado. Os vasos de flores, os copos, os móveis... Tudo.

Aquilo era estranho o suficiente para que eu estranhasse e saísse do meu esconderijo para gritar pedindo para meu pai desligar o som. Eu fui até calma, andei normalmente enquanto tudo mudava bruscamente. Desci alguns degraus e estaquei.

Eles eram cinco, cinco assaltantes armados que cercavam meu pai. Não me viram, ou fingiram que não o fizeram. Meu pai tinha cortes por todo o corpo e isso dava a impressão que ele estava sangrando mais que deveria e se não fizesse nada ele morreria. Mas minhas pernas não se moviam, mesmo eu gritando para elas correrem para meu pai e tentar impedir o que eu estava vendo. Eu não conseguia me mexer! Por quê? Tentei gritar, mas minha voz saiu tão baixa que nem eu mesma a escutava. Meu pai me viu e sorriu. Um sorriso doce e com os lábios contraídos pela dor, aquilo soou como um adeus.

- Não. – falei no tom de voz mais alto que consegui, porém isso não impediu ninguém de atirar. Tudo girou como uma câmera lenta, eu parecia ver cada bala indo em direção ao meu pai e o que ele sentia depois do impacto, eu o vi deitar-se ao chão pela dor e dar seu ultimo suspiro caído. Cinco tiros, cinco assaltantes, lágrimas incontáveis na minha face e um pai morto caído ao chão da sala de estar. – Não...!

Eu deixei meu corpo cair sobre a escada e abracei minhas pernas me auto-abraçando. As imagens repetiam-se incansavelmente na minha mente, cortando-a milhares de vezes com a dor, que mais pareciam pedaços de vidro quebrado. Um dos assaltantes subiu a escada de dois em dois degraus e se ajoelhou a minha frente com um sorriso sínico. Eu solucei quando ele tomou meu queixo em uma das mãos o levantando para o meu olhar encontrar o dele. Seus olhos eram escuros como os de um matador, afinal era isso o que ele era, um matador...

- Sua vida vai melhorar agora, princesa – Ele falou calmamente como se não tivesse feito nada de errado. Ele se virou e saiu da mansão me deixando sozinha para chorar a perda de meu pai.

Mas eu não o fiz, eu tinha que ligar para a polícia, para os médicos... Eu tinha que chamar alguém para me ajudar. Foi isso que eu fiz, liguei para as equipes de resgate e para a polícia, mas, mais importante, eu liguei para Vera, ela era a única que poderia me aconchegar nesse momento. E não tardou para todos chegarem e me encherem de perguntas, mas ela ainda não estava comigo.

Assim que ela chegou, eu a abracei, não me importando com os policiais que tentavam me acalmar. Ela retribuiu meu abraço e alisou minhas costas num movimento que me falava que ela estava ali e nada iria a tirar dali. Era nela que confiava e somente a ela choraria aquele momento. Não faria isso na frente de mais ninguém.

- Calma, eu estou aqui, não vai acontecer nada... – Ela murmurava tentando me acalmar.

E eu chorei, assim como chorei no dia da morte da mamãe. E não sei por quanto tempo chorei abraçada a Vera. Era aquela a única coisa que queria fazer naquele dia.

Ela me levou até o sofá e se sentou lá. Deitei minha cabeça sobre suas pernas e permaneci deixando as lágrimas caírem silenciosamente. Ficaria traumatizada, eu tinha 16 anos e estava sozinha no mundo. A não ser pela minha melhor amiga que continuava presente ao meu lado. Por aquela noite e por muitos dias.

Nunca poderei agradecer Vera pelo que ela fez naquela semana. Em nenhum momento ela me deixou sozinha, desamparada... Ela cozinhou cada refeição, mesmo eu rejeitando, e me obrigou comer pelo menos um pouco ao dia. Ela cuidou de mim e me abraçou a cada momento que lágrimas decidiam cair. Eu havia visto e agora a polícia queria o meu depoimento.

Havia também o inventário, onde os bens seriam finalmente destrancados e eu poderia acabar com meu cartão tentando amenizar a depressão.

- Vamos, Rose – Vera chamou do pé da escada, eu não queria descer – Temos que ir ao tribunal prestar depoimento.

Não fiz menção a nada, eu apenas olhava do lugar onde vi meu pai morrer. A sala estava lotada de pessoas que não conhecia, e nem queria conhecer. Eram peritos que averiguavam cada canto da sala.

- Je ne veux pas y aller, Vera. (Eu não quero ir, Vera) – falei em francês, não queria falar em inglês, eu não conseguia falar a mesma língua dos assassinos.

- Vous devez aller (Você precisa ir) – ela me respondeu na mesma língua.

- Vera, je ne suis pas bien, mon père vient de mourir, je ne veux pas parler, je ne veux pas manger ... Je ne veux pas quitter... (Vera, eu não estou bem, meu pai acabou de morrer, eu não quero falar, eu não quero comer... Eu não quero sair...) – choraminguei.

- Rosalie, je ne plaisante pas, vous allez point. Vous pouvez revenir à parler anglais. (Rosalie, eu não estou de brincadeira, você vai e ponto. E pode voltar a falar inglês.) – Ela falou nervosa.

- Eu não consigo falar a língua dos assassinos – justifiquei e ela subiu as escadas me pegando pela mão.

- Eu sei que é difícil, mas você tem que conseguir, pelo seu pai, lembra? – fechei meus olhos e ela tomou isso como um sim. Antes mesmo de voltar a abri-los ela já me puxava para o seu carro e dirigia para o tribunal.

Eu estava nervosa. Não, nervosa era pouco. E se eles não acreditassem em mim? E, para piorar minha linda situação nervosa e dramática, Vera dirigia mais rápido do que precisava.

- Vera – chamei, ela me olhou de relance e voltou a prestar atenção ao caminho – Diminui a velocidade?

Vera dirigia a quase 180 km por hora fazendo parecer que ela tinha pressa de chegar ao tribunal e me fazer sofrer. Ela deu um sorrisinho de lado ao ver minha expressão preocupada, pisou um pouco mais forte no acelerador e riu, depois ela diminuiu a velocidade. Olhou-me balançando a cabeça negativamente com um sorriso bobo e olhares que revezavam entre eu e a estrada.

- Quando for para uma cidade como New York não vai querer parar de dirigir em alta velocidade_ ela riu e voltou a olhar a estrada.

Ela havia visitado essa cidade há alguns meses e desde então não parava de falar da Big Apple. Não entendia ao certo o porquê de New York ser apelidada de Big Apple, acredito que o termo tenha surgido na época em que a cidade exportava as suas famosas maças... Não que tenha sido uma grande idéia.

Vera parou frente ao tribunal da cidade e tudo se congelou dentro de mim. Havia repórteres, seguranças, policiais... A morte de papai era a notícia nessa cidade que tinha pouco mais que 20.000 habitantes. E por essa quantidade de pessoas uma morte seria notícia, ainda mais da forma que aconteceu. Os jornais locais só falavam disso há dias e isso só afetava mais meu coração machucado e cheio de ódio.

Desci do carro de Vera e tentei passar por entre todos os presentes, parecia que metade da cidade estava ali. E eu era o centro das atenções. Não que não gostasse de ser, mas naquele momento eu queria ser somente Rosalie Hale, uma menina que perdeu os seus pais muito nova e que agora estava entrando em um tribunal normalmente, como quem vai a soverteria da esquina. Impossível. Eu sorri, por dentro, com meu pensamento.

Era difícil ser da elite dessa cidadezinha, o pior era ser da elite sozinha. Talvez eu devesse me mudar quando tudo isso acabasse, quando minha escola desejar uma ótima vida social, ou seja: entregassem o diploma. Talvez devesse seguir o conselho de Vera e rumar para New York, fazer uma nova vida, em uma nova elite e círculos de amigos...

Entrei na sala do tribunal e me deparei com todos os que conheciam meu pai presentes. O senhor King deu um sorriso de pêsames a minha direção e eu maleei a cabeça agradecendo. Ele era um bom homem, não tinha culpa de ter um filho como ele tem.

- Está atrasada senhorita Hale – Comentou o juiz sem tirar os olhos do papel.

- Desculpa! – Pedi com um fio de voz.

Eu sabia quais eram os meus direitos e sabia que eu estava inteiramente certa, mas mesmo assim eu tinha medo. E talvez narrar o que aconteceu não foi o maior problema, esse por sua vez foi os cacos de vidro que mais uma vez cortaram meu coração e as lágrimas que não paravam de rolar. Era uma coisa complicada de se lembrar.

Aquele dia foi tumultuado, para dizer o mínimo. E depois mais especulações sobre a morte de papai saíram. Algumas chegaram a me acusar de assassinato para visar os bens maiores, a fortuna, mais isso foi descartado pelos detetives que investigavam o caso. Quem mataria o próprio pai? Eu não sou fria e sem escrúpulos, eu sou uma menina de 16 anos que está sozinha no mundo.

E eu estava me saindo melhor. Eu cozinhei e eu comi, assisti a um filme e tentei me ocupar ao máximo para não me lembrar daquela cena que sempre me vinha à cabeça antes de dormir. É, agora eu tinha distrações e não chorava toda hora, porém não poderia negar que chorava todo dia.

Royce apareceu aqui em casa algumas vezes, trouxe presentes e mais presentes, flores e até tentou fazer uma noite romântica. Como se estivesse com paciência para fazer isso. Eu queria dar um fim a tantas jóias e roupas de marca que ele trazia todas as vezes que vinha aqui, mas eu não conseguia me desprender tão fácil dele. E talvez isso devesse somente a não estar emocionalmente bem para dar um fora no cara. O faria quando estivesse e sem delongas.

Havia também a parte da herança, essa logo estava por vim. E até lá meus bens estavam trancados para o meu não-uso. Não que me importasse, eu não estava com vontade de comprar ou me divertir, eu queria ficar em casa e tentar me manter sem lágrimas no rosto. Eu até achei, no início, que comprar fosse algo para acabar com minha tristeza, mas aos poucos percebi que isso não adiantaria muito. Ou talvez não fosse para mim.

O primeiro mês foi complicado, mas eu o superei da melhor maneira que consegui. Vera não saiu do meu lado e sua mãe sempre que podia vinha ver como eu estava. Era como uma segunda família quando criança, agora era minha família. Naquele dia Vera me contou que estava noiva, um casamento arranjado entre ela e um homem da elite de New York, talvez fossem felizes, um dia, mas agora ela achava isso sacanagem. O casamento ocorreria em três anos, quando ela completasse o curso da Miss Porter’s.

Um casamento arranjado nunca me pareceu uma boa idéia... Nunca funcionou nos contos e provavelmente não funcionaria na vida real.

Levantei da minha cama um pouco melhor. Aquele seria o dia de abrir o inventario de papai e finalmente desbloquear os bens. A casa e o carro eram os únicos que ficaram a minha disposição, os gastos com comida e as contas foram pagas pelo tribunal com o dinheiro de papai, acredito que eles duvidaram que eu pudesse governar uma casa. Mas eu fui educada para fazer isso... Eu sabia fazê-lo!

- Bom dia, Rose! – Desejou Vera entrando em meu quarto com uma bandeja de café-da-manhã.

- Bom dia, Vera! – Falei tentando parecer tão animada quanto à mesma – Obrigada, amiga, mas já falei que não precisa trazer a refeição no meu quarto, e nem prepará-la...

- Faço porque eu gosto. E minha mãe está lá em baixo batendo palmas no meu ouvido para que tudo fique perfeito. – ela choramingou – Mamãe está usando isso como um treinamento para minha vida de casada. – falou se sentando ao meu lado na cama e deixando os seus olhos marejarem. Não precisava conhecê-la para saber o quanto a idéia era destrutiva para seus sonhos futuros.

O resto da manhã foi isso: eu tentando consolar Vera por seu casamento. E pra falar a verdade eu gostei de estar fazendo isso... Sei que nunca chegará aos pés do que ela fez por mim, mas tentar ajudá-la nesse ponto é como se estivesse, no mínimo tentando, recompensar tudo o que ela já fez por mim.

Troquei de roupa e desci com a chave de meu carro entre os dedos. Vera iria comigo para me dar força moral para enfrentar tudo isso.

Entrei no meu carro e mais uma vez rumei para o tribunal. Esperava ser a ultima vez que tivesse que ir lá. Até não demorei muito a chegar e agora estava tudo diferente. As pessoas que tumultuaram as ruas próximas dali no ultimo julgamento não estavam mais ali, acredito que a descoberta de ouro em uma mina que os Kings tomaram como pagamento por uma divida ao banco da família era a nova noticia bombástica.

Entrei naquele local como da última vez: receosa. Mas dessa vez eram por outros motivos. Me sentei em uma das cadeiras de frente para o advogado encarregado do caso.

- Boa tarde, senhorita Hale! – ele me desejou calmo.

- Boa tarde – falei no mesmo tom.

- Estava apenas esperando a senhora para entregar-lhe os bens deixados por seu pai – comentou me entregando um envelope pardo.

O peguei e olhei para o advogado com dúvida nos olhos, ele maleou a cabeça confirmando. O abri delicadamente, não tinha pressa. Tirei às folhas de papel escritas a caneta com uma caligrafia tão perfeita. Não consegui segurar uma lágrima que rolou pela minha face avisando ser a letra de uma pessoa que nunca mais veria.

 

“Querida filha,

 

Se estiver lendo essa folha de papel com minha letra significa que algo aconteceu e que não estou mais entre vocês. Mas não se machuque com isso. Saiba que provavelmente estou em um lugar melhor, ao lado de sua mãe, e que ainda estou cuidando de cada passo que você dá. E com quantos anos você está, pequena?

A minha vida passou, mas você não pode se matar de chorar, ou algo assim, por isso... Você tem uma vida, ainda, e não acabe com ela porque eu acabei com a minha. Ainda existem instantes, momentos e ações para você realizar. Não se prenda ao sofrimento que criei para mim, viva e seja feliz... Se case, tenha filhos, eu sei o quanto você quer isso para o futuro.

Eu errei, eu tentei fugir do que era impossível de se esconder, e me machuco a lembrar de cada momento que não passei com você. Eu sentirei sua falta, mas fui um pai bom o suficiente para que você sinta a minha?

Não posso voltar no tempo e refazer tudo, mas se pudesse eu refaria cada segundo. Pois você se transformou na minha vida no momento em que sua mãe morreu, e eu acho que me afastei de você por medo de perceber o quão parecidas vocês são. E são muito, pequena.

Você ainda tem um destino a cumprir, viaje, gaste... Eu sei o quanto gosta disso, mas retorne e venha ao meu tumulo mesmo que seja para soltar uma flor sob a sepultura, assim como fazemos todos os dias das mães com sua mãe. Pois eu sentirei saudades.

E muitas.

Sei que não está aqui para ler palavras de um velho que não sabe mais escrever, sei que está aqui para ler o quanto você ganhou com minha morte.

Então, filha, fique feliz, cada tostão que tenho no banco passa a ser seu. As diversas casas espalhadas pelo mundo, os carros... As jóias de sua mãe. Tudo.

Mas acima de tudo lembre-se que os bens materiais não são nada comparados com os bens da alma. E sobre isso, eu sei que a sua alma é. Eu só te peço para que a riqueza não mecha com sua cabeça e que isso não atrapalhe sua alma bondosa.

E que se lembre que temos uma divida com os Kings. Qual divida?

Quando sua mãe morreu, eu senti que toda a proteção para você era pouca. Não sei bem o que me deu, mas sabia que nenhum homem que estava ao seu alcance seria bom o suficiente para você, portanto eu fiz um acordo com a única família que julgo boa para te mimar como eu mimaria. Muitas coisas na sua vida foram pagas pelos Kings, em troca eu ofereci sua mão.

A riqueza que hoje te oferto não é deles, tudo foi conquistado por mim, mas no mais, foram eles. Todas as viajem que você fez, cada lugar que visitou e suas contas no cartão de crédito...

É uma divida milionária e você é o pagamento. Por hoje, e á partir de hoje, te declaro noiva de Royce King II.

Adeus,

Papai.”

 

Noiva. A palavra rondou minha cabeça de uma forma negativa. Eu não poderia estar noiva, não do meu futuro ex-namorado.

- Essa divida pode ser paga – O advogado falou quando eu fiquei sem vida na cadeira.

- E como eu a pago, a somatória da venda dos bens seria o suficiente? – perguntei esperançosa, porém minha voz saiu morta.

- Podemos fazer o melhor, mas acho difícil que a somatória cubra os cinco bilhões que deve – ele falou com um sorriso troto.

 

 

 

 

N/A:

 

Tudo bem com vocês, meu amores?

 

Eu sei, andei meio sumida e tal... Demorando a postar... É, é meio complicado e tal, e principalmente esse mês que a escola estava pegando bastante pesado...

 

Bom, mas vocês não têm que saber de problemas pessoais... Então eu garanto que não demorarei tanto assim... Mesmo, prometo não deixar essa fanfic. sem atualizações por quase um mês...

 

Bom, então eu espero ver vocês, de novo, nos reviews e espero encontrar outras pessoas lá também...

 

OBS: Esqueci de avisar no cap. anterior, mas deixando bem claro que essa fanfic. é betada pela Lanninha que é uma ótima autora, então quando tiverem um tempinho passem no seu perfil e vejam as suas fanfics que são de mais...!


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